505 escrita por Nyctophilia


Capítulo 1
I'm Going Back To 505




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— Quando você volta? – perguntou Hanna, estancada sobre a porta do apartamento 505, não fazendo a miníma questão de sair de perto da porta, parecendo misteriosamente gostar de barrar a passagem pra fora do companheiro, que estava praticamente com as malas prontas pra viajem. Seus olhos castanhos quando encontravam sempre os olhos verdes de Hanna, pareciam irem a um tempo que já tinha passado, como se quisesse voltar pra lá agora, e evitar uma possível discussão.

— Eu não sei, talvez no próximo ano. – respondeu Hans, fazendo pouco caso, a mochila nas costas ficando pesada para seu ombro, e a deixou cair. – Por favor, me deixe ir.

Hanna baixou sua cabeça. Os olhos verdes que sempre brilhavam quando envolvia música pareciam pela primeira vez escurecer intensamente, porquê dessa vez a música estava chamando Hans pra longe, onde ela não conseguiria escutar a música que tanto gostava de ouvir quando dormiam juntos.

— Não vá... – pediu Hanna, a voz tornado-se baixa, quase como um sussurro apelativo, ainda de cabeça baixa, sem coragem de olhar nos olhos do outro, sabia que se olhasse ela sairia da porta na mesma hora.

— Eu preciso ir pra Londres. – respondeu Hans, novamente colocando a mochila nas costas, estava a três simples passos da porta, mas pareciam milhas pra ele, a ideia de deixar ela a própria sorte e ir em busca de uma carreira famosa, era uma decisão difícil pra ele, queria uma vida melhor pra ela, mas ele tinha que sair primeiro, mas se ele resolve-se ficar, teriam que viver apertados sempre, e ele não queria isso.

— Estou indo agora, a última coisa que te peço é que não me impeça de ir até lá. – disse Hans novamente, a resposta de Hanna não se fez presente, então ele resolveu falar antes dela implorar novamente, caminhando lentamente, colocando o braço ao redor do pescoço da loira a puxou para um abraço, desejando que não fosse o último durante um longo tempo.

Hanna sentiu seu rosto abrigar lágrimas, e pingarem no piso do apartamento, colocou os braços ao redor do corpo do maior, desejando que não fosse, mas ela sabia que ele iria. Era um desejo egoísta, mas era a decisão dele.

Hans depositou um beijo quente na bochecha fria dela, guiando a mão livre pra maçaneta, ela só pôde ouvir o barulho da maçaneta abrir, e ela ser empurrada levemente pra frente pareceu não ter importado pra ele, pois ele estava olhando diretamente pro elevador no final do corredor. Estava escuro, pois ele ainda não tinha passado por ali ainda, ainda.

Como se Hanna tivesse adivinhado o que ele estava pensnando, ele sentiu um leve puxão na manga de sua jaqueta e ouviu um murmurar de palavras simples, mas com um significado muito grande.

— Eu vou estar no mesmo lugar, te esperando. – disse ela, soltando a manga dele e o deixando com mais espaço, deu alguns poucos passos para trás, dessa vez olhando precisamente nos olhos dele, Hans suspirou com isso e saiu do apartamento 505.

Hanna quando ouviu a chave trancando o apartamento, conseguiu se deixar enfraquecer no mesmo instante, os joelhos dobrando e ela desabando no chão, desejando ardentemente ouvir as músicas que Hans fez pra ela, ou quem sabe ouvir ele cantar no corredor, mas nada veio. O único som que ela ouviu foi o do elevador descendo, e esse som parecia a pior música que seus ouvidos já tinham escutado.

( One Year)

— Você de novo Hans? – zombou Melissa, sentada em frente ao computador, organizando a lista de músicas que a radio iria passar, olhando para Hans apenas duas vezes, para olhar os olhos escurecidos, com a barba mal feita e as feições como pedra, quando ele veio a seu encontro pela primeira vez, demonstrava ser um homem cheio de sonhos, uma ambição em prol de alguém importante pra ele, mas um ano, um simples ano depois disso. Hans pareceu não estar mais tão cheio de sonhos, parecia uma casca vazia, alguém mais vazio também.

— Sim... – disse ele, colocando as mãos na sacola de mercado e tirando um singela fita e estendendo para Melissa, que apenas se indagou a observar. – É a última música que irei fazer.

— Ho... – bocejou Melissa, fazendo pouco caso da fala do outro. – Você já disse isso uns meses atrás, ‘’ essa é a última, Hanna está me esperando’’. Realmente espera que eu acredite que é a última? A ‘’última’’ música foi colocada por pena, e olha no que você se meteu? Vários músicos renomeados zombaram de você, estaria te ajudando se eu não tocasse essa música.

— Por favor. – baixou a cabeça. – Essa música tem que tocar, ao menos uma vez, não me importo se alguém vá tirar sarro de mim, mas essa música tem que tocar uma única vez, juro por meu nome que será a última vez que irei vir aqui.

