Nove Meses. escrita por MissDream


Capítulo 12
Maria.


Notas iniciais do capítulo

EEEEU SEI, EU SOU UMA AUTORA HORRÍVEL!
Demorei anos para postar esse especial, não respondi aos comentários e não fiz muita coisa. Mas aqui estou humildemente finalizando esse ciclo tão lindo que foi NM, também gostaria de dizer que apesar de não ter respondido todos os comentários, eu os li e amei cada pedacinho deles, cada palavra de carinho, incentivo e satisfação. Meninas vocês são demais e apesar da minha demora, não me abandonaram, o que me faz perceber que eu tenho as melhores leitoras!!!
Aqui fica mais uma vez meu agradecimento a cada uma que comentou, favoritou, recomendou e acompanhou, até mesmo as fantasminhas. Vocês são demais.
Sem mais delongas, aqui fica o especial. Bjs meninas e até uma próxima *-*



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Maria, Maria,
Mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha,
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida...

(Milton Nascimento).

 

~~FS~~

 

Seis meses não podia ser considerada uma idade fácil, os bebês começavam a engatinhar, queria levar a boca tudo que viam pela frente, amavam dar gritinhos e passavam a ingerir outras substancias o que levava o cocô a ser mais fedorento. Mas ainda assim no fim do dia, mesmo morta de cansada, olhar aquele anjinho dormir sossegada fazia tudo valer a pena.

̶  Bom dia filha. – falei erguendo do berço uma Maria gordinha no auge dos seus seis meses. – Como você passou a noite amor? – Maria me ria seu mais lindo sorriso banguela como se me respondesse. – Mamãe também. O que acha de irmos visitar o papai hoje Maria? Aproveitamos e vemos o tio John.

Aquela manhã de quarta feira amanheceu tão linda e solar, que eu senti vontade de levar Maria para um passeio, então iria até a QC em meu dia de folga, queria visitar Oliver e ele amava quando eu levava Maria para vê-lo. É engraçado e encantador ver o pai babão que ele se tornou, era todo amor com a filha e sempre que eu a levava até a empresa, ele fazia questão de exibi-la, chegava a ser cômica a forma como ele passeava com ela por todos os setores a apresentando o legado da família como se a pequena pudesse entender algo.

Eu estava eu meu carro, com Maria acomodada em sua cadeirinha no banco traseiro, quando senti que estava sendo fechada por dois carros, a principio achei que fosse o transito, mas gelei assim que vi um homem que estava no carona do carro esquerdo me apontar uma arma. Ele me mandava parar o carro ou atiraria, em seguida ouvi o choro baixo de Maria que apesar de estar inerte a tudo, parecia sentir o perigo.

̶  Calma amor, tudo vai ficar bem. – falei saindo do carro e indo em direção ao banco de trás, no intuído de pegar a bebê.

̶  Acho melhor ficar quietinha moça, nós só queremos seu carro.

̶  Tudo bem, podem levá-lo. Só me deixei retirar minha filha. – minha voz saia em suplica. – Por favor, ela é um bebê.

Vi o homem abrir o carro para retirar a cadeirinha dela, mas logo parou bruscamente parecendo notar algo.  Segui seu olhar que pousara na manta de Maria e me praguejei por ter escolhido o dia de hoje para usá-la. A manta tinha o sobrenome Queen bordado com uma corinha em cima, foi um dos inúmeros presentes de Thea.

̶  Ora, vejamos só se não temos aqui uma pequena Queen. Acredito que achamos a galinha dos ovos de ouro, ou seria a bebê? – vi o olhar dele intercalar com malicia entre mim, Maria e os outros capangas. – O chefe ficará mais que satisfeito.

̶  Pelo amor de Deus, me da minha filha. Por favor. – senti todo meu corpo entrar em desespero, e as palavras que se seguiram me fez ter certeza; ele levaria Maria.

̶  Acredito que a criança valha mais que um carro. – ele parecia não se importar com o que faria.

̶  Então me leve junto, ela precisa de mim. É só um bebê.

