Ichiraku escrita por EuSemideus


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Oi... Eh minha primeira fanfic nessa categoria, então espero não ter feito nada de errado. Ela eh baseada em uma das finalizações do Anime q eu amei a primeira vista. Espero que gostem!



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Ichiraku

O sol se punha no horizonte e, aos poucos, cedia seu lugar a lua, rainha da noite. Viam-se crianças correndo para suas casas por conta do anoitecer, lojas fechando ao fim de um longo dia de trabalho e maridos chegando em seus lares cansados, recebendo um beijo da esposa e abraços dos filhos.

Konoha era realmente um belo lugar para se morar, principalmente em tempos de paz como aquele. O clima era agrável, mantendo-se razoavelmente quente no verão e embelezando a paisagem com o branco da neve no inverno, sem deixar o frio insuportável. A população, no geral, se mostrava acolhedora e misericordiosa. Além do policiamento local, praticamente infalivel, comandado pelo clã Uchiha.

O único que parecia completamente alheio àquele momento era o hokage, que, concentrado em seus afazeres, lia mais um documento da imensa pilha a sua frente, ponderando se seria certo assina-lo. Só notou que a noite caíra quando quando sua vista começou a arder, protestando pelo esforço.

O loiro coçou os olhos e olhou pela janela, suspirando. Recostou-se em sua cadeira e respirou fundo, escondendo as íris azuis por baixo das palpebras. Os músculos, até então contraídos, relaxaram e o coração diminuiu o ritmo de suas batidas, acalmando seu dono.

Ser hokage, principalmente ainda tão novo, não era fácil. As responsabilidades pareciam aumentar a cada dia, sem falar que muitas vezes a capa branca sobre seus ombros parecia ter peso extra, mostrando o quanto suas decisões influenciavam a vida de todos na vila. Não que estivesse reclamando, longe disso. Aquele era, literalmente, um sonho cultivado desde sua infância sendo realizado. Amava seu trabalho. Era difícil, não ruim.

Passou os dedos pelos cabelos loiros, sem se importar em bagunça-los, e sorriu. Lembrava-se com clareza de como ficara feliz e surpreso quando recebeu a proposta para tomar o posto de Kage. Ainda estava abalado por conta do que acontecera a seu time, ainda se culpava por tudo... Então o Sandaime o convocara para uma reunião. O assunto era algo que o deixou sem palavras de início. Um convite para se tornar o Yondaime Hokage.

Então, lá estava ele. Como rosto esculpido na montanha dos Hokages e sentado à mesa de, talvez, a sala mais importante da vila. Adorava participar das decisões importantes de Konoha e ser capaz de mudar o que achava necessário, além de que o carinho da população era revigorante. Porém, mesmo sendo um homem calmo e organizado, toda aquela burocracia pouco lhe agradava. Preferia mil vezes estar cara a cara com os problemas ou com o povo.

Ouviu o canto dos grilos ao longe, juntando-se com as cigaras em uma sinfonia natural e um tanto bela. Levantou-se da cadeira em um impulso. Já bastava de trabalho por aquele dia. Estava desde o início da manhã naquele escritório. Seu estômago já protestava e a vontade de voltar para casa praticamente o dominava.

Deixou a sala a passos rápidos e despediu-se brevemente de sua secretária, saindo do prédio pricipal da vila. O frescor da noite o atingiu de tal maneira que o fez sorrir e, à passos rápidos, tratou de tomar o caminho de casa.

Cumprimentava as pessoas que via na rua com um aceno ou um breve "Olá". Adimirava o movimento noturno da vila. Os pequenos bares estavam apinhados de ninjas e civis e os restaurantes a todo vapor.

Quando passou pelo Ichiraku sentiu o cheiro de ramen invadir suas narinas e suspirou. Quem sabe conseguisse convencer Kushina... Sorriu abertamente, parando no meio da rua. Por aquilo valeria à pena usar o shusin para chegar mais rápido em casa, pensou enquanto fazia os selos e aparecia dentro de sua residência, de costas para a porta de entrada.

