Nove Meses. escrita por MissDream


Capítulo 10
Nono mês: mar sem calmaria.


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas!!
É em clima de despedida que eu venho postar mais um capítulo de NM, bom, como ainda temos um epilogo e um especial, eu não farei os agradecimentos hoje.
Quero apenas dizer que esse capítulo foi o mais difícil que já escrevi, mas que é o meu favorito também, gostaria de agradecer a Karly, como muitas aqui sabem, ela é minha parceira em outra fic, mas confesso que não conseguiria escrever esse sem a grande ajuda dela. Fica aqui minha gratidão. Então sem mais delongas, espero que possam saborear esse capítulo, boa leitura!!!



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Minha cor
Minha flor

Minha cara


Não sei se o mundo é bão

Mas ele está melhor
Desde que você chegou

E perguntou:

Tem lugar pra mim?

(Nando Reis).

~~OQ~~


Felicity acabara de entrar na trigésima sexta semana e ficava cada vez mais impossível segurá-la em casa, atendendo a um pedido meu, Donna estava em nosso apartamento para fazer companhia a sua filha que mais parecia uma criança inquieta. O bebê estava bem, segundo a obstetra, estávamos numa gestação saudável e Felicity só precisava evitar extravagâncias até a hora do nascimento e tudo sairia bem, mas olha de quem estamos falando, é claro que ela não iria acatar a risca as ordens da médica. Convencer Liz a vir para meu apartamento foi mais difícil que o esperando, mesmo estando juntos ela bateu o pé de primeiro momento, foi preciso toda uma conversa para convencê-la que aqui ficaria mais confortável e é próximo a empresa, fazendo o acesso de um a outro mais fácil, já que estávamos nas ultimas semanas.

̶ Bom dia Donna. – entrei na cozinha me servindo café. – Onde está Felicity?

̶ No banho, falou que queria andar um pouco no parque hoje, segundo ela, precisava respirar ar puro. – completou voltando a comer.

̶ Sua filha consegue ser mais teimosa que eu quando quer, quantas vezes precisaremos alertá-la sobre exageros? – eu já sentia a preocupação tomando meu corpo. – Ela não pode sair por ai batendo perna sozinha.

̶ Oliver, eu não sou sua prisioneira. – me assustei com a voz dela entrando de supetão na conversa. – Eu não vou correr uma maratona, apenas uma volta no parque para respirar ares além das paredes desse apartamento.

̶ Fe.li.ci.ty você está na trigésima sexta semana de gestação. – pontuei um pouco irritado.

̶ Oliver, querido, você não ouviu a parte em que a médica falou que uma gravidez pode chegar até a quadragésima semana?

̶ É Ollie, você está aflito demais querido, não é como se a Liz fosse dar a luz no banco da praça. – Donna tentou amenizar a situação. – Além do que, eu irei com ela para todo caso de um imprevisto acontecer.

̶ MÃE. – vi Felicity lançar um olhar repreensor para Donna. – Não deixe Oliver mais pilhado.

̶ Desculpe querida, mas seu namorado parece mais nervoso que você. – percebi que estava alarmando Donna com toda aquela minha preocupação.

̶ Desculpe Donna, eu sei que você cuidará muito bem dela. – suspirei com sofreguidão tentando banir toda aquela preocupação do meu corpo. – Só tomem cuidado.

A verdade é que nas ultimas semanas eu havia recebido mais dois post it da cupido, o ultimo ela ameaçava John e mesmo ele dizendo que era grande o suficiente para se manter a salvo, nós não sabíamos se ela estava sozinha ou tinha outros consigo, não conseguimos nada além do que ela deixava escapar. John e eu estávamos tentando manter Felicity longe da cave, e apesar de contrariada, ela sabia que precisava de tranquilidade e o estresse daquele lugar não traria nada disso para ela e a neném.

̶ John. – chamei entrando na cave. O papel rosa na minha mão estava molhado de suor.

̶ Oliver, vim pra cá assim que você pediu, o que aconteceu? – suas sobrancelhas unidas em sinal de confusão, senti minha voz trancar na garganta só conseguindo entregar-lhe o pedaço de papel. – Diga que não é mais um...