̶  E perder a chance de ver o Queen implorar? Você estando lá, ele estará mais seguro sobre os cuidados do bebê. – ele parecia conhecer Oliver e o pior, parecia saber muito bem onde o ferir, como se tudo aquilo fosse premeditado.

̶  Por favor... Ela não é uma Queen. – se eu estava sendo tola? Provavelmente, era nítido que aqueles caras sabiam o que estavam fazendo, eles sabiam que Maria era filha de Oliver, mas ainda assim eu precisava tentar, precisava salvar meu bebê.

̶  Acredita mesmo que isso era só um assalto, Felicity? – tremi ao ouvir aquela frase, ele sabia meu nome. – Avise ao Queen, logo entraremos em contato e acertaremos o resgate, enquanto isso a criança vem conosco. – vi ele se direcionar ao carro do qual havia saído antes. – Ah, só mais uma coisa; meu chefe sabe onde ferir, por isso nada de policia envolvida ou o bebê... Bem, não paguem para ver. – e assim eu o vi entrar no carro e se afastar, levando minha filha, minha Maria.  Senti o desespero tomar conta de mim, um nó se fechar em minha garganta e uma dor se formar em meu peito.

̶  Mariaaaaaaaaaaaaaaaaa! – só percebi que eu havia corrido inutilmente atrás do carro, quando senti a respiração faltar. Eles levaram minha neném num ato cruel e desumano e eu me sentia de mãos atadas, imponente, incapaz de proteger meu bem mais precioso. Então voei para a QC, eu precisava do Oliver, eu precisava do arqueiro.

̶  Senhorita Smoak em que posso ajudá-la? – ouvi a voz da secretária de Oliver, mas não a escutei realmente. Eu só pensava em uma coisa, eu queria a minha filha. – A senhora está bem? Acho melhor a senhora esperar aqui, o Mr. Queen está em reunião. – tarde demais, eu já havia entrado.

̶  Oliver, Oliver levaram a Maria, levaram nossa filha. – foi as únicas palavras que consegui dizer antes de sentir meu corpo fraquejar e tudo virar um borrão.

Acordei estranhando o desconforto, mas logo todo aquele pesadelo voltou como um soco e eu senti meu interior se agitar. MARIA.

̶  Minha filha, cadê minha filha? Onde está minha filha? – senti braços me segurar de forma possessiva e logo foquei no rosto de Oliver em minha frente. – Levaram a Maria Oliver, levaram nossa filha, pelo amor de Deus, eu quero minha filha. – o que começou com gritos se transformou em desespero. Eu sentia tanto medo, tanto temor.

̶  Felicity calma, o que aconteceu? – Oliver parecia nervoso, preocupado e desesperado. – Eu preciso saber o que aconteceu, mas preciso também que você se acalme. Quem levou nossa filha? – fitei ao redor e vi John e a secretária que tinha um copo com água em sua posse.

Contei todo o acontecido a Oliver, sentindo minha garganta se fechar, eu estava perdida e temerosa. Vi todo o meu medo refletido nos olhos de Oliver.

̶  Minha filha Oliver,eu quero minha pequena. – eu estava em desespero, neguei o calmante que a secretaria me ofereceu, só aceitando a água. Eu precisava saber da minha Maria.

̶  Calma amor, eles vão ligar e assim que acontecer, nós comunicaremos a policia.

̶  NÃO! – meu grito pareceu assustar a todos. – Eles foram bem claros quanto a isso, nada de policia ou a Maria pagaria. Não podemos chamar a policia Oliver, não podemos.

̶  Sra. Doblle, peço por favor que não comente isso com ninguém, é a segurança da minha filha que está em jogo. – Oliver falava para a senhora que assentia. – Estou de saída, qualquer informação me contate no celular.

̶  Oliver, onde vamos? Maria está nas mãos de bandidos. – falei assim que vi a mulher sair da sala.

̶  Vamos ao covil, lá investigaremos melhor. Vamos achar nossa filha, eu prometo.

