Esses dias, eu tenho um monte de pensamentos

Esses dias, eu tenho tanta coisa para te dizer (esses dias)

— Sobre mim? — Deus, do que raios ele está falando?

Yifan dá risada, aquele tipo de risada gostosa de se ouvir, e então se aproxima de mim, e eu claro, me afasto, me afasto até bater no vidro da janela e não ter mais para onde ir.

— Sim, sua bobinha — seu hálito faz cócegas em meu rosto e seus olhos fitam demoradamente os meus, para só então se desviarem para meus lábios e se fixarem ali — Você.

No instante seguinte, tudo o que eu sinto é a pressão dos lábios de Yifan nos meus. Não por muito tempo, é claro, pois logo tratei de empurrá-lo. O que ele pensa eu está fazendo?

— Você predeu a noção do perigo?! — sim, gritei. Nem ligo se alguém me ouviu ou não, estou muito nervosa para pensar com clareza — O que raios foi isso?

— Eu te disse que mudei de opinião — ele falou calmamente, como se me contasse sobre como o dia está lindo hoje.

— Pois eu sugiro que volte a ter a opinião de antes. Meu Deus, Yifan, você tem namorada! — aperto minhas mãos, nervosa — Isso não está certo.

— Eu tenho por enquanto, vou tratar de fazer algo a respeito logo — ele diz e eu quase engasgo com o ar — Sem contar que, se eu não tomasse uma atitude rápido, eles fariam antes de mim.

"Eles?" Será que ele está falando dos meninos? Argh! Isso tudo não está certo.

— Nem pense em terminar com sua namorada por minha causa! — o olho brava e ele me fita um pouco confuso — Não quero saber que acabei com o relacionamento de alguém indiretamente.

— Não sei tem um relacionamento com alguém se você não ama a pessoa — Yifan dá um daqueles sorrisinhos metidos como se tivesse proclamado a independência do país.

— Aish, você tem noção do que está falando?! — questiono, ficando ainda mais irritada — Em contos de fadas o amor inspira a ser nobre e corajoso...

— Isso não é um conto de fadas.

— Me deixa terminar de falar? — reviro os olhos — Mas na vida real, o amor é só uma desculpa para ser egoísta, traidor, mentiroso. Exatamente como você está sendo agora. Não use o amor como uma desculpa para trair sua namorada. Agora me leve logo daqui, antes que eu vá andando.

As bochechas de Yifan ficaram rosas, talvez — eu espero — por ter se dado conta de que estava fazendo uma burrada. Sinceramente? Não ligo se ele termina ou não com a namorada dele desde que eu não seja o motivo do termino. O caminho até a casa de Jongin foi silencioso, mas isso acabou quando o mesmo entrou no carro e logo depois Sehun, aparentemente, o arco-íris tinha dormido na casa do amigo.

— Vocês estão tão silenciosos...— Jongin comenta — Tá tudo bem?

— Claro, por que não estaria? — digo e ouço a risada de Sehun — O que foi?

— Delicada como sempre, Alexia — ele responde e ouço um resmungo incompreensível de Jongin.

— Por que vocês não ficam quietinhos um pouco? Eu só quero escutar música.

Aumento o volume do rádio e os meninos atrás ficam quietos. Graças a Deus. Chegamos rapidamente na escola e eu não esperei que eles descessem do carro para me acompanhar, segui sozinha e acabei esbarrando em Hyun sem querer.

— Wow, já é quarta feira — ela se apoiou em mim e começamos a caminhar juntas — Já está na metade da semana e eu me sinto cansada, isso não devia estar certo.

— Cansada? De fazer o que, dar uns amassos no Jin? — questiono e Hyun da uma risadinha.

— Por favor, não diga coisas assim — Hyun encobre seu rosto com as mãos — Não é como se eu só ficasse dando uns amassos nele.

— Aham, sei — digo, fazendo cócegas nela que se contorce de rir — Depois que ficou apaixonadinha, não consegue ficar longe do crush.

— Aish, aish, para — Hyun continua rindo quando entramos na sala de aula — O que significa "crush"? Eu não entendi o que você quis dizer.