̶ Aquela desgraçada está me fechando por todos os lados. – esbravejei sentindo meu corpo todo rijo. – Ela não pode saber sobre o bebe, John. – aos poucos o desespero tomando conta do meu corpo. – Eu pintei um alvo nas costas de Felicity quando resolvi me aproximar.

̶ Calma Oliver, ela não tem como saber que você é o arqueiro. – Diggle tentava clarear minhas ideias, em vão.

̶ Como não John? Ela sabe que Felicity ajuda o arqueiro, olha esses bilhetes, é claro que ela deve saber que Oliver Queen e o vigilante são a mesma pessoa.

̶ Você está nervoso Oliver, tente se manter calmo ou acabará fazendo uma loucura.

̶ Loucura eu fiz quando resolvi esperar para atacá-la John, não percebe que assim eu só dei a ela a chance de estar um passo a minha frente? E agora as vidas da minha mulher e da minha filha estão em risco, eu preciso tirar Felicity da cidade. – Corri até a saída com o pensamento de encontrar Felicity, mas parei ao sentir o celular vibrar e visualizar o contato de Donna no visor, algo naquela ligação fez meu corpo entrar em alerta. – Donna, onde está Felicity? O que? Espere não saia do apartamento, eu estou indo até ai.

O caminho de volta pra casa nunca pareceu tão longo, a cada sinal eu sentia meu corpo tremer em antecipação. O medo tomando conta de mim de forma surreal, eu precisava chegar a tempo, precisava salvá-la.

̶ Oliver, eles a levaram. – Donna se lançou em meus braços num ato desesperador. – Minha garotinha foi sequestrada, Oliver.

̶ Donna, calma, eu irei buscá-la. – eu sentia um desespero enorme, mas precisava me manter o mais firme possível. – Preciso que me diga quem a levou e como foi, tudo ficará bem, logo Felicity estará de volta.

~~FS~~

Senti os músculos do meu corpo se contraírem, eu me sentia dolorida à medida que me mexia, tentei abrir os olhos, mas tudo não passava de uma imensidão escura, eu estava vendada. Senti as lembranças de momentos antes voltar como um jato forte, minha cabeça doía e o cheiro de álcool estava impregnado em minhas narinas.

Eu estava no parque com mamãe e tudo aconteceu muito rápido, num momento eu observava Donna na barraquinha de sorvete, no outro eu estava sendo arrastada até uma van por dois homens encapuzados, eles pousaram um lenço molhado violentamente sobre meu nariz.

̶ Olha só quem acordou. – ouvi uma voz feminina se aproximar. – A nerd que ajuda o arqueiro.

̶ Cupido. – o nome saiu em forma de confirmação. – O que você quer comigo?

̶ A questão é: o que eu quero com o vigilante. – ela sorriu dissimulada. – Me diga qual a verdadeira identidade dele? Claro, eu acho sexy a forma como ele se esconde embaixo daquele capuz, mas minha curiosidade é gritante.

̶ Vai se danar. – eu estava irritada demais para aquele joguinho.

̶ Olha só, a gatinha arranha. – a louca parecia uma psicopata. – Felicity, não é esse seu nome? Então Felicity, já que você não quer cooperar, preciso dizer que vasculhei sua bolsa.

̶ Você só pode ser doente.

̶ Ah desculpa mexer nas suas coisas, mas você imagina o quão surpresa fiquei quando vi seu celular e a chamada de emergência era ninguém mais, ninguém menos que Oliver Queen? Como eu não pensei nisso antes? Claro que o bilionário bonitão é o arqueiro, pensando bem, não é tão difícil de deduzir.

̶ Ele virá atrás de mim cupido, e quando vier você vai sofrer.

̶ Será? Será que ele te ama tanto assim? – Ela estava se divertindo. – Se bem que por esse bebê, não duvido que ele venha. Diga-me Felicity, é um menininho ou uma linda garotinha? Já escolheram os nomes? O Oliver deve estar babando não é? Posso até imaginar a família feliz que seremos, quando essa criança nascer e eu acabar com você. Mas não se preocupe, eu amarei e cuidarei como se fosse minha.

̶ Você... – tranquei as palavras na garganta, sentindo algo escorrer por minhas pernas. – Cupido, por favor, me deixa ir.

̶ Até deixaria, mas você é meu bilhete premiado. – senti uma pontada no pé da barriga. – Sabe, eu adoraria te ajudar, mas alguém precisa sofrer, ou não seria uma história de amor. Minha história de amor.

Percebi que de nada me adiantaria apelar para o seu lado emotivo, ela não tinha um, então me concentrei em manter a respiração sincronizada, a bolsa havia rompido e era obvio que eu não veria um hospital tão cedo. Observei a louca ligar para Oliver do meu celular, pela sua diversão, ele parecia desesperado, gritei seu nome uma única vez, eu sabia a forma como ele agia em situação desse tipo, eu precisava manter a cabeça de Oliver no jogo dessa louca.

̶ Hey bebê, calma, o papai já vai chegar. – alisei meu ventre numa tentativa frustrada de anestesiar a dor.

̶ Não deve ter sido muito difícil para você aplicar esse golpe, não é? Devo te parabenizar porque um filho com Oliver Queen é garantia para toda uma vida. Uma pena que você não vá poder desfrutá-la. – vi quando um de seus homens cochichou algo em seu ouvido e saiu. – Agora sim a festa está completa.

~~OQ~~

̶ Oliver, Waller entrou em contato. - esperei para que Diggle continuasse. - Parece que a cupido é uma fugitiva da A.R.G.U.S

̶ O que mais ela falou? - meu desespero era palpável, eu podia sentir o frio percorrer minha espinha.
̶ Não será tão fácil assim. - ele parecia hesitante. – Lyla está vindo para cá com mais informações.

̶ Onde está Sarah e Roy? Preciso de todos aqui o mais depressa possível.
̶ Você precisa manter a calma, ela não fará nada com Felicity.
̶ Manter a calma? John, é a minha família, é a mulher que eu amo. – ele suspirou cansado. – Tudo que eu não tenho é calma.
̶ Mas precisa, você vai precisar estar controlado se quiser fazer isso sem machucar ninguém.

̶ Estamos aqui, Oliver. – Sarah falou, enquanto entrava junto com Roy.
̶ Onde está Thea?

̶ Ela está bem e fora de perigo, eu mesmo já me assegurei disso. – Roy me garantiu.

̶ Ótimo, não posso ter mais ninguém em perigo.

Lyla nos trouxe todas as informações sobre a ruiva, a situação podia ser pior do que eu imaginara. A cada minuto passado, era um fio de angustia e medo crescendo dentro de mim, minha mente só conseguia pensar em como estaria Felicity e se estava bem, eu já começava a sentir a raiva dentro de mim.

̶ Oliver, seu telefone. – ouvi a voz de John me desertar. – Ela está entrando em contato.

Olhei o visor com a foto de Felicity, há essa hora ela já sabia quem eu era.

̶ Olá Oliver. – a voz cortante me fez estremecer em antecipação. – Devo dizer que grande foi minha surpresa e decepção quando descobri que era você, como eu não me toquei disso antes, estava tão na cara.
̶ O que você quer? – a pergunta saiu mais rude que o esperado.
̶ Vejamos. - ela fingiu um pensamento. - Você.
̶ Troca justa, eu por elas.
̶ Então é uma princesinha? Que bonitinho.
̶ Eu por elas, cupido. – rosnei sentindo a garganta arranhar.
̶ Oh não, tão fácil assim? Obvio demais vigilante, eu costumo gostar de joguinhos.
̶ O que você quer, então?
̶ Você... Em pleno e total desespero. – entrei em alerta quando ouvi Felicity gritar por mim.
̶ Deixe-a em paz, seu problema é comigo.
̶ Assim está bem melhor. – ouvi sua gargalhada perturbada. – Uma pena eu ainda não saber o que fazer, mas prometo ligar assim que souber. - então tudo que ouvi foi o bip da ligação sendo derrubada.

̶ Maldita. – o grito de Felicity não saia da minha cabeça, eu só conseguia pensar em como elas estariam agora.
̶ Consegui rastreá-la. – só então me dei conta que Lyla estava sentada na cadeira de Felcity. – Ela está mais perto do que imaginam.

As docas estavam em pleno silêncio, chagava a ser inquietante e assustador, o localizador da A.R.G.U.S mostrava o galpão abandonado.

̶ Oliver querido, que bom que chegou. – vi a ruiva sair das sombras junto a dois homens. – Imaginei que traria amigos, por isso resolvi convidar os meus também.
̶ Onde está Felicity, cupido? – a tensão era nítida ali. – Onde você escondeu a minha mulher?
̶ De vagar ai, papai. – ela parecia saborear as palavras. – A única mulher que você terá, serei eu. Mas se você quer saber daquela secretária aguada que você carrega para todo lado, eu posso te mostrar.
̶ Não brinque comigo cupido, eu já matei antes e não pensaria duas vezes em te por nas minhas estatísticas.
̶ Você fica tão sexy quando bravo arqueiro. – senti Sarah impulsionar o corpo em ataque, segurei seu pulso em negativa.
̶ Ainda não. – ela parecia tão enraivecida quanto eu. – Qual o joguinho? Não me diga que irá continuar nessa conversa entediante?
̶ Claro que não, o melhor para o melhor. – ela fez sinal para que eu a seguisse. – Apenas o gostosão verde. – interviu aos outros.
̶ Fiquem em alerta, a qualquer suspeita não hesitem em ir atrás de mim.

O galpão era escuro e úmido, tentei acostumar minha visão a pouca luz do lugar, eu precisava tirar Felicity dali.

̶ Oliver. – ouvi a voz dela me aliviou.
̶ Eu to aqui, acabou. – falei abaixando perto dela que tinha os punhos presos a uma coluna do lugar. – Solte-a cupido, eu estou aqui.
̶ Tão fácil assim? Acho que não em. – seu sorriso era metálico. – Não é que o desespero cega mesmo.
̶ Por favor, a deixe ir. – fiz menção em desamarrá-la, mas senti mãos me arrancando de lá.
̶ Calma garoto, você acha que seria tão fácil assim? – olhei para Felicity e ela parecia se sentir incômoda.
̶ Ela precisa sair daqui. – eu estava implorando, sentia o desespero me engolir.
̶ Oliver. – Felicity me chamava entre suspiros. – Faça o que tem que ser feito.

Eu sabia que ela se referia aqueles dois homens me segurando, ela sabia que me livrar deles era mais fácil que aparentava, eu apenas estava evitando a por em risco. Mas seu olhar suplicava para que eu fizesse, então numa jogada rápida eu cruzei as pernas no pescoço de um, fazendo o outro me soltar enquanto seria minhas costas bater contra o chão. Desacordei o primeiro e parti para o segundo que foi ainda mais fácil, uma gravata e eu tinha dois guarda roupas caídos, agora só precisaria tirar Felicity dali.

̶ Uou uou uou, não tão rápido rapaz. – em outro momento eu arrancaria aquela arma dela com facilidade, mas vê-la apontada para a barriga de Felicity me fez travar em alerta. Lembrei-me dos dados sobre ela, eu sabia que para essa mulher atirar não seria um problema, não para uma esquizofrênica.

̶ Carrie, por favor, você não tem que fazer isso. – ouvir seu nome a fez me olhar assustada. – Eu não sou seu marido.
̶ Cala a boca. – ela rosnou em raiva. – Você não sabe de nada.
̶ Eu sei que você busca culpados por um erro dele, mas ela não tem nada com isso.
̶ Claro que tem. – Carrie era uma bomba relógio que a qualquer momento explodiria, eu precisava ter cuidado. – Eu te observei por todo esse tempo, eu vi você salvar essa cidade várias vezes com as mesmas habilidades que eu. Éramos o casal perfeito: o arqueiro e a cupido contra o mundo. - suas palavras beiravam ao descontrole. – Mas ai essa loirinha entrou no meu caminho, eu vi o modo como você a olhava, eu senti uma raiva tão grande que poderia matá-la com as mãos, porém isso só faria você me odiar e não é isso que eu quero meu amor.
̶ Carrie olha pra mim. – pedi numa tentativa de tirar seu foco de Felicity.
̶ Por que ela? – era como se ela não estivesse falando comigo. – Éramos perfeitos juntos, um casal esplêndido com talentos para mostrar ao mundo, por que ela?
̶ Não Carrie. – tentei despertá-la de seu mundo. – Olha pra mim, eu não sou ele.
̶ Não meu amor, você é melhor. – ela tremia parecendo estar presa num delírio. – Ela não precisa de você, eu preciso, eu sou seu amor. Vamos fugir e ser felizes pra sempre.