Melissa estreitou os olhos, suspirando tomou a fita das mãos dele, e jogou a cadeira mais para trás, onde tinha um aparelho exclusivo para fitas, colocando ela dentro do aparelho, perguntou sem olhar para Hans.

— Qual é o nome da música?

Hans pareceu pensar, seus olhos novamente voltaram no tempo, ele pareceu estar em um impasse, decidindo o melhor nome, dando uma risada, a primeira risada honesta que ela viu Hans mostrar em muito tempo. Ele a respondeu virando as costas para ir embora.

— 505...

(...)

Música calma, música ultrajante, música calmante, música degradante.

Era a filosofia de vida de Hanna agora, não conseguiu mais ligar o rádio, que antigamente, era como se fosse seu melhor amigo, sempre onde seus olhos podiam ver, hoje ela nem sabia se ele existia. Revirou os olhos na cama com isso, queria esquecer a música, mas não conseguia esquecer as músicas que Hans fazia pra ela, ela não conseguiu parar de pensar nelas, perdeu a conta de quantos artistas ela tomou ódio, que antes eram os melhores para ela, tudo por causa de uma pessoa, a música popular para ela começou a virar algo pior do que lixo.

Era uma palavra forte, mas que a definia bem agora. Era como se sentia, Hans depois de ir pra Londres, fez apenas uma boa entrada com sua música solo, mas não passou disso, viu na internet que seu nome já fora abafado por jovens adolescentes, com muito mais talento e carisma que ele, vendo que ele estava em uma situação deprimente, seu coração pareceu se irradiar com a ideia de que ele iria voltar.

Mas isso mudou quando ela se deu conta que estava feliz com a desgraça dele, se arrependendo disso, ela tentou todas as noites, evitar cantar a música que ele lançou, mas sua boca e seus pensamentos nunca pareciam querer escutar ela, bufou novamente, virando para o lado, ela finalmente viu o rádio que tanto gostava.

O antigo companheiro dela, estava dentro do travesseiro que Hans usava, ela ficou surpresa que ele estava ali, sabia que ela não tinha feito isso, então a única resposta para isso, era que Hans tinha feito isso, mas por qual razão ele fez isso?

Ele foi embora, sim... Ele foi embora, mesmo que Hanna tivesse tido que esperaria ele ali, ele nunca mais voltou a vê-la. Era doloroso, era uma música ruim, sem ritmo que seus pensamentos mais profundos faziam com ela, sempre chorava, em sua desgraça própria, cada lágrima que ela deixava cair no piso, ela novamente pensava no ritmo das músicas que ela ouvia de Hans, e sempre acabava por chorar mais ainda.

— Eu sou digna de pena, não é Hans? – sussurrou pra si mesma, virando para o teto, porém com o rádio nas mãos, não o ligando. – Você não vai voltar pra uma mulher digna de pena não é?

Não querendo ouvir a resposta, desejou por capricho, ligar uma última vez o rádio em suas mãos, logo se livraria dele, era apenas uma memória antiga, do tempo que ela queria ardentemente poder voltar. Mas essa memória era a fonte de seu sofrimento atual, ao menos uma última vez, ela tentaria ter uma boa lembrança de música.

O ligou, e seus olhos antes fechados, se abriam com um brilho que ela mesma sabia que não tinha, desde um ano atrás. Aquela letra, naquele momento, ela sabia que aquela música era dedicada a ela, se perdeu naquela voz familiar, que ela nunca iria esquecer, e nem queria esquecer, porque aquela voz a fez gostar de música novamente.

I'm going back to 505
If it's a 7 hour flight or a 45 minute drive
In my imagination you're waiting lying on your side
With your hands between your thighs

Stop and wait a sec
Oh when you look at me like that my darling
What did you expect
I'd probably still adore you
With your hands around my neck
Or I did last time I checked

Not shy of a spark
A knife twists at the thought
That I should fall short of the mark
Frightened by the bite though it's no harsher than the bark
Middle of adventure, such a perfect place to start

I'm going back to 505
If it's a 7 hour flight or a 45 minute drive
In my imagination you're waiting lying on your side
With your hands between your thighs

But I crumble completely when you cry
It seems like once again
You've had to greet me with goodbye
I'm always just about to go and spoil a surprise
Take my hands off of your eyes too soon

I'm going back to 505
If it's a 7 hour flight or a 45 minute drive
In my imagination you're waiting lying on your side
With your hands between your thighs and a smile!

No ápice da alegria, ela conseguiu ouvir um barulho fraco, uma chave sendo balançada, uma maçaneta girando, e uma porta sendo aberta lentamente, com um sorriso bobo no rosto, ela saiu da cama, e foi em direção a porta, dessa vez não iria impedir ninguém de ir, dessa vez iria receber alguém que estava voltando pro 505.


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