Poemas ou Travessuras? escrita por Bianca Fiats


Capítulo 13
Capítulo 13 - Ano Novo, Vida Nova, Confusões Novas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/651754/chapter/13

Passar o Natal na casa dos Weasley é algo… único e sem palavras. Fiquei preocupado com o fato de aparecer sem ser convidado por um adulto. Por isso conversei com meus pais (em particular, obviamente) e expliquei que tinha sido convidado (uma omissão simples) e me preparei para partir. Os Weasley eram uma família grande e barulhenta. A família de Potter também estava presente. No início, os pais deles estranharam a minha presença, mas em pouco tempo já tinha feito amizade com a maioria dos adultos.

Infelizmente, Rose estava com expectativas não muito normais e Albus ficou todo o tempo em que estava hospedado lá, impedindo avanços dela. O dia na sala de Transfiguração ainda estava em nossas mentes. Eu queria sumir da face da Terra. Afinal, como eu poderia explicar o que realmente tinha acontecido? Albus parecia que tinha virado um porco espinho e alfinetava todo mundo. Tirando esses pequenos detalhes, acho que nunca tinha me divertido tanto no Natal. Era a primeira vez que eu não precisava fingir, e pude ser eu mesmo. Seja lá quem eu era.

Não tinha presentes adequados para todos, então antes da véspera do natal eu já tinha desenhado todos da casa em pequenos quadros. Alguns com pessoas que lhe pareciam queridos, outros solitários. Animei a todos e pedi ajuda de Albus para embrulhar tudo. Chegamos à conclusão que isso era uma tarefa muito difícil, pois o tempo todo Rose aparecia e não nos deixava fazer a devida surpresa.

E quando finalmente havia o momento de paz naquela casa (mesmo que raros) eu folheava meu diário e a desenhava. Ali no gramado do jardim, longe de todos, eu podia desenhá-la e escrever mais sobre ela. E eu me sentia podre por simplesmente expressar meus sentimentos para ela desse jeito. Eu não mereceria seu amor.

Meu anjo puro, que sempre está lá

se não física, em minha mente

Rodeia-me com seu perfume

para que eu possa ao menos acordar

no dia de amanhã.

E quando na noite de Natal, eu guardei alguns outros embrulhos. Albus me questionou porque não levaria para a árvore. Apenas consegui dizer que eram presentes para pessoas que não estavam lá. Mais tarde naquela mesma noite eu despachei os pacotes, cada um foi para uma direção, mas eu sabia que as corujas iriam chegar ao seu destino. Elas sempre chegavam.

Voltar para a calmaria de Hogwarts foi desafiador, pois me sentia um outro homem. Esse ano tinha a intuição de que seria diferente. Que muita coisa iria mudar na minha vida. E só podia esperar que fosse para melhor. As palavras do meu pai na festa de Slug ainda recheavam minha cabeça. Meu pai tinha orgulho de mim, ele tinha orgulho de que eu estava fazendo o meu melhor no colégio… Pegando as meninas de Hogwarts. SÉRIO?

A única coisa pelo qual meu pai se orgulhava era por um rumor falso. E nisso eu não poderia melhorar, porque eu jamais iria dar em cima de alguém só porque queria orgulhá-lo. Não. Meu coração pertencia a ela e mesmo que nunca pudesse tê-la eu jamais daria a alguém diferente algo que não me pertencia mais. Meu coração já tinha dona.

O primeiro lugar que fui à Sala Precisa. Quando cheguei nela, mal dei duas passadas para dentro quando senti os braços de Libusee ao redor do meu pescoço. Ela tinha praticamente pulado em meu colo. Eu não pude deixar de rir e retornei seu abraço. Libusee tinha colocado o rosto no meu ombro, o que me impedia de vê-la.

“Também senti sua falta.”

Isso a fez me olhar. Libusee tinha um sorriso nos lábios e me olhava com evidente carinho. Ela passou a mão pelo meu rosto e me puxou para baixo. Por instantes eu fiquei sem reação. Libusee ia mesmo me beijar? Mas tudo que ela fez foi beijar meu rosto, o que me fez soltar o ar bruscamente.

“Oh! O que foi isso? Não gostou no meu beijo de agradecimento?” Eu não tive tempo de responder se sim ou não, porque ela me deu um soco no ombro. “Melhor?”

Sorri sem jeito e cocei a nuca, sem saber o que foi tudo aquilo.

