I am the Target escrita por Hawtrey, KCWatson


Capítulo 28
Plano B


Notas iniciais do capítulo

Perdoem a demora gente, mas espero que gostem.
Estou pensando em levar para uma segunda temporada, o que acham? Pensei em várias coisas.
Aproveitem a leitura.
ESTAMOS CHEGANDO NO FINAL HEIN
Capítulo para quem sentiu falta da Joan
♥ ♥ ♥



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Por algum motivo seus braços doíam e os músculos de suas pernas pulsavam de dor. Estava exausta. Havia algo incômodo em seu abdômen que doeu ao tentar se mexer e sentiu uma picada na mão direita no mesmo processo. Havia algo ali. Olhou ao redor com dificuldade, seus olhos estavam embaçados demais para ver qualquer coisa claramente. Deveria estar dormindo há horas.

— Tente não se mexer tanto... — uma voz a repreendeu em tom calmo.

Reconhecia aquela voz, mas não conseguia associá-la a ninguém no momento. Tudo o que conseguia ver era uma imagem sem foco. Sacudiu a cabeça tentando clarear sua visão.

— O que aconteceu? — perguntou com a voz fraca.

— Você tentou ser a heroína... de novo. Devia ter pensado no seu filho antes do seu namorado.

Joan resmungou em reconhecimento. Era Holloway.

— Eu estava pensando no meu filho, foi seu amigo que atirou em mim.

— Foi apenas uma falha de comunicação... que poderia ter custado sua vida. Ele já foi punido.

Finalmente conseguiu fita-lo. Holloway estava sentando em uma cadeira não muito longe da cama onde estava. Queria olhar ao redor e ver o quarto, procurar por uma janela ou por algo que servisse como uma arma, mas só conseguia notar o quanto ele parecia cansado e preocupado.

Era no mínimo estranho para alguém que era mestre nos sorrisos maliciosos.

— Você o matou?

— Claro — ele deu de ombro, pouco se importando — Dei uma ordem e ele se deixou levar por um impulso. A bala dele poderia ter acertado seu coração Joan, não me arrependo.

Joan engoliu em seco e desviou o olhar. Era alguma brincadeira? Fazia parte do jogo dele ser o super protetor?

— Pensei que me queria morta.

— Não, de forma alguma — Holloway se apressou em negar, indignado — Não se pode matar uma obsessão, lembra?

— Mas aquele chá...

— Não havia nenhuma gota de veneno naquele chá Joan e eu sabia que Holmes não ficaria vendo você sofrer. Logo você melhoraria e foi o que aconteceu.

Joan engoliu suas duvidas, já sabia o quanto Holloway era louco e que não conseguiria encontrar respostas em suas frases erroneamente lógicas. Naquele momento só queria sair dali, mas foi só quando tentou se sentar que lembrou das dificuldades.

— O que é isso? — questionou se adiantando para tirar a agulha de sua mão.

Holloway saltou da cadeira e correu para impedi-la, segurando sua mão,

— Não, não, não faça isso. Ficou fraca quando tiraram a bala de você, por isso o soro. E é apenas soro, eu prometo.

Joan lhe lançou um olhar desconfiado enquanto afastava suas mãos das dele.

— O que há de errado com você? — perguntou.

Holloway franziu o cenho, pensativo, e afastou-se alguns passos para trás.

— Só não quero ser injusto com você.

Ela reclamou de dor enquanto se sentava na cama, mas ainda assim não engoliu sua raiva.

— Como pode dizer isso depois de tudo o que fez?

— E o que eu fiz? — ele rebateu entredentes, subitamente irritado — As únicas acusações que tem contra mim vieram de uma faca e do fato de eu mesmo ter tocado sua pele.

— Minha lista é bem maior — Joan retorquiu no mesmo tom.

— E o que exatamente tem nela? Um ataque, uma invasão, um tiroteio? Um quintal cheio de corpos? Tem certeza de que sou culpado por isso? Não pode cometer uma injustiça Joan.

