P.O.V. Bill

Vei, a Mabel TINHA que me acordar meia noite? É muito cedo. Ou tarde. Ah, sei lá. Só sei que essa retardada me derrubou da cama.

–Qual foi a razão disso, Shooting Star?-perguntei.

–É NATAAAAAAAL!

E ela saiu gritando pela casa, derrubou o irmão da cama também e quase empurrou o coitado escada abaixo. Que que deu nessa menina, está mais louca que o normal, que isso...

Ah, eu deveria explicar. Faz quase dois anos que acabou o apocalipse que eu comecei e os Pines filhos da mãe me venceram sabe como? Esses viados me transformaram em humano, ai que raiva.

Bem, estou morando na cabana com eles. Sim, Mabel e Dipper se mudaram para cá e Ford decidiu manter a Cabana do Mistério. Viva! Dinheiro à custa dos trouxas! Stan deve ter adorado.

Desde então, tenho me juntado a Ford e Dipper em suas pesquisas, respondendo várias perguntas (inclusive grande quantidade sobre mim mesmo).

Onde eu estava?

Ah, Mabel fazendo Mabelzisse. Eu estou falando, até para o nível de loucura dela aquilo era de mais. Mas, eu decidi seguir a onda.

Peguei pisca-pisca e enrolei em Dipper, colocando um arquinho de estrela na cabeça dele.

–Pine Tree, você é o pinheiro mais fofo do mundo-falei rindo.

–Haha, que engraçado-ele tirou os enfeites-E eu não sou fofo.

–É sim!-Mabel gritou sei lá de onde.

–Você espirra como um gatinho-Stanley gargalhou.

Dipper ficou vermelho e saiu pisando duro.

Mabel brotou do meu lado (sério, eu não sei de onde nem como ela apareceu ali, o espírito de natal deve dar poderes místicos de maluquice para essa aí, só pode) e colocou um aquinho na minha cabeça. Eu não sei se era de estrela, de chapéuzinho, eu não faço ideia do enfeite daquele troço, mas não tirei porque ela ficou super alegrinha.

Percebi que ela estava correndo de mais para um quarto da cabana, e havia momentos que ficava por lá um bom tempo e depois aparecia com um sorriso arteiro na cara. Estou com medo dela hoje vei, sério.

Ok.

Dipper voltou um tempo depois, ainda meio brabo, mas eu e Mabel tinhamos uma surpresa para ele.

–Abre o seu presente-dissemos juntos, animadamente.

Ele nos olhou desconfiadamente, mas abriu.

–Eu. Não. Acredito!

–O quê?-os Stans perguntaram.

–Tivô Ford, são os diários!

–O quê? Como?!-perguntou Stanford.

–Um pouco de magia com uma ajudinha da Shooting Star-sorri.

Dipper nos abraçou e depois trocou olhares suspeitos com Ford.

–Mabel, dá o seu presente para o Bill, já voltamos-falou Pine Tree.

Ele e seu Tio avô foram para aquele quarto que a garota vivia indo e eu comecei a estranhar que havia algo acontecendo ali.

A gêmea mais velha me entregou o presente e eu abri. Sorri ao ver um suéter amarelo que tinha um triângulo com um olho bordado no meio.

–Eu amei, Shooting Star!-disse, vestindo o mesmo.

–Que bom que gostou. Ah, feche os olhos.

Eu estranhei, mas fiz o que ela pediu. De repente, senti alguém me abraçando.

–Eita! Posso olhar agora?-perguntei.

–PODE!-disse animadamente uma voz que eu conhecia.

Eu abri os olhos, surpreso ao me dar conta de quem estava me abraçando.

–WILL?!

–ACERTOU, BROTHER O' MINE!

Eu ri e abracei meu irmão com força. Olhei para Ford e Dipper, ainda sem acreditar.

–Como vocês fizeram isso?

Eles trocaram olhares cúmplices.

–Bem, isso é segredo. Mas sabíamos como queria ver seu irmão, então demos um jeito.

–Eu adoro vocês.

–Hey, Brother O' Mine! Eu estava conversando com a Shooting Star! Fizemos suéteres!-ele disse com um sorriso infantil.

–Você parece uma criança, Lil'.

–Lil'?-perguntou Stan sem entender.

–É...tipo...little, sabe?

–Ah ta...-então ele saiu andando.

Vei, o Stan bebeu? Ele fica andando de um lado para o outro, fazendo perguntas bobas e rindo feito idiota da cara da parede.

Eu tenho medo dos Pines de vez em quando.

–Desde quando está aqui, Lil'?-questionei.

–Desde ontem.

