Crests of Waves escrita por Blair Herondale


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é especialmente dedicado à linda Gaby Torres, que fez a primeira recomendação dessa história. Muito obrigada, realmente muito obrigada pela linda recomendação. Fiquei muito lisonjeada ao lê-la. De verdade.
Gente, agora sobre a formatação do capítulo, me desculpem por estar assim, mas acontece que eu estou tendo que postar pelo celular, pq se não, só iria postar sexta-feira. Não queria que vocês esperassem tanto, então está aí. Ajeitarei depois, juro.



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Catherine nunca antes tinha se divertido tanto em uma praia. Nunca pensara que tinham tantas coisas para fazer em apenas uma tarde, mas claro que os irmãos Tanners conseguiram fazê-la mudar de opinião. Depois daquele dia, nunca duvidaria de mais nada que Anne ou Nathan falasse.

Mentira.

Claro que ainda ia duvidar, mas bem menos que antes.

Primeiramente, que a pequena viagem de meia hora para a cidade vizinha tinha sido menos assustadora do que Catherine tinha esperado. Tudo bem, emocionante ao ponto de fazer seu coração bater loucamente, mas mesmo assim, menos assustadora do que tinha pensado. Achara que Nathan ficaria chateado com ela, de tão forte que tinha apertado seu abdômen e se apoiado, porém, quando estacionaram a moto, ele parecia bem tranquilo com aquela situação, talvez até um pouco divertido com tudo aquilo. Teve o cuidado de perguntar se ela estava calma, se queria que ele a ajudasse a descer, mas como Cath não queria fazer ainda mais um papel de garota assustada, dispensou a ajuda e saiu sozinha, tirando também o capacete e entregando a ele.

Após guardar na própria moto, os três desceram para a praia, compraram bebidas e entraram no mar. Nathan tentou ensinar Cath a ficar de pé em uma prancha que alugaram em uma barraca próxima de onde eles estavam ficando. Depois de várias inúmeras e falhas tentativas, eles desistiram. Riram como crianças quando Cath caía nos braços de Nathan, ou quando ele propositalmente a fazia se desequilibrar na prancha. Anne apenas observara tudo aquilo sentada na própria prancha. Cath descobriu também, naquela tarde, que ambos os irmãos Tanners eram ótimos no surf e se perguntou, se havia alguma coisa que eles não eram bons. A perfeição dos dois chegava a ser irritante.

Quando o sol se pôs, resolveram ir ao restaurante do píer jantar sanduíches e sucos naturais. Tinha a opção pizza, mas escolheram algo mais leve, já que iriam comer muita comida congelada na casa de praia, melhor algo diferente, para variar.

Como ficaram na parte aberta do restaurante, dava para ver toda a paisagem da praia. A areia, o mar, o longo píer de madeira e pedras, as crianças, carrinhos de sorvete e todas as coisas essenciais em uma praia. Era realmente lindo.

Agora, depois de terem terminado de comer, estavam parados no meio da praça principal, olhando para as várias casinhas antigas que circundavam a praça.

–Cada uma delas, tem algo diferente. -Anne começou a explicar para Cath- Por exemplo, aquela azul é um restaurante bar, a verde vende coisas para turistas, desde blusas até chaveiros, a rosa é uma livraria. A exposição é naquela casinha branca.

–Certo, então vamos lá. -Nathan falou, dando um braço para Anne e outro para Cath. Ambas as garotas pegaram prontamente -Minhas duas garotas preferidas desse mundo.

Afirmou com um grande sorriso convencido no rosto.

–Sobre o que é essa exposição? -Cath perguntou ao abrir a porta da casinha branca e perceber que o ambiente por dentro não era nada do que ela esperava. Tinha uma iluminação surpreendentemente clara, piso de mármore branco e paredes de vidro que separavam as áreas da apresentação. Era bem moderno.

–Mulheres. -Anne respondeu, se soltando de Nathan para pegar um panfleto que tinha na entrada e começar a julgar as fotografias antes dos dois.

–Ela parece bem ansiosa. -Cath comentou para Nathan, permanecendo na mesma posição.

–Não sei porque, não é como se essas fotografias fossem sair correndo se ela esperasse pela gente.

–Né. -Cath soltou uma risadinha, e pegou dois panfletos.

–Pega só um. -disse Nathan, tirando um dos papéis da mão de Cath e colocando de volta no lugar- Eu olho com você.

–Ah, certo.