̶ Sim, nós vamos ser felizes. – ela me sorriu extasiada. – Longe daqui, apenas nós dois.

̶ Depois voltaremos para buscar o bebê. – em sua cabeça ela parecia fantasiar tudo. – E seremos apenas nós três. Você não a ama, não é?

̶ Não, só você. – as palavras saíram levianas. – Seremos apenas eu e você, mostrando nossos talentos para o mundo, Carrie.
̶ Oliver. - ouvi a voz de Felicity me chamar novamente.
̶ Cala a boca. – ouvi o grito dela ecoar. – ele é meu, só meu, só meu. – o grito sôfrego de Felicity me desesperou, ela estava entrando em trabalho de parto.

̶ Você não passou de um caso para ele, tudo com que ele se importa é como o bebê. – a ruiva estava em total descontrole. – Ele me ama. – aproveitei o momento que ela passou a olhar pra algum ponto fixo, para me aproximar de Felicity e a desamarrar.
̶ Vai ficar tudo bem, vocês vão ficar bem. – beijei o topo de sua testa.

̶ Sabe o que dizem sobre a felicidade de um mentiroso traidor? – Carrie parecia de volta à sanidade, sua arma agora apontada em nossa direção. – Ela não dura.
̶ Você sabe que isso não acaba bem para você, certo?
̶ Sabe, apesar de ser adepta ao arco e flecha, eu sempre tive um fascínio por armas. – continuou, ignorando minha ameaça. – Não é fabulosa a forma como ela mata, sensual e lentamente como o tango, porém rápida e barulhenta como o sapateado. Olha que fascinante a forma como a morte não passa de uma dança, e eu quero dançar com você vigilante.

Tudo aconteceu de forma muito rápida, mas em minha visão as cenas pareciam em câmera lenta, Carrie tinha disparado um tiro em direção a Felicity, o desespero nublava minha mente, o ardor queimando meu braço, o liquido quente escorrendo por ali. Ela tinha me acertado.

̶ Oliver. – senti o aperto da mão de Felicity. – Você está machucado.

̶ Eu estou bem, se preocupe com você e a neném. – eu precisava tranquilizá-la.

̶ Que lindo o casal de apaixonados vão ter uma princesinha. – ouvi a voz melancólica. – Não pode ser, eu deveria ser seu amor, eu eu eu. – ela batia no peito com força.

̶ Por favor, deixe-a ir, ela está prestes a dar a luz.

̶ Um bebê, só meu. – ela estava mais uma vez trancada em seu mundo particular. – Eu serei a mãe mais perfeita do mundo.

Ouvi um barulho se aproximar, de relance vi Sarah, John e Roy num corpo a corpo com alguns capangas da cupido, ela estava se preparando para fugir, eu não podia deixar. O olhar de Felicity me confirmou o que eu deveria fazer.

̶ Não tão rápido assim ruiva. – ela estancou no lugar. – Você não sai daqui.

̶ E vai fazer o que? Nem sua aljava você trouxe. – zombou.

̶ Uma vez alguém me disse que nossa maior arma é nosso corpo. – a peguei desprevenida numa rasteira. – Eu não preciso da minha aljava para te deter.

̶ Um segredinho. – ela sorriu cínica. – Eu também sei lutar. – levantou num impulso rápido entrando num duelo corporal comigo, ela era uma ex-combatente, obvio que sabia lutar.

̶ Desista Carrie, eu não quero te machucar. – desviei de um de seus golpes.

̶ Tarde demais amorzinho. – a infeliz me derrubou no chão, mas logo me recompus, voltando a golpeá-la. Eu estava enfurecido, sentia a adrenalina tomar conta do meu corpo, aquela louca pretendia fazer mal a minha Felicity e isso me fez cegar, cada golpe era uma descarga fugida, o local ao meu redor parecia ter sumido. Eu não ouvia ou via ninguém, estava concentrado demais em acabar com tudo, concentrado em extravasar meu descontrole. O grito agudo que Felicity soltara me fez voltar a realidade, soltei a ruiva de qualquer forma correndo até a loira n chão, o medo era palpável.

̶ Felicity, olha pra mim. – pedi segurando seu rosto. – O que você está sentindo?

̶ Dói Oliver, dói muito. – a ver sofrer daquela forma me deixou agoniado.

