Incógnita escrita por Rosenrot


Capítulo 1
Prólogo — A encomenda


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bom com vocês?
Espero que gostem e boa leitura!
PS: os capítulos, serão de tamanhos diferentes, como este é o prólogo eu resolvi fazer menor. :)



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Um barulho alto e irritante. Sumia e voltava, sumia e voltava. Rolei na cama e bufei. Por Deus! E para melhorar minha situação meu telefone tocou. Apenas um toque e ele parou. Era Oliver. Eu entendi o recado. Me sentei na cama e quando pensei que finalmente o barulho tinha acabado, fechei os olhos. Mas é como dizem: não cante a vitória antes dela acontecer. Eu estava quase abrindo um sorriso de alívio e então, abruptamente, o barulho voltou. Me joguei na cama, irritada, e desbloqueei o celular. O horário a mostra em letras grandes brancas me incomodava. 3:09 da madrugada. Eu devia estar dormindo.

Chega, Kayla. Chega de enrolar. Em um pulo eu estava de pé, tateando em busca de minha calça jeans. Depois de vestida, munida com meu celular e as chaves de casa, apertei o botão do elevador.

Dezesseis andares depois, eu comecei a atravessar o pátio mal iluminado que levava a escadas, e as mesmas, à portaria. Estava tão escuro, silencioso. Nem mesmo um soprar de vento.

É claro, foi só eu pensar nisso e um vento gelado surgiu, fazendo com que todos os meus pelos ficassem arrepiados, me obrigando a apertar mais ainda meu casaco contra meu corpo, numa tentativa frustrada de me aquecer. Subi calmamente os degraus, observando tudo ao meu redor com cuidado. Talvez eu fosse um pouco paranoica, admito. Ou talvez fosse a situação: três da manhã, escuro e solidão. Não é lá uma das melhores combinações.

Cheguei a portaria e meu celular emitiu um som alto, tomei um susto, e olhei para a tela. Oliver estava me ligando.

— Jesus, Kayla, tem certeza que precisa que seja agora?

Abri um pouco a boca, indignada e falei bem alto, para que ele me ouvisse, já que, abruptamente, tinha começado a chover, e não era apenas uma chuvinha. Tratava-se de uma tempestade. Das grandes.

— Já estou aqui, caso você não saiba!

Ele desligou. Recebi uma mensagem.

"Era brincadeira, mal humorada, já esta ai."

Revirei os olhos e mandei uma carinha feliz para ele, totalmente falsa (a carinha, não eu). Caminhei até o buraco por onde eu me comunicaria com o porteiro. Olhei para ele e ele pareceu surpreso em me ver.

— Oi, hum, eu vim buscar uma entrega para o 1662 do bloco E.

Ele assentiu e creio — creio — que disse algo como “deixe-me ver”. A dicção dele não era muito clara. Assenti de leve e tentei o observar, mas os filtros negros nos vidros da cabine impediam minha visão. Estava demorando um pouco, e tudo que eu queria era sair dali o mais rápido possível. Olhei para o lado direito, tentando me distrair, observando meu próprio condomínio, mas tudo que eu via era chuva.

O maldito barulho, é claro, tinha parado depois de eu sair de casa. Eu tinha quase certeza que eram motos passando, muitas. Pelo que eu consegui contar, foram umas 16. Estava distraída e um barulho me chamou a atenção, automaticamente olhei para o lado de onde tinha vindo, para ver o que era e avistei um homem de pé, que tinha provavelmente chutado o pneu de sua...moto. Ele passou as mãos pelo rosto, num ato frustrado. Estava chovendo tanto, ele estava ensopado, e sem capacete. Olhei para o porteiro.

— Ei...

O porteiro apenas me mostrou um joinha. O que diabos isso significava? Eram três da manhã, estava chovendo e estava malditamente frio. Ele estava demorando e me mostrava um joinha?!

— Desculpe, você tem a minha encomenda ou não? — perguntei, tomada pela raiva.

— Eu a recebi, agora pouco, mas não estou achando.

— Como assim não esta achando?

— Não estou achando, senhorita.

Nervosa, coloquei as mãos sobre o rosto e comecei a respirar um pouco mais rapidamente. Meu coração começou a bater mais rápido. Comecei a bater um dos pés, impacientemente.

— Senhor, essa entrega tem que estar aí. Você está me entendendo?

Ele também perdeu a paciência.

— Eu não estou achando! — ele se levantou e apoiou as mãos sobre sua mesa/balcão, dando ênfase a sua irritação, ele basicamente gritou.

Chocada, senti seu hálito quando ele basicamente gritou aquilo na minha cara, após ter aberto uma janela maior da cabine para comunicação. Eu estava indignada, o cheiro de cerveja era horrível e forte.

— Jesus! — coloquei a mão sobre o rosto, fazendo uma careta.

Ele tinha ligado as luzes de sua “cabine”. Eu estava furiosa.

— Amigo, talvez eu tenha um motivo para você não achar a minha encomenda. Talvez seja porque você está fodidamente bêbado! — eu falei tão alto quanto ele.

Me virei de costas para ele, inconformada. Tentei me acalmar, olhei para um lado e o rapaz que havia chutado sua moto me encarava, curioso. Desviei o olhar, provavelmente eu tinha uma cara enfurecida. Uma voz me fez voltar a olhar para ele. Uma não, a voz dele, na verdade.

— Algum problema aí?

Não o respondi e me voltei para o porteiro. O olhei pelo vidro, já que agora eu podia vê-lo, visto que ele tinha acendido as luzes. Comecei a dar a volta em sua cabine, e cheguei a porta, abrindo-a.

— Se você não vai procurar isso direito, eu vou.

Ele me olhou indignado, mas agora eu entendia porque não tinha entendido nada do que ele falava. Ele não tinha dicção ruim, ele estava apenas caindo de bêbado. O empurrei em sua cadeira para longe das encomendas e comecei a procurar minha encomenda, rapidamente, eu encontrei. Trêmula, segurei o pacote em minhas mãos. Era até melhor que o porteiro não tivesse encontrado.

Sai da portaria e meu coração batia rápido. Comecei a dar passos que no início, eram meio trêmulos e inseguros, mas depois de alguns dos mesmos, eles passaram a ser fortes, determinados.

Eu tinha que salvá-lo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.Se você gostou — e quiser — deixe seu review ^-^



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