Mais um dia de aula, como adoro poder acordar e pensar "nossa, vou estar num lugar enorme cheio de gente que não gosto e não pretendo gostar", é a alegria da minha vida. Olhei para o despertador que havia acabado de desligar e vi que se não levantasse e me vestisse em 5 minutos eu já estaria oficialmente atrasada.
Desci as escadas rapidamente depois de me arrumar e só tive tempo dar um gole na xícara de café que minha mãe havia deixado na mesa para mim, corri para fora e consegui pegar o ônibus. No meio do caminho paramos na última casa para pegar mais um aluno, era a casa de Layla e ela subiu ao ônibus como se tivesse acabado de acordar.
— Você acordou a 5 minutos atrás por acaso?
— Como você sabe? Você é um oráculo?
— Não, seu cabelo está bagunçado, você tem migalhas no rosto todo, está segurando uma garrafa térmica de café pra se manter acordada e eu to vendo a calça do seu pijama
— Ah, é que eu tive que vestir o uniforme por cima do pijama
Ela tomou um pouco do café e continuou.
— É impossível pra mim me arrumar como você, você é muito bonita! Seu cabelo meu lembrar muito de onde eu vim, os sátiros que tem esse cabelo com tom de castanho escuro, mas seus olhos são verde escuro como os de alguns elfos, você é transgênica?
— Tenho quase certeza de que não sou nem sátiro e nem elfo, e seus olhos são bem mais interessantes do que os meus
Ela fez uma cara maliciosa.
— Então você repara nos meus olhos, não é?
— N-não foi isso que eu quis dizer!
— Era brincadeira, meu olhos são assim porque eu sou um tipo de fusão de elfo com vampiro
— Ah, seu pai é vampiro?
— Não, minha mãe é vampira
— Então seu pai é elfo?
— Não, minhas mães são lésbicas
— Ah,..........então como ela tiveram você?
— Nada é impossível no lugar de onde eu vim
Passei apenas um dia com ela e já estava até começando a esquecer que isso tudo parecia imaginação dela, mesmo assim ela sempre parecia tão feliz quando falava disso, não podia evitar e entrava na brincadeira.
— Por falar nisso, me desculpe por ontem à noite, eu devia ter percebido que não se deve despir uma pessoa no meio de uma floresta
Infelizmente ela se desculpou alto de mais e todos no ônibus acabaram olhando para nós nesse momento, e eu só sentia vontade de me jogar pela janela depois disso.
— Tudo bem, eu te perdoou, mas por favor, nunca mais diga isso alto!
— Mas por q............., aí meu Deus
Ela se ajeitou no banco e pude perceber que estava envergonhada, ela realmente não percebe as besteiras que faz. Ainda faltava um pouco para chegarmos então eu resolvi dormir um pouco, encostei a cabeça no ombro de Layla e antes de cair no sono pude sentir ela encostando a cabeça dela na minha e dizer "boa noite, Marry"