Ela riu sem humor antes de responder:

— Não haverá injustiça, você mesmo disse... sempre foi um assassino.

— Um assassino que salvou sua vida naquele tiroteio.

— E ainda me pergunto o motivo.

— Já disse, não a quero morta, nem mesmo seu filho com outro.

— Pode me dar a certeza de que ele está bem? — Joan questionou controlando sua irritação.

— Claro — Holloway concordou andando até o canto do quarto e em seguida puxando algo para mais perto da cama, era um aparelho e um monitor, tudo o que ele fez foi apertar um botão.

Joan sentiu seus olhos ficarem úmidos com o som descompassado e acelerado do coração do bebê, a imagem borrada dele no monitor.

— Enviei um disco disso para Holmes — ele revelou a contra gosta — Foi feito depois da sua pequena cirurgia, disseram que ainda não dá pra saber o sexo.

— É muito novo — Joan concluiu ainda extasiada — Por quanto tempo eu dormi?

— Dois dias inteiros, depois disso só ficava acordada por alguns minutos e caia no sono.  

Ela continuou observando a imagem no monitor, tentando imaginar como seria se Sherlock estivesse ali, ao seu lado. Só que não conseguia, não conseguia nem pensar em como ele reagiria naquela situação. Então notou o olhar de Holloway sobre si.

— O que foi?

— Você casou — ele disse simplesmente — Com um Holmes... Joshua, não é? Realmente... me surpreendeu.

Joan reprimiu seu alivio e tentou soar preocupada.

— Eu tinha que seguir minha vida... mesmo com suas interferências.

Holloway sorriu, mostrando que compreendia o que ela estava falando.

— Você me enganou direitinho sabia? Usou o reconhecimento do sobrenome contra mim.

Joan engoliu em seco, não tinha certeza sobre qual Holmes era o alvo no momento. Precisava saber.

— Quando descobriu que estava infernizando o Holmes errado?

— Há pouco tempo, infelizmente. Entenda meu lado... conheci a história dos grandes detetives consultores de Nova York e na maior parte dos eventos seu parceiro parecia bastante interessado em você. Então quando me disseram que você estava apaixonada por um Holmes — Holloway riu sem humor — Ele me parecia uma escolha bem óbvia. No entanto, imagine minha confusão quando Joan Watson começou a criar uma barreira impenetrável ao seu redor e passar noites fora de casa. Fiquei muito confuso.

— Então nos viu juntos.

— Só vi que o problema era sério quando vi as gravações do Departamento de Polícia. Joshua Holmes chegou lá de queixo erguido e guardas armados, pronto para defender a liberdade de sua amada. Não havia áudio, mas nada diminui aquele soco maravilhoso em Sherlock. Fiquei pensando no motivo...

Holloway parou por breves segundos e pegou o celular, hesitando em usá-lo, voltou a falar.

— Tenho que parabeniza-la Joan... nem percebi acontecer e agora você já está casada, grávida.

— Achou que o filho fosse de Sherlock — Joan se lembrou da última vez que vira o parceiro.

— Tinha quase certeza, mas o olhar dele quando eu falei sobre o bebê... me disse tudo, mas ele ainda está trás de você, sabe? Pesquisando e procurando pistas, isso me diz muito mais.

Joan fechou os olhos, reprimindo a lembrança do momento em que revelara sua gravidez a Sherlock. Mas a distância e o horror em seus olhos claros pareciam gravados em sua memoria, presos em uma repetição infinita.

— Ele quer você.

— Oh sim — Holloway concordou animado — E depois de tudo, imagino que ele não queria ter uma simples conversa, não é? Parece apropriado me preparar devidamente para esse encontro que ocorrerá em breve.

— Quão breve?

Holloway deu de ombros e fingiu desinteresse.

— Anna.

A porta lisa se abriu e uma mulher entrou. Joan não a conhecia, mas pelo cabelo bem preso e o terno social que usava, poderia dizer que era mais uma que seguia as ordens de Holloway.

— Ajude a Sra. Holmes com qualquer coisa que ela precisar, a comida logo chegará — dito isso ele se virou e saiu da sala.