Já estávamos na cave e agora acompanhados por Sarah e Roy. John estava ao telefone com Layla, tentando ver se a  A.R.G.U.S  descobria algo, quando o celular de Oliver tocou fazendo com que todos entrassem em alarme.

̶  Alô? – Oliver atendeu pondo no viva-voz.

̶  Olá Queen, pela sua voz vejo que já está por dentro da noticia.

̶  Quem é você? Onde está minha filha?

̶  A criança está bem... Por enquanto, tudo depende exclusivamente de você.

̶  Quanto você quer?

̶  Gostei de ver Queen, mas por enquanto contenha-se em saber que sua filha está bem. – logo o celular ficou mudo e meu coração só se apertou mais.

̶  Felicity. – vi Oliver seguir em minha direção. – Eu preciso de você, logo ele vai ligar de novo e precisamos rastrear o sinal.

̶  Eu não posso Oliver, não consigo. Não quando é a nossa Maria que está em perigo. – meu desespero era gritante.

̶  Eu preciso que você se acalme, eu sei que não é fácil. Mas é pela Maria, Felicity faça por nossa filha. Ela precisa de você, eu sei que você consegue.

̶  A Maria, Oliver. A nossa Maria. – falei sentindo as grossas lágrimas de novo.

̶  Ei, olha pra mim. – o senti erguer meu queixo. – Vai ficar tudo bem, tudo vai acabar bem e a Maria logo estará conosco. Mas preciso de você para trazê-la, você pode me ajudar?

̶  Sim. – não sei de onde tiraria forças, mas precisava arranjar... pela Maria.

̶  Então assim que ele ligar você rastreia o celular dele e me dá as coordenadas.

̶  Tudo bem. – segui em direção ao meu computador e preparei todo o sistema de rastreamento.

Não demorou muito até recebermos a ligação, rastrear o telefone do bandido foi fácil, o difícil foi ouvir da boca dele que só entregaria a filha do arqueiro nas mãos do próprio. Até agora eu imaginava que fossem apenas sequestradores pedindo recompensa pela filha de um grande empresário, mas saber que quem quer que esteja com minha filha deseja vingança contra o arqueiro fez meu coração se comprimir, eu estava ainda mais temerosa, pois seja quem for essa pessoa não estava para brincadeira.

̶  Liz, calma. Nós traremos a Maria de volta, eu prometo. – senti o abraço de Sarah que tentava me transmitir conforto, mas enquanto eu não tivesse a minha filha em meus braços, nada estaria bem.

̶  Ei. – vi Oliver se dirigir a mim já com o uniforme do arqueiro. – Thea e Diggle ficarão aqui com você. Logo teremos nosso anjinho de volta. – os olhos dele refletiam toda a minha agonia, Oliver parecia tão temeroso quanto eu, mesmo não querendo transmitir.

̶  Traga nossa filha Oliver, traga nossa Maria e volte para mim.

̶  Eu vou, prometo. Você me guia?

̶  Sempre. – senti seus lábios em minha testa e logo o vi sair com Roy e Sarah.

Guiei Oliver e os outros, todo o percurso e cerca de três minutos pude ouvir o estacionar das motos. Eles haviam chegado e eu senti todo o retesar do meu corpo, eu sabia o que viria em seguida, e Deus sabe o quanto eu estava aflita, afinal Maria estaria no meio daquilo tudo.

̶  Ele vai trazê-la de volta Felicity. – ouvi John se aproximando. – ele sempre cumpre com suas promessas.

̶  Já faz vinte minutos que ele chegou lá John, por que Oviler me tirou da escuta? O que pode ter acontecido?

̶  Calma Felicity, Oliver só está te poupando mais tensões.

̶  Me impedindo de ouvir o que acontece? Dessa forma ele só me deixa mais agitada.

̶  Tudo ficará bem, você vai ver, logo a Maria estará de volta.

̶  Eu é que não ficarei aqui esperando de braços cruzados, Diggle.

̶  O que você pretende fazer Felicity? – olhei para Thea e ela estava em alerta com meus movimentos.

