Magia Negra escrita por Zoe Franco


Capítulo 2
-Capitulo 2 - Três senhoras estranhas




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一 Onde está a Eleanor? 一 perguntou Hanna aflita para Jade na biblioteca. 一 Tem certeza que você mandou a mensagem para ela?

Depois do incidente, Hanna pediu para que as amigas se encontrassem na biblioteca, após o término das aulas, para conversarem.

Jade estava debruçada sobre uma mesa na sala de leitura, tentando organizar suas ideias e, ao mesmo tempo, preocupada com que estava acontecendo. Era a mais calma das meninas, mas nem por isso deixava de ser a mais preocupada diante da situação. Ela, ao contrário das outras, sabia que se ficassem todas agitadas as coisas só iriam piorar. Levantou-se, deixando alguns cachos de seu cabelo caírem sobre seu rosto, cansada de tentar fazer com que uma coisa completamente irreal, ao menos no mundo em que vivia, tivesse algum sentido e respondeu:

一 Sim. Eu falei: ''Eleanor, encontra a gente na biblioteca depois, ok?'' e ela me disse: ''Ok'' — relatou Jade frustrada com a demora.

Enquanto isso, Kate estava sentada, lembrando do que acontecera mais cedo. Por um lado, estava feliz por Maggie ter quebrado o nariz, mas, por outro, se achava uma pessoa horrível por pensar dessa forma. E o mais importante era: como ela fizera aquilo? Estava tentando pensar com clareza, distraída e ainda tentando tirar as lascas de tinta de seu cabelo, mas não conseguia, pois Hanna não parava de andar em círculos a sua frente e fazendo com que ficasse tão ansiosa quanto ela.

— Hanna, ficar andando de um lado para o outro não vai fazer com que ela chegue, só vai fazer com que você abra um buraco no chão.

— Oi, gente! — disse Eleanor ofegante e carregando alguns copos com bebida até as meninas. 一 Desculpem pelo atraso, mas trouxe cappuccino, alguém quer?

一 Você é tão irresponsável! 一 reclamou Hanna.

― Desculpa, amiga 一 disse dando um beijo em sua bochecha. ― Cappuccino?

Hanna pensou em recusar, ainda ressentida pela demora da amiga, mas acabou aceitando. As outras garotas fizeram o mesmo.

Atrasar-se para comprar a bebida foi a melhor desculpa que Eleanor arranjou para evitar aquele lugar por algum tempo a mais. Ela não gostava de nada lá. As paredes e o piso eram marrons, as lâmpadas com uma iluminação ruim e a melhor luz que tinham era a do sol, mesmo que as janelas estavam sempre fechadas.

Para Eleanor aquilo era como uma prisão — além da própria escola que parecia como prisão para todas —, todo aquele silêncio obrigatório era horrível para uma pessoa agitada como ela. Estavam na parte de leitura da biblioteca, onde, além de mesas e cadeiras, havia duas poltronas verde musgo e um enorme tapete vermelho um tanto desgastado e com uma mancha que ninguém sabia o que era.

Eleanor sentou- se ao lado de Jade, colocando seus pés em cima de uma das mesas de madeira.

― Não sei o porquê dessa preocupação sendo que foi só sorte, não é, Jade? — O sorriso de dela se foi quando percebeu que a amiga não concordou com ela.

Ela sempre acreditou que as coisas sempre acontecem por um motivo especial, mas nesse caso Eleanor não concordava.

Continuou em tom sarcástico:

— Qual é?! Vocês acham que isso é o quê? Magia?

― Sim ― falou Jade. — E pare rir! É porque não aconteceu com você.

Hanna, cuja mente estava um caos, com uma mistura de dúvida e ansiedade, só queria acabar com aquilo de uma vez.

― Ok, sei que deve ter alguma coisa aqui que deva explicar tudo isso. Vamos começar?

― Sim, senhorita Hanna 一 concordou Eleanor revirando os olhos de uma maneira dramática.

Todas passaram muito tempo procurando alguma coisa em livros e até na internet, mas nada que se encaixava no caso delas ou explicasse o que estava acontecendo, tudo era lenda ou fazia parte de algum livro de ficção. Se passaram algumas horas e as meninas já estavam exaustas.

― Desisto ― murmurou Jade.

Como não acharam nada, as meninas voltaram até onde se encontraram. Jade se sentou em uma das duas poltronas aliviada por poder descansar, Hanna sentou- se ao seu lado e logo as outras meninas foram chegando.

― Eu avisei que não iria dar em nada ― retrucou Eleanor.

― Bem… Ainda tem a biblioteca particular ― disse Hanna que sempre ia a biblioteca.

― O que é isso? ― perguntaram Eleanor e Kate ao mesmo tempo, odiavam livros e tudo a ver com escola.

E Hanna, que já estava cansada e sem paciência, pediu para Jade, que conhecia o lugar tão bem quanto ela, para explicar.

― É uma sala onde são mandados os livros com algum defeito ou com explicações falsas — Jade explicou —, mas só é permitida a entrada de pessoas autorizadas, então esquece.

