E se eu ficar? escrita por Day Real
Notas iniciais do capítulo
E quando a dor de uma decepção te faz surtar?
O Comandante Fischer sumiu!”. “Onde será que ele foi?”. “Alguém sabe sobre seu paradeiro?”. - Esses eram os questionamentos apreensivos que rondavam os corredores da Unidade de Inteligência a procura do seu chefe, que foi visto pela ultima vez há quinze dias atrás. Cartazes com sua foto eram postos por toda a cidade de Chicago e o disque denúncia fazia os telefones tocarem que nem loucos. Um alerta foi acionado. Era, quase, uma mobilização nacional – Será que o Obama ficou sabendo disso em Washington? – O chefe de Policia estava mesmo fora do mapa. Erin, como chefe, estava com estresses acumulados por não agüentar atender tantas ligações. Em sua mente tudo se encaixava como normal o sumiço dele já que está quase sendo acusado de assassinato – mas ele não ia ser tão estúpido assim por que sabe muito bem que eu iria encontrá-lo, facilmente – pensava ela, distraída, enquanto olhava para o seu celular na intenção de ligar para o Voight. O ex-sargento poderia ser providencial para atuar nessa investigação, mas prefere se manter afastado. Enquanto o alvoroço se estabelecia no local surge uma mulher entrando desesperada, abalada, que olhava para todos os rostos ao redor em que estavam trabalhando e procurava por um responsável pela operação. Era a esposa do Comandante, Hillary. Erin a reconhece de longe e vai de encontro a ela em meio da confusão, pega em seu braço e a traz para a sua sala.
— Senhora Fischer, Oi. Meu nome é Erin Lindsay e sou responsável pela investigação do desaparecimento do seu marido... - sorri meio envergonhada, enquanto acomodava ela na cadeira em frente da sua mesa.
— Oi... Erin... ! Muito prazer. Eu nunca tinha vindo aqui... hoje foi preciso vir para... você sabe... - diz entre os repetitivos soluços e com olhos emaranhados de lágrimas.
— Nós vamos resolver tudo isso e encontrá-lo o mais rápido possível. Eu prometo. - a tranqüiliza e afaga suavemente seu ombro.
— Sabe, ele é um bom marido e... - diz com certo peso em sua voz.
— Sim... sim... - a corta de imediato, a detetive, deixando um ar de desconfiança na voz.
Surge uma pista fundamental. Jay termina de falar ao telefone e corre euforicamente para a sala de Erin.
— Estou atrapalhando? - abre a porta rapidamente, com os olhos arregalados.
— Não... - responde Erin.
— Será que posso falar com você, aqui fora? - pergunta enquanto a olha, fazendo sinais com suas sobrancelhas indicando ter algo importante para tratar com em particular.
— O que está acontecendo? É sobre o meu marido? - questiona, Hillary, ao ficar revezando seus olhares desesperados entre os dois.
— Jay, diga logo. Diga qualquer coisa à respeito do que pode ser uma esperança... Vai!- o pressiona, muito ansiosa.
— Bem, eu recebi a ligação de uma pessoa que mora justamente no bairro onde Ryan morava. Alegam terem visto o Comandante levando alguns objetos estranhos em suas mão e entrando na casa do falecido. - revela com um pouco de receio, entra de imediato e fecha a porta.
— Acharam o meu marido? - pergunta desesperadamente, a esposa, que com ímpeto vai para cima de Jay e o segura por ambos os braços.
— Parece que sim, senhora! - a responde rápido e um pouco assustado. A afasta devagar e a acomoda na cadeira em que estava antes.
— Realmente eu não... não sei explicar com qual finalidade ele iria parar na casa do Ryan. A não ser que... - ressalta, Erin, de modo suspeito.
— A não ser que...- repete Jay, com um tom de mistério em sua voz ao levantar uma de suas sobrancelhas, novamente, esperando Erin não dizer à Hillary sobre os segredos sombrios do marido e não entristecê-la ainda mais.
— Jay, temos que ir para a casa do Ryan. - diz ofegante, imaginando o que poderia ter ocorrido.
— Então... vamos! Vou pedir para o Ruzek ficar aqui com a senhora Hillary. - bate a porta e sai da sala rapidamente.
— Eu poderei ir com vocês? Por favor... Preciso ficar perto e saber de qualquer coisa do meu marido... - implora a esposa, muito sentida ao chegar perto de Erin com os olhos avermelhados de tanto chorar.
— Eu queria poupar a senhora disso tudo que está ocorrendo... queria mantê-la segura aqui, se é que me compreende... - pega na mão dela e ao olhá-la nos olhos, tentando persuadi-la a ficar.