Cath se aproximou da primeira fotografia, que mostrava uma mulher por volta de seus 60 anos. A metade de seu rosto escondida nas sombras, os olhos claros bastantes destacados na imagem. Como estava em preto e branco, não dava para dizer se os olhos eram azuis ou verdes, a única coisa que todos podiam ter certeza, era que tinha sofrimento naquele olhar.

–Ela parece triste. -Cath comentou fazendo uma expressão de pena e logo em seguida olhou para Nathan, curiosa com sua opinião.

Ele concordou minimamente com a cabeça e abriu o folheto para ler.

–Adeline Proust. -começou com a voz grave e séria- Nasceu em 1952, no interior do estado de Nova York. Abandonada ainda criança, teve uma difícil infância quando foi abusada diversas vezes pelo pai e tio adotivo. Na adolescência sofreu um acidente de trabalho que a deixou impossibilitada de utilizar as pernas e passou a ter a leitura como seu único passatempo. Na fase adulta escreveu um livro que fez um relativo sucesso na região que morava e a possibilitou não precisar de ajuda de doações. Adeline, agora, com seus 63 anos...

–Para. -Catherine pediu, se soltando do braço de Nathan ao mesmo tempo que se afastava da fotografia- Não quero saber o que aconteceu com ela.

–Por que? Talvez seja uma coisa boa. -Nathan falou, abaixando o panfleto e se aproximando.

–E talvez não seja. Porque eles colocaram as histórias dessas mulheres nos panfletos? Nunca vi nada parecido. -afirmou, começando a se sentir muito mal pela história de vida daquela mulher. Se todas as outras fotografias daquela exposição tivessem histórias tão tristes como aquela, era provável que Catherine saísse dali cortando os punhos...ou com uma forte crise de choro.

–Talvez seja para fazer você sentir exatamente o que você está sentindo, não acha? -ele perguntou dando de ombros, enquanto dobrava o papel com as histórias e colocava no bolso de trás da sua calça jeans, num claro sinal que não precisariam mais ler as histórias.

Catherine se abraçou rápido, considerando as palavras de Nathan, depois voltou a encarar os grandes olhos de Adeline.

–Não gosto de como estou me sentindo com isso. Não seria muito mais legal se simplesmente imaginássemos como essas mulheres são? Ou o que elas passaram? Tirar nossas próprias conclusões a partir da imagem que temos a nossa frente. -Cath se virou para Nathan com um pequeno sorriso no rosto- Toda essa história de Adeline só não é mais trágica do que a de Frida.

Nathan soltou uma gargalhada escandalosa de jogar a cabeça para trás, só parando após segundos ao se lembrar que estavam em um local público e que as pessoas provavelmente estariam encarando.

–Realmente, Cath. Não tem como ser mais trágica do que a Frida. Nunca conheci alguém tão azarada como ela.

–Sim, coitada. -após um minuto de silêncio, continuou- Nate! Vamos começar um jogo. Em cada foto eu digo quem eu acho que a pessoa foi na vida dela, assim como você. Logo, teremos dois pontos de vista para uma só pessoa.

–Não tenho tanta criatividade, Cath. Deveria jogar isso com Anne.

Ambos procuraram com o olhar pela morena na sala, e a acharam alguns metros de distância encarando atenciosamente uma fotografia em larga escala, com as mãos nas costas.

–Acho que ela já está ocupada demais analisando as imagens por si só. -Catherine respondeu ao desviar o olhar da melhor amiga, depois voltar a encarar Nathan intensamente- Ah! Vamos lá, é a melhor coisa que você poderia fazer no momento. Admita. Eu sou uma gênia em questão de criação de jogos.

A última frase arrancou outra gargalhada de Nathan e ele não pode fazer outra coisa se não admitir.

–Cath, não sei o que eu faço contigo. Acho que já está convivendo demais comigo e está começando a pegar minha prepotência. Fique mais um pouco e pegará também minha beleza.

Cath sabia que a intenção dele era fazer graça, mas por algum motivo surgiu uma dúvida na sua cabeça.

Será que ele não a achava bonita?

Franziu o nariz, mas se impediu de soltar a pergunta ao morder a pele seca de seu lábio inferior.

–Vamos continuar. -disse por fim.

E então, passaram cerca de vinte minutos jogando a brincadeira que Cath havia proposto. Descobriram com isso que ambos tinham mais criatividade que pensavam, já que conseguiram criar hipóteses de histórias de mais de 12 fotografias.