— Crush é o garoto ou garota por quem você sente atração, de quem você gosta, entende? — Hyun confirma com a cabeça e então sentamos nos nossos lugares — No seu caso, é o Jin.

— Aaaah — ela faz uma expressão fofa pensando e então abre um sorriso malicioso — Entendi. No seu caso, o crush é o Sehun, não é?

Se eu estivesse tomando algo agora, provavelmente teria cuspido tudo em Hyun. Como é que ela fala uma coisa dessas? Não consigo nem responder e sinto meu rosto quente.

— Vou tomar esse seu silêncio como um sim — ela morde o lábio, tentando segurar o riso.

— Espera, não é bem assim...— tento dizer algo mas a professora de biologia chega antes que eu possa continuar minha fala, mandando todos ficarem quietos.

Ótimo. A última coisa que eu preciso é de alguém achando que eu gosto de Sehun. Suspiro e pego minha apostila na bolsa, focando no que a professora começa a dizer.

Eu me sinto estranho, eu não estou falando tanto

Meus amigos estão todos preocupados (esses dias)

Meu coração dispara só quando eu estou sua frente

Então, eu sinto muito por minhas ações desajeitadas

— Hey, Alexia! — ouço meu nome ser chamado. Olho para trás e vejo Tao correndo com um enorme sorriso no rosto até mim, mas por algum motivo estranho, ele acaba caindo na metade do caminho.

— Omo! Coitado! — Yoora, que chegou apenas na segunda aula e agora está sentada comigo e Hyun na mesa mais afastada do refeitório durante o intervalo, disse.

— Aigoo, minha bunda dói — Tao choramingou quando chegou perto de nós e sentou-se ao meu lado — Me desculpe por você ter visto essa cena estranha, o chão estava molhado.

— Não esquenta com isso, Tao — digo, observando a fofura que exala dele. Tao evita olhar nos meus olhos e mexe na caixinha de suco em cima da mesa, com um adorável beicinho nos lábios — O que você quer falar comigo?

Como se eu tivesse falado a melhor coisa do mundo, ele levantou seu olhar, um enorme sorriso nos lábios deixando seus olhos em fendas, como de um felino fofo.

— Eu só queria saber se o nosso encontro ainda está de pé — ele diz, as bochechas ficando avermelhadas.

— Claro que sim. Por que pensou que não estaria? — questiono e ele olha mais uma vez para baixo, dessa vez mexendo uma mão na outra. Tao suspira e então me olha com a cara de um cãozinho abandonado na mudança.

— ÉqueminhaommanãomedeixouireeuovidizerqueoJongintedisseisso.

— Como? — tento não rir, mas não consigo. As bochechas de Tao ficam ainda mais vermelhas, mas o que posso fazer? O garoto disse a frase tão rápido que não entendi uma palavra.

— Aigoo, é tão difícil falar essas coisas — ele morde o lábio inferior e mais uma vez, suspira — Minha omma meio que não me deixou sair com você...

— Meio? — dou risada — Ela deixou ou não deixou?

— Não deixou, mas esse não é o problema realmente — Tao continuou com aquela expressão de cachorrinho — Eu ouvi dizer que o Jongin tinha descoberto isso e te contato e que você...Que você tinha me achado zoado por isso e que nunca mais ia sair comigo!

Meus olhos se arregalaram assim como os de Hyun e Yoora, eu sei porque troquei um olhar com elas assim que Tao terminou de me contar o que queria contar. Como assim eu nunca mais iria sair com ele? Que história mais mal contada é essa?

Eu ainda não posso controlar isso

Por favor, não brinque comigo

Por que você continua na frente?

Eu não sei, eu não sei o que vai acontecer

— Tao, calma — segurei as mãos dele e eu soube que teria toda sua atenção — Eu nunca soube de nada. Na verdade, acho que nem o Jongin sabe, e eu nunca te zoaria por causa disso, quero dizer, sua mãe deve ter suas razões mesmo que você já seja quase um adulto e possa sair sozinho sem precisar de alguém mais velho.