— Por favor, Erin... eu preciso ir... não me deixe aqui. - torna a insistir e fica cabisbaixa.
— Tá bom. A senhora vem conosco! - aceita ao balançar a cabeça positivamente e com o semblante triste, se compadecendo da tristeza em vê-la ruir em dores.
Jay bate no vidro da porta pelo lado de fora da sala e acena positivamente dizendo estar tudo pronto para irem até aonde o Comandante foi visto pela ultima vez.
Ainda em Chicago...
Spivot vinha passando com o seu andar elegante pelos corredores do hospital onde trabalha. Todos olhavam a loira passar e se perdiam ao admirar o quanto ela era provocante e linda - até com o jaleco do hospital. Bem, o seu jeito de andar não era o mais importante a ser discutido nos mínimos detalhes, por agora. Ela estava indo em direção à ala onde William Dodds se mantinha internado e estava em coma induzido há alguns meses. O seu estado de saúde não era preocupante quando simplesmente entrou desacordado - depois de tomar boas bordoadas do filho - à emergência deste hospital. Dodds sofreu violentas paradas cardíacas e um Acidente Vascular Cerebral que pode ter lhe custado muito caro. Aproveitando a passagem, Spivot vinha se aproximando do quarto onde ele está quando, de repente, se depara com o seu amigo e médico que está parado do lado de fora, pensativo e observando através do vidro, enquanto a enfermeira cuidava do chefe da polícia de NY, com muito amor.
— Ei, Martin... como estão as coisas por aqui? - indaga educadamente e sorri ao parar ao lado do médico.
— Oi, Chase. Eu nem sei por onde devo começar a lhe explicar, minha amiga... - respira fundo e continua com o seu olhar fixado ao vidro observando aos movimentos da enfermeira, que lutava continuamente para dar um suco para o Dodds beber.
— Pelo jeito vejo que ele não melhorou e está com dificuldades de se alimentar, já que está paralisado e estático... - ressalta ela, com um tom mais triste ao se virar para o vidro e observa a tudo que acontecia dentro do quarto.
— Sabe... esse homem terá que lutar pela vida e seus movimentos se quiser continuar a viver. Muito triste vê-lo assim, sem poder falar... sem poder mexer seus membros superiores e inferiores... - diz o doutor emocionado, com os seus olhos cheios de lágrimas. O reflexo do vidro funcionou como um espelho para que seu semblante triste ficasse em evidência e Spivot reparou bem seus sentimentos. Ela rapidamente levou sua mão ao ombro do médico e o afaga.
— O pior é que esse homem, com tudo em que pode ter sofrido, pode ter sua caminhada em uma casa de repouso e solitário... como um castigo... por todas as coisas que fez contra sua própria família.- pontua a doutora, que suspira fundo e fica pensativa, logo que relembra o que Mike havia dito sobre o pai enquanto estava na prisão em uma de suas sessões.
— Ele não tem nenhum familiar próximo para que eu notifique sobre o seu estado de saúde e suas condições? - indaga e olha diretamente para Spivot, enquanto secava as lagrimas que escorreram timidamente em sua bochecha.
— Eu tenho alguém quem eu possa procurar, Martin. Sendo que eu não sei se ele irá querer saber do pai, agora inválido, e que já deve considerar até morto... - confessa e entrelaça seu olhar aos dele.
— O quanto mal ele deve ter feito à sua família... para que ficassem assim tão amargurados? - cruza seus braços e volta a olhar para o vidro.
— Existem coisas que são inexplicáveis, meu amigo. Coisas que só quem passa quer simplesmente esquecer. É como continuar navegando ao perder a bússola... se conformar que o vento só irá te impulsionar para frente até achar uma ilha e recomeçar.- respira fundo, pega o seu celular no bolso do seu jaleco e fica pensativa olhando para ele.
Spivot pode decidir ligar para Mike e avisar sobre o estado deplorável em que seu pai se encontra. Ou, simplesmente deixar e poupá-lo de uma dor muito maior. Ela quem manda. A decisão estará em suas mãos.
Aterrissando em NY...
— Amor, posso dar um beijo nos meus dois amores? - pergunta com carinho, Mike, com seus braços envolvendo o corpo de Olivia e a olhando nos olhos.
— É claro que você pode, amor. Aliás, você vai querer ser tão educado assim e... me pedindo permissão para fazer as coisas a vida inteira? - sorri, logo dá um beijo na ponta do nariz dele, ficando com a palma de suas mãos depositadas em seu peitoral.
— Você merece todo o meu cavalheirismo, meu amor, minha gratidão e minha vida. Por você, eu luto, minto, morro, ando na corda bamba... sim, tudo o que eu faço, eu faço por você. - se declara sorrindo, não a espera nem reagir à tanto amor e a cala com um beijo apaixonado.