Em algum momento que Cath não havia percebido, Arthur entrou sozinho na exposição. Nathan, ao contrário da companheira de brincadeira, parecia bem atento a presença do outro, e fazia de tudo para escondê-lo da visão de Cath. Houve um momento que Arthur chegou a encara-los com o cenho franzido e Nathan sentiu Cath se virar minimamente para a direção do albino, o que o fez passar o braço por sobre seus ombros e puxa-la para uma fotografia distante.

–Olhe essa mulher! -apontou para uma senhora de 80 anos com um cachorro branco no colo. Não tinha nada de especial na cena, mas ele continuou para focar a atenção de Cath em algo- Eu diria que ela achou esse cachorro na rua e resolveu o adotar. Também diria que é mãe, pela forma como segura o animal e que...trabalha com algo relacionado à cozinha.

Cath riu com a hipótese de Nathan, sempre a mais louca que ele podia inventar. Olhou para o lado, sem precisar se virar muito, uma vez que ele estava inclinado ao ponto de suas cabeças estarem da mesma altura, e o encarou. Os olhos âmbar se encontrando com os azuis acinzentados.

Ela se xingou por gostar daquela aproximação.

–Eu concordo com a história da adoção do cachorro, até mesmo dela ser mãe, agora a parte de trabalhar na cozinha? -outra risada- De onde você tirou isso?

–Cath, Cath...Você não daria certo como detetive. -Nathan sussurrou com um sorriso discreto. Usando os dedos do braço que não estava em volta de Cath para mostrar as mãos da velhinha, brancas e sujas de um pó branco- Isso daqui, é sujeira de farinha. Bem, ou é farinha ou cocaína, mas como não acho que essa velhinha faça parte de alguma espécie de tráfico de drogas, só pode ser farinha. Com isso, ela deve ajudar a fazer bolos ou algo do tipo.

Catherine virou ainda mais o rosto para Nathan e o encarou, boquiaberta.

–Com essa até eu me surpreendi.

–Está vendo? Posso ser mais surpreendente do que você imagina.

–Nathan. Eu te conheço desde meus 5 anos de idade, não tem muita coisa que eu não saiba sobre você. -afirmou com um sorriso esperto- Tem até umas coisas que eu gostaria de não saber, preferiria não saber. Fiquei traumatizada quando descobri.

–Tipo? -ele perguntou, parecendo genuinamente curioso.

–Beem, são coisas tão vergonhosas que eu prefiro esconder em uma caixa, fechá-la e nunca mais precisar abri-la. -afirmou fazendo todos os gestos com as mãos.

Nathan ajeitou sua coluna e tirou o braço de cima dos ombros de Cath, resolvendo colocar as mãos no quadril.

–Não, agora estou curioso. O que você sabe sobre mim que preferiria não saber?

Cath coçou as sobrancelhas e mordeu a parte interna da bochecha, claramente desconfortável.

–Já faz tempo Nathan, você devia ter uns 13 anos. Não precisamos nos lembrar. É realmente vergonhoso demais.

Ao falar dessa época de sua adolescência, Nathan começou a ter uma ideia sobre o que se tratava o assunto. E embora fosse um pouco constrangedor conversar isso com uma pessoa que era quase sua irmã, continuou com a conversa.

–Cath, você precisa falar agora.

Ela começou a ficar vermelha com a insistência, assim como perceber que teria que falar sobre o assunto, em voz alta, para fazer Nathan deixar de encher seu saco.

–Não preciso não. Você deve saber o que é, algo que você provavelmente devia viver fazendo ao ir para a puberdade. Não quero falar sobre isso com você, é constrangedor demais.

–Como assim, Cath?! Explica essa história direito! -Nathan pediu, tentando conter uma gargalhada alta, só de imaginar o que pode ter acontecido para Cath acabar tendo que presenciar um de seus momentos de íntimos de adolescente.

–Ah! Que saco, Nathan! Não quero falar sobre isso! Não sei nem mesmo porque trouxe esse assunto. -resmungou cruzando os braços- Eu fiz uma aposta com Anne e o meu preço a pagar era ficar trancada no seu armário por 3 horas. Não vi nada, não se preocupe. Também não precisei ouvir, porque quando percebi o que estava acontecendo, rapidamente coloquei meu fone.

–Cath! Você -a risada finalmente escapou de Nathan- me viu- sua frase foi cortada pela forte gargalhada que lhe impedia de continuar a falar de modo coerente.

