A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 25
A balada da foice e da cimitarra


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores, meninos e meninas, homens e mulheres, aqui quem fala é a autora dessa bodega.
Só vim alertá-los a prepararem o coração e para não se preocuparem porque não esqueci de nenhuma trama.



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O dia anterior foi marcado pela agitação e um monte de informações de uma vez. Quando os deuses tinham ido embora, os campistas pediram respostas e a demanda por descobrir novas mitologias aumentou. O trabalho na enfermaria continuou e conseguiram dar um jeito nas queimaduras de Percy e Jason, mas mesmo assim, Will os trancou lá.

Já no dia seguinte, Jasmine estava com Nicolas no local onde Angus tinha cortado a árvore. Ela tinha feito uma nova árvore crescer daquele toco solitário.

— Você conseguiu, Jazz!

— Sim.

— O que vai fazer com a árvore morta?

— Deixarei que a natureza se encarregue dela.

— Não vai replantá-la ou trazê-la de volta?

— Uma vez, um deus me disse que a natureza não era só vida, mas morte também. E eu não sei se tenho poder para fazer algo assim.

— Não se preocupe com isso agora. Um dia vai ter.

— Espero que sim. Até lá, irei só plantar árvores mesmo.

A garota se concentrou e fez surgir novas árvores e não só elas, mas arbustos e flores silvestres também, até o musgo não fora esquecido. O Godcel de Nicolas apitou, indicando uma mensagem. Ele olhou o visor e guardou o aparelho.

— Dia quer que a gente vá para a arena.

— A arena?

— Parece que o Senhor D reuniu o acampamento todo lá. Mais essa agora.

— Mas deve ser importante.

— É bom que seja.

Os dois foram em direção à arena e encontram uma multidão em frente a. O acampamento inteiro estava lá, Nicolas se apressou em segurar o braço de Jasmine para mantê-la por perto enquanto abria caminho por entre a multidão até encontrar seus amigos. Diana e Raven estavam com os outros conselheiros perto do deus.

— O que está havendo?

— Não sabemos ainda. – Respondeu Sienna abraçando o próprio corpo. – Mas é bom ter um bom motivo.

— Que mau humor, hein? – Comentou Tyler. – Sienna, você está bem?

— E por que não estaria?

— Está estranha.

— Helena, você está fazendo o mesmo. – Notou Angus.

— Você aqui?

— Diana e Eliot não me deixaram dormir.

— Típico.

— Qual é o seu problema?

— Por que haveria um problema?

— Vocês duas estão estranhas. – Novamente foi Tyler quem abriu a boca. – Vocês não gostam muito de multidões, não é?

— Se é esse o problema, podemos resolvê-lo.

Angus pegou Helena pelos ombros e a colocou entre ele e Tyler, quase escorando as costas no egípcio. Tyler puxou Frísio para o seu lado e depois pôs Sienna entre os dois. Nicolas acabou colocando Jasmine entre ele e Frísio. Eliot ficou a frente de Angus e ao lado de Helena. Percebendo o que estava acontecendo, Marcos foi para o lado de Jasmine e Parvati ficou entre o maia e a grega, fechando o “cordão”.

— Por que fez isso? – Perguntou Jasmine ao irmão adotivo.

— Para evitar engraçadinhos e também para que não se perca se houver alguma confusão.

— Engraçadinhos?

— Mas você é mesmo muito inocente. – Comentou Marcos. – Parvy, não acha que está muito exposta?

— Não se preocupe, eu sei me cuidar.

— E o vovô Shiva também.

— Viu, não precisa ficar nervosa. – Disse Tyler a Sienna, colocando as mãos em seus ombros. – Amigos são para essas coisas.

— E a propósito, Helena. – Começou Angus. – Fico feliz de vê-la sem o capuz. Você fica melhor com o cabelo à mostra.

Sienna deu um sorriso de canto, assim como Helena, mas eles desapareceram quando uma sombra passou por eles. A multidão olhou para cima e um dragão mecânico surgiu cortando os céus. Murmúrios circularam entre os presentes. O dragão pousou e puderam ver que tinham duas pessoas em seu dorso.