— Aigoo, você deve estar me achando um bebê que precisa de babá! — seu beicinho aumentou e ele piscou os olhinhos. Dei risada e aproximei nossas mãos do meu rosto, roçando-as de leve — É que minha mãe insiste em conhecer todos as pessoas com quem eu pretendo sair, principalmente se for uma garota! Você não sabe como foi difícil convencê-la a me deixar participar da minha banda.

— Ah, eu entendo, pais podem ser super protetores as vezes, mas é para o seu bem — solto suas mãos e bagunço seu cabelo — Não fica chateado, se o problema é conhecer sua mãe, eu posso passar na sua casa sábado?

— Você gostaria de ir? Mesmo...Mesmo tendo que conhecer minha mãe?

— Por que não? Você me convidou para sair, o local realmente não importa, não é? — Tao assentiu com a cabeça rapidamente e eu ri — Bem, acho que posso passar lá pelas 14:30 então?

— Claro, pode sim! — Tao riu, se aproximou de mim e deixou um beijo estalado na minha bochecha direita — Obrigada por isso, Alexia. Você é tão legal quanto aparenta.

— Que isso, sem problemas — continuo sorrindo mas percebo que deixei algo passar — Tao, quem foi que te disse essas besteiras?

— Quem me disse? — ele piscou os olhos e levou a mão a cabeça, para coçá-la — Ah! Foi a Min-suh. Ela me disse isso assim que cheguei na escola. Eu achei que era verdade porque, bem, porque o Jongin vive dizendo que vocês são bem amigos.

— Ele o que?! — minha voz se elevou e as meninas riram — Aish, que garoto! Não acredite nas baboseiras que ele diz, Tao, esse menino não sabe de nada.

— Oh, bem, se você diz...— ele dá de ombros, ainda com um sorriso no rosto — Bem, eu só vim dizer isso agora, eu já vou embora.

— Okay, não se preocupe com nosso encontro no sábado — observo o garoto se levantar num pulo e começar a voltar de onde veio, mas por algum motivo, ele começa a correr — Tao, cuidado para não ca....!

Tarde demais. O tombo dessa vez é pior do que o outro, pois Tao acaba por dar um encontrão em Kyungsoo que empurra Jongin que cai em cima de Sehun, isso tudo com Tao caindo de bunda no chão — novamente — após dar um encontrão em Kyungsoo.

— Ai meu Deus! — nem tento segurar a risada, dou uma gargalhada tão alta que as pessoas ficam indecisas entre olhar o monte de garoto no chão e a mim.

Então, o que eu quero dizer é, eu quero saber tudo de você

Eu vou cantar para você, eu vou cantar para você 

Mesmo que meus lábios estejam secos, preciso dizer isso, baby

Eu adoro você, eu adoro você, o suficiente para ficar tonto

(Adoro você) nos dias de hoje. Eu (esses dias)

(Adoro você) nos dias de hoje, Eu (esses dias)

Depois do desastre que foi o intervalo, tive uma aula de geografia, uma de história — em que foi muito entediante e que quase dormi, mas também, quem é que não dormiria com aquela professora? — e então, finalmente, a última aula. Que por acaso, era de Bom.

— Ah, Bom unnie está demorando tanto para chegar, não acha? — no momento em que Yoora me faz essa pergunta, Bom entra na sala de aula carregando sua bolsa com um Taehyung atrás carregando uma pilha de papéis.

— Taehyung, querido, obrigada por me ajudar — Bom diz assim que Taehyung põe os papéis em cima de sua mesa e então, dá um tapinha no ombro do rapaz.

— Não tive muita escolha, né...— ele diz e a maioria da sala dá risada. Bom revira os olhos para o menino e o expulsa "carinhosamente", depois que ele sai, ela tranca a porta.

— Hoje não vamos ter aula — a sala comemora e Bom ergue um dedo, pedindo silêncio — Me deixem terminar, não vamos ter aula porque vamos começar os preparativos o festival do final do mês, estão lembrados? Bem, caso não estejam, apenas se lembrem de que isso está valendo um passeio e como eu disse antes, eu quero viajar — dou risada e Bom olha para mim, dando uma piscadela — Shiu! Prestem atenção. Estava tudo certo, a nossa sala iria ficar com a parte da comida e bebidas e seriamos um café de maids, mas aconteceu um problema...

