A filha de Gaia escrita por Goth-Lady


Capítulo 21
A ponta do Iceberg parte 2


Notas iniciais do capítulo

Não sei se vou conseguir postar semana que vem, mas em todo caso, vou deixar o capítulo aqui.
Lembrete: Não leiam sem a pipoca.



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Cymopoleia estava à direita de Sedna na grande mesa de Tornasuk. Além dos dois estava Pinga, uma mulher esquimó de cabelo preto preso em uma trança caída sobre o ombro direito e olhos castanhos, usava uma blusa branca, calça cinza, botas marrons, uma capa marrom cobrindo a cabeça e um arco. Os Três Grandes estavam sentados à mesa com Tootega, Pana, Nanook, Amaguq, um esquimó de aspecto lupino sendo o deus dos lobos e das trapaças, e Akna, uma mulher indígena de cabelo castanho cujas pontas formavam caracóis, olhos castanhos, uma blusa verde escura de estampa floral da mesma cor, saia marrom de estampa da mesma cor, botas verdes de cano curto, uma capa azul sem capuz que usava para aguentar o frio e um colar de prata com pérolas penduradas.

— Declaro que as buscas estão oficialmente canceladas. – Declarou Sedna. – Podemos retornar aos nossos afazeres.

— Mas, quase não fizeram nada! – Disse Cymopleia.

— Esse assunto não nos diz respeito. – Explicou Tornarsuk. – Insistir só vai tomar nosso tempo e energia.

— Temos coisas mais importantes a fazer. – Orientou Pinga. – O verão chegou e não posso deixar o povo do frio com fome e o Quidlivun não se governa sozinho.

— Preciso orientar aos maias para cessarem as buscas também. – Disse Akna. – Só iremos perder tempo e energia, fora o mau-humor.

Akna podia ser a deusa-mãe inuit, e de fato aquele era o seu avatar, sendo também a deusa da fertilidade e do parto, mas ela também pertencia à mitologia maia sendo a deusa da maternidade e do nascimento. Era por isso que suas roupas eram diferentes. Como pertencia a duas mitologias e teria que ajudar a que precisasse dela, as mitologias inuit e maia fizeram uma espécie de aliança em que uma mitologia ajudaria a outra em caso de guerra. O mesmo tinha ocorrido entre os maias e os astecas com o deus jaguar, ou como os astecas o chamavam, Tepeyollotl.

— Mas e a minha irmã?!

— Até onde sabemos, ela não foi encontrada e desapareceu somente hoje de manhã. – Pronunciou-se Pana. – Talvez ela esteja preocupada com assuntos maiores.

— Como todos aqui deveriam estar. – Dessa vez foi Tootega. – A profecia não escrita foi revelada, tudo que está acontecendo são consequências de nossas ações e omissões. Acreditem, isso mal começou.

No castelo de Morrigan, a Grande Rainha acabara de atirar o Godcel na parede, espantando os corvos. Por sorte, o aparelho era resistente feito um Nokia 3310.

— Malditos sejam Hades e o modo silencioso!

— Isso é por causa do...?

— Sei lá, Arke. Muita coisa aconteceu recentemente.

Arke e Badb espiavam Morrigan proferindo palavrões e assustando os corvos.

— Então, você precisa dessa poção da juventude eterna para sua busca.

— Exatamente.

— Tem realmente certeza de que quer fazer isso?

— Absoluta.

— Então, vou te ajudar nessa pequena loucura. Fique aqui por dois dias, minhas servas irão providenciar tudo. Essa poção é um pouco demorada.

De volta ao acampamento, Jasmine, Diana e Lena adentraram na enfermaria. Lá, encontraram Lou Ellen com alguns de seus irmãos passando lama nos feridos e lutando com a pronúncia dos celtas, já que Frísio lia o encantamento para eles.

— O que é isso? – Perguntou a ruiva.

— Um encantamento celta usando barro. – Respondeu Raven de imediato. – Infelizmente eles não estão acostumados ao celta, o que atrasa ao progresso, mas pelo menos, conseguimos separar pele e tecidos.

— Isso é ótimo, mas temos outra boa notícia. – Disse mostrando o fruto no cajado de Jasmine.

— O fruto da Yggdrasil! – Exclamou Nicolas. – Você conseguiu com que seu cajado o fizesse nascer!

— Não fui eu, foi a Yggdrasil.

— Mas só tem um. Vamos ter que dividir.

— Nick, agora é com você.

— Will, venha cá.

— Qual o plano?

— Precisamos extrair o sumo dessa fruta e dar para que bebam.

— É só isso?

— Essa fruta tem muito sumo. Se eu cortar sozinho, vamos perder uma boa quantidade.

— Não prefere fazer na bacia?

— A casca precisa ser servida com o sumo, caso contrário, não fará muito efeito e esse fruto é especial.

— Especial como?

— Ele não pode ser cortado, só mordido. O único metal capaz de cortá-lo é aço asgardiano.

— Entendido.

Eles arrumaram uma bacia e dois copos. Nicolas pediu para que Will o segurasse o fruto acima da bacia enquanto retirava a adaga da Chain. Em um único corte preciso, Nicolas cortou o fruto. O sumo derramou-se inteiro na bacia. Will pegou as cascas e as amassou com uma cuia e um pedaço de madeira enquanto Nicolas separava os caroços do sumo. No final, juntaram tudo e dividiram igualmente nos copos.

— Como faremos para que eles bebam? Podíamos tentar a via venal, mas não temos muito tempo.

— Tem um funil?

— Você não está pensando...

— Não temos escolha.

— Eles podem engasgar!

— Sou filho de Njord, deixe o resto comigo.

Arrumaram um funil e fizeram Percy beber por ele. Nicolas controlava o líquido para que não engasgasse. Quando terminaram, fizeