Chegamos à casa dos pais dele. Parecia vazia, quando passamos pela porta e chegamos a sala. Confesso que suspirei aliviada. Foi quando ouvimos barulho na cozinha. Conti meu folego, sabia que precisaria dele.

– Oi mãe. – Gil falou acanhado, me segurando pela mãe e levando-me até a cozinha.

– Oi! – Ela falou com um sorriso alegre que desapareceu instantaneamente quando me viu. – O que ela faz aqui? – Apontou-me o dedo.

– Eu te falei. – Disse bufando. – Melhor que eu vá. – Virei às costas tentando ir embora.

Gilbert segurou-me pelo braço.

– Fica aqui. – Disse autoritário. – Por favor, vocês duas tem de se acertar. Mãe, você terá de aceitar a Sar.

Beth então se levantou mostrando quem tinha autoridade dentro de casa.

– Você já é maior de idade, sabe o que faz da sua vida. Ou acha que sabe. Se quiser ficar com ela, fique. Procure onde morar, por que se quer mandar em seu nariz e tomar suas decisões independentes da minha opinião. Seja independente, tenha seu teto onde você mande e desmande. Aqui na minha casa não. – Beth estava visivelmente irritada.

Estava louca para falar a verdade. Estava expulsando seu filho de casa? Minha mãe jamais faria isto independente de meus erros. Aquela situação já era demais, queria sumir, me sentia uma intrusa ali. Foi o que fiz, puxei meu braço e saí dali o mais rápido que pude.

Gil não veio atrás de mim. Confesso que desta vez havia sido muito melhor que não o fizesse.

Depois do ocorrido decidi sumir realmente, não queria atrapalhar mais a vida dele, e me foquei no trabalho e nos estudos. Evitei sair com meus amigos para não encontra-lo e estava decidida a esquecê-lo. Trabalhava em uma grande empresa, teria em torno de cinco meses para estudar antes de me mudar de estado, faria faculdade lá como sempre sonhei. Sumiria de vez da vida de Gil.

Gil havia me procurando muito, mas não o respondi nem as chamadas e ainda menos as redes sociais. Catherine também me procurou, mas ela era minha amiga, e sabia que não estava bem. Todos sabiam meu desejo de ir para outro estado, mas na verdade somente ela sabia que isso realmente aconteceria. A fiz jurar que não contaria para ninguém nem sob tortura. Além dela somente minha mãe e minha irmã sabia.

– Gil não está legal Sar. Você sumiu, ele me disse que tentou falar com você por telefone, redes sociais e você não responde nada. – Catherine me disse em uma de nossas conversas.

– Catherine, não me diga nada sobre ele, não quero mais saber nada dele. – Disse séria, como se implorasse para ela trocar de assunto.

– Você o ama. – Ela me jogou isso como um tapa na cara.

– Não. Não o amo mais. – Disse tão convicta, porém nem eu mesma acreditei em tamanha mentira.

– E não vai contar para ele? – Ela suspirou.

– Jamais contaria. – Suspirei, enquanto acariciava minha barriga já um pouco aparente.