- Tadaima!* - anunciou tirando os sapatos e subindo o degrau que separava aquela parte do resto da casa.

Antes mesmo que pudesse tirar a capa, ouviu um "Okaeri*!" e tudo o que viu em seguida foi um borrão vermelho e braços envolvendo seu pescoço. Sorriu e retribuiu o abraço. Kushina sempre fora daquele jeito, nunca reprimira o que sentia e contato físico não era problema algum para ela. Era certo que nos dias que haviam se passado ela estava mais carinhosa do que o normal, mas Minato não podia reclamar. Os abraços de sua esposa o deixavam com uma sensação reconfortante de lar e seus beijos o enchiam de felicidade.

Kushina se afastou vagarosamente e sorriu. O loiro olhou nos olhos acinzentados da mulher e passou os dedos pelos cabelos vermelhos que ele tanto amava. Quanto tempo não a observara escondido? Amara-a em silêncio, temendo uma má recepção se aproximasse-se? Muito. Ainda lembrava da dor no coração que sentira quando soube que ela havia sido raptada e da felicidade ao encontra-la bem. Depois daquilo, aos poucos, ela abrira a guarda, aproximara-se. Apaixonara-se. E lá estavam eles, anos depois, casados.

Cerrou os olhos quando os lábios da ruiva tocaram os seus, retribuindo o beijo e o levando para outra realidade. Estava levemente ciênte quando ela soltou sua capa, fazendo-a escorregar por seus braços, retirando-a, e desamarrou sua bandana, deixando os cabelos loiros caírem na testa.

- Como está? Parece cansado - perguntou Kushina ao se afastar dele, ocupando-se de abrir o colete que o mesmo recebera quando se tornara chunin.

- O cansaço faz parte do trabalho - explicou ele, deixando os braços soltos para que ela terminasse de tirar a peça e sorriu ainda mais. Não se cansaria tão cedo dos mimos que andava recebendo nos últimos dias - Mas no todo, estou bem.

Um barrulho os interrompeu e Minato sorriu amarelo.

- Talvez com um pouco de fome - disse rindo e colocando uma das mãos na parte de trás da cabeça.

Kushina revirou os olhos e virou-se, colocando as roupas no cabide bem em frente à porta. Minato, subitamente, lembrou-se do acontecimento daquela manhã e ficou sério.

- E você, como está? - perguntou preocupado.

Viu o corpo da mulher a sua frente enrijecer. Certamente ela notara a mudança repentina em seu tom de voz.

A ruiva virou-se e colocou as mãos na cintura.

- Estou bem, dattebane! - respondeu parecendo brava - Não foi nada demais! Já disse para não se preocupar com isso!

Minato suspirou, sabendo que a esposa não aceitaria mais nenhum questionamento. Não poderia "não se preocupar" sabendo que ela desmaiara na sua frente aquela manhã e teria ido ao chão se ele não a tivesse segurado.

- Bem, então vamos a janta - Kushina disse encerrando completamente o assunto - Ainda não preparei nada. O que quer comer?

"Queria mesmo era comer um...", sorriu, interrompendo o próprio pensamento.

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A noite estava fresca e agradável. As estrelas brilhavam, a lua dominava o céu e as luzes da cidade completavam aquele belo cenário.

Kushina segurava no braço do marido, tagarelando algo sobre seu dia, ao que ele sorria e ouvia com toda a atenção, achando graça na irritação dela ao comentar certos fatos.

A ruiva simplesmente amava a companhia de Minato. Acima de tudo, ele era seu melhor amigo. O maior confidente. Aquele que conhecia todos os seus segredos, sem exceção. E a recíproca era verdadeira.

Kushina sabia para onde estava sendo levada e estava feliz com isso. O sorriso nos olhos do marido quando ela aceitou a proposta pagava qualquer coisa, e também não era como se ela não gostasse da comida do lugar.