― Ótimo! Vamos até lá 一 incentivou Eleanor

― Você não escutou que só é permitida entrada de pessoas autorizadas? ― explicou Jade.

― Meu deus! Quanta imaginação vocês têm? Tenho um plano.

― E qual é? ― perguntou Hanna para Eleanor determinada. ― Não vai me dizer que se esqueceu de que tem uma inspetora que guarda as chaves?

― Eu chamo a atenção da inspetora, Jade pega a chave e o restante vai ter que procurar muito, mas muito rápido mesmo, o tão querido livro de vocês, seja lá qual for.

Todas concordaram e então Eleanor começou a berrar e bater com força nas mesas:

— Eu odeio tudo isso! Esta escola é uma merda!

Alguns segundos depois, ouviu-se a voz da inspetora em algum corredor próximo.

― O que está acontecendo?

一 Corram 一 sussurrou Eleanor.

As três amigas correram até o balcão vazio onde ficava a bibliotecária, nos fundos do local. Jade abriu a primeira gaveta, sem sucesso, pois a chave não estava lá, deixando as amigas mais apreensivas. Mas, já na segunda gaveta, ela achou uma chave com um chaveiro pendurado ''Biblioteca Particular''.

一 Achei, vamos! 一 disse Jade.

As garotas abafaram as suas risadas enquanto corriam para a sala. Eleanor fazia da biblioteca um caos com sua gritaria.

''Odeio tudo isso!''

''Se comporte menina! Vai levar uma detenção''

''Nossa, olha a minha preocupação''

''Não mostre este dedo pra mim, mocinha!''

''Foda-se, sua velha!''

''Já chega, já para a sala do diretor!''

ㅡ Meu Deus! Eleanor está ferrada 一 sussurrou Jade, preocupada com a amiga.

As meninas se separaram pelo pequeno cômodo , procurando rapidamente por um livro que pudesse ajudá- las. A sala era apertada, tinha uma pequena janela, que por um milagre estava aberta. Entre algumas caixas e duas estantes totalmente desorganizada, a maioria eram livros de matemática e história. Era lugar claro e também sujo, com teias de aranhas por todos os canto, mas os livros estava limpos, não pareciam estar ali a muito tempo.

Elas foram procurando por vários tipos de conteúdo, até que uma delas encontrou o livro perfeito.

一 Encontrei! 一 falou Hanna com alivio. 一 ''Magia Antiga'', se não for esse não sei qual é.

As três saíram depressa do local, trancaram a porta e deixaram a chave de volta na segunda gaveta antes de guardarem o livro na mochila de Kate. Depois foram até a sala do diretor esperar por Eleanor. Finalmente, quando ela saiu após de ter que aguentar vários berros do diretor, as meninas se levantaram e Jade, precipitada, perguntou:

— Você ficou louca?

— Espero que tenha valido a pena, levei detenção de duas semanas ― resmungou.

Todas estavam realmente agradecidas pelo esforço que a amiga fez por elas então abraçaram Eleanor. Depois de passar por tudo aquilo, elas decidiram que deveriam dormir na casa de Hanna. As meninas passaram em suas casas, pegaram algumas coisas para a noite e avisaram seus pais, que, como sempre, deixaram, pois as garotas faziam isso desde pequenas.

Chegando na casa de Hanna, foram para a cozinha e Kate já se apressou pedindo o de sempre para comer:

― Sua mãe fez comida japonesa, não é?

一 Bem, tem comida do meu café da manhã que não comi, serve?

一 Super serve! 一 Kate comia como se fosse sua última refeição na vida e sempre dizendo o quanto era boa a comida. Hanna simplesmente não compreendia o gosto da amiga.

一 Vamos para o meu quarto e deixem suas coisas lá, temos que começar a ler o livro.

As garotas foram até o quarto da amiga. Um quarto de paredes rosa claro com uma janela de frente para rua que deixava um ar refrescante passear pelo ambiente, trazendo o aroma das flores que sua mãe cultivava no jardim. Na parede a frente da porta havia uma cama grande e com aparência bem macia, detrás dela estavam pregados vários posters que escondiam a tinta rosa claro.

No chão, jazia um enorme tapete branco felpudo, que tinha uma aparência nova em folha por mais que existisse desde sua infância. Sun gostava que as coisas ficassem os mais limpas possível, e vendo a sua casa de pisos reluzentes não era de se admirar que tudo parecia novo. Então Eleanor questionou:

一 Hanna, já pensou em tirar esses posters de bandas de rock do seu quarto? É tão anos 60. 一 Enquanto perguntava, Eleanor deslizou uma das das mãos e percebeu que a cola de alguns já estava gasta. 一 E velhos também, não é, meninas?

As outras duas apenas riram, pois sabiam que ninguém podia mudar os gostos de Hanna .

一 Ei! Não mexa nos meus posters!

Eleanor os largou imediatamente, dando risada. Depois de acabar sua refeição, Kate, foi de novo a cozinha para deixar o prato na lavadora. Voltou para onde todas estavam e pegou o livro em sua mochila, em frente a porta.

一 Bem, quem vai querer começar a ler?

