Era a primeira vez que Rony levava amigos para casa. Não que ele não tivesse amigos, até tinha alguns, mas nunca havia convidado nenhum para visita-los, e finalmente chamara seus melhores amigos para passar o fim das férias na Toca. Fred e Jorge não os conheciam direito, eles mantinham o máximo de distância dele no colégio, mesmo quando um dos amigos de seu irmão caçula é Harry Potter. Gina os conhecia, a garota passara todas as férias falando do já famoso Harry e da jovem Hermione. Fred não aguentava mais ouvir estes nomes e não tinha ideia de como os aguentaria. Jorge já não ligava mais. Deixa isso pra lá, dizia ele, mas Fred não conseguia ignorar os inúmeros comentários sobre os incríveis amigos de seu irmão.

O percurso entre a Toca e a estação de trem era longo, mas a expectativa da família fazia parecer ainda maior. O sorriso no rosto de seu irmão era a pior parte, como se tivesse ganho o prêmio de melhor banda bruxa revelação, e para piorar o trem estava vinte minutos atrasado. Longos vinte minutos para que essa tortura piorasse e ele tivesse que aguentar mais dois pirralhos em casa.

Fred observou a chegada do trem. É por apenas uma semana, ele repetia mentalmente, enquanto observava os rostos borrados das pessoas que apressadamente passavam por ele, até que seus olhos pararam em alguém. Ela era linda, como se tivesse recebido o sopro de um anjo. O ruivo não conseguia achar um único defeito em seu rosto, ele estava encantado.

Sua mala era carregada por um garoto que lhe sorria suavemente e lhe lançava olhares afetuosos, aos quais ela gentilmente retribuía. Fred sentiu seu coração pular uma batida enquanto o garoto de cabelos pretos colocava a mala no chão e contava o dinheiro trouxa para comprar duas xícaras de chá. Fred sempre sentiu curiosidade pelo jeito que os trouxas bebiam chá, tantos sabores exóticos como camomila e lavanda, mas dessa vez sua atenção estava fixa na morena que bebia e sorria tão amigavelmente para o garoto ao seu lado. Foi a vez de Fred sentir fincadas no peito. O pobre Weasley estava tão concentrado em ignorar o que se passava em sua cabeça que não percebeu quando sua mãe gritou.

— Harry! Hermione! Venham cá meus queridos!

Emburrado e completamente contra sua vontade, Fred direcionou-se, cabisbaixo, para recepcionar os amigos de seu irmão. Escondido atrás de todos para evitar ter que conversar com os dois, foi preciso alguns minutos até que notassem sua presença.

— Você deve ser o Jorge - disse Hermione sorridente.

Já estava preparado para uma resposta rude, quando levantou a cabeça, e ao ver a garota que lhe havia roubado o fôlego, um sorriso doce escapou de seus lábios, sendo mudado no último instante - com muito esforço - por uma risada marota.

— Aparentemente a princesa da grifinória não é boa com tudo - diz deixando a garota constrangida - Sou Fred, e você deve ser a irritante Granger?

Depois de um olhar sério parte da senhora Weasley, Fred se calou, mas não sem antes saborear o desconforto de Hermione, deixando-o sorrindo de orelha a orelha.

— Hermione, como foi a viagem? - pergunta Molly com seu jeito maternal.

— Foi bem divertido - responde a morena com um sorriso simpático - Passar horas no mesmo vagão que Harry Potter te faz pensar em algumas coisas.

Todos riram, inclusive Gina, que consegue fingir um riso, apesar de claramente estar desconfortável com a proximidade entre os dois amigos. O senhor Weasley se divertiu e se preocupou com o rosto corado de sua filha, mas, se tivesse prestado um pouco mais de atenção, veria que a inveja queimava forte nos olhos de outro membro de sua família.

— Rony, me diga uma coisa - Fred perguntou para o irmão quando todos já estavam no carro - você tinha um limite de quão legais seus amigos poderiam ser, gastou tudo no Potter e ficou preso com a Granger?

— Fred! - berrou a senhora Weasley chocada, mas o ruivo apenas se ajeitou no seu lugar e sorriu com a cara de frustração da menina.

Fred não a deixava triste. Com exceção de Snape e os sonserinos, Hermione conseguia fazer com que todos gostasse dela, por exceção de Fred Weasley e isso a deixava, muito, muito frustrada. Ela não seria rejeitada pelo irmão de seu melhor amigo, ela era melhor do que isso.