A mulher caminhou lentamente até a cama e sutilmente olhou para a única câmera que está no canto superior do cômodo, Joan estranhou, mas nada disse.

— Não preciso de ajuda.

— Precisa sim — Anna corrigiu mexendo na bolsa de soro de modo superficial — Quer sair daqui, não é?

Joan a olhou com desconfiança e ao acaso o viu, enquanto Anna cutucava a bolsa sem motivo algum. Um anel na mão esquerda, cinza e opaco.

Forllet. Aquela mulher trabalhava para Albert Forllet.

— Como...

— Fique calada — a mulher a interrompeu dando atenção a agulha que estava enfiada em sua mão e colocando um pedaço de papel ali — Isso é o que Lucas lhe deu durante a festa, a senha. Vai precisar. Eles virão amanhã antes do Sol nascer.

Dizendo isso Anna deu as costas e saiu da sala, como se não tivesse revelado uma possível fuga. Joan tentou controlar a respiração, havia uma câmera ali e não poderia estragar o ato antes mesmo de acontecer. Amassou ainda mais o papel em sua mão e se virou, pronta para garantir a todos que a assistiam que logo estaria em sono profundo.

***

Seus olhos abriram subitamente, assustados. Estava quase sucumbindo ao sono quando se lembrou do que ocorreria em breve, muito em breve. Com cuidado se virou e olhou ao redor, havia uma única abertura ali – o mais próximo de uma janela – que revelava uma discreta claridade mesclada com a escuridão. O Sol estava nascendo.

Respirou fundo e retirou a agulha de sua mão, massageando o local em seguida. Então piscou com força e testou os próprios movimentos, esticando e mexendo os pés. Estavam funcionando, então poderia correr. Em seguida sentou, suas costas encostadas na cabeceira, e fitou a porta maciça e lisa pelo o que pareceu horas infindas. Até que em certo momento, mais ou menos entre uma reclamação e um pensamento negativo, a porta foi aberta com rapidez.

 Passos rápidos e vozes urgentes encheram seus ouvidos, logo Forllet surgiu em seu campo de visão e agarrou sua mão, puxando-a para fora da cama. Joan notou que não estava tão forte quanto imaginara, suas pernas não estavam tão firmes e doíam a cada movimento, Forllet notou isso e tentou pegá-la em seus braços, mas foi impedido. Ela sabia que a dor os atrasaria, mas estar ocupando os braços dele e o impedindo de atirar parecia uma ideia pior. Assim que saiu da sala escutou os tiros e os gritos de Holloway soltando injurias, o número de homens não era muito grande – de nenhum lado – e havia um ou outro caído em seu caminho, lamentando-se de dor. Agradeceu por isso, já se sentia culpada por simplesmente precisar de tudo aquilo para conseguir sua liberdade.

— Joan!

Ambos – ela e Forllet – viraram, imediatamente reconhecendo a voz. Holloway estava com uma pequena e sangrenta abertura na testa, ofegante, porém a arma estava firme em suas mãos. Não apontava para ela, mas sim para Forllet.

— Apenas me deixe ir — Joan pediu esperançosa.

Algo lhe dizia que havia uma chance, mesmo que pequena, de Holloway atender seu pedido, mas não reclamou quando um aliado surgiu pela lateral e o derrubou no chão, tentando tirar a arma de suas mãos. Não ficou para ver o resultado daquela briga e seguiu Forllet por entre a confusão, sendo bem escoltados. Forllet estava fazendo parecer bem fácil passar por cima das fortalezas de Holloway, mas ela ainda temia uma explosão, um exército inimigo ou um súbito buraco no chão os engolindo.

 O contra-ataque veio, porém, mais silencioso e sutil que esperavam. De fato, Joan só notou quando se sentiu livre dos braços de Forllet e sem entender, parou para olhá-lo. Ele caia, apertando o ombro com força e um olhar raivoso se unindo a careta de dor. Por um momento pensou que seu protetor era um daqueles que odiava se tornar a vitima, indiretamente ou não, mas compreendeu que a raiva surgira por um motivo quando escutou a voz.