一 Isso é… 一 Eleanor, que antes estava ao lado de Hanna, apareceu no canto oposto do quarto. ― … idiotice.

A voz de Eleanor ficou quase inaudível por conta da surpresa com o que tinha acontecido.

一 O que aconteceu?

一 Como isso aconteceu? Você estava ali!一 disse Jade apontando para o espaço vago ao lado de Hanna.

De repente, Eleanor desapareceu mais uma vez .

一 Para onde ela foi? 一 perguntou Hanna.

一 Estou na cozinha!

Elas correram para a cozinha, mas ela não estava mais lá. Fez com que as três ficassem confusas, todas estavam assustadas, não tinham dúvidas que aquilo realmente era algo fora do comum. Então ouviram os seus gritos:

一 Socorro! Meninas, me ajudem, eu não estou vendo nada, está muito escuro aqui!

― Estamos indo 一 falou Kate.

Todas se separaram ofegantes e assustadas, procurando em cômodos escuros diferentes da casa, até que Jade a encontrou.

— Ela está aqui.

Kate e Hanna correram até o quarto de Sun, onde encontraram as duas abraçadas. As portas do guarda roupa estavam abertas e as meninas perceberam que Eleanor ficara presa lá dentro. A garota estava ofegante, realmente assustada com tudo.

— Você está bem? Como fez isso? 一 perguntou Kate ao chegar.

一 Eu não sei! Eu estava olhando para os posters, quando me virei para Kate e fui falar eu estava do outro lado do quarto e de repente fui mudando de um lugar para o outro 一 Eleanor estava pálida e com o cabelo um pouco desgrenhado. Seu cenho franzido tornava a sua expressão indecifrável e escondia o misto de confusão e raiva em sua cabeça.

Continuou:

一 Temos que ler aquele livro.

―Eu sei ― disse Hanna mordendo lábio inferior

― E se isso ficar pior?― os olhos de Jade começaram a lagrimejar, agora estava com medo com tudo piorando.

― Vai dar tudo certo, a gente sempre da um jeito nas coisas, não é?― As meninas concordaram com a cabeça, dessa vez não sabiam se poderiam controlar aquela situação, nem mesmo a Kate sabia. ― Ok, então vamos lá.

Todas voltaram para o quarto. Kate e Hanna se sentaram em volta do tapete, enquanto as outra duas se acomodaram em cima da cama e Hanna começou a ler:

ㅡ Não diz muita coisa aqui, não encontro nada relevante ao que está acontecendo.

一 Ai, meu Deus! O que vamos fazer agora? 一 exclamou Eleanor escondendo o rosto entre as mãos e Jade a abraçou dando apoio, como sempre fazia.

一Aqui! Encontrei! algo! 一 Hanna começou a citar algo realmente interessante do livro. ― ‘’Os poderes, independentes de quais sejam, se manifestam na adolescência e sem a ajuda necessária, podem ficar incontroláveis. No passado, muitos bruxos adolescentes foram considerados uma aberração por mostrarem para os humanos seus verdadeiros dons. Vários deles foram mortos por causa disso. Para evitar a extinção dos bruxos, foram reunidos grupos de ensino para ajudar os jovens’’. Acabou, não diz mais nada.

― Como assim não diz? 一 perguntou Eleanor indignada com a situação.

Hanna entregou o livro para que Eleanor o visse e passasse para as outras meninas.

― E agora? — perguntou Kate com medo

一 Talvez não seja o que a gente pensa…

— É exatamente isso! — falou Jade interrompendo Hanna, já esta cansada de tentarem fazer daquilo algo comum quando era algo sobrenatural.

Depois de muita conversa as meninas finalmente ficaram quietas, todas realmente com medo do que poderia acontecer. Quando, enfim, Sun chegou do trabalho, perguntou por que o armário estava bagunçado . As quatro garotas se entreolharam, nervosas, até que Hanna se adiantou e disse que estavam se divertindo com suas roupas orientais.

No outro dia, as meninas acordaram perdidas, não sabiam o que fazer ainda, decidiram agir naturalmente com a expectativa que nada acontecesse e dar um jeito de devolver o livro.

― Sun, sua comida é maravilhosa. Como Hanna não gosta ?

A mulher deu risada e disse:

— Também não sei como, Kate.

A mãe de Hanna tinha feito ovos com bacon para a maioria, mas para ela fez uma comida japonesa especial. Sun gostava de todas as meninas, em especial Kate, que tinha interesse por sua cultura.

As outras meninas riram enquanto comiam, estavam tentando agir com naturalidade e manter um clima agradável para não causar suspeita. Por mais que Hanna quisesse, ela não conseguia evitar, batucava com seus dedos freneticamente a mesa, ganhando um olhar de censura das outras que estavam se esforçando o máximo parecerem as mais calmas possíveis.

De repente, a campainha tocou e a filha falou:

— Eu atendo.

Foi até a sala e abriu a porta, do lado de fora estavam três senhoras estranhamente parecidas que a encararam com seus olhos hipnotizantes e disseram em sintonia:

— Olá.


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