“Eu posso saber o porquê estou sendo agradecido?”

Libusee já estava me puxando pelo braço e levando para a pedra em que geralmente ficávamos. Quando me sentei, ela estendeu um embrulho de Natal. Quando peguei na mão percebi que ela tinha ficado rubra.

“Eu adorei meu presente de Natal. E… queria retribuir...Mas… Descobri que não sou tão boa com coisas manuais que não sejam bisturis e facas sob uma fruta”

“Contando que continue nas frutas… É até agradável. ”

Ela sorriu sem jeito e indicou para que eu abrisse o embrulho. E senti que minhas mãos se recusavam a se movimentar.

“Espero que goste”. E na ansiedade eu abri o embrulho. Nele havia um cachecol cinza. Na ponta havia um bordado de um sol e um escorpião no centro. Era uma referência ao meu nome. Minha garganta parecia travada. Tirei o meu cachecol de Sonserina e vesti o meu presente.

“Adorei. Você que fez?” Ela concordou com um menear de cabeça. “Obrigado. O usarei sempre”.

E por alguns instantes ficamos ali, um olhando para o outro. Sem assunto, sem ter o que fazer. Libusee mexia na barra do casaco, torcendo-o. Eu apenas apertava o cachecol contra meu pescoço. Um momento depois ela sentou na grama a minha frente, com as costas contra a pedra em que eu estava.

“Então…” Comecei a falar apenas por causa do silencio constrangedor. “Como foi seu Natal?”

Ela ergueu o olhar para mim e deu de ombros. “O mesmo que o do ano passado. Os fantasmas apareceram e jogamos Críquete de Meia-Pescoço.”

“O que?” Me sobressaltei.

“É um jogo que inventei. O pobre Nick estava chateado por que ninguém o convidava para os jogos por ser quase sem cabeça, então eu peguei uma meia e…”

“Não!! Acho bem legal o que você faz pelos fantasmas, mas…” levantei-me e comecei a andar de um lado a outro. “Por que não foi para casa nesse Natal?”

Libusee virou o rosto para evitar me olhar.

“Meus pais mudaram bastante desde que revelaram para o mundo nossa ancestralidade. Acho que estavam esperando...você sabe, eu entrar em Hogwarts. A fama subiu à cabeça deles…”

Parei de andar e me ajoelhei diante dela. Puxei-a para meus braços e afaguei seus cabelos. Um cheiro de morango me invadiu e afundei meu nariz mais em seus sedosos fios.

“Este ano, eu passarei o Natal com você”

♦♦♦

Encontrei com Albus e Rose mais tarde no salão principal. Eles estavam sentados nas escadarias abaixo de onde os professores comiam. Nós evitávamos sentar nas mesas de outras casas para não causar bagunça, por isso buscávamos pontos em comum, o que significava usar lugares incomuns como escadas ou chão.

Estava usando meu presente quando passei ao lado da diretora McGonagall. Ela olhou para meu uniforme (incompleto sem o cachecol de Sonserina).

“Senhor Malfoy onde está o restante do uniforme? ” Ela não parecia zangada, apenas curiosa. Acho que era o mínimo, já que ela nunca me viu quebrar as regras (Não que eu não quebrasse, só não era pego).

“Perdoe-me Diretora, mas foi um presente de Natal de alguém muito especial. Gostaria de poder usá-lo”

Ela sorriu de um jeito que me assustou. Idiota. É claro que ela saberia quem me deu, por que provavelmente Libusee tinha feito durante o período em que não havia muitos alunos na escola. E lá se foi minha desculpa e minha máscara (por que foi impossível não ficar envergonhado).

“Oh!” Ela respondeu e pareceu que ia continuar. Estava pensando e eu tinha meu coração na boca. O que ela iria falar? Olhei brevemente ao lado e vi que já havia muitos olhares curiosos. Libusee ao longe tinha os olhos arregalados. “Se é de alguém tão especial...Quem serei eu para impedir? Mas use-o apenas nas horas livres. Em sala você deve usar o uniforme completo.”

“Sim senhora. ” E antes que mais alguém pudesse questionar de quem era ou...qualquer coisa, fui para junto de Albus e Rose.

Libusee logo chegou junto a eles e quando cumprimentou a todos, sentou-se ao lado de Albus que a puxou para abraçá-la. Não sei como as pessoas não falavam desses dois.