Ela trincou o maxilar, tentando manter a calma e não ficar vermelha com tudo aquilo. Catherine Brooke não tinha direito de ficar vermelha.

–Ai meu deus, Cath- Nathan falou ao recuperar o fôlego- Sinto muito por você ter tido que presenciar algo do tipo. Naquela época eu nem sabia direito o que estava fazendo, apenas dois anos depois que fui entender mais sobre o mundo do sexo. Agora, pode-se dizer que sou quase um deus com as mulheres.

Cath rolou os olhos com a prepotência e lhe deu um empurrãozinho.

–Argh, Nathan! Desnecessário o comentário.

–Estou apenas apontando um fato.

–Nem é confiante você, né? -disse erguendo uma sobrancelha para ele.

–Depois de tantos elogios que você recebe, começa a considerar que eles possam ser verdadeiros. Até que chega a um ponto que você aceita que é um deus na cama e ponto.

Catherine revira os olhos com isso e tenta permanecer seria, porém, o sorriso malicioso e convencido a impede de manter a posição esperada e ela deixa escapar uma gargalhada tão escandalosa quanto as dele.

–Você é impossível.

–Você já disse isso, Cath. Tem que começar a ser mais original, se não, me cansarei das suas mesmas frases de sempre.

Ela o empurra novamente antes de dizer.

–Vai se lascar.

–Apenas se você vier se lascar comigo.

–Sinto muito, Nate, mas essa opção não existe.

E Nathan teria retrucado prontamente, se uma voz carregada de sotaque britânico não tivesse interrompido os dois.

–Catherine? -Arthur perguntou, cauteloso.

A loira se virou para trás numa rapidez que até a assustou, porém, não esperava encontrar com Arthur ali, então não a culpava por ter tido uma reação tão rápida.

–Chegou quem não devia. -resmungou Nathan baixinho.

–Arthur?- ela disse o nome do garoto, não conseguindo esconder a surpresa na voz. Ele estava completamente diferente do rapaz da festa. Vestia uma calça jeans azul escura, com um moletom cinza de faculdade.

Caramba, ela havia ficado com um cara de faculdade e nem ao menos sabia.

Pela primeira vez, em muito tempo, se sentiu desconfortável com a roupa que usava perto de um menino. Como se ela estivesse desarrumada demais com seu short desfiado e sua blusa de praia.

–Caramba. -ele falou com um sorriso, se aproximando para abraçá-la- Qual a probabilidade da gente se encontrar aqui?

–Muito poucas, eu acho. -Cath disse com um pequeno sorriso. Tentando esconder a timidez por estar mais do que desarrumada na frente dele. Segundos atrás não podia estar mais confortável, e queria continuar dessa maneira. Confortável e confiante da maneira que estava.

–Sim, caramba. Eu até tentei ligar para você hoje, mas uma pizzaria atendeu. O que você sabe sobre isso? -ele perguntou em tom brincalhão com a sobrancelha direita erguida, o sorriso bobo brincando na sua face, mostrando seus dentes incrivelmente brancos e alinhados. Ele sabia que Cath havia dado o número da pizzaria de propósito e estava fazendo piada com isso.

–Eu dei o número da pizzaria?! -se fez de sonsa- Puxa vida! Não acredito! Devo ter confundido completamente.

Ao seu lado, ela pôde escutar Nathan soltar uma risada abafada.

Maldito.

Aquele som pareceu levar a atenção de Arthur novamente para Nathan, resolvendo, então, puxar Cath pelo braço para longe do moreno, a fim de ter uma conversa mais particular.

Por mais bonito que Arthur fosse, por mais sexy que a voz dele soasse e por melhor que ele beijasse, Catherine não estava disposta a dar outra chance a ele. Tinha garotos que ela gostava de ficar uma vez e pronto. Infelizmente, para Arthur, ele era um desses. Por isso, para não dar espaços para mais investidas, Cath logo cruzou os braços.

–Sabe, eu gostei da noite que nós tivemos. -ele afirmou, fazendo-a lançar um sorriso malicioso para ele.

–Definitivamente. Porém, Arthur, foi algo de apenas uma noite e parou por aí.

–Mas foi tão bom, porque não aproveitar mais? Você tem cara de quem sabe aproveitar.

Catherine descruzou os braços e ajeitou o cabelo, feliz pela última afirmação dele.

–Sim. Eu realmente sei aproveitar. E foi isso que eu fiz com você, na festa.

