Sim. Cheguei atrasada.

Durante o jantar tudo estava ocorrendo o maravilhosamente bem. Ele sabia o quanto gostava de comida japonesa, então nada poderia ser melhor. Sim, melhor que a comida apenas a companhia.

Pude rir algumas vezes enquanto ele tentou comer com Hachi. Realmente não estava acostumado a comer nestes restaurantes. Talvez não gostasse nem tanto da comida, por isto lhe sugeri um prato quente. Todos gostam de pratos quentes japoneses.

Depois de algumas tentativas falhas. Pedimos talheres ao garçom e Gil pode comer com muito mais facilidade, ainda invejando minha habilidade de comer com os “pauzinhos” como ele chamava os Hachis.

– Como consegue fazer isto? – Gil fitou-me com um olhar divertido.

– Gil, isto é técnica. Talvez um pouco de genética e cérebro, mas principalmente técnica. – Pisquei para ele segurando-me para não rir.

– Disse-me que me falta cérebro? – Ele me olhou fingindo estar sério.

– Desse que lhe falta técnica e genética. Se pensou logo em cérebro, é por que a carapuça serviu perfeitamente. – Ri.

Ele também se pôs a rir. Divertimo-nos como nunca. Desde que havíamos terminado a mais de três anos, fazia tempo que não havíamos nos divertido tanto, sem irritar-nos ou ofender-nos.

Depois do jantar, tomamos um taxi. Queríamos um lugar onde pudéssemos ficar a sós e passar a noite. A primeira vista pensamos em um motel. Porém não conseguimos, não nos conseguíamos imaginar entrando em um motel, rimos apenas de pensar em tal fato. Além de que, na maioria dos motéis não se passa a noite, faz-se apenas o que se tem de fazer e se vai embora. Nossa melhor opção foi um hotel. Ele já havia escolhido um, estava reservado. Fomos para lá.

Durante o caminho voltamos ao passado, sobre o que cada um de nós havia feito nestes três anos longe. Nunca havíamos imaginado que estaríamos ali, juntos novamente. Ao chegarmos no hotel, pagamos o taxi e descemos.

Nosso quarto não era um dos mais luxuosos, mas me parecia perfeito para uma noite. Gil não ganhava muito dinheiro, mal trabalhava, vivia ainda à custa da mãe. Isto me irritava nele, ainda era imaturo, e eu o sabia disto. Se o aceitava assim, não podia reclamá-lo.