Mike continua com os seus beijos carinhosos passando pela bochecha, pescoço... - os fios de cabelo cheirosos de Olivia se quer o incomodava em seu rosto - só parou apenas na altura do ombro dela, quando pode encostar sua cabeça e a abraçar de forma mais intensa.
— Eu te amo tanto, Mike. Você não faz idéia do quanto... - diz abraçada a ele, com seus olhos fechados e sorrindo. Parecia estar em um sonho.
A campainha toca. Mike terá que se separar dos braços de Olivia por um momento. Mas antes, de atender à porta, se ajoelhou em frente à ela, colocou sua cabeça encostada em sua barriga e sentiu os gêmeos chutar - era a presença do papai em que eles sentiam e mexiam de tanta felicidade por ele estar bem perto. A campainha insiste mais uma vez, logo foi correndo ver quem era. Quando abriu, era Annelyn com sua inseparável bengala e encostada à parede mas nunca deixando de sorrir.
— Mãe, eu não acredito que a senhora... eu disse pra me avisar se quisesse vir pra cá. Eu te avisei. - reclama desapontado pela teimosia de sua mãe, a pega pelo braço com cuidado e a ajuda entrar no apartamento da Olivia.
— Garoto, quando eu vivia em Chicago e a Lynn não estava sempre perto de mim, sempre fui independente para andar! Michael William Dodds você não vai me dar sermões agora, hein... - brinca, enquanto acompanha seu filho até lhe acomodar ao sofá confortável de Olivia. - Olivia, minha nora querida, aonde está você? E aonde está o adorável Noah? - indaga em um tom mais alto já que não a vê pela sala.
Olivia tinha ido até seu quarto pegar seu celular que estava encima de sua cama. Assim que encostou sua mão nele, imediatamente chegou uma mensagem - era de um número desconhecido que nunca tinha visto em sua vida.
— Oi Annelyn! É... o Noah foi passar uns dias com a Amanda e o Carisi. Eles acharam ótimo o pequeno Benjamin ter mais uma companhia. A senhora vai poder vê-lo, em breve. - grita do quarto com a porta fechada. Seus olhos ficam atentos na tela do seu celular com um certo receio de ver o que seria. Senta na cama e se prepara.
Ela abriu a mensagem, que dizia:
"Olívia, o Mike beijou a Spivot antes de sair da prisão. Ele é um mentiroso. Um mentiroso tão prefeito, como o pai... é sangue do sangue!"
Seus olhos se enchem de lágrimas na mesma hora em que lê. Suspirou fundo de olhos fechados, levou sua mão que estava desocupada ao peito e deixou seu celular ligado, de lado. Os bebês se mexiam rapidamente em sua barriga, pareciam estar pressentindo o quanto sua mãe está desapontada pela besteira que ficou sabendo que o seu pai fizera. Mike estava conversando sentado ao mesmo sofá em que sua mãe e observava que Olivia estava destacada, trancada em seu quarto.
— Filho, será que a Liv não gostou muito de eu estar aqui para participar da escolha dos nomes das crianças? - pergunta, preocupada.
— Não mãe! Ela só deve ter ficado exausta... ser mãe de gêmeos não deve ser nada fácil. - sorri e tranquiliza sua mãe. Mas algo ainda lhe incomodava.
Mike deixou sua mãe bem acomodada ao sofá e foi até o quarto de Olivia. Quando abriu a porta, o cômodo só tinha a luz do abajur acesa e Olivia cabisbaixa, sentada á beira da cama permitindo ser iluminada pelo objeto. Ele foi entrando vagarosamente e olhando para ela meio desconfiado, temendo algo horrendo ter acontecido. Ela se mexe e abre a gaveta de seu criado mudo.
— Quando é que você iria me contar sobre o seu beijo com a Spivot? - o indaga em um tom mais áspero, evitando olha-lo.
— Olivia, isso que aconteceu foi ela que me... eu fui para dar um abraço, só isso. Eu juro... - a responde nervoso e com os seus olhos começando a ensaiar as primeiras lágrimas.
— Vocês, homens, como mentem. Sempre é culpa das mulheres... somos nós em que partimos pra cima... nós que provocamos vocês... mulheres, mulheres! Blá blá blá! - sorri de forma irônica, ainda evitando o contato visual com ele e o sente chegar mais perto.
— Fica longe de mim, Mike. - pede, com mais raiva em sua voz.
— Olivia, eu juro que foi ela quem chegou perto de mim... Acredite! - eleva o tom, se aproxima e ajoelha perante à ela.