A ruiva calou-se ao avistar o letreiro do restaurante, adentrando-o calmamente. Um homem na casa dos trinta anos jazia atrás do balcão, cortando algo, concentrado. Ele levantou os olhos ao ouvi-los entrar e sorriu.

- Boa noite, Yondaime-sama. Kushina-sama - desejou fazendo uma pequena reverência.

- Boa noite, Teuchi-san - retribuiu Minato, sentando-se a frente do balcão e Kushina ao seu lado, que somente sorriu para completar o cumprimento.

- Vão querer o de sempre? - indagou o cozinheiro.

- Hai - responderam os dois ao mesmo tempo.

O casal se olhou divertido e Teuchi abriu ainda mais o sorriso.

Ao entregar uma tijela de ramen de porco para cada um, o cozinheiro parou e observou, como sempre fazia desde de criança.

Kushina sorriu para o prato e aspirou seu cheiro, colocando uma mecha de seus longos cabelos atrás da orelha. Claramente apreciava a comida, mas não era sua preferida.

Porém, com Minato, era diferente. O hokage abriu um grande sorriso ao fitar o interior da tigela e fechou os olhos, apreciando o momento. Respirou fundo, alargando o sorriso ao sentir o odor adentrando suas narinas e mostrou suas íris azuis, brilhando em antecipação.

- Itadaikimasu* - disseram os dois, começando a comer.

Enquanto Kushina era, inegavelmente, apressada, Minato era calmo e parecia apreciar cada mínima parte da refeição. Mas, apesar daquela calmaria, Teuchi sabia muito bem que o loiro, com tempo, poderia comer muito mais tigelas do que sua esfomeada esposa.

Teuchi não sabia ao certo quando vira Minato pela primeira vez em seu restaurante, mas tinha certeza que ainda era um menino que ajudava o pai quando o atual hokage visitou o estabelecimento pela primeira vez. O loiro era cliente frequente desde criança. Lembrava dele ali sozinho, com seu sensei e sua equipe. Com a ruiva quando ainda eram só amigos, então namorados e, por fim, marido e mulher. Também tinha lembranças dele com os três genins que treinava, com seus amigos e da primeira vez que ele aparecera com o manto branco em suas costas.

O cozinheiro foi tirado de seus pensamentos quando viu algo estranho acontecer com Kushina. Ela parou de comer subitamente, a tigela ainda pela metade. Quieta, manteve a cabeça baixa e colocou uma das mãos sobre a boca, correndo para fora do restaurante. Tudo que Minato teve tempo de fazer foi virar-se e chama-la, quando esta já saia do estabelecimento.

O loiro fitou Teuchi, que apenas fez um movimento mandando que ele fosse atrás dela. O hokage sorriu e agradeceu, sumindo do Ichiraku em menos de um segundo.

Encontrou Kushina em um beco próximo ao restaurante. Uma das mãos a apoiava na parede a sua frente e a outra estava sobre a barriga, enquanto ela vomitava tudo que comera durante o dia. Minato se aproximou, com o coração apertado pela cena, e segurou os longos e vermelhos cabelos tão amados da esposa, para que eles não sujassem.

Quando o vômito cessou, estava pronto para perguntar a esposa se ela estava melhor, porém esta simplesmente desmaiou em seus braços. Minato a segurou prontamente e colocou-a em seu colo. Não estava gostando daquilo estar virando rotina. Suspirou aliviado ao ver as íris acinzentadas de sua amada surgirem por uma pequena brecha em suas pálpebras.

- Minato...

- Kushina - ele sussurrou encostando sua testa na dela - Não importa o que ache, você vai ao médico amanhã.

Afastou-se para fita-la, esperando que ela protestasse como lhe era de costume, mas a ruiva simplesmente suspirou e assentiu.

- Vamos para casa - ele disse, vendo que não haveria argumentação.

O que ele não esperava era que sua esposa arregalasse os olhos surpresa e indagasse:

- E o seu ramen?!

- Outro dia eu como - respondeu o loiro, sem entender muito bem o porquê daquilo.

- Mas... É sua comida favorita! - ela insistiu.