̶  Vou atrás da minha filha. – vi ambos fazerem menção em protestar, mas me adiantei. – Vocês não entendem? Ela é um bebê, não tem culpa da loucura que vivemos, é minha filha John, você é pai, sabe até onde chegaria por Sara. Oliver está lá, mas eu não conseguiria ficar aqui esperando no escuro, eu sou mãe e essa dor não desejo a nenhuma mulher. Então antes que os dois pensem em intervir, eu vou atrás da minha filha queiram vocês ou não.

̶  Felicity. – John parecia me analisar por um momento. – Não esqueça o ponto, eu levo você.

̶  Nós levaremos, apesar de ainda achar ser arriscado. – Thea veio em minha direção me abraçando. – Vamos buscar nossa Mariola.

Guiei John e Thea até o local que parecia bem calmo, calmo até demais, era um galpão abandonado nos Glades. Logo que desci da van, vi cerca de quatro homens caídos e amarrados, deduzir ter sido o team quem os rendeu, então me direcionei a entrada pronta para enfrentar aquela calmaria, mas senti meu braço ser agarrado por mãos firmes. Diggle.

̶  Espere. – sua voz era baixa. – Pode ser uma armadilha, tome isso, é para usa proteção, mas só use em caso extremo. – senti a frieza do objeto pousar em minha mão esquerda, ele havia me dado um revolver.

̶  É melhor irmos logo.  – Dessa vez Thea que ditava o que fazer.

Entramos naquele galpão e tudo parecia silencioso demais, eu sentia meu coração na boca, o temor chegava a ser palpável. Temia por Oliver e pior, por Maria que era só meu bebezinho, como as pessoas podem ser capazes de fazer mal para um ser tão indefeso e inocente, era só uma criança. O silencio era ensurdecedor naquele lugar, eu estava cada vez mais tensa com as hipóteses que se passavam pela minha cabeça.

̶  Ora ora, vejo que o time do arqueiro agora está completo. – ouvi uma voz em meio aquela surdina e senti meu corpo retrair em resposta. Senti meu corpo ser puxado para trás de uma coluna.

̶  Esconde a arma. – ouvi a voz de Diggle.

̶  O que? Diggle, precisamos atacar.

̶  Esconde Felicity, você saberá quando usá-la. – ainda relutante guardei a arma no cós da minha calça, na cintura.

̶  Venham até mim queridos, eu prometo não morder.

̶  Você é uma mulher. – falei saindo da sombra com Dig em meu encalço. – Mas foi um homem que ligou.

̶  Você não acha que eu me entregaria de cara não é? Diga-me querida, achou fácil me rastrear?

̶  Fácil até demais. – falei sentindo uma fúria anormal em minhas entranhas. – Você acha mesmo que eu não notei que seus rastros foram propositais?

̶  Você me parece bem inteligente, Felicity. – a desgraçada tinha um sorriso que eu queria arrancar dela com as minhas unhas.

̶  Quem é você, afinal? Onde está minha filha?

̶  Esqueceu de mim Felicity? Depois da nossa aventura, você me esqueceu? Eu  tenho contas para acertar com o arqueiro. – senti minha boca secar quando a pessoa saiu das sombras deixando a mostra os cabelos ruivos e o olhar tão maluco quanto eu me lembrava.

̶  Cupido. – as palavras escaparam sem que eu nem percebesse.

̶  Você acha mesmo que eu deixaria vocês tão felizes assim? Eu tenho uma vingança para finalizar.

̶  Então deixe a criança ir, ela é um bebê e não tem culpa. – Thea falou entrando no meu campo de visão.

̶  Na-na-na-não. – riu com escárnio. – E deixar o arqueiro tranquilo? Claro que não, eu preciso o ver implorar.

̶  Felicity espera. – mais uma vez Dig me segurou. – É exatamente o que ela quer te desestabilizar.  

̶  Eu poderia ficar com o vigilante charmoso só pra mim, claro com a ajuda de alguns truquezinhos. – ela falava se deleitando nas próprias palavras. – Eu iria amá-lo, fazer loucuras com aquele corpo e ainda cuidaria do bebê... Prometo.

