Ruídos escrita por Tulipa


Capítulo 1




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O vento gélido que adentrava a janela causava-me arrepios. Enrolada no edredom, meu queixo batia e meu corpo tremia. O inverno desse ano estava rigoroso e com bastante neve, deixando os cidadãos de Linstown presos em suas casas.

Meus pais foram visitar minha avó que mora do outro lado do rio, porém, quando começou a nevasca, eles ficaram presos por lá. Hoje irei dormir só, mas já estou acostumada.

O tique-taque do relógio parecia incansável. Tic tac. Tic tac. Tic tac. Tic tac. Meia hora se passou. Tic tac. Tic tac. Tic tac. Tic tac. Duas horas se passaram e nada do meu sono dar o ar da graça.

Levantei irritada e coloquei meu casaco, caminhando em direção à cozinha para preparar um chá de camomila. Quem sabe assim eu conseguiria dormir.

A casa estava tão silenciosa que eu conseguia ouvir o som do meu coração batendo e o ar entrar em meus pulmões. Confesso que era um tanto perturbador, então comecei a cantar a primeira música que brotou em minha mente; Take Me To Church do Hozier.

Preparei o chá lentamente, e igualmente lento o tomei. Olhei para o relógio e já se passavam das duas da matina. O sono começou a bater, então deixei a xícara na mesa para lavar no dia seguinte. Fiz meu caminho de volta para o quarto e fechei as janelas. Logo depois, me joguei na cama e enrolei-me nos lençóis quentinhos. Sorri e senti meu corpo leve. Foi quando ouvi um barulho.

Era um ruído irritante, quase parecia um zumbido. Resolvi ignorar e novamente tentei dormir. Foi quando ouvi o som de alguma coisa quebrando. Vinha da cozinha.

Meu coração acelerou e logo senti o sangue correndo pelas minhas veias. Cobri minha cabeça com o lençol e tentei controlar a respiração.

O silêncio se fez presente por exatos cinco minutos. Ouvi um novo ruído, mas dessa vez mais parecia uma risada esganiçada. Era o som mais horripilante que eu já tinha tido o desprazer de escutar.

Liguei a luz do abajur e fiquei mirando a luz que emanava do objeto. Foi quando por fim fui vencida pelo sono.

Uma hora e meia depois acordei com a bexiga cheia, consequência do chá de camomila. Levantei irritada e caminhei em direção ao banheiro em passos arrastados. Eu ainda estava parcialmente dormindo.

Quando cheguei ao banheiro, a porta estava estranhamente trancada. Tive que dar uns empurrões leves para abri-la. Um cheiro de ferro e enxofre invadiu minhas narinas. Era um cheiro podre tão forte que fazia o nariz coçar. Tapei as narinas com os dedos e liguei a luz.

Um gato estava pendurado no teto, amarrado pelo pescoço na lâmpada. Sua barriga estava cortada e suas tripas estavam completamente expostas. Uma poça de sangue se fazia presente embaixo dele.

No espelho ao meu lado, escrito com sangue, dizia:

NÃO OLHE PARA TRÁS.


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