Minato sorriu de lado, finalmente compreendendo. Ela estava preocupada com o bem estar e a felicidade dele mesmo tendo acabado de passar mal e estando sem forças.

- É o meu prato favorito - corrigiu ele - Minha comida favorita é a sua, então tenho que cuidar de você para comê-la mais vezes, não é?

Kushina sorriu abertamente com a revelação e encostou a cabeça em seu peito, fechando os olhos. Minato ajeitou-a em seus braços e começou a andar, porém, assim que sentiu o movimento, ela protestou:

- Eu posso ir andando, 'ttebane!

A mulher tentou sair de seu colo, mas o loiro a segurou firme. Não importava o quão carinhosa estivesse, Kushina nunca seria fácil de lidar.

- Kushina, é a segunda vez que você desmaia em menos de vinte e quatro horas, coisa que nunca aconteceu - lembrou ele - Estou preocupado. Por favor, não me prive disso.

A ruiva suspirou derrotada. Nada poderia fazer para mudar a opinião dele, ela sabia. Além do mais sua voz e seu semblante já a tinham convencido.

Minato pulou sobre alguns telhados e, rapidamente, como já se era esperado dele, estava em casa. Poucos minutos se sucederam até que o casal estivesse deitado em sua cama, pronto para dormir. O loiro abraçou sua esposa, trazendo-a para perto de si, de modo que as costas dela ficassem contra seu peitoral. Respirou fundo, sentindo a fragrância dos cabelos tão amados e fechou os olhos. "Boa noite, meu amor", foi a última coisa que ouviu antes de pegar no sono. Seu último pensamento foi que poderia facilmente se acostumar com todo aquele carinho repentino.

Mal sabia o grande Yondaime que sua vida estava prestes a mudar drasticamente.

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Era uma noite escura e chuvosa em Konoha. As estrelas e a lua estavam completamente encobertas pelas nuvens escuras, das quais a chuva precipitava-se torrencialmente.

O verão estava em seu auge, portanto, aquele fenômeno era aceitável e, até, um tanto comum. Só não fazia sentido o fato de que a chuva parecia querer entrar noite à dentro e não parar em uma hora ou duas, como era de costume.

Por entre as ruas, somente uma alma viva caminhava, sem se importar com a água que parecia cair do céu sem pudor. Um menino de apenas cinco anos. Todas as crianças como ele estavam devidamente protegidas em suas casas, mas ele não tinha quem se importasse o suficiente para manda-lo voltar ao seu lar.

O som da barriga roncando o fez franzir o nariz e colocar uma das mãos na parte de trás da cabeça, sobre os cabelos loiros. Faltava uma semana para o fim do mês e seu dinheiro já acabara e, com ele, a comida. Suspirou. Talvez não devesse ter comido todos aqueles potes de ramen instantâneo no fim de semana, pensou. É, talvez.

O fato era que sua geladeira estava vazia e o armário também. Já era noite e a torre do hokage estava fechada. Ou seja, ficaria com fome pelo menos até o dia seguinte, quando fosse pedir dinheiro ao vovô Sandaime.

Um odor invadiu suas narinas, tirando-o de seus pensamentos, e nem teria precisado olhar para o lado, como fez, para saber por onde estava passando. Era o Ichiraku. Seu lugar preferido no mundo. Ali ninguém o ignorava, xingava ou expulsava e ainda serviam o melhor ramen do mundo!

Voltou a olhar para frente, desviando sua atenção. Não adiantava ficar sonhando. Não tinha dinheiro nem para uma garrafa d'água, quanto mais para uma tigela de ramen.

Levantou a cabeça e arregalou os olhos ao ouvir alguém o chamando. Olhou para os lados, procurando quem o fazia e viu que vinha de dentro do restaurante. Era o dono!

Seu extinto foi correr. Fugir de quem quer que quisesse judiá-lo. Porém parou no meio da ação ao ver que, mesmo fora de suas vistas, o homem continuava a chama-lo e sua voz parecia gentil, como sempre fora para com ele. Retornou alguns passos e colocou a cabeça para dentro do restaurante. Viu o Tio do Ramen, como costumava chama-lo, sorrir e indicar que entrasse. Obedeceu-o um tanto receoso e com a cabeça baixa.

