Não gostei da idéia de termos que nos mudar de Forks, afinal lá estavam todos os meus amigos de La Push e o vovô Clarlie. Coitado do vovô, ele estava tão perturbado com o meu crescimento precoce! Em poucos anos eu estava parecendo irmã da minha mãe. Mamãe disse que ele não poderia saber o que somos de fato, para sua própria segurança. Depois de suplicar e chorar tanto, convenci meus pais a levar Jacob conosco; ele me faz sentir bem como quase ninguém faz, sem falar que não consigo nem imaginar a idéia de ter que ficar longe do meu melhor amigo. Jacob aceitou meu convite sem demora, embora eu o levasse nem que fosse a força.

Quando chegamos a Washington - um lugar tão chuvoso quanto Forks - Jake teve de morar numa casinha que ficava a 80km da nossa, meu pai disse que o cheiro dele era algo que eles não poderiam suportar o dia todo, sempre achei isso uma bobagem. Pois para mim, Jake possuía o mais belo dos aromas, amadeirado e suave! A principio fiquei furiosa com isso, pois queria que o meu amigo estivesse ali, perto de mim. Mas ele me convenceu que era melhor ficar um pouco distante, já que pra ele o cheiro dos vampiros também não era algo muito agradável. 

Nos matriculamos na escola secundária para mantermos nossos disfarces como seres humanos comuns. Emmett e Rosalie seriam veteranos, Edward, Bella e Alice do segundo ano, eu e Jake somos do terceiro ano – Foi difícil pro meu pai aceitar que eu e jake ficaríamos juntos em todas as aulas, mas Jacob era grande demais pra se passar como um aluno do segundo ano e eu não queria deixa-lo sozinho, quer dizer, eu não queria ficar longe dele!

No primeiro dia de aula, todos os olhares se voltaram para mim e minha família – como já era esperado –, todos comentavam a beleza incomum daqueles seres aparentemente perfeitos. Devo confessar que isso não me incomodou muito. Porém, as meninas babavam pelo Jake. Cochichando sobre suas patéticas fantasias com ele, com minha super-audição pude ouvir coisas que me fizeram ter vontade de pular na cabeça de cada uma delas e decapitá-las. Eu sentia uma pontada no peito toda vez que imaginava Jacob com outra garota, mesmo que fosse outro tipo de relação além da que nós tínhamos. Ao pensar isso, tive a impressão de ter ouvido meu pai trincar os dentes atrás de mim. Eu nunca entendi toda essa implicância que meu pai tinha com o Jake.

Uma das meninas que estava morrendo de amores pelo meu melhor amigo era uma tal de Thyfane – ouvi uma de suas amigas falar seu nome -, ela era linda embora não fosse uma vampira, tinha pele clara, cabelos loiros e curtos, magra com suas curvas bem delineadas, nariz fino - meio arrebitado - e os olhos azul piscina. Me senti rebaixada ao perceber o quanto ela era bonita, meu pai percebeu minha reação auto despreziva   e sussurrou que eu era mais bonita que qualquer garota ali, menos a minha mãe, é claro. Tentei confiar seriamente em suas palavras para não perder todo o astral. Logo que entramos na sala, a garota... A tal Thyfane veio falar conosco:

– Oi meu nome é Thyfane, e o de vocês?

– Renesmee Cullen e Jacob Black – Assim que falei o nome do Jake percebi que ela se derreteu toda, que patético! – pensei – Enfim ela disse:

– Oi Jacob! Gostaria muito de conversar com você, a sós, depois da aula. Seria possível?

– Meu Deus, que vadia! Mal nos conhece e já vai logo chamando o Jake pra conversar a sós após a aula – pensei comigo mesma.

– Não! – Respondi severamente e a fuzilando com os olhos

– Por quê? – Ela perguntou devolvendo meu olhar fuzilante.

Jacob estava sem ação, mas ao perceber que eu estava começando a me chatear, ele disse:

– Por que eu e a Renesmee temos uma almoço especial após a aula e não podemos nos atrasar.

– Vocês vão almoçar juntos? – Ela perguntou triste e decepcionada. Percebi o que ela quis dizer com isso e para eliminar qualquer esperança que ela tinha de se aproximar do Jake, um sim estava para "pular" da minha boca. Mas, Jacob foi mais rápido:

– Não! É um almoço para comemorar a chegada de um amigo nosso.

Essa mentira do almoço estava ficando cada vez mais difícil. - Pensei embaraçada com a situação.

A garota ficou alegre com a resposta de Jacob e insistiu:

– Então... Que tal amanhã?

Jake assentiu e ela saiu mais sorridente do que quando chegou.

A aula foi legal, embora eu soubesse mais do que o professor, pois já tinha estudado tudo aquilo quando tinha apenas quatro anos de idade. Quando o sinal tocou, fui ao encontro do Jake para irmos ao estacionamento. Ali, fui pega de surpresa com uma pergunta inesperada:

– Por que você não queria que eu conversasse com aquela garota?

– Que garota? - Me fiz de desentendida para não ter de confessar que estava com medo de perde-lo para aquela humana patética, mesmo que fosse de outra forma.

Jacob ficou pensativo, tentando lembrar o nome da loirinha sem graça.

- A Thyfane. - Disse de repente.

– Por quê? Você queria conversar com ela? Se quiser ir, pode ir! Eu não to nem aí. – Menti ao dizer que não me importava e com certeza ele percebeu. Sempre menti muito mal, meu pai uma vez disse que isso herdei de minha mãe.

– Você não respondeu minha pergunta – Jake insistiu no assunto, percebendo que eu não falava a verdade.

– Ah Jake! Eu apenas não fui com a cara dela, mas se você quer falar com a tal Thyfane, espere! Ela não marcou com você amanhã depois da aula?

– É! Eu sei, não deve ser nada importante mesmo. – Disse ele, inocentemente. O Jake sempre foi péssimo em reconhecer os flertes das garotas em cima dele. Parecia até estar "cego" devido a algum feitiço.

– Hunrrum, eu sei. – Disse insinuando que havia algo mais a dizer, o que deixou ele mais intrigado! Eu adorava a cara que ele fazia quando ficava assim, ele levantava uma de suas sobrancelhas e pensava distante, ele ficava tão fofo! – Agora vamos encontrar os outros.

Jacob assentiu e passamos pelo corredor, enquanto estávamos andando percebi que Thyfane mandou uma piscadinha pra ele. Ele lhe voltou um sorriso largo que me partiu o coração, na mesma hora agarrei o seu braço bem forte, lhe enviando imagens de eu e um enorme lobo correndo pela floresta mais próxima, ele me encarou e assentiu ao meu pensamento, dando-me seu sorriso de lobo que só ele sabia.