— Eu sei que vocês me amam e estavam com saudades, mas não precisavam desse cortejo todo. – Disse o garoto ficando em pé no dorso do dragão.

— Leo! – Exclamaram os amigos.

Leo desceu do dragão e se dirigiu aos amigos. Foi um reencontro com lágrimas e abraços. A garota com ele acabou descendo e ele a apresentou como sendo Calipso. Parvati lançou um olhar rápido a Marcos e assentiu.

— Agora que já mataram saudade, vão se separando. – Disse o deus. – Eu reuni todos aqui porque recebi ordens de colocar todos para treinar então todo mundo vai pegar uma arma e vão se matar, sem objeções. E isso inclui você também Wesley Safadão satânico! Aliás, você é o primeiro!

— Por que eu?! – Reclamou Angus. – Coloca qualquer um, mas eu não!

— Você sim. Para a arena, agora!

— Qual é!

— Olhe pelo lado bom. – Consolou Eliot. – Vai fazer algo de útil.

— Nunca vi alguém gostar tanto da desgraça alheia.

— Te quero bem aquecido, só isso.

— O mesmo vale para você.

Após a conversa estranha, Angus foi para o centro da arena e os outros para a arquibancada. O egípcio bocejou e estalou os dedos e o pescoço.

— Aí, velho. É bom me dar um desafio. Não vou perder meu tempo com oponentes fáceis.

Murmúrios ecoaram na plateia e no campo surgiu um dos filhos de Ares.

— Quer um desafio? Vou te dar um desafio.

— Pelo visto, vou ter que pegar leve, mas eu quero acabar logo com isso. Acho que dá para conciliar os dois.

O garoto se irritou e foi atacá-lo com a espada. Angus simplesmente desviou no tempo certo, sacou a foice e desferiu o golpe na lateral do torso, tudo no mesmo segundo. Sangue caiu no chão da arena e a plateia só percebeu o que se passava quando acabou. O corte parecia ser profundo.

— Acabou. Acho que já posso voltar a dormir.

— Mas nem pense nisso!

O adversário foi retirado e outro tomou seu lugar e novamente foi derrubado. Um após o outro e todos eram levados para os filhos de Apolo. Nem mesmo Clarisse conseguiu dar trabalho ao filho de Anúbis.

— Angus é mesmo forte. – Comentou Jasmine.

— Raven, está tudo bem?

— Não encontro Eliot em lugar algum. Onde será que ele se meteu?

—Hei, Will, senta aí. – Convidou Nicolas quando viu o loiro passando pela arquibancada.

— Eu bem que gostaria, mas só vou dar uma passada nos meus amigos e terei que voltar ao trabalho. Por sorte, ninguém se feriu gravemente.

— Não se feriu porque Angus não quis. – Disse Raven mexendo no Godcel e se frustrando ainda mais. – Se ele quisesse lutar sério, já teria matado os oponentes.

— Ele não está lutando sério?

— Ele é filho de Anúbis, filhos de Anúbis tendem a ser apelões. Mas que droga, Eliot! Atende logo essa porcaria!

— Em todo caso, não seria bom por um healer de plantão?

— Healer?

— Alguém que curasse os combatentes com magia. Como naqueles RPGs.

— Eu não sei se conseguiríamos um desses por aqui.

— O que eles estão fazendo fora da enfermaria?! – Espantou-se Will ao ver Percy e Jason na plateia com os amigos.

Enquanto a trama se desenrolava na plateia, Angus tinha ferido mais um oponente como das outras vezes. Ele até contava quantos cortes tinha feito no oponente até que caísse. Não que fosse o suficiente para matar, até porque não ia ter graça. Alguma coisa no céu chamou sua atenção e ele ergueu a foice bem a tempo de parar o golpe de cimitarra proferido por Eliot em seu mergulho. Os dois se separaram como se fossem personagens de Final Fantasy. Murmúrios e comentários se alastraram pela multidão.

— Estava me perguntando quando você apareceria.

— Estou aqui, não estou?