̶  Sua maluca obsecada, cadê minha filha! Devolve minha filha sua louca. – John segurava meu braço direito temendo meu descontrole.

̶  Oh oh oh, poderíamos dizer que a filha será minha, assim que eu acabar com todos vocês e ficar com o Oliver todo para mim, ele e nossa bebê, claro.

̶  Você não ta bem, definitivamente. – John falou e logo vi dois homens saírem da espreita e pousarem ao lado dela.

̶  Sejam legais e eu prometo não machucar... Tanto. – vi mais três homens sair dos fundos e juntamente com os outros dois vir em nossa direção. Mas antes  de qualquer movimento, uma flecha cortou o ar.

Oliver logo passou por mim e foi em direção aos três homens entrando numa luta corporal com estes. Avistei Roy e Sarah entrar e se juntar a Diggle que parecia bastante ocupado com aquele exercito que passou a sair das entranhas do lugar, logo vi a cupido correr em direção aos fundos e não hesitei em ir atrás dela, aquela mulher podia até ser louca, mas se tratando da minha filha, eu não pensaria duas vezes antes de agir.

̶  Paradinha ai querida. – só então vi que ela se dirigia a uma pequena trouxinha. Maria

̶  Você não seria capaz. – ela apontava uma de suas flechas para a Maria e eu senti meu corpo travar.

̶  Não faça isso cupido, é a mim que você quer, não machuque o bebê. – ouvi a voz de Oliver nas minhas costas.

̶  E qual a melhor forma de ter você, se não atingindo sua filha?

 ̶  Não precisa ser assim, eu me entregarei, mas deixe que Felicity a leve. – Oliver implorava tudo o que eu queria implorar.

̶  Sinto muito, mas precisa ser assim.

̶  Não, você não precisa tirar a vida de um inocente Carrie, não era isso que ele ia querer. – vi seu olhar mudar por uma fração de segundos e aproveitei a deixa. – Seu marido não te perdoaria se soubesse dessa sua escolha, você ainda pode mudar tudo isso.

̶  É tarde demais. - foi tudo muito rápido, num segundo ela apontava a flecha e no segundo seguinte eu senti o chão se abrir embaixo dos meus pés, ela havia soltado a flecha, ela tinha tirado de mim a minha vida. Eu queria gritar, queria agir, mas sentia as forças se esvaírem, ouvi o grito de Oliver e só então passei meus olhos pelo lugar. Homens rendidos e amarrados, mas o que vi no olhar de todos só comprovara que aquilo ela real, a minha Maria, minha princesinha... Não.

̶  Maria. – meu sussurro denunciava meu estado de choque.

Senti os braços de Oliver me segurar antes que meu corpo colidisse com o chão. Eu tinha perdido minha luz, minha vida, era isso então os vilões saiam ganhando. Que mundo cruel é esse que uma vida inocente é arrancada por puro prazer? Que dor é essa que corroí o corpo e a alma, nenhuma mãe merecia passar por isso, nenhum ser humano merecia essa dor, nem o pior deles.

A vida começa e termina com um choro.

 Um choro alto, gritante, forte, cortou o ar e fez meu corpo inteiro entrar em alarme. Só então percebi que eu não tinha visto o corpo atingido pela flecha, era cruel demais para eu ver o resultado da maldade. O choro continuava ecoando por toda parte, e eu reconheceria aquele choro em qualquer lugar e a quilômetros de distancia.

̶  MARIA! - senti o ar voltar doido aos meus pulmões.

Segui a direção do som para logo encontrar a cadeirinha nos fundos do galpão, onde vi um bebê com olhinhos amedrontados, me doeu ver ela tão assustada, mas a alegria que invadiu meu corpo foi indescritível, vê-la bem, saudável e viva era o necessário pra mim. Peguei-a em meu colo e logo comecei uma conversa com ela, uma conversa só nossa.