“Diga… Quem é essa pessoa especial, hein?” Albus perguntou realmente curioso.

Vi que Libusee o beliscou discretamente, enquanto olhava para mim esperando uma resposta. Não podia dizer agora que foi um presente dela. Não tinha como dizer nada, e Libusee veio em meu resgate.

“Eu trouxe seus presentes. Eu queria entregar pessoalmente, então..” Ela pegou a sacola que tinha carregado até ali. Tirou dois embrulhos e entregou o primeiro para Albus e o segundo para uma desconcertada Rose, que teve a decência de ficar vermelha.

“E cadê o presente do Scorpius?” Ele ergueu a sobrancelha.

“Ela já me deu, e já guardei.” Respondi rapidamente, antes que Libusee pudesse falar algo.

“E o que foi?” Agora Rose parecia curiosa também.

“Um colar com um pomo de ouro, que se abre e tem uma miniatura de vassoura” Foi minha mãe que tinha dado, mas como Albus não sabia… “Bem bonito”.

Albus olhou para o próprio embrulho. Sacudiu sem abrir e Libusee segurou a risada. Quando nos olhamos, ela piscou.

“Que bom que coloquei um encanto para não quebrar” Ela brincou.

Eu e Rose olhamos atentamente enquanto Albus abria a caixinha. De dentro ele tirou uma pequena placa de madeira toda trabalhada com flores. Rose segurou a risada e Albus ficou sem graça. O que ele faria com a placa de madeira? Libusee sorriu e tocou a ponta de sua varinha sobre a placa. Um cheiro de maçã-verde tomou o espaço ao nosso redor, assim como uma pequena escultura surgiu. Eram três rostos perfeitamente esculpidos (e sem vestígios de que era uma fruta). Nele estavam eu, Rose e Albus. Estávamos boquiabertos, dela ter feito isso sem se condenar das brincadeiras pelo colégio.

“Como...Isso é…” Albus estava sem palavras, e não parava de olhar para a pequena escultura de bustos.

“Toque com a varinha para sumir. Encantei para que não… quebrasse ou se desmanchasse”

“Adorei a ideia de colocar cheirinho também” Rose disse aproximando-se do que ela achava ser uma peça de madeira. E isso arrancou sorrisos de nós três. Se elas se dessem bem… quem sabe poderíamos contar.

“Obrigado Lib. Vou colocar na minha cômoda”

Todos olhamos para Rose agora. Ela ficou indecisa entre abrir ou não o pacote.

“Só não sacuda. No seu está sem encanto”

“Obrigada pelo aviso” ela resmungou, e abriu a caixa. Porém sua careta sumiu e ela começou a sorrir. Estávamos nos aproximando da caixa quando uma bolinha de pelo vermelha pulou em cima de Rose.

“É um...Oh obrigada. Eu sempre quis um desses.” Rose abraçava o pufoso, e dessa vez fui eu que pisquei para Libusee. Ela acertou na mosca.

“De nada” Libusee sorriu vitoriosa.

♦♦♦

Os dias passaram como sempre, se não a correria de sempre da escola. Agora, Rose estava um pouco mais calma ao lado de Libusee, mas não o suficiente para considerá-las amigas. Meus momentos favoritos do dia eram na Sala Precisa, onde aparentemente era o único lugar onde ninguém me perguntava quem era aquela que me deu o cachecol (que insisti em usar sempre que estava fora da sala de aula). Hoje cheguei primeiro e mudei o nosso cenário para uma temática diferente. Assim que sai da porta havia um caminho de pedras que dava em um coreto de pedras. Ao nosso redor via-se apenas agua, como se estivéssemos no meio do mar. O céu estava com um luar todo estrelado, e tochas iluminavam o coreto.

Quando Libusee chegou ela estagnou no começo do caminho. Depois de um tempo correu até algumas almofadas que tinha ao centro do coreto e pulou sobre elas. Lhe cumprimentei, mas continuei escrevendo no diário. Estava em meio a um poema e as palavras vinham naturalmente.

O silencio se tornou incomodo, pois geralmente Libusee falava algo, então ergui o rosto para ela. Estava me observando curiosa, e bufou quando finalmente tinha minha atenção.

“Você não vai mesmo declamar nem unzinho para mim?”

“Eu… não posso. É pessoal”. Fechei o diário e vi uma faísca de tristeza em seus olhos.