̶ Precisamos levá-la daqui, ela está em trabalho de parto. – a queimação latente no meu braço pareceu chamar sua atenção.

̶ Sarah, Roy. – ouvi o mais velho chamar. – busquem o carro, precisamos levar Felicity ao hospital.

̶ Felicity, você consegue dizer o tempo de intervalo das suas contrações? – John perguntou enquanto a levávamos ao carro.

̶ Não, mas quando vocês chegaram a bolsa já havia rompido. – suspirou pesarosa.

̶ Certo, eu levo ela até o hospital, você vai pro coviu fazer um curativo nesse braço.

̶ Claro que não, você acha que eu vou deixá-la num momento como esse? – os protestos de John foram interrompidos por um urro de Felicity. – Vamos logo, John.

̶ Não vai dar tempo. – ouvi John falar e me desesperei.

̶ Como assim não vai dar? Tem que dar. – esbravejei.

̶ Oliver. – ela me olhou tão assustada pelas palavras de Diggle.

̶ Ei calma, vai ficar tudo bem. – afaguei seus cabelos enquanto descansava um beijo em sua testa. A verdade é que eu nunca senti tanto medo como nesse momento, logo Sarah e Roy voltaram com a van, as contrações de Felicity pareciam dar intervalos mais curtos.

̶ Nossa bebê Oliver, ela vai ficar bem, não vai? – o olhar de Felicity continha suplica. – Se for uma escolha, salve-a, poupe a vida da nossa princesinha.

̶ Hey, vai ficar tudo bem com vocês duas, não se preocupe. – vi lágrimas fugirem dos seus olhos. – Você confia em mim? – ela assentiu. – Eu amo você.

̶ Eu amo você, Oliver.

̶ Roy, dirija e não hesite em ultrapassar os sinais. – John ordenou. – Sarah, eu preciso que você apoie Felicity em seu colo. – vi Sarah acomodar as costas de Felicity em suas pernas.

̶ O que você está fazendo? – questionei confuso. – Dig, a ultima consulta revelou que o cordão umbilical estava enrolado no pescoço da neném, e isso a por em risco?

̶ Não temos escolha Oliver, não dará tempo, vamos ter que trazer a bebê ao mundo aqui mesmo. – pensei em protestar, mas os urros de Felicity estavam cada vez mais altos. – Eu vi Sara nascer acredite em mim quando digo que não dará tempo. Agora ligue para a obstetra dela.

̶ Dra. Sullivan, aqui é Oliver Queen. – passei todas as informações sobre nossa situação conforme Diggle me ordenou.

̶ Seu amigo está certo Oliver, vocês não chegarão a tempo. – confirmou após receber a explicação. – Um de vocês precisará sentir a dilatação do útero.

̶ Se você me permitir, como eu disse antes, vi Sara nascer de parto normal. Ponha o telefone no viva voz. – fiz o que Diggle pediu.

̶ Dra. pode nos passar as instruções. – falei enquanto sentia o aperto de Felicity no meu braço.

̶ Certo, preciso que chequem a dilatação e me passem a informação. – vi John fazer os procedimentos e responder a médica, eu sentia o suor escorrer por todo meu corpo. – O parto terá que ser feito ou o bebê pode asfixiar por estar preparado. – mais um grito de Felicity foi ecoado. – Felicity, você precisa controlar sua respiração da forma correta.

̶ Tente fazer isso deitada num carro em movimento. – eu riria da situação se não fosse assustadora.

̶ Calma mamãe canguru, é pela neném, lembra? – a médica falou paciente.

̶ Tudo bem, pela neném. – Felicity tentou sincronizar a respiração.

̶ Certo, agora eu preciso que você inspire, espire e faça força quando a contração vier. – a medica instruiu. – Não esqueç... – a ligação caiu me deixando em total desespero.

̶ Estamos numa área sem sinal merda. – praguejei conferindo o celular.

̶ Continuaremos por nossa conta. – Diggle tomou as rédeas da situação. – Felicity eu preciso que você siga as instruções da médica, Oliver continue tentando contato com o hospital, precisamos de uma maca pronta quando chegarmos.

̶ Ai ta doendo, eu não consigo. – o desespero de Felicity era assustador. – Eu não vou conseguir Oliver.