̶  Ei meu amor, a mamãe está aqui. – senti seu corpinho relaxar com a minha voz e logo o choro alto foi cessando, dando lugar a resmungos manhosos.

̶  Oi filha. – a voz de Oliver se aproximou ficando ao meu lado. – O papai sentiu tanto medo meu amor, tanto pavor em perder você. – ele alisava a cabecinha dela como se estivesse tocando algo sagrado.

̶  Oliver, pelo visto a cupido quis nos tirar de tempo. – Sarah mostrou um boneco com uma flecha atravessada no tronco de plástico e eu senti um arrepio na espinha só de pensar que poderia ser meu neném. – Estamos indo atrás dela, leve suas garotas para casa.

(...)

̶  Hey filha, eu senti tanto medo de te perder. – falei enquanto observava Maria concentrada em sua sucção. – A mamãe te ama tanto Maria, minha maricotinha.

A sensação de ter ela em meus braços, segura e protegida era a melhor, Maria era minha luz e se algo tivesse acontecido com ela eu jamais teria me perdoado. Senti Oliver meio afastado desde que chegamos em casa, mas eu sabia o motivo; ele se sentia culpado, era sempre assim. Sempre seria.

̶  Oi papai. – falei sentando com a Maria em meu lado da cama, vendo Oliver despertar dos seus pensamentos.

̶  Oi meu amor. – senti Oliver tirar ela de mim a pousando em sua barriga como sempre fazia, Maria parecia se iluminar ao ouvir aquela voz. Tão nova e já sabia que ele era seu herói.

̶  Como ficou tudo? – eu não queria especificar em palavras, ainda era surreal demais.

̶  A Argus prendeu a maldita. – observei seu maxilar trincar devido a fúria.

̶  Você não tem culpa Oliver. – falei acarinhando seus curtos cabelos enquanto via-o fazer carinho nas costas da Maria. – Você sabe disso, não sabe?

̶  Ela é meu calcanhar de Aquiles, Felicity, eu nunca senti tanto medo na minha vida. Pela primeira vez eu me senti impotente e quando vi a cupido lançar aquela flecha, meu mundo desabou, porque eu sabia que naquele momento seria meu fim. E agora eu sinto como se a qualquer momento um de meus inimigos fosse voltar e...

̶  Ei, Oliver olha pra mim. – pedi sua atenção. – Você não tem culpa, ninguém tem culpa e o mais importante agora é que a Maria está bem, ela está a salvo e nada poderá machucá-la, pois ela tem um pai que a ama e eu sei que ele a defenderá sempre. Você já é o herói dela, olha a forma como ela se ilumina ao ouvir sua voz, ou como os olhinhos dela brilham quando você entra em seu campo de visão. Amor, ela te ama. Nós te amamos e isso nenhum vilão vai poder mudar ou destruir.

̶  Eu amo demais vocês duas. – ele falou enquanto colocava Maria deitada em seus joelhos erguidos. – Vocês são minha luz, meu lar e eu sei que enquanto estiverem por perto eu sempre terei para onde voltar. – Maria abriu um sorriso banguela como se estivesse entendendo a conversa. – É filha, você e a mamãe são o que há de mais importante na vida do papai.

Passei a observar Oliver contando uma de suas histórias de aventura para Maria enquanto a pousava de volta em sua barriga. Era encantadora a forma como eles tinham seu próprio momento, dormir na barriga de Oliver se tornou um ritual para ela, era como se só ali ela se sentisse segura e isso me emocionava. Ele podia estar em seu pior humor, mas sempre se desmanchava ao olhar para aquele pinguinho de gente, só a Maria despertava o melhor dele em qualquer das circunstâncias, ela era a razão por ele continuar acreditando nas pessoas.  A cidade tinha um vigilante, um herói que estava sempre disposto a lutar por todos. O meu herói. O herói da Maria.

 


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Notas finais do capítulo

É isso meninas, eu sei que muitas de vocês me pediram um especial tradicional, falando mais sobre as etapas da Maria, mas foi mais forte que eu. Espero não ter decepcionado nenhuma de vocês.