O que o destino aprontou dessa vez? escrita por Aquariana
Notas iniciais do capítulo
Olá leitores, como vão hoje?
Boa leitura a todos.
No TUCA, o trio e seus convidados encerravam mais uma noite de Improvável com muitos aplausos e esplendor. No camarim, todos estavam a postos para mais uma sessão de fotos. Foi quando o celular de Daniel começou a tocar insistentemente. Ao ver de quem se tratava, ele decidiu ignorar. Porém tal pessoa não fez o mesmo.
— Dan, desliga isso. – Anderson deu sermão. – Não é hora de atender celular.
— Eu sei. – Por um minuto, o aparelho parou de tocar, indicando que aquele alguém havia desistido. Mas logo em seguida, tudo se iniciou novamente.
— Dan, é sério. – Anderson disse mais uma vez. O outro enfim o desligou, pôs no bolso da bermuda e voltou a concentrar-se.
Tempos depois, quando todos os fãs foram embora, Elídio propôs:
— Por que não vamos jantar juntos hoje?
— Seria uma boa. – Moscheto concordou assim como os demais, com exceção de um deles.
— Eu não vou. – Daniel disse meio indiferente.
— Tudo bem. Faz o que quiser. – Sanna não suplicou. Sabia o porquê e não traria isso a tona novamente, assim como os outros companheiros.
Ao chegar em casa, o barbixa jogou sua mochila no sofá e sentou-se no mesmo. Pegou o celular que ainda estava no bolso e o ligou. Ficou encarando o nome da infeliz pessoa que o ligara minutos atrás: Anastácia. Decidiu retornar a ligação. Desvario? Talvez.
— Alô? – Ele reconheceu sua voz fina e solene.
— Ana?
— É você, Dani?
— Sou.
— Que bom que me retornou. Eu estava mesmo precisando falar com você.
— Que coincidência. Eu também tenho algo muito importante pra falar contigo.
— Você poderia vir aqui. Sabe onde moro?
— Creio que não.
— Então deixe eu lhe dizer. – Ela disse alto e em bom tom para que ele anotasse tal endereço. E enquanto anotava, sentia aquela estranha sensação novamente, como se estivesse fazendo algo errado. Se é que realmente não estava fazendo isso.
— Chego aí em alguns minutos, se o trânsito deixar.
— Perfeito. – Daniel foi o primeiro a encerrar a ligação. Logo levantou-se do sofá e sem sequer tomar um copo d’água ou algo do tipo, saiu levando apenas o celular e as chaves.
Já era tarde quando enfim chegou ao endereço. Estava em uma rua um tanto desértica devido ao horário, em frente a um prédio alto e nas cores branco e marrom. De vista parecia ser um lugar bem conservado. Após pedir permissão ao síndico e subir até o penúltimo andar do imóvel, ele chegou a uma porta branca de madeira maciça. Bateu algumas vezes até a jovem atendê-lo. Ela usava uma blusa social rosê e um short curto. Tinha os curtos cabelos soltos e resquícios de maquiagem no rosto.
— Boa noite. – Sorridente ela o cumprimentou. E surpreendentemente, aquele singelo “Boa noite” o fez lembrar de uma certa ruiva de olhos verdes. Ao perceber que comparou-as em sua mente, Daniel sentiu a imensa vontade de fugir dali. Mas fez o oposto. Afinal, seu propósito não era aquele. Sem dizer uma palavra ou esboçar qualquer reação, ele entrou. Logo encontrou a tal iguana de que Anastácia tanto citou certa vez. – Ah esse é o Skitter. Lembra que eu falei dele, não é?
— Claro.
— Quer pegar?
— Eu posso?
— Lógico.
— É que eu não tenho lá essas intimidades com iguanas.
— Sem problema. Pra tudo tem uma primeira vez. – A morena tirou o animal de cima do sofá e entregou a ele com sutileza.
— É incrível. – Anastácia sorriu com os dizeres do outro. – Ele é bem mais amigável do que eu imaginava. – O barbixa dizia ao dá-lo apoio com um dos braços enquanto alisava sua pele escamosa com o outro. Então, com cuidado, deixou Skitter onde estava a princípio e pôs as mãos no bolso da bermuda, direcionando o olhar para Anastácia.
— Ah sim, claro. Vamos direto ao ponto.
— Exatamente. E antes que você me diga algo que eu não queira ouvir, deixe que eu comece.
— Tudo bem. – Meio encabulada com sua frieza espontânea, ela assentiu.
— Lembra de quando nos beijamos, não lembra?
— Claro. – Ela mordia os lábios na tentativa de esconder seu sorriso insano.