–Nossa, você ficou o dia inteiro sozinho? Espera...não vi a Mabel ontem.

–Então...-ele começou, mas eu o interrompi, abrindo um sorriso malicioso.

–EEEEEEEEHHHHHH MANINHO, PEGANDO A SHOOTING STAR? QUE GRACINHA VOCÊS DOIS JUNTOS!

Mabel e Will coraram violentamente, enquanto Dipper observava com um olhar chocado. Eu gargalhei tanto que tive que secar as lágrimas de riso depois.

–Eu super shippo-falou o Pines quando me acalmei.

–Eu também-concordei.

Trocamos olhares, demos risadinhas e saimos de fininho, deixando Mabel e Will sozinhos na sala.

–Pensando no mesmo que eu, Pine Tree?

–Visco?

–Visco.

Rimos e procuramos um pela casa. Assim que achamos fomos até a sala. Mabel e meu irmão estavam sentados no sofá conversando animadamente. Dipper se aproximou por trás e ergueu o visco sobre eles.

–Hey, maninho do meu coração-comecei.

–Hey, maninha do meu coração-o garoto continuou.

–Olhem para cima-concluímos juntos.

Ambos ergueram o olhar e coraram. Meu irmão é muito tímido, enquanto Mabel tem fogo. Não fiquei surpreso ao ver ela beijá-lo. Mas me surpreendeu um pouco (muito) o fato de ele ter retribuído.

Gente.

Sério.

Eu ri.

Eu ri igual uma hiena.

Mentira.

Eu ri AINDA MAIS que uma hiena.

Dipper virou-se para trás e trocou olhares comigo, logo me acompanhando na risada psicopática.

–SHIPPO WIBEL!-gritei.

–Wibel? Sério? Não tinha um nome melhor?-perguntou Dipper, vindo até mim.

Dei de ombros.

–É o melhor que pensei. Hey, onde está o visco?

–Na minha mã...-parou ao ver que não estava com ele.

Dipper ergueu o olhar e ficou meio pálido.

–Will colocou o visco sobre nós, não é?-perguntei.

–Desculpe, Brother O' Mine. Mas é o único jeito de você fazer algo.

Dipper e eu coramos.

–Está falando besteira, Lil'.

–Nada disso-Mabel disse-Vocês se gostam, mas não querem admitir. Adiantamos seu lado Bill, não espere nada de Dipper. O orgulho dele o impede de aceitar o óbvio.

Passei os braços pela cintura do garoto e sorri. Ele parecia um tomate.

–Pinheiro vermelho? Acho que é a primeira vez que vejo um-falei aproximando o meu rosto do seu.

–E...eu não sou um pinheiro.

–É sim. É o meu Pine Tree.

Então eu o beijei.

Precisa falar que a Mabel e o Will saíram gritando pela casa?

É, acho que não.

Dipper retribuiu o beijo e eu fiquei meio sem acreditar. Parece que milagres de natal realmente existem.

Meu irmão que o diga.

Desculpe, não aguentei eu TIVE que falar isso.

–Hey, Pine Tree. Quer namorar comigo?

–Hm...não sei não. Já te dei um presente de natal-ele disse com um sorriso brincalhão.

–E eu já te dei um. Mas acho que vou dar outro.

–E o que vai ser?-perguntou inocentemente apesar da malícia em seu olhar.

–Um gatinho-brinquei.

Dipper balançou a cabeça, tentando não sorrir.

–Que feio, Bill.

–Ué, você e um gato se dariam muito bem. Vocês até espirrariam igualzinho-comecei a rir.

–Você é muito sem graça, sabia?-ele bufou.

–Mas você me ama mesmo assim.

Roubei um beijo do garoto e ele me olhou com uma raiva falsa.

–Ah, então é assim?

Ele roubou o arquinho da minha cabeça e se afastou um pouco.

–Vem pegar.

–O que eu ganho com isso?

–Um namorado-ele abriu um sorriso desafiador e malicioso.

Olhei para o teto, como se pensasse na proposta. De repente, pulei em cima de Dipper e, sem nem dar tempo para ele pensar, caímos no chão e eu peguei o arquinho.

–Quero meu prêmio.

Dipper riu e me beijou.

Ah, claro, a Mabel tirou uma foto. Agora, ela e Will inventaram de criar um álbum de fotos "Billdip". Acho que eu e Dipper nos ferramos ao juntar aqueles dois, mas concordamos que, se eles estavam felizes, nós também estávamos.

Acabou que foi o mais louco, divertido, louco, surpreendente, louco, inesquecível, (eu já disse louco?) natal de todos.

Tudo por causa de um visco.