Impossible Girl escrita por isa


Capítulo 1
The Only Thing Worth Fighting For


Notas iniciais do capítulo

Para Abbie, que me motiva a escrever coisas, independente do que são. ♥
Eu poderia escrever uma extensa e vergonhosa dedicatória, mas acho que o fato de eu ter escrito uma história inteira com um ship que eu nunca me atreveria a escrever (mesmo achando bonitinho) se você não tivesse pedido, diz mais sobre o quanto eu te levo a sério do que qualquer outra coisa :)



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Algum ponto do Mar Adriático, 1950.

Agora fazia algum tempo desde que ela havia se inserido na sua linha do tempo em Trenzalore, salvando-o de todas as maneiras possíveis. De muitas formas, Clara Oswald era exatamente o que ela achava que era: incrível.

O Doctor tinha consciência disso e, na verdade, esse era o principal motivo para suas constantes dores de cabeça. Ele se sentia mais velho e mais cansado e, em contrapartida, ela nunca lhe parecera tão estonteante e irritantemente bonita.

Ele tinha alimentado a esperança de que quando finalmente descobrisse quem ela era e porque ela era impossível, se sentiria menos agitado quando ela estivesse por perto. Entretanto, as coisas só pioraram. Ele mal conseguia olhar para Clara agora sem sentir um misto de comoção tão grande que lhe deixava com falta de ar.

Era patético.

Se River estivesse viva, certamente concordaria com ele. Mas ela não estava, e ele sentia-se cada vez mais sufocado com aquelas roupas, com aquele rosto.

Clara era o epicentro de todas essas crises e, ao mesmo tempo, era a cura para elas. Naquele instante, por exemplo, seus olhos brilhantes e gigantes eram um sopro de alivio.

Se o Doctor se descuidasse por um instante, acabaria preso naquela armadilha de se parecer exatamente com um humano normal de apenas 25 anos de idade que estava de viagem com a namorada. O problema é que ele quase sempre era tão convincente no papel que acabava enganando a si próprio.

– Você parece tão carrancudo hoje. – Ela provocou, animada pelo espetáculo de tango que tinham acabado de ver.

– É a minha cara habitual. – Mas antes que ela pudesse apresentar sinais de desagrado ele fez uma careta infantil, só para ouvir o som bonito que saia do fundo de sua garganta.

Foi quando notou que poucas coisas no mundo seriam mais agradáveis do que se enganar com Clara aquela noite. Ele poderia lidar com o resto depois.

– Você sabe, eu poderia dançar tango! É possível que eu tenha inventado um ou dois passos originais. – Ele contou, muito mais leve do que antes.

Clara percebeu, mas achou melhor não mencionar a mudança de atitude. Ele vinha oscilando de humor com uma certa frequência, o que seria preocupante, se não fosse tão divertido.

– Você tira uma enorme vantagem do fato de eu não poder comprovar quando você está inventando coisas ou não.

– Eu sei! – Ele abriu os braços, sorrindo. – Isso não é ótimo?

Clara estreitou os olhos, mas não estava realmente irritada.

Eles passearam em silencio pela proa majestosa da embarcação. Abaixo deles, um infinito mar azul escuro formava ondinhas e se encontrava com o céu em algum ponto do horizonte.

– Podemos ir à Argentina. Então eu provaria a você.

Clara sorriu diante da ideia, mas negou com a cabeça.

– Eu meio que estou gostando daqui. – Explicou, abraçando-se para espantar o frio.

– Você está? – Ele quis confirmar, afastando uma mecha da franja que lhe caia sobre os olhos. O toque simples, gentil e quase inocente fez com que as bochechas de Clara esquentassem.

– Sim. Quero dizer, até agora o navio tem funcionado perfeitamente bem, não fomos atacados por nenhum dalek, cyberman, wifi do mal...

– Ou zygons. – Ele completou.

