Narrado Por Isabela

Acordo com sol batendo em meu rosto. Mais uma noite nesse porão já passou.

Olho de canto para o calendário que marquei na parede faz três anos que estou neste inferno. Tudo culpa da Cenoura vingadora, apelido da Regina, argh como odeio essa mulher.

Estou cansada de ficar nesse porão imundo. Quando você passa 24h por dia trancada sem ter o que fazer até a companhia do rato TumTum, sim ele ainda existe, pode te animar!

– Café da manhã – Navarro entra.

– Deixe em cima da mesinha no centro. E avise a Marina que preciso de blusas novas, essas estão sujas – digo autoritária.

– Como pode ser tão fresca? – resmunga – você não sai daqui garota. Pra que quer mais roupas?

– Não sou porca como vocês, que passam dias usando a mesma cueca.

– Escuta aqui – ele me puxa pelo colarinho – se não quiser outro castigozinho da Dona Regina é melhor calar a boca.

Engulo seco. No ultimo “castigozinho” da Regina quase perdi meu braço, que ainda está cicatrizando.

Navarro sorri ao perceber que fiquei com medo.

Odeio isso! Medo é para os fracos. Eu sou Isabela Junqueira, não tenho medo de nada!

– Some daqui seu imprestável – grito

– A suas ordens, madame – ele bate a porta e sai rindo.

Sinto minha cabeça ferver. Pego um vaso com flores e o jogo com força na parede.

Inferno!

POV´s Manuela

Estou penteando meu cabelo em frente ao espelho, o medo corre em minhas veias pulsantes.

Faz três anos que fui sequestrada, três anos sem ver minha mãezinha, Ah tanto tempo eu não falava no diminutivo.

Uma lagrima solitária desce pelos meus olhos e escorre até minhas bochechas, limpo rapidamente.

Isabela me chama de monstro ou insensível, pelo simples fato que eu cansei de defendê-la. Simplesmente cansei de ser rejeitada pela minha irmã gêmea que nunca se quer me amou.

– Manuela tem visita para você – Regina entra no quarto

– Quem?

– Seu namorado irritante

– Joaquim? – pergunto com os olhos brilhando

– Não, o Damião. Claro que é o Joaquim, você tem outro namorado por acaso? – pergunta desconfiada

– Não – me apresso a dizer

– Vai logo Manuela, antes que eu perca a paciência.

Sai saltitante, mas Regina puxa meu braço.

– Sem gracinhas Manuela, lembra o que aconteceu com sua vozinha quando você a Isabela brincaram? – diz ameaçadora

Tremo até a espinha. Minha vozinha... É tudo culpa daquela egoísta

– Sem gracinhas – repto e saio

Desde o “incidente” minha vida nunca mais foi à mesma. A felicidade evaporou pelas minhas mãos. Como eu te odeio Isabela!

Desço a escada e encontro meu príncipe com um buque de flores, Joaquim.

Corro para seus braços, só neles me sinto segura é como se toda a triste e angustia fosse embora e ficasse só o amor pelo meu Príncipe.

– Eu te amo – ele sussurra em meu ouvido

– Eu também te amo – sinto-o beijar minha bochecha e minha pele formiga naquele lugar.

– Chega – Regina interrompe com mais um de seus berros

– Dona Regina, hoje é nosso aniversario de namoro. Posso levar a Isa para sair?

Regina me olha desconfiada e eu faço cara de suplica. Ela pensa que Joaquim não sabe sobre mim e a Isabela.

– Pode. Mas estejam aqui daqui a duas horas. Sandro acompanhe os dois

Joaquim pisca para mim e mostra duas pílulas em sua mão direita. Acho que o Sandrinho vai está ocupado no banheiro.

Sorrio e volto a abraçar meu principezinho.