Arthur pareceu tomar o fato de Cath ter descruzado os braços como uma oportunidade para lançar investidas. Colocou, assim, uma mão em cada lado da fina cintura dela.

–Não acho que tenha aproveitado o bastante.

–Bem, isso é o que você acha. Eu estou certa quanto a minha opinião.

–Mas Cath...

–Catherine. -ela pediu, fazendo-o franzir as sobrancelhas.

Ela deu um longo suspiro e começou a mexer nas mechas loiras do britânico, como uma forma de suavizar o que ela iria falar.

–Arthur. Você beija maravilhosamente bem. É extremamente educado, gato, gostoso. Porém -ela tirou as mãos do seu cabelo e se afastou dele, pelo menos, o máximo que conseguia com as mãos dele segurando forte em sua cintura- foi apenas uma noite, uma festa. Acabou. Eu tenho todo meu verão pela frente, assim como você. Tenho certeza que não quer ficar preso a alguém como eu.

–Eu não estava sugerindo nada como namoro, apenas encontros casuais.

Catherine começou a se irritar com a insistência e tirou as mãos dele de cima de sua cintura.

–Arthur. Sinto muito. Mas não dá. -olhou para Nathan que tinha os braços fortemente cruzados e fingia prestar atenção em uma fotografia, quando, na verdade, ela sabia que ele estava atento à conversa. Naquele momento, Cath teve uma ideia louca para afastar Arthur o mais rápido possível e resolveu usá-la- Eu já tenho uma pessoa para encontros casuais. Ele por acaso, está bem ali.

Ela apontou para Nathan, que embora tenha continuado com o olhar na fotografia, abrira um pequeno sorriso malicioso. Seu típico sorriso, porém de uma forma mais contida.

–Ele? O mesmo rapaz que você disse que era irmão de sua amiga? Isso não é errado não? -Arthur perguntou, parecendo estranhar aquela possibilidade.

–Errado seria se eu estivesse comendo o pai da minha amiga, mas o irmão? Bem, temos idades próximas, ele é gostoso, um deus do sexo. Não vejo nada me impedindo, você vê? -ela perguntou cínica, irritada pela forma como Arthur tinha visto aquela possibilidade, assim como pelo caminho que aquela conversa estava levando. Por que desde que ela fora para a casa de praia dos Tanners, as coisas não haviam sido simples como nos velhos tempos? Será que era algum tipo de praga do local?

Balançou a cabeça, tentando voltar a se focar no assunto.

–De qualquer modo, não é da sua conta. Você deveria ter entendido a mensagem quando dei o número errado e ter seguido sua vida, não sei porque está nos fazendo passar por esse situação.

Arthur colocou as mãos no moletom e se afastou um passo, com uma careta no rosto.

–Realmente, não entendo porque estou fazendo isso. Você pode ter um rosto de pessoa madura, mas claramente não tem a mentalidade.

Foi a vez de Catherine fazer a careta. De onde ele tinha tirado aquela ideia?! Ela era bem mais madura que muitas pessoas de 18 anos e estava lidando com aquela situação da melhor maneira que podia. Porém, quando abriu a boca para falar tudo o que tinha pensado, Nathan apareceu do seu lado com um sorriso presunçoso no rosto, pronto para defendê-la.

–Ei, gata. -começou a dizer, enquanto colocava a mão esquerda em sua cintura, e a trazia para perto de seu corpo, segurando-a sempre com firmeza. Nathan iria parar ali, com a mão em sua cintura, mas ao ver a cara de irritação do albino, conseguiu criar coragem para se inclinar em um selinho rápido, como sempre vira casais fazendo ao se cumprimentarem ou se despedirem.

Não era para ser nada demais.

Apenas um selinho, pronto. Uma brincadeira apenas. Cath não ia morrer por conta disso.

Porém, quando seus lábios finalmente se encostaram e Nathan, assim como Cath, pôde sentir uma pequena corrente elétrica passar pelos dois, a coisa saiu um pouco do controle.

Toda aquela vontade contida desde a festa, foi liberada com apenas um toque. Nathan tomou liberdade para aprofundar o beijo e se inclinar ainda mais sobre ela. O desejo de aperta-la contra si, o fez colocar ambas as mãos em sua cintura, como forma de impedir uma possível fuga daquele beijo.