Olivia não se poupa da decepção pega a sua pistola com o pente carregado da gaveta, a aciona e encosta o cano na testa de Mike. Annelyn está bem tranquila na sala, ouvia que conversavam, mas não tão nítido, porquê o quarto dela era um pouco afastado de onde estava. Após aguardar o retorno dos dois, se depara com Mike saindo com as mãos levantadas e Olivia logo atrás, sustentando um semblante vingativo com a arma apontada atrás da cabeça dele.
— Olivia, filha, não faça isso com ele... por favor! - implora angustiada, ao olhar para o filho que chorava desesperado.
— Annelyn, ele me machucou muito. Ele mentiu pra mim... beijou outra mulher sabendo que eu o esperava. Ele brincou comigo e com os meus sentimentos. Isso eu não admito. - confessa com muita raiva, olhando para a sogra enquanto continuava a apontar a arma.
— Olivia, meu amor, por favor... não atire em mim! Vamos sentar e resolver. Abaixe a arma! - tenta persuadi-la de costas, mantendo suas mão levantadas e chorando. - Minha mãe não pode passar mal, Olivia! Olha para ela! Olha para ela! - grita, enquanto tenta olhar para Annelyn que estava aflita, tremendo e impotente por não poder levantar para acabar com a confusão..
— Você vai sair daqui agora, Mike. Sai! Agora! - berra e o assusta, preparando o seu dedo no gatilho.
Mike a obedece e vai em direção da porta sob o olhares tristes de Annelyn e os olhares magoados de Olivia.
— Liv, você deveria me dar uma chance de falar. Espero que esse nervoso não faça mal aos bebês. - abre a porta, enxuga seus olhos, olha para ela e tenta dar o seu ultimato.
— Sai daqui! - berra mais uma vez ao apontar a arma.
Depois que ele fecha a porta rapidamente por medo de sua coragem em atirar, Olivia tira a munição de sua arma, larga ambos ao chão e corre chorando dolosamente para o colo de Annelyn. Até ela está atônita pelo filho ter mentido e negado sua criação em sempre dizer a verdade. Não recusou em consolar Olivia e estar com ela em um momento tão embaraçoso.
De volta às terras de Chicago...
Em frente a porta da casa antiga de Ryan estão Jay e Erin. Antonio ficou do outro lado da rua e no carro na companhia de Hillary, a mantendo mais afastada possível. Antes de entrarem na casa, os dois detetives foram vasculhar os fundos. Nessa oportunidade, encontraram o carro em que o Comandante costumava dirigir todas as vezes quando ia à Unidade de Inteligência, guardado na garagem, todo aberto e empoeirado. Seguiram para dentro pela porta da cozinha e sentiram um cheiro muito forte de carniça. Quando Jay chega um pouco mais para o meio do local, pisa em um gato morto - Erin e ele se assustam simultaneamente. Indo um pouco mais na direção da sala ouvem passos - parecia ser um dia de sorte para os dois ou quem sabe para a esposa do Comandante também - de repente, eles estão caminhando em direção do barulho, até que encontram Voight sentado no sofá em frente algo grande e encapado com uma lona preta, pendurado em um lustre lindo ao meio da sala e no chão um notebook aberto, mas desligado.
— Chefe, o que faz aqui? - arregala os olhos, Jay.
— Voight não era para estar em casa e de repouso? - questiona, Erin, desaprovando a desobediência do ex-sargento.
—Tantas perguntas a serem respondidas... Mas vamos direto ao assunto? - levanta do sofá e vai em direção do grande e misterioso objeto que está pendurado e tampado.
É a vez do ex-sargento tomar as rédias da situação, e lá foi ele de forma corajosa tirar o plástico que envolvia esse mistério. Erin e Jay ficaram boquiabertos quando viram o corpo do Comandante Fischer pendurado com uma corda enroscada em seu pescoço. Nos termos legais, ele se suicidou onde matou o seu comparsa. Seria remorso?
— Minha... nossa! - se espanta Erin, levando suas mãos à boca ao olhar a surpresa em que a esperava.
— Lá se foi nossa investigação! Pelo menos a corrupção foi junto com ele e acabaram nossos dias de agonia. - lamenta, Jay, olhando para o cadáver do Comandante.
— E agora, quem irá dar a notícia mais difícil para a Hillary? - olha para os dois, suspira bem fundo, levanta as duas sobrancelhas e vai para a fora da casa.
— Tomara que a Hillary fique bem, depois dessa. Vamos chamar a perícia e dar um fora daqui. - diz Erin ao pegar o notebook, olhar tudo ao redor da sala e vai embora. Jay, a acompanha.
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Então... como ficou? ;)