– Justamente! Estamos a um dia inteiro sem correr nenhum risco de vida. Quais são as possibilidades?

– Agora que você mencionou... – Ele coçou o queixo, pensativo. – É quase preocupante.

Clara concordou, observando as pequenas bolas de luz ancoradas no parapeito do navio.

– Qual é o protocolo social nesse caso? O que nós fazemos? Aproveitamos o tempo?

Ele sorriu, encolhendo os ombros.

– Suponho que seja uma das alternativas.

Clara curvou o pescoço em direção a parede espelhada que dava para o salão. Muitos casais dançavam lentamente de um lado para o outro.

– Você quer tentar? – Ela perguntou, embora não estivesse muito certa se essa era uma boa ideia.

O Doctor olhou para a mesma direção que ela e foi tomado por uma sensação de nostalgia. A última vez que estivera dançando em um lugar apinhado de gente bem vestida fora no casamento dos Pond.

– Porque não? – Desviando os olhos, ele segurou a mão dela.

Eles caminharam de volta ao salão.

De repente, ocorreu ao Doctor que dançar parecia uma tarefa mais complicada do que se livrar de uma frota de daleks. Clara colocou duas mãos incertas sob os seus ombros e ele, por sua vez, tocou a cintura dela com cuidado, quase como se ela pudesse explodir se ele a segurasse com um pouco mais de força.

Oswald se aproximou, colando as pontas dos sapatos aos dele. No palco, uma moça cantava um blues triste sobre o que valia a pena lutar na vida.

O Doctor considerou que isso era algo que ele realmente precisava lembrar.

Sua garota impossível lhe abriu um sorriso inseguro e isso o impulsionou a respirar fundo e conduzi-la.

– Em termos cronológicos, é como se você estivesse dançando com uma múmia, sabe disso, não sabe? – Inquiriu mais seguro agora que não estavam fazendo contato visual.

– Em termos técnicos também. – Riu. – Você é muito travado!

– Oi! Você que está pisando nos meus pés.

– Eu não estaria pisando se você estivesse se mexendo!

– De qualquer modo, esse não era o ponto. – Ele a interrompeu.

Clara o encarou e ajeitou a gravata borboleta, notando seu pomo de Adão subir e descer.

– De qualquer modo – Ela repetiu, num tom de voz mais agradável. – Estou dançando com uma múmia que possui senso de estilo.

Ele ergueu e baixou a sobrancelha diversas vezes, de brincadeira.

– Com isso você quer dizer que sou o alienígena mais bonito que você já viu? – Implicou, mas ela não riu, nem girou os olhos.

– Sim. Com isso eu quero dizer exatamente isso. – Sua franqueza o desarmou. Ele não estava preparado para aquele tipo de resposta.

– Clara... - Ele estava prestes a recitar o manual de “não se aproxime”, quando ela o beijou.

Clara acreditava que ele nunca teria real noção de quanto ela estava ciente de quem ele era. Ela o havia conhecido em todos os seus outros rostos. E ela o conhecia especialmente nesse. Sabia que o que quer que estivesse acontecendo, estava acontecendo com os dois, ainda que em graus e intensidades diferentes.

Assim, se ela tivesse que ser a pessoa que tomaria alguma atitude, se permitindo um pequeno desejo proibido e, de quebra, ainda o poupasse do pedido de desculpa transferindo a culpa para si, então que assim fosse.

O beijo foi agradável na mesma proporção em que foi errado.

O Doctor a encarou através daqueles olhos pequenininhos, e então eles continuaram a dançar como se nada tivesse acontecido.

Havia, é claro, uma infinidade de coisas que queriam dizer um ao outro, mas nenhum deles jamais se atreveria a fazer isso.

Ele a abraçou um pouco mais apertado e Clara se convenceu de que isso era o suficiente.

Eles não eram namorados.

Eles nunca seriam.

Mas enquanto estivessem dispostos a dançar um com o outro apesar disso, tudo estaria bem.


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