— Que problema, professora Bommie? — o representante da sala perguntou, um tal de Jung Hoseok se eu me lembro bem.

— Aquele irritante professor de física que vocês adoram amar resolveu entrar na parada também — Bom estalou a língua no céu da boca e cruzou os braços — Ele pegou a sala do terceiro B para ser o responsável e achou que seria justo que as duas salas tivessem o mesmo tema, afinal, "é tudo terceiro ano".

O coro de "aaaaaaaaaaaaah" na sala foi alto e em menos de alguns segundos após a noticia, todos já começaram a falar ao mesmo tempo.

— Pessoal, atenção! Vamos esperar a professora terminar de falar, sim? — Hoseok se levantou, gritando, e num passe de mágica, todos ficaram em silêncio.

— É uma coisa ruim ficarmos com o mesmo tema? — sussurro para Hyun que está sentada atrás de mim e antes que ela possa responder, Bom já recomeça a falar.

— Para quem não entendeu a situação, vou explicá-la melhor — Bom senta-se em cima da mesa, ainda com os braços cruzados e suspira — Nós vamos perder para eles. Nem adianta fazer essa cara Na-ri, é a verdade, e vocês sabem o por que? Eles tem Do Kyungsoo com eles.

Encaro Bom confusa. O que isso tem a ver com ganhar ou não a competição? O ganhador não seria a sala que mais conseguisse dinheiro?

Como você pode ofuscar tanto?

Você é tão bonita que é egoísta, mas a sua personalidade é tão humilde 

— Hmmm, professora, desculpa, mas eu não estou entendendo — digo e sinto os olhares de todos em mim.

— É que você é nova aqui, Alexia — Bom diz — Não deve saber que quando Do Kyungsoo está na competição, é quase vitória certa para ele se tratando de comida. O garoto é um gênio na cozinha, faz os melhores doces que já comi na vida. Dong Wook insistiu que a sala dele também tivesse esse tema só porque ele sabe que pode ganhar com Kyungsoo, a realidade é que ninguém viria para cá se tem comida muito melhor na outra sala.

— Wow, mas não é como se ele fosse tão bom assim — comento e a sala fica em silêncio — ele é tão bom assim?

— Comer a comida dele é a mesma coisa que estar no céu — Min-suh diz, se virando para me olhar. Abre um sorrisinho superior que me dá vontade de esfregar a cara dela no asfalto — Não me admira que nunca tenha comido algo dele.

— Ela é nova aqui, Min-suh, dá um tempo para a menina — Hoseok diz, revirando os olhos.

—Sim, Min-suh, dá um tempo para a menina — Bom diz e Min-suh faz uma careta de insatisfação — Bem, eu vim aqui dizer uma coisa para vocês: eu não quero e eu não vou perder esse ano. Então acho melhor a gente bolar algo melhor do que a comida incrível do Kyungsoo para ganhar essa viagem.

— A gente podia fazer um tipo de restaurante maid com música. Tenho certeza de que isso atrairá muitas pessoas — Yoora diz e até que não é uma má ideia.

— Mas alguém sabe cantar aqui? — Bom questiona e a sala fica em silêncio — Gente, não adianta vocês me darem ideias que não deem para ser aplicadas aqui.

— O Sehun poderia cantar — Min-suh sugere e Sehun fica rosado.

Esse não é o lugar para brincar

Eu estou anunciando o fato sobre seus encantos

Será que é porque eu gosto de como você sorri para mim?

Ou talvez eu apenas pareça engraçado

— Eu só sei fazer rap, quem canta mesmo é o D.O — Sehun diz, dando de ombros. A sala inteira geme em sintonia e até mesmo algumas bolinhas de papel são jogadas contra Sehun.

— Não me interessa se o Kyungsoo sabe ou não cantar — as bochechas de Bom incham igual a um baiacu — Esse menino, ele é o que agora? Sabe fazer tudo! E vocês nem ao menos sabem cantar, aish. Eu só não canto porque os professores não podem participar do evento em si, só ajudar na preparação.