— O próximo vai ser na cabeça.

Sendo sincera, quase não o reconhecera. Lembrava-se dele nitidamente, cabelos loiros, olhos azuis e gentis, sorriso quase encantador. No entanto, o homem a sua frente, mesmo com as mesmas características físicas, passava uma imagem completamente diferente. Os cabelos estavam sujos e seu braço sangrava, seus olhos brilhavam quase enlouquecidos e seu sorriso não poderia ser mais debochado.

― Porque comecei a me apaixonar por você.

― Como pode estar apaixonado por mim? Michael, nem nos conhecemos!

― É o que a vida faz... Você encontra uma pessoa na boate, olha nos olhos dela... e não consegue mais esquecê-la.

A lembrança a abateu, quase forçando a recuar. Foram palavras ditas em um corredor sangrento da casa de Morland Holmes e minutos antes dele fechar os olhos pelo o que parecia ser para sempre.

— Michael? — perguntou sem acreditar.

Michael Morstan sorriu e pareceu ainda mais diferente do Professor de História que conhecera um dia.

— Como? — Joan balbuciou — Como foi capaz?

— É apenas uma pequena surpresa — ele deu de ombros — Achei que você merecia.

Um estrondo desviou as atenções e preencheu o local com fumaça. Enquanto tossia Joan sentiu ser agarrada por braços e erguida do chão, ia começar a se debater quando encontrou Forllet logo atrás indicando que era seguro. Olhou para Lucas – o homem que a carregava – e agarrou em seu pescoço enquanto ele corria para fora do loca, que aparentemente era uma casa reformada.

Quando notou que estava sendo colocada dentro de um carro se livrou de qualquer mão e foi até a janela, olhando em volta. Não havia um jardim ou algo semelhante, apenas um terreno quase rochoso abrigando uma casa que poderia ser confundida com qualquer outra se não fosse a segurança extrema na porta de aço e nas janelas gradeadas. Passou os olhos sobre os homens e em seguida voltou sua atenção para dentro do carro. Não o achara. Sherlock não estava ali.

— Saia da janela — Forllet brigou a puxando para se sentar novamente.

Ele já tinha feito algo improvisado para parar o sangramento no ombro, então não se importou em pular a preocupação.

— Onde ele está?

— Ele não quis — Forllet lhe lançou um olhar significativo.

Joan sentiu algo em seu peito afundar. Sabia que nomes não precisavam ser mencionados, ele sabia que era Sherlock. E escolheu bem as palavras. Forllet podia ter dito muita coisa: eu não o chamei, ele achou melhor não vir, ele não quis atrapalhar, ele está ocupado, ele está esperando no Sobrado. No entanto suas palavras exatas foram “Ele não quis”. E se sentia quebrada por isso, tanto pela resposta quanto pela certeza de que devia estar preparada para aquele momento.

— Tem certeza? — insistiu com mais um pouco de esperança.

Forllet continuou olhando-a e fora daquela conversa eles sabiam que o carro estava partindo, que os tiros estavam ficando mais distantes.

— Expliquei a ele, expliquei todo o Plano B e avisei o que faríamos hoje, o que faremos em seguida. Ele não quis participar.

Joan fechou os olhos e deixou sua cabeça encostar-se ao banco de couro. Precisava ficar calma, mesmo que as lagrimas insistissem em cair. O Plano B envolvia tão pouco, um pouco tão pesado e difícil de engolir. Era apenas enganar Holloway e fugir, apenas tirar Sherlock da lista de vitimas, apenas tentar ter outra vida, apenas deixar o trabalho duro para outros, apenas arrumar suas malas e ir embora – com ou sem Sherlock Holmes.

A última parte seria uma escolha, não dela mais do próprio detetive. E depois da cena onde revelara sua gravidez e depois do ataque na festa, Joan sabia que deveria ter se preparado para obvio.

Sherlock escolheu.

Joan respeitaria sua decisão e partiria sem ele.


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