- Ei, não se acanhe - pediu o homem - Seu nome é Naruto, não é?

O pequeno levantou os olhos e sorriu.

- Uzumaki Naruto, dattebayo! - exclamou o loirinho animado, mas logo depois se retraiu - O senhor não vai brigar comigo, não é?

O Tio do Ramen arregalou os olhos, surpreso.

- Você por acaso você fez algo para mim? - indagou e o menino prontamente negou com a cabeça - Então por quê brigaria?

Naruto sorriu com a resposta. A verdade era que a maioria dos adultos o evitava, ignorava ou escorraçava, sem motivo algum, a seu ver. Passara a aprontar algumas para ser notado por aqueles que recusavam-se a aceitar sua existência, mas parecia se tornar cada vez mais odiado por pessoas que nem mesmo conhecia. Por isso era tão bom saber que nem todos pensavam da mesma maneira, o Tio do Ramen era exemplo disso.

- Vamos, pegue essa toalha e se seque antes que pegue um resfriado - pediu o homem lhe estendendo um pano branco.

O menino aceitou, ainda meio envergonhado. Secou os cabelos e o corpo - da melhor maneira que pode, afinal, suas roupas estavam molhadas - e colocou a toalha em volta do pescoço.

- Sente-se - pediu o Tio do Ramen.

Naruto obedeceu prontamente e antes que pudesse pensar no que estava acontecendo, uma grande tijela de ramen de porco foi posta a sua frente. O loirinho olhou o homem a sua frente, sorrindo abertamente.

- É por conta da casa - explicou o cozinheiro, antes que o pequeno dissesse qualquer coisa.

Naruto não esperou que ele falasse algo mais. Fitou o ramen, fechou os olhos e murmurou um rápido "Itadaikimasu", partindo com a mesma velocidade para sua refeição.

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O movimento estava tão baixo e a noite tão escura, que Teuchi pensava seriamente em fechar mais cedo e ir para sua casa. Já tinha dispensado seus ajudantes há muito tempo. Se alguém aparecesse por ali, poderia muito bem dar conta do pedido sozinho.

Estava decidido a fechar as portas quando viu uma figura em meio a chuva. Um menino pequeno. Olhos baixos, cabelos loiros e roupa encharcada. Sabia muito bem de quem se tratava e, num impulso, chamou-o.

O pequeno correu assustado e então voltou, colocando a cabeça para dentro do Ichiraku, fitando-o por entre os cabelos loiros com seus grandes olhos azuis. Teuchi sorriu ainda mais ao vê-lo sorrir animado e soltar um "dattebayo" quando perguntou seu nome. A aparência e o jeito não negavam de quem era filho.

Para o cozinheiro, e qualquer um que conheceu os pais do garoto de perto, era óbvio quem eles eram, porém tanto isso quando a Kyuubi eram assuntos proibidos.

A pergunta que Naruto fez em seguida o entristeceu profundamente. Sabia que muitos o mal-tratavam por conta de ser o hospedeiro da Nove Caudas, porém o menino não tinha culpa alguma do que ela tinha feito. Era um bebê que acabara de nascer quando o raposa atacara e quase destruíra a vila. O pequeno não cometera crime algum e ainda assim sofria por conta deles.

Deu ao pequeno uma toalha, para que se secasse e, assim que ele se sentou, colocou uma grande tigela de ramen a sua frente. Aquilo não lhe faria falta e, além do mais, só o sorriso e o brilho nos olhos do loirinho já pagavam aquela refeição.

Observou-o atentamente. O pequeno fitou o interior da tijela e fechou os olhos, aspirando o odor e sorrindo ainda mais. Então revelou suas íris azuis, que brilhavam em antecipação. Exatamente como o pai, pensou Teuchi sorrindo. O loirinho murmurou um agradecimento pela comida rapidamente e logo já estava comendo, desesperado como sua mãe costumava fazer.