— Nós poderíamos fazer algumas comidas diferentes, — comento — eu passei um tempo na França e nos Estados Unidos, sei fazer coisas típicas de lá, poderíamos incrementar no menu.

 — Essa é uma boa ideia, Alexia — Hoseok diz e então começa a estalar os dedos — mas precisamos de mais coisas do que isso, algo que chame a atenção de todos.

— Poderíamos fazer uma apresentação de dança! Para chamar a atenção de todos. Uma dança em casal, ia chamar ainda mais atenção — Hyun diz e todos param para prestar atenção — Acho que ficaria legal o Sehun dançando com a Alexia, como os dois já tiveram aula de dança, ia ficar bem incrível se eles treinassem algo.

— Wow, eles poderiam dançar aquela música da BoA — Hae-won, a vice presidente da sala, disse.

— Anya! Eles deviam dançar aquela música Troublemaker do Troublemaker, ou então a Now — Hyun discorda e a falação  na sala de aula cresce, cada um discutindo sobre o que devíamos dançar.

Não soube o que fazer, apenas fiquei olhando para Sehun que me encarava de volta, tão chocado com tudo isso quanto eu. Ele suspirou e então moveu os lábios em uma pergunta muda "Você quer fazer isso?".

Yeah, se você encontrar um local

Yeah, ao meu lado é bom

Yeah, eu tenho muito interesse em você

Até mesmo no tamanho do seu sapato

— Hey, essa não é uma má ideia — Bom sai de cima da mesa e um sorriso começa a se formar em seus lábios — Na verdade, essa é uma ótima ideia! Todos viriam para a sala por causa das apresentações, porque não pode ser só uma, e ai aproveitariam e comeriam aqui — Bom bateu palmas e deu uns pulinhos, causando risos em alguns alunos — Sehun e Alexia, vocês concordam com isso, não é?

— Eu não sei.

— Isso pode não dar certo — Sehun diz.

— Quem bom que concordaram, comecem a ensaiar alguma dessas músicas que andam fazendo sucesso, tem que ser pelo menos duas, okay? — Bom respira fundo e então espira, sorrindo ainda mais — Que bom que resolvemos isso. Agora quanto aos enfeites daqui, vamos precisar de um grupo para cuidar disso, um grupo para cuidar da comida e quem vai ficar como maid e mordomo.

— Professora, vem aqui — chamo Bom que vem ao meu encontro logo — Eu não quero fazer isso! Por que não escolhe outra pessoa?

— É mentira, o Sehun é o crush dela por isso que ela está assim — Hyun sussurra para Bom que só falta pular em cima de mim de alegria.

— AHA! Seu crush?! Eu sabia, sabia que você tinha algo com aquele menino — Bom dá um tapinha no meu ombro, sorrindo de forma maliciosa — Você não é mole não, hein.

— Ele não é o meu crush — digo seriamente — Eu nem tenho um crush! Só não quero fazer isso mesmo.

— Aham, sei — Bom revira os olhos — Por favor, Alexia, não seja tão cri cri uma vez na sua vida. O que custa fazer uma dancinha com o Sehun? Além do que, se você não tem nada com ele, não vai ligar de fazer isso pelo bem da turma. Você também quer ir nessa viagem, não quer?

Olho para Bom e Hyun que estão sorrindo como se isso tudo fosse a coisa mais legal do mundo. Suspiro e concordo sem dizer nada. Como é que eu vou parar no meio dessas coisas?

Estou pegando fogo agora por sua causa

É impossível me acalmar

Estou pegando fogo agora por sua causa

Eu não sei, eu não sei, isso vai acontecer de alguma forma

Graças a Deus, a aula de Bom acabou rápido e com isso, o fim do meu tempo de permanecer na escola. Não esperei Hyun ou Yoora terminarem de guardar suas coisas para sair da sala, estou muito brava com as duas. Bem, mais com Hyun do que com Yoora. Por que ela acha que Sehun é o meu crush? Argh, que coisa absurda de se dizer, eu não tenho crush e se tivesse, não seria o Sehun.

