Soldado 4 estrelas escrita por Theodor Martin


Capítulo 1
Existe


Notas iniciais do capítulo

Boa noite. Eu tinha falta de escrever. OK. Eu só peço uma coisa. COMENTEM NESSE PARANAUE



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Não se pode dizer que eu tive uma infância boa, ou que tudo na minha vida foi dado com muito esforço, ou que meu cabelo sempre foi longo, ou que eu nunca cometi nenhum erro.

Tessa, tudo o que eu te peço nesse exato momento e perdão, eu sei que você sabe que Roy sabia do que eu conseguia. Eu sei que você sabia que ele viria naquele dia, por isso não me impediu.

Mesmo com nossa família na nação do fogo, eu sou a única no seu funeral.

Esse pensamento me fez desmoronar.

Coloco a mão no colar que você me deu alguns dias atrás, eu te queria de volta, eu sabia as consequências, e era só por medo de errar nessa única tentativa que eu acabei nem tentando.

Não tinha um único ombro amigo naquela hora.

***

– Roy, eu relutantemente aceito sua oferta.- digo batendo a mão na mesa.

Me esforço para não desviar meu olhar daqueles olhos que me enchiam de medo de morrer a cada instante, mas mesmo assim, mantive o máximo de autoridade possível.

Ele riu desse esforço

– O que te faz aceitar algo tão de repente?

Eu não tinha nenhuma resposta para isso.

– Por que... algumas pessoas não merecem um final feliz.

Ele me olhou surpreso.

– Você é uma garotinha. Claro que merece um final feliz.

– Essa garotinha que nesse instante parece fofa já matou.

– Para falar bem a verdade, você não parece fofa. Seus olhos ainda estão vermelhos e inchados, sua voz ainda não se estabilizou, por suas olheiras eu consigo ver que não dormiu.

– Não torne as coisas ainda mais complicadas, eu só estou aceitando isso como uma punição.

– Os testes serão amanhã...

– Eu não sou uma alquimista.

– É o único jeito de entrar para o exercito. Está dispensada.

Saí contendo lágrimas da sala, por causa de uma única frase que ele disse: Você merece um final feliz.

Na minha casa, nós nos culpávamos por um erro até que ele fosse completamente resolvido e esquecido.

Esse erro não consegue ser resolvido.

Me deixo chorar quando viro em um corredor vazio e me repreendo quase imediatamente quando sinto três pares de pés de aproximando, faço meu melhor para parar, mas não consigo antes das pessoas virarem o corredor.

Todas as três olharam para mim.

Menina fraca.

Eu havia abaixado a cabeça antes de eles verem meu rosto, mas eu consegui saber que todos eram loiros e que só havia uma mulher no grupo e que ela vestia o mesmo uniforme de Roy.

– O q...?- começou alguém.

Por alguma razão, nada mais que isso.

Os passos continuaram.

Minha parte irracional venceu e eu acabei olhando para os estranhos.

Com a minha sorte, eu baixara a cabeça para o sobrenome mais famoso de Ametris.

Todos sabemos qual é.

Corro para fora do prédio com a maior classe que pude, tentando pensar em outra coisa, qualquer coisa.

Qualquer coisa.

Qualquer coisa.

Qualquer coisa.

Isso fica se repetindo na minha cabeça até se tornar inconsciente, quando agradeço, gritos voltam em minha cabeça. Droga.

Ando de cabeça baixa pela cidade, não deixando-me olhar para cima.

Para ver essas famílias felizes e estruturadas.

Para ver casais matando tempo na praça.

Para ver crianças felizes tendo a infância que eu nunca tive.

Mesmo sem ver pelos olhos, eu ainda conseguia ver pelos pés.

Detesto ter nascido em uma época em que todo mundo projeta tudo.

Acabo perdendo um pouco da noção de espaço, eu só andava encarando meus pés e perdia na minha mente, lembrando de sonhos com o mar que, inexplicavelmente, pareciam pesadelos.

De repente, tudo escureceu eu as risadas ficaram para trás, mas eu ainda estava consciente, para falar a verdade, ainda mais do que antes, por que agora, eu sei o que está acontecendo no mundo real, não na minha mente.

Eu estava em um beco, vazio, húmido e silencioso. O típico pesadelo de uma criança normal.

Não eu.

Isso me fez esboçar um sorriso.

Eu estava com uma bolsa no ombro, estava visivelmente cheia com coisas de valor e moedas pelo som que fazia, mas eu não precisava me preocupar em ser roubada, qualquer suspeito que chegasse perto de mim, vai sentir como é pisar em um lego com o queixo.

Aquela rua não parecia ter fim, mas não me incomodou, a única coisa que conseguiu me incomodar foram os pingos que caiam das roupas no varal.

– Sai do meu caminho!!- gritou um garoto com aparência pobre que corria.

Poucos segundos depois, um homem virou a esquina gritando para o menino parar.

Aquela clássica sena de filme onde era para eu parar, ajudar o menino e pagar pelo o que foi roubado.

Mas me lembro bem de uma das poucas aulas que fiz na vida em que uma única palavra mudou tudo.

Ele não é um menino DE rua, ele é um menino NA rua, que indica localização, não qualidade. Se ele está aqui, deve ser por que alguém o deixou aqui.

Bloqueio a passagem dos dois, agora um meio termo não é possível.

Vejo que, o que o menino pegou não era pão que eu achei que fosse, mas papel e lápis, olhando de novo, ele não parecia estar com fome.

– Por que... você roubou... LÁPIS???- grito.

– Mo-ça... eu ainda estou tentando aprender...

Eu tinha achado que minha dó saíra com aquelas lágrimas de ontem.

Errei de novo.

– Quanto ele deve?- pergunto ao vendedor.

– Nada...

E ambos seguem direções divergentes.

Não entendo mais humanos, mesmo sendo um.


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