Não que ela quisesse fugir. Longe disso. Passado o segundo de surpresa, ela ficou contente em poder corresponder ao que quer que estivesse acontecendo. Catherine ficou contente em colocar aos mãos entre os fios de cabelos castanhos e puxa-los em um gesto possessivo.

Algumas poucas vezes, ela tinha imaginado como Nathan beijava. Claro que na maioria das vezes se repreendia por ter pensamentos tão absurdos, aquilo nunca iria acontecer entre os dois, mas agora que estava acontecendo, ela podia afirmar que era mil vezes melhor do que tudo que esperava.

Nathan a beijava de um modo feroz e urgente como se necessitasse daquele beijo para viver. Como se só tivesse começado a viver depois daquele beijo. Com aquele beijo. Suas mãos passeavam por suas costas com uma pressão que deixava claro que ela não iria para lugar algum. Que ele não a deixaria ir para lugar algum.

E enquanto o beijo estava acontecendo, ela não conseguia pensar em mais nada.

Nada do lado racional do seu cérebro funcionava. Ela não se importava que estavam em um local público, não se importava que Arthur estivesse tendo que presenciar tudo aquilo, nem ao menos se importava que Anne estivesse vendo aquilo. Não se importava que não era lógico nem certo o que estavam fazendo, que provavelmente teria consequências depois.

Catherine Brooke, não estava nem aí.

A única coisa que sabia, era que estava beijando Nathan intensamente e que aquilo era a melhor coisa que já havia acontecido em toda sua vida.

Quando, por fim, o ar faltou aos dois, eles se afastaram lentamente.

Houve aquele momento tenso de silêncio em que ambos se encaravam e refletiam sobre o que diabos tinha acontecido.

O azul dos olhos de Cath percorreu o âmbar, de Nathan. As respirações pesadas e os lábios levemente inchados.

O momento se prolongava ainda mais, enquanto um medo se adentrava entre eles.

O que, por deus, tinham feito?

Eles haviam mesmo se beijado? Aquilo havia mesmo acontecido?

Nathan foi o primeiro a quebrar o silêncio.

–Aí meu deus, Cath. Me desculpe. Eu...- ele se afastou um passo, assim como ela- Eu não sei o que aconteceu. Era para ser só uma brincadeira, ia ser só um selinho para irritar o albino.

Nathan olhou para os lados procurando por Arthur, mas já não havia nenhum sinal do loiro britânico, provavelmente saíra com a cena a sua frente.

Como Cath permaneceu calada, ele continuou.

–Droga. Merda. Cath. Eu juro. Era para ser só um selinho de brincadeira, não sei o que aconteceu comigo. Não sei porque fiz isso.

–Shhh. -Cath pediu, colocando o dedo indicador na frente dos lábios de Nathan. Queria encerar aquela conversa o mais rápido possível, não queria ter que falar daquele assunto outra vez, não queria que ele começasse a perceber a forma completamente descontrolada que ela tinha agido e como aquele beijo tinha causado diversas reações nela que não deviam ser esperadas- Está tudo bem, eu também sou culpada por corresponder, certo? -não esperou por resposta e continuou logo em seguida- Vamos fingir que isso nunca aconteceu. Você nunca me beijou, eu nunca retribuir. Isso nunca aconteceu. Nunca. Anne também não precisa saber disso.

Nathan olhou ao redor, confuso e surpreso por Anne não ter visto, reparando só então, que a irmã não estava mais na exposição.

–Onde ela está?

–Não sei, mas fico feliz que ela não esteja aqui. Isso significa que não presenciou essa cena, e consequentemente, não há provas de que isso aconteceu.

–Certo. Tudo bem. -Nathan disse, concordando com a cabeça- Realmente melhor que Anne não saiba, provavelmente vai começar com alguma besteira do tipo "eu sempre soube que um dia isso ia acontecer".

–Aí meu deus. Deus me livre! Não! Graças aos céus ela não viu que isso aconteceu.

Ambos se encararam em silêncio, normalmente trocariam algum tipo de olhar cúmplice, mas como o momento havia sido louco demais para os dois. Resolveram apenas ignorar e sair da exposição atrás de Anne e ignorar o clima tenso que se instalou entre os dois.

Anne não iria para muito longe dali sem avisar aos dois.

Por isso, não precisaram dar nem dois passos para encontrá-la sentada em um banco da praça.

Chorando.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Desculpa novamente pela formatação horrível. MUITO obrigada pelos comentários do capítulo passado! Já estou indo respondê-los. ❤️❤️ Vocês são os melhores.



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