O cozinheiro, quando soube da morte do jovem casal, chegara a cogitar pegar Naruto para si. Porém ele já tinha uma filha pequena na época e o Ichiraku não rendia exatamente uma fortuna. Além disso, o Sandaime rapidamente tinha reivindicado a guarda do menino.

Notou que Naruto já acabava sua tigela de ramen e colocou mais uma a sua frente. O garoto levantou os olhos, com um sorriso ainda maior e Teuchi assentiu, como se desse permissão, vendo-o prontamente devorar o macarrão.

Lembrava com clareza do dia em que Minato fora até o Ichiraku, dois ou três depois que Kushina passara mal, e dissera que ela estava grávida, acalmando o cozinheiro que já se culpava. Então, meses depois, quando o casal aparecera para uma refeição como de costume. A ruiva carregava uma enorme barriga que logo foi abraçada por sua filha, Ayame, que na época deveria ter a idade do loirinho a sua frente e amava ficar no restaurante conversando com os clientes. Tinha a imagem perfeita dos pulos de alegria que a menina dera ao sentir o bebê se mexer, perguntando, em seguida qual seria o nome dele. Kushina sorrira e dissera acariciando seu ventre:

- Naruto. Seu nome será Naruto.

Sem dúvida o menino puxara muito a mãe. O jeito expansivo e alegre, as gírias, os traços do rosto, a maneira de falar... Tudo lembrava Kushina. Porém, para quem observasse bem, Minato também estava lá. Além dos incontestáveis cabelos loiros e olhos azuis do pai, Naruto também herdara seu sorriso, sua paixão por ramen, sua simpatia e até mesmo a calma. Afinal, a mãe do menino, que por muito tempo fora conhecida como a "Pimenta Vermelha Sanguinária", só perdera parte de seu instinto agressivo após envolver-se com o "Relâmpago Amarelo de Konoha" e, para surpresa de todos, tornara-se um doce durante a gravidez. Já Minato, a pesar de excelente ninja, sempre optara primeiramente por resolver tudo de modo pacífico, como Naruto já mostrava preferir.

- Eu to sujo? - perguntou o menino de boca cheia, acordando Teuchi de seus pensamentos.

- Não. Por quê? - perguntou curioso.

O loirinho engoliu a comida e limpou a boca com as costas da mão.

- É que você tava olhando muito pra mim - explicou ele.

O cozinheiro sorriu.

- Ah, isso é porque você me lembra muito alguém - revelou ele - Um amigo que morreu há alguns anos.

O pequeno o fitou curioso.

- Ele era um cara legal?

- Oh, sim! - exclamou Teuchi - Ele não só legal, ele era o hokage! O Yondaime!

Naruto sorriu e coçou a parte de trás da cabeça.

- Então somos mesmo parecidos, 'ttebayo! - bradou o menino - Porque, um dia, eu serei o maior Hokage de todos, dattebayo!

O homem sorriu, enquanto via o menino voltar a comer. Não duvidava do que ele dizia. Naruto poderia ser o que quisesse, desde que se esforçasse para tal.

Teuchi só pedia para poder vê-lo crescer. Entrar ali com seus amigos, senseis, companheiros de equipe. Quem sabe um dia levar a namora, então a esposa e, por fim, os filhos. Mas, principalmente, queria estar vivo para vê-lo adentrar o restaurante já crescido, homem feito, com seu típico sorriso no rosto e a capa branca de Hokage sobre os ombros, assim como seu pai havia feito.


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Notas finais do capítulo

Okaeri = Equivalente a "Bem-vindo"
Tadaima = Equivalente a " Estou de volta"
Itadaikimasu = Agradecimento pela comida

Bem, eh isso! Espero q tenha agradado!
Deixem comentários com suas opiniões, por favor! Preciso saber se ficou bom ou/e se devo fazer outras.
Favoritem se gostarem!
Bjs!
EuSemideus



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