“Prometo que não conto para ninguém. É só que… É muito mal da sua parte fazer isso na minha frente. Sabe que sou curiosa”

Indecisão. Meus amigos sabiam que eu desenhava, algumas vezes alguém me tinha visto rabiscar algo com a pena. Mas os poemas? Eram muito mais particulares, por que eram através deles que eu me declarava para alguém. Como poderia falar em voz alta para ela?

Seu olhar triste me venceu. Levantei-me e não pude deixar de notar que o ambiente era perfeito para isso.

E talvez, eu descobrirei

como atravessar escuridão de meus dias

Trilhei minha vida sem prestar atenção

até que te encontrei.


Ela ergueu o olhar para mim, e olhando no dourado de seus olhos, continuei.

Então chorei, lutei, errei

por fim, me apaixonei.

Não queria, mas você me desarma

com esse sorriso misterioso


O mundo a nossa volta tinha silenciado.

Desistiria da eternidade

se você não estivesse nela

Eu quero passar mais tardes com você

apenas para poder respirar sua essência

e fazer dela minha existência.


Libusee fechou os olhos, e eu me aproximei.

Sei que não mereço

que não sou digno de ti

Mas me permita, ao menos isso,

uma tarde a mais.

Nada mais.

Estava aos seus pés quando terminei. Sem chão, sem rumo. Por que naquele momento eu tinha mais do que declamado um poema, eu abri meu coração. E somente Libusee estava lá para vê-lo.

♦♦♦

Tinha conseguido um quarto novo, graças aos ataques das garotas da nossa casa. Acabou virando um jogo entre nós, mudar de quarto o tempo inteiro para confundi-las. Até que finalmente o castelo reagiu e as mulheres não estavam mais conseguindo entrar no setor masculino. Com isso, voltei para meu quarto original. Estava terminando de arrumar minhas coisas quando Albus entrou agitado. Ele trancou a porta com magia o que significava problemas.

“O que aconteceu?” Perguntei preocupado. Algo me dizia que o que quer que aconteceu, iria mudar tudo entre nós.

“Rose foi o que aconteceu. Eu… Cansei de esperar, cansei de…”

Larguei minha colcha sobre a cama e a estendi, depois sentei na cama e apoiei as costas na parede. A escultura que Albus tinha ganhado estava ativa e o cheiro de maçã-verde refrescava o quarto.

“Esperar pelo que?”

“Rose acha que foi você que a beijou naquele dia na sala de transfiguração. ”

“O que? Mas...achei que ela queria guardar segredo do medo dela. Isso não é nada bom”

“Isso não é bom mesmo. Fui EU que a beijei. Fui eu que percebi que ela precisava disso, e... ”

“E.. O que ?” Então era por isso que ela tinha me convidado para o Natal.

“Eu vou resolver isso”

E sem me explicar mais nada ele desenfeitiçou a porta e saiu.

♦♦♦

Dois dias se passaram e nada de Albus aparecer. Ele sumiu de Hogwarts. Se isso era consertar as coisas, ele estava muito enganado. Só piorou. Agora Rose e Libusee estavam preocupadas. Alguma coisa de muito ruim tinha acontecido e como ele não tinha me falado nada, ninguém tinha ideia do que fazer.

Até que na manhã do terceiro dia quando estávamos decididos a sair em busca de Albus, quando o portão principal de Hogwarts abriu e dele passou Albus e Harry Potter. O pai dele parecia furioso, mas com uma pronuncia de um sorriso, que dizia que parecia ter… orgulho? O que o louco tinha feito dessa vez? E foi quando olhei para Albus que vi o olho todo roxo.

“Consegui. Tudo certo Scorpius!” Ele disse assim que me viu.

Quis sacudi-lo fora.

“Como assim conseguiu? Albus estavam todos preocupados. E tenho certeza de que se sumiu pelo que você me contou.” Parei e olhei para Rose e Libusee correndo na nossa direção “Só piorou.”

“Relaxa. Já tenho autorização, então… Mão na massa”

Harry Potter que até então estava em silêncio começou a rir.

“Cuidado. Acho que será mais perigoso do que quando enfrentei Voldemort” Ele piscou e estava para sair quando se virou para Scorpius “Não o deixe usar magia para curar esse olho. Vai ter que sarar de modo normal. Só para...aprender”.

Era oficial. Os Potters eram todos loucos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poemas ou Travessuras?" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.