̶ Claro que vai meu amor, você é forte e é pela nossa princesinha, lembra? Eu confio em você Felicity e ela também. Mais uma vez amor, por ela. – ela urrou a plenos pulmões.

̶ Eu consigo ver Felicity, estamos quase lá. – John estava eufórico.

̶ Só mais uma vez Lis, você consegue. – Sarah segurou sua mão em apoio.

̶ Vamos amor, aguenta mais um pouco. – sussurrei próximo ao seu rosto. – Um ultimo grito, o mundo pareceu girar em câmera lenta, a minha bebê tinha nascido.

̶ Chegamos, Roy desceu em busca de ajuda, voltando com a médica de Felicity e alguns enfermeiros.

̶ Você conseguiu mamãe. – o sorriso da médica murchou ao olhar a neném. – Precisamos levá-las imediatamente.

̶ O que tem de errado, Dra? – perguntei enquanto via minhas garotas serem levadas.

̶ O senhor pode dizer se ela chorou assim que nasceu? – neguei com a cabeça. – Não se preocupe tudo ficará bem.

̶ Não é o que parece. – falei angustiado. – Há algo errado com a neném?

̶ Calma Mr. Queen, logo eu voltarei com noticias.

Eu nunca fui um homem religioso, mas se existia um Deus, nesse momento eu estava o implorando para que elas saíssem bem dessa, eu só precisava das duas com saúde e fora de perigo. Ouvi um choro agudo invadir meu campo sonoro e o mundo pareceu parar por aquele momento, ela estava bem.

̶ É uma menina saudável e de fortes pulmões. – a médica falava, enquanto Donna e Thea – que foram contatadas por Roy – choravam emocionadas. – A pediatra a levou para os procedimentos de limpeza dos orifícios nasais e boca, peso e medida e corte do cordão umbilical. Devido ao cordão umbilical estar enrolado no pescoço do bebê, ele ficou curto para deslizá-la pelo canal fetal, travando o oxigênio. Mas agora ela já está bem respirando normalmente. – senti um alivio ao ouvir essas palavras.

̶ E minha filha, doutora? – Donna se apressou em perguntar. – Como ela está?

̶ A mãe passa bem, está apenas dormindo devido o desgasto físico. Assim que ela acordar comunicaremos a família.

̶ Obrigada John, você salvou minhas garotas. – o abracei.

̶ Eu só fiz o que tinha de ser feito Oliver, a maior guerreira nisso tudo foi Felicity. – sorriu emocionado. – Ela sempre foi a mais forte de nós três.

Nem meus melhores sonhos ou piores pesadelos me prepararam para o que eu senti quando olhei o rostinho dela pela primeira vez. Aquelas iris tão azuis pareciam ser uma resposta a todas minhas perguntas, de repente tudo parecia fazer sentido, ela era minha salvação, minha esperança, um pedacinho do céu só meu. Ninguém nunca me falou que amar era tudo isso, é olhar para aquele pequeno embrulho nos braços de Felicity e perceber que nada era mais precioso que ela, o instinto de proteção e cuidado me engolia. Eu era pai.

̶ Maria. – Felicity me olhou confusa por um momento. – Significa pureza, e ela é o lado mais puro de mim.

̶ Bem vinda ao mundo Maria. – Felicity acarinhou sua bochecha, emocionada. – Cinco dedinhos em cada mãozinha, cinco dedinhos em cada pezinho. – Ela checava com cuidado. – Tudo ok.

̶ Ela é perfeita. – eu me sentia tão emocionado. – Essa com certeza é a minha cena favorita. – olhei a bebê que se alimentava numa sucção sincronizada.

̶ Deus, como ela parece com você. – na verdade Maria tinha os traços parecidos com os de Thea, que segundo Felicity era uma versão delicada dos meus. – Ela vai te dar trabalho.

̶ Eu amo tanto vocês. – falei após uma breve gargalhada.

̶ E a gente te ama papai. – ri da tentativa dela de forçar uma voz infantil.

Se eu pudesse congelar o tempo, congelaria aquele momento, era novo, mágico, único. Eu só precisava das minhas garotas e tudo ficaria bem.

Maria é mar sem calmaria.


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Notas finais do capítulo

E então? Demorou, mas saiu kkkkkk espero vcs nos comentários :*