— Está. – Abriu um sorriso malicioso.

— E Angus, não pegue leve comigo.

— Não se preocupe, nunca pensei nisso.

Na extremidade livre da foice, uma lâmina surgiu. O que era para ser uma foice simples se tornou uma foice dupla, arregalando os olhos da plateia. Eliot não se surpreendeu, apenas sorriu da mesma forma que Angus.

Eliot voou para atacá-lo e novamente Angus se defendeu. Foice e cimitarra colidiram, mas não demorou para a foice ser manobrada e a sua outra lâmina ceifar a vida do oponente, mas não aconteceu, pois Eliot era rápido e se abaixou, além de recolher a cimitarra e redirecioná-la para o peito de seu oponente. Angus se defendeu usando a própria haste.

A plateia soltou um grito surpreso. Ambos saltaram para trás e se separaram novamente para só então colidirem novamente. Foice e cimitarra, cada golpe mais feroz que o outro, suas lâminas frias trariam a morte para àquele que errasse. O primeiro corte foi feito, de Angus como era esperado, mas Eliot pareceu não ligar para o corte e novamente a dança mortal se iniciou. Em um deslize do moreno, Eliot atingiu Angus.

Sangue pingava de ambos os lados, mas nenhum deles pareceu se importar com a dor. Lançaram sorrisos zombeteiros um para o outro para enfim mergulharem em um novo embate. A batalha parecia ter sido tirada de Final Fantasy, pois ambos eram habilidosos e ágeis.

— Nada mal, Eliot.

— Só estou começando.

— E eu também.

No instante seguinte, foice e cimitarra se chocaram com lâminas frias como a morte. Angus usou a foice como alavanca, fazendo com que a outra extremidade batesse em Eliot, que só precisou jogar a cabeça para trás, mas o moreno inverteu o giro e a ponta da outra extremidade cortou o loiro de baixo para cima. O estrago teria sido pior se ele não recuasse a tempo. Novamente a foice foi brandida, pronta para matar o loiro, mas ele estava preparado, se jogou e deslizou pelo chão no momento em que usou a cimitarra para fazer um corte na perna do oponente. Não pararam para avaliar os danos, atacaram novamente.

Quando acabou, a foice se encontrava na nuca do loiro, pronta para decepar-lhe a cabeça ao menor movimento, e a cimitarra estava no pescoço co moreno, pronta para rasgar-lhe a garganta. Filetes de sangue escorriam dos locais pressionados pelas lâminas.

Angus e Eliot novamente se encararam, sorrindo. No instante seguinte começaram a gargalhar e baixaram as armas.

— Você me pegou dessa vez, pardal.

— Alguma hora eu iria conseguir, sarnento.

— Foi uma boa luta.

— Você se superou dessa vez.

— Mais uma rodada?

— Hoje não. Pretendo não fazer nada o resto do dia.

— Como sempre.

— Sério, está um dia ótimo para isso.

— Agora que você falou, está mesmo bom para não fazer nada.

— Hei, dá para vocês dois procurarem um médico! – Gritou alguém quebrando o clima entre os dois.

Os dois saíram do campo, mas ao invés de irem até um filho de Apolo ou até mesmo andarem até a enfermaria, foram para perto dos amigos, onde desabaram em seus lugares. Tinha gente horrorizada com a visão, ainda mais depois da trilha de sangue que deixaram.

— Nossa, mas isso está feio. – Disse Diana após uma análise rápida. – As cicatrizes são ser incríveis.

— Se eles sobreviverem para ter cicatrizes. – Disse Nicolas. – Esse corte foi profundo.

— Eu sei. – Disse Eliot. – Com o efeito da adrenalina passando, vem a dor.

— Vocês dois não aprendem mesmo. – Disse Raven. – Vão acabar se matando.

— É só pedir para Ísis nos trazer de volta, Ray.

— E até lá vão me dar trabalho. Fiquem parados.

Raven começou a conjurar a energia solar. Após isso, disse algumas palavras e aplicou nos dois. Os cortes se fecharam, sendo que o de Eliot demorou mais por conta da gravidade do ferimento.