— Ah! — trombo de cara com o peitoral de alguém. Me afasto da pessoa, esfregando meu nariz e percebo Kyungsoo me olhando preocupado — Ah, não tinha te visto.

Dou a volta nele e continuo fazendo meu caminho, mas aparentemente isso não foi um "não quero conversar agora" muito claro, pois o menino veio atrás de mim.

— Alexia, você está bem? Me desculpa, eu acabei não vendo você também — ele diz, segurando meu pulso para eu parar de andar.

— Eu to bem, obrigada, agora me solte que eu tenho que ir embora andando e sozinha dessa vez — comento, abrindo um sorriso forçado.

— Você vai embora sozinha? — Kyungsoo ergue as sobrancelhas quando pergunta e sua boca forma um 'O' fofo, já que seus lábios são enormes — Por que não vem comigo? Eu vou de carona com Luhan.

Encaro Kyungsoo. Será que todos aqui tinham carona com alguém? Eu até iria embora com Hyun e Yoora, se não estivesse brava com Hyun, também não vou embora com Sehun e Jongin porque não quero ver Yifan tão cedo e ir embora parece ser um pouco chato. Talvez se Tao me der uma carona...

— Até que eu iria, mas fiquei de pegar carona com Tao.

— Com o Tao? Mas ele já foi embora.

— Droga — resmungo, observando Kyungsoo franzir o cenho e minha desculpa ir por água a baixo.

— O que?

— Nada não — espero que ele não tenha me ouvido resmungar.

— Então, já que ele não vai te dar uma carona, aceita a minha? Eu devia perguntar para Luhan primeiro, é claro, mas tenho certeza de que ele não vai se importar.

— Eu acho que vou...— quer saber? O que de mal me aconteceria nessa carona? Nada demais, é até melhor ir de carro do que a pé — Vou com você sim, o Luhan vai demorar para chegar?

Então, o que eu quero dizer é, eu quero saber tudo de você

Eu vou cantar para você, eu vou cantar para você 

Mesmo que meus lábios estejam secos, preciso dizer isso, baby

Eu adoro você, eu adoro você, o suficiente para ficar tonto

(Adoro você) nos dias de hoje. Eu (esses dias)

(Adoro você) nos dias de hoje, Eu (esses dias)

A cara de surpresa de Luhan ao me ver foi impagável. Sentei ao lado de Kyungsoo no banco de trás e tanto ele quando Luhan começaram a cantar uma música desconhecida durante o caminho. Bem que Sehun disse que Kyungsoo tinha uma boa voz, tão boa quanto a de Luhan, devo dizer que fiquei um pouco impressionada com os dois.

— Então, como anda a escola, Alexia? — Luhan diminui o volume do rádio quando começou a falar.

— Ah, tá indo bem — sabe quando aqueles parentes chatos começam a te questionar as coisas? É isso o que parece agora. Mexo-me desconfortavelmente no banco — Tudo normal.

— Nós vamos ter o festival no final do mês, se você quiser ir.

— O festival? Ah, isso vai ser divertido, — Luhan ri — com toda a certeza eu vou. Qual é o tema da sala de vocês?

— Comida e bebidas. Nossas salas ficaram com o mesmo tema — Kyungsoo diz e ri — Mas é claro que minha sala vai ganhar.

Olho para ele, incrédula. Ele está falando sério?

— Só nos seus sonhos né, minha sala que vai ganhar — não, eu não sou lá muito competitiva. Mas algo me fez falar isso, talvez seja o modo como Kyungsoo já se gabou da vitória sendo que nem venceu ainda.

— Wow, estou vendo que esse ano vai ser bem divertido para vocês, hein — Luhan ri e Kyungsoo cerra os olhos para mim.

— Você acha mesmo que pode me vencer? Não sei se sabe, mas eu sou um expert quando o assunto é cozinhar.

— Fiquei sabendo — digo e abro meu melhor sorriso convincente — Mas isso não significa muita coisa, não comigo na jogada.

Luhan soltou um assobio e Kyungsoo cruzou os braços, lambendo rapidamente os lábios.