— Que bom, porque por conta dele eu e minha namorada acabamos brigando.
— Você contou?
— Não, eu não contei e nem precisei contar. Saiu em um site e todos puderam ver.
— Como assim saiu em um site?
— Esqueceu que eu tenho popularidade? Se é que pode-se assim dizer.
— Bem, talvez eu tenha esquecido por um segundo, mas mesmo se eu lembrasse não tinha como prever que isso ia sair em um site.
— Não quero que pense que não gosto de você, porque sim, eu gosto, mas tudo tem um limite.
— Então você gosta de mim?
— Provavelmente não da mesma maneira que você.
— Obrigada pelo balde de água fria. – Sínica, ela disse com desprezo.
— Ah! Não fale como se tivesse a razão, porque você sabe que não tem.
— Você disse que brigou com ela, não foi? – Ele assentiu. – Separaram? – Assentiu novamente. – Então? Não há mais nenhum problema em ficar comigo. Você não vai trair ninguém.
— Como pode ser tão baixa? Mal me afastei dela e você já me vem com essa vil proposta?
— Daniel... – A morena aproximou-se dele, pondo as mãos na gola de sua camisa.
— O que pensa que está fazendo? – Sem mover um músculo, ele indagou com hipocrisia.
— Eu sei que você se atrai por mim. – Disse ao desabotoar o primeiro botão de sua camisa.
— Não, Ana.
— Sim, eu sei que sim. – Ela desabotoou o segundo e o terceiro, enquanto tocava as pontas de seus dedos muito suavemente em sua pele. Ela estava certa, e ele sabia que sim, mas não queria se render desta maneira tão sórdida.
— Para já com isso, Ana. – Ele tentava se afastar, inutilmente. Anastácia não lhe deu ouvidos. Simplesmente continuou a seduzi-lo e a agir com a maior normalidade possível. Deu leves cheiros em seu pescoço. Ah... aquele perfume... simplesmente o melhor que ela já pôde sentir. E ele, estava tão fora de si, tão caótico por dentro. Ainda gostava de Luana, sim, e nunca deixou de gostar, porém era incompreensível o modo como Anastácia mexia com ele. Era um desejo forte, algo a que ele talvez não pudesse resistir, se fosse alguém um pouco mais insensato. – Ana! Eu mandei parar! – Sério, com a respiração um tanto falha e segurando-a pelos pulsos, Daniel praticamente gritou frente a ela. – Você não entende? Não vou ficar com você! Foi só um beijo, e nem isso deveria ter acontecido!
— Pare com essa tolice!
— Tolice? Quem está sendo tola aqui é você.
— É você! Não percebe que ela não te quer mais? Não percebe que traiu a confiança dela? Será que não percebe que está perdendo tempo com essa história de ainda querer tentar ser fiel?! Hein? Isso é inútil! Vocês não estão mais juntos, Daniel! Mas você tem a mim! Eu, sim, estou a sua disposição. – Daniel afrouxou seus pulsos, e se ela quisesse soltar-se, conseguiria sem muito esforço. Ele olhava fixamente em seus olhos, com tristeza.
Anastácia não esperou muito. Ao vê-lo angustiado em sua frente, ela roubou um beijo seu. Cravou as mãos em seus cabelos, bem como Luana fazia, enquanto beijava-o e oferecia-se a ele cautelosamente. Mas se sua intenção era fazê-lo sentir-se fragilizado para entregar-se a ela, Ana havia falhado. Sentiu as mãos dele envolverem sua cintura ao afastá-la, sentiu suas bocas serem distanciadas, e ouviu sua sublime voz dizer ao pé de seu ouvido.
— Você não vai conseguir. – Daniel sorriu por saber que ele dizia a verdade. – Mas eu vou desculpar você por tudo que fez. – Anastácia ia dizer algo, contestar talvez, mas o moreno gesticulou silêncio, e prosseguiu. – Por mais que eu não possa mais tê-la, não é você que eu realmente quero ter. Isso é um adeus. Ah, mais uma coisa: – Ele soltou-a de vez, e disse solenemente, com uma calma incontestável. – Ana, não conquiste sem merecer.
Anastácia sentiu um arrepio correr por sua espinha. O viu dar-lhe as costas e sair de seu apartamento, sem dar oportunidade para que dissesse ao menos mais uma palavra.
Daniel atravessou a rua, entrou em seu carro e o ligou. Mas não saiu. Permaneceu sentado e imóvel. Sua certeza era que quanto aos seus sentimentos, tudo estava um verdadeiro caos. Não sabia se sorria por conseguir dispensá-la, ou se chorava por não conseguir o que mais queria. E isso era Luana.
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Obrigada por lerem e até a próxima.