— Valeu, Ray. Agora podemos batalhar de novo.

— Fale por você. Eu to morto.

— Vai estar, se continuar parado desse jeito.

Helena pegou sua própria foice e a apontou para Angus.

— Fala sério! Não pode ser outro dia?

— Não.

— Qual é!

— Quando terminar com ele é a minha vez! – Exclamou Diana animada.

— Você também?! – O filho de Anúbis parecia desesperado.

— Claro. Adoro lutar contra oponentes fortes.

— Nesse caso, eu também quero lutar contra o Angus. – Disse Tyler.

— Seu traíra!

— Acho que eu vou também.

— Até tu, Marcos?!

Sem mais delongas, Helena atacou e só restou ao filho de Anúbis desviar. Logo ele estava de pé com a foice dupla na mão. Ambos viraram sombras e reapareceram no campo.

Logo começaram a duelar. Foice contra foice. Helena era habilidosa, tanto que mesmo com duas lâminas, Angus custava a acertá-la, mas ele também era habilidoso e sabia se defender dos ataques muito bem.

— Literalmente uma briga de foice.

A reação de algumas pessoas na plateia foi rir da referência, a de outras foi descrença e indignação pelo moreno estar brincando naquela situação. Novamente um cortante da morena albina, que Angus por pouco conseguiu se defender. Era um impasse. Dois mestres de foice incrivelmente habilidosos só poderiam se ferir se cometessem erros.

— Você é boa.

— Você também.

— Só que isso não vai ficar assim.

Em um movimento rápido, Angus pegou a foice e a atirou aos pés de Helena. A plateia ficou chocada.

— Desisto.

Choque, ninguém esperava por aquilo, nem mesmo Helena.

— Não pode desistir.

— Posso sim. Não adianta, Helena, eu não vou mais lutar. Você é forte, admito, mas a minha cota de lutas já acabou.

— Angus, é bom se preparar porque eu não vou te deixar desistir! – Gritou Diana da plateia.

— Eu também quero minha luta!

— Eu também!

— Qual é, pessoal! O dia está bonito demais para desperdiçar em lutas. Vamos procurar outra coisa para fazer!

— Não!

— Eu temia que dissessem isso.

Em um movimento rápido, Angus guardou a foice, virou sombra e fugiu da arena. Muitos gritaram e protestaram e outros simplesmente entraram em choque. Eliot se limitou a rir e Raven a respirar fundo.

— Angus não muda.

— E agradeço por isso, Ray. Realmente ele tem razão, está um dia tão bonito...

— Nem pense em fugir também, Eliot! – Exclamou a ruiva. – Já que Angus se foi, vou ter que adiantar a minha luta com você.

— Por que eu?!

— Eu também quero. – Disse Tyler.

— E não se esqueçam de mim. – Disse Marcos.

— Vocês dois só estão dizendo isso de sacanagem como fizeram com Angus.

— Lógico.

— Tirar o descanso do Angus é divertido.


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Notas finais do capítulo

Healer é uma classe de RPG que quer dizer curandeiro.
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Final Fantasy é um jogo muito famoso de RPG para consoles com várias versões e tem até filmes.
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Pardal é uma apelido usado pelos personagens para se referir a Hórus ou aos seus filhos, pois tem cabeça de falcão.
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Sarnento geralmente é associado a cachorro. Anúbis tem cabeça de chacal, que é da mesma família do cachorro, não será estranho ver piadas e apelidos de cão sendo usados para o deus.
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"Até tu, Marcos?!" é uma referência à frase "até tu, Brutus?!", supostamente dita por César quando foi traído. A frase é um jargão popular utilizado até hoje.
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Briga de foice é uma expressão idiomática usada para se referir a uma pessoa feia. Ela foi usada várias vezes para se referir à personagem Izma de A Nova Onda do Imperador e associados.
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É isso pessoal, espero que tenham gostado, lembrem-se, nenhum capítulo é dispensável porque há detalhes para as tramas que estão surgindo.
Fiquem com os deuses e até breve.



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