— Se você acha que pode ganhar assim, então vamos apostar.

Opa, terreno perigoso esse. Nem percebi que já tínhamos chegado e o carro já estava estacionado em frente a minha casa até Luhan anunciar isso. Ignorei o que ele disse e me concentrei em Kyungsoo.

— Apostar? O que você tem em mente?

— Se sua sala ganhar...— ele abaixa os olhos e parece pensar um pouco, então, olha para mim, seus olhos brilhando — Eu viro seu escravo por uma semana.

— Meu escravo? — minha voz sai mais fina que o normal e eu tusso um pouco para fazê-la voltar a ser como antes — O que eu ganharia com isso?

— Você poderia me pedir qualquer coisa que eu faria.

— Qualquer coisa mesmo? — questiono. Isso não deve ser uma coisa fácil de se propor.

— Sim, qualquer coisa — um pequeno sorriso começa a parecer em seus lábios.

— Mas se sua sala ganhar, o que você ganha? — essa com certeza é a parte mais complicada. Eu não quero ser escrava de ninguém por uma semana.

— Um encontro. Não uma saída qualquer, mas um encontro mesmo, desses de casais. Um dia todo para um encontro.

Você pode confiar em mim

Você pode cobrir a sua dor comigo

Me diga como você se sente

Eu não consigo descobrir isso

Não posso mais fingir isso

Aumente a velocidade

Pare de jogar duro para conseguir

Agora, me deixe chamá-la

Poxa! Será que todos querem um encontro comigo? Balanço a cabeça, ignorando esse pensamento. Um encontro, não é algo difícil de fazer e é bem melhor do que ser escrava por uma semana.

— Feito — digo e ouço Luhan se engasgar com a água que estava bebendo não sei da onde — Luhan, você está bem?

— S-Sim, só me engasguei um pouco — ele diz após tossir e respirar fundo.

— Então está feito — Kyungsoo obtém novamente minha atenção e ergue sua mão para mim — É só apertar para firmamos a aposta.

Ergo minha mão e aceito seu aperto. Kyungsoo possuí um aperto forte, bem másculo — algo que eu não esperava —, e antes que eu possa soltar sua mão, ele me puxa para si e dá um beijo em minha bochecha.

— Até amanhã, Alexia.

Confesso que fiquei um pouco balançada com esse lado de Kyungsoo. Disse até mais para ele e sai do carro, com Luhan atrás de mim. Não pensei que aquele garotinho que eu conhecia, todo tímido e o garoto que pediu por minha amizade ontem se transformaria nesse rapaz convencido!

Parei na frente da porta da minha casa, pois Luhan disse que queria me falar algo.

— Se precisar de algo para o festival, é só falar, prometo te ajudar em qualquer coisa.

— Por que diz isso?

— Não quero que o Kyungsoo ganhe essa aposta — Luhan diz isso com um leve sorriso no rosto — Você merece mais do que o primeiro encontro com um rapaz na Coreia através de uma aposta.

— E quem proporia um encontro melhor? — questiono — Você?

— Quem sabe? — ele ri e me puxa para um abraço — Até qualquer dia, Alexia. Sempre que quiser uma carona, não hesite em pedir. E se precisar de ajuda em qualquer coisa, pode contar comigo.

Não o abraço de volta pois estou muito chocada para fazer algo. Ou talvez seja porque o perfume que Luhan usa é muito cheiro e me deixa entorpecida. Não sei direito, só sei que ele me dá um beijo na testa, bagunça meu cabelo e começa a voltar para o carro, sem antes deixar de gritar — é claro — um "Se cuida!".

Observo o carro ir embora e balanço a cabeça.

— Ainda vou ficar louca com tudo isso — resmungo comigo mesma e abro a porta da sala.

Baby, você é meu anjo, 

eu quero saber tudo de você

Eu vou cantar para você, eu vou cantar para você 

Mesmo que meus lábios estejam secos, preciso dizer isso, baby

Eu adoro você, eu adoro você, o suficiente para ficar tonto

(Adoro você) nos dias de hoje. Eu (esses dias)

(Adoro você) nos dias de hoje, Eu (esses dias)