Então sentamos no sofá, e tentamos disfarçar ao máximo. Meus pais nem iriam notar a diferença nas nossas bocas, mas ouvimos um:

-Juna? Bom.. a porta está aberta então estou entrando.

Era o Paulo ele sim iria notar tudo, a minha blusa amassada, as bocas avermelhada e os cabelos despenteados do Eduardo, só um milagre iria me salvar, pois assim que ele visse o sermão iria ser enorme!

Ele veio entrando, e quando nos olhou na sala, havia mandado aquele olhar de sarcasmo:

-Acho que atrapalhei o momento ‘love’ do casalzinho.

-Momento ‘love’? Nós estávamos só conversando cara.

O Eduardo tentava arrumar as coisas, mas com certeza não iria conseguir arrumar nada, era melhor ficarmos na nossa, e o Paulo iria perceber que todo aquele sermão não levaria a lugar nenhum.

-Conversando?! Sozinhos? E essa blusa amassada Juna? E essas bocas vermelhas?!

-Ei, Paulo. Acorda sou eu a Juna, você sabe o quão responsável eu sou, não aconteceu isso que você está pensando.

-A gente só fico, acorda!

Eduardo e eu tentávamos explicar tudo, mas não iria adiantar.

-Garanto que ele se aproveitou de você, Juna você só fez 15 anos!

-Eu sei disso, e sei o quanto você se preocupa comigo por eu ser menor, mas está na hora de largar do meu pé!

Ele me olhou com uma cara.. O Paulo tinha o instinto protetor, era dele isso. Dez de que nos conhecemos ele me protege, nunca gostou de nenhum garoto que eu era afim, só o Lucas, sempre esteve do meu lado, e ele tinha pavor de me ver triste, isso que deixava-o mais perturbado.

-Juna, eu sou seu melhor amigo. Praticamente seu irmão mais velho!

Quando eu fui responder o telefone tocou.

-Alô?! Juna.

Era a Jéssica e ela não estava com uma voz alegre como a de tarde.

-Fala Jéssica o que aconteceu?!

-Juna, eu e o Paulo  estávamos ficando, mas nem parecia mais ficar. Estávamos em um amasso já eu acho, e bom..

-Bom o que? Ele te fez alguma coisa?! Vocês passaram da linha?!

O Paulo me dando um sermão, e ele de amassos com a Jéssica, que bonito! Eu conseguia ouvir a discussão dele e do Eduardo do corredor, que era onde eu estava.

-Não Juna, não foi isso, mais é que.. Que a minha mãe viu, e agora quer me mata! Tu sabe muito bem como ela é, eu acho que ela vai esganar o Paulo.

-A mas não vai mesmo, quem vai esganar sou eu.

E desliguei, estava com muita raiva dele. Me dando um enorme sermão e ele tinha feito a mesma coisa?! A mas vamos ver.. Sai andando até a sala, bufando de raiva, eu acho que se pudesse iria matar um.

-Paulo, você me xingando! Mas a Jéssica acabou de me dizer que vocês estavam fazendo o mesmo.

Ele baixou a cabeça, e fez aquele olhar sincero e ingênuo de cachorro sem dono.

-Não adianta me olhar com essa cara! – falei em um tom que nunca tinha usado antes.

-Juna eu vim aqui pra isso, para pedir que você fale com a mãe da Jéssica, tente conversar e mostrar que nós fomos meio rápido de mais, mas não aconteceu nada. Ai então eu te pego com o Eduardo, com a blusa toda amassada e a boca toda vermelha, você tem que entender o meu lado poxa, eu te considero minha irmã menor, e tenho que te proteger. Vai que esse garoto quer se aproveitar de você.

O Eduardo olhou pra ele, depois olhou pra mim e começou a falar:

- Ei, você nem falou comigo e já começou a me julgar! Já te expliquei o motivo daquilo com a Ana, achei que você tivesse entendido, e eu gosto da Juna, então não quero que você pense algo errado de mim.

O Paulo tinha voltado a ficar com aquela carinha de cachorro perdido.  

-Ta por favor, vamos esquecer isso?! Paulo depois eu te explico tudo e Dudu, isso não valeu como prova!

Nós rimos, e o Paulo não entendia nada!

-Tudo bem Juzinha!