Já fazia algum tempo que Ian tinha ido embora. 2 meses para ser mais clara. E Mikey… bom, Mikey nunca mais soube dele até então. Logo depois que Ian foi embora, Mikey parecia não ter se conformado. Ligou várias vezes para o ruivo, foi até sua casa, mas nunca o encontrava, sendo obrigado a se conformar. Ian tinha realmente ido embora e só sabe Deus se um dia ele voltaria.

Mikey até tentou esquecer, seguir em frente. Voltou a trabalhar, cuidar da filha, mas simplesmente não dava. Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse o maldito do Gallagher. Sua esposa até tentou ajudar, mas ela mesmo sabia que era inútil. Mikey jamais esqueceria Ian.

Depois de um tempo ele simplesmente já não aguentava mais isso, precisava de alguma notícia do ruivo, mesmo que mínima se não enlouqueceria. Saiu de casa apressado com destino a casa dos Gallaghers. Sabia que se queria ter chance de alguma notícia do Ian seria lá. Parou em frente a casa e já se podia ouvir a algazarra característica daquela casa. Assim que abriu a porta, surpreendeu a todas com sua presença.

–Mikey? O que faz aqui? -Perguntou Lip um tanto espantando com o repentino aparecimento do moreno.

–É, eu…

–Você veio aqui atrás de notícias do Ian, não é? -Fiona perguntou compreensiva. Sabia que o moreno provavelmente estaria ainda sofrendo com a partida do irmão e que mais cedo ou mais tarde ele viria os procurar.

–Sim, vim atrás de notícias dele. Alguém sabe dele?

Todos se olharam esperando que talvez alguém soubesse do Ian, mas ninguém disse nada. Mikey sentiu-se frustrado quando não obteve respostar. Fiona visivelmente triste, chegou perto do moreno, colocou uma das mãos em seu ombro e tentou confortá-lo.

–Mikey, eu sei que você está sofrendo, mas infelizmente nenhum de nós tem notícias do Ian desde que ele partiu. Ele tinha deixado bem claro que não entraria em contato que ninguém. Foi ele quem quis assim.

–Eu sei Fiona, mas eu não aguento mais. Tudo já estava uma merda, só piorou quando o Ian foi embora. Ele era quem me deixava bem. Sem ele eu sinto que vou enlouquecer.

Fiona olhou Mikey ir embora com tristeza. Mikey encostou-se na cerca do lado de fora da casa e respirou fundo, tentando não chorar. Tirou o celular do bolso e desbloqueou. Seu papel de parede era uma foto do Ian. Não lembrava bem do dia, mas lembrava do sorriso bonito que Ian deu naquele dia. Ian sorria pra ele. Uma onda de lembranças atravessou Mikey naquele momento, e ele simplesmente pensou que não aguentaria mais. Entrou na agenda, digitou o nome do ruivo e colocou pra chamar.

Primeira vez, caixa postal. Segunda vez, caixa postal. Terceira, quarta, quinta, sexta, décima, décima segunda, décima oitava e todas na caixa postal. Mikey suspirou derrotado. Ian não ia atender, Ian não voltaria. Decidiu ligar uma última vez. Chamou, chamou, chamou e quando ele pensou em desligar, atendeu. Mikey congelou assim que foi atendido, mas no outro lado da linha ninguém dizia nada. Sabia que era Ian. Ele esperou alguma resposta que nunca veio. Então ele decidiu falar.

–Ian, você 'tá me ouvindo? Eu sei que 'tá, mas não sei se quer falar comigo, então, não precisa dizer nada, só me escuta. Eu sei que a gente terminou, quer dizer, você terminou, mas cara eu não to conseguindo viver assim. Minha vida sempre foi uma grande merda e pode parecer a porra de um clichê mas melhorou quando você apareceu. Demorei para perceber, mas percebi e agora que tenho toda certeza 'tá difícil ficar sem você, filho da puta. Você não entende? Eu te amo, seu fodido, eu te amo como nunca amei ninguém. Eu quero você aqui, merda. Eu quero você, quero 'tá do seu lado, cuidar de você, te ajudar, ficar com você, será que é pedir demais, porra? Eu sei que to sendo egoísta, mas você também 'tá sendo então foda-se…. Só volta Ian, eu amo você.

Um silêncio desconfortável se instalou logo após Mikey para de falar. Seu coração estava descompassado, sabia que Ian estava escutando e esperava alguma resposta. Essa também não veio. Mikey jurou ter ouvindo um suspiro vindo do outro lado antes da ligação cair. Mikey olhou desacreditado para a tela do celular e não conseguiu mais segurar as lágrimas.

–Mikey! -Ian surgiu de trás de uma casa e chamou pelo moreno, que parecia congelado. Mikey virou lentamente para olhar a figura do ruivo que tanto amava parado a sua frente.

Ian tinha uma expressão seria, e Mikey não conseguia imagina o que se passava pela cabeça dele. Ele não conseguia imaginar nem o que se passava pela sua própria cabeça. Todos os sentimentos dentro de si estavam misturados. Ele só conseguia pensar que depois de dois meses finalmente Ian estava na sua frente. Ian deu alguns poucos passos, ficando perto, mesmo que não muito do moreno.

–Você me ama mesmo, Mikey? Você não está brincando comigo, não é? Porque eu estou cansado de brincar. Estou cansado de joguinhos. Me diz, você me ama mesmo? Nada disso foi da boca pra fora, porque se foi, eu vou embora. Porque eu não quero mais amar sozinho, Mikey. Sempre foi assim, por muito tempo eu amei por nós dois. E eu cansei. Eu até pensei que havia mudado, depois descobriam que eu não estava bem. Você mudou comigo. Mas me diga, isso tudo foi apenas porque eu estava mal, porque eu estava ficando louco, instável, ou porque você me amava mesmo? É tudo verdade? Me diga, Mikey.

Mikey se recuperou do choque e deu os passos necessários para ficar a centímetros do ruivo. Olhou fixamente em seu olhos e disse.

–Eu nunca falei tão sério em toda minha vida, Gallagher!

Mikey então puxou o ruivo pela nuca e o beijou. Tudo aquilo que eles não conseguiram dizer um para o outro foi dito através daquele beijo. Ian empurrou Mikey contra a parede mais próxima e aprofundou o beijo, porque ele precisava disso. Você não sabe quanto alguma coisa te faz falta até ter contato com ela novamente. E porra, como Ian sentiu falta daquilo. Dos beijos apressados e agressivos, das mãos atrevidas, do calor do corpo do moreno. Dá forma possessiva que Mikey prendia seu corpo contra o dele. Ele sentiu muita falta disso e era maravilhosa a sensação saber que Mikey sentiu tanta falta quanto ele.

Quando o ar se fez necessário, eles interromperam o beijo mas não se desgrudaram. Os dois estavam ofegantes, ambos estavam com as roupas amassadas e os cabelos bagunçados. Eles se olhavam intensamente e quando Ian abriu um pequeno sorriso, Mikey sentiu-se derreter. Não se lembrava quanto tempo não via o ruivo sorrir, aquilo foi demais pra ele. Sabia agora que não deixaria mais o ruivo partir. Jamais.

–Você vai embora outra vez, Ian?

–Embora? Não tenho motivos para ir embora. Não mais.

Eles então sorriram um para o outro e se beijaram mais uma vez.