The Life escrita por Luc
31 de Dezembro, São Paulo.
Cada minuto a menos da meia-noite, mais um foguete ansioso era lançado ao céu, atingindo o véu escuro da noite e maquiando-o com suas cores.
Edgard olhara em seu relógio. Faltam menos de cinco minutos.
De dentro de seu apartamento, pessoas bebiam e dançavam, todas comemorando muito animadas à chegada do Ano Novo. Edgard, entretanto, parecia estar muito distante de tudo aquilo.
Da sacada, podia ver as pessoas amontoando-se na rua. E ao bater seu cigarro na beirada, vira as cinzas percorrem os doze lances de andares do prédio, sumindo entre a multidão branca de formigas que caminhavam pela Avenida Paulista.
O ranger da porta de correr sendo aberta, chamara-lhe atenção.
Edgard virou-se, e através do vidro vira Michelle.
Ela mantinha um sorriso no rosto, mas ele sabia que era vulnerável.
Ao pisar do lado de fora, o vento brincara com seus longos cabelos escuros.
– Você não pode dar uma festa e deixar de receber os convidados, sabia?
A música alta vindo de dentro do apartamento o lembrara das milhares de pessoas que estavam ali hoje.
– Eu não conheço nem metade das pessoas que estão aqui. – Edgard lançara o cigarro de sua mão pela sacada e voltara-se para encará-la.
– É verdade, esqueci que só eu tenho amigos.
A garota apoiara seus braços sobre os ombros dele, e o fitara. Esperando que o mesmo se aproximasse para beijá-la. E assim ele o fizera.
Ao tocar seus lábios, Edgard reconhecera o gosto de vodca.
Naquele momento tudo estava bem. Parecia bem. Mas ele sabia que era uma sensação efêmera. Quando o efeito do álcool passasse, todos os problemas, às angustias e inseguranças voltariam. A noite podia ser jovem, mas permanecia breve. E o dia seguinte ainda chegaria. E com ele, a partida de Michelle.
– A gente prometeu que não ia se preocupar com o amanha.
Ela sussurrara, apoiando a cabeça no peito do namorado.
– Você sabe que eu não consigo evitar...
E era verdade. Edgard parecia quase contente com sua infelicidade. Nunca sabendo exatamente como se expressar ou sentir, mas sempre encontrando-se envolto e corroendo, quase com gosto, os problemas de sua vida.
Sem mais palavras, Michelle segurara sua mão e o levara para dentro do apartamento, atravessando a multidão de convidados, em direção ao quarto. Onde se deitaria com ele, sobre a cama, por uma última vez.
De repente, ouviram-se gritos, e logo em seguida, diversos estrondos no céu. Edgard percebera que o ponteiro seu relógio finalmente tivera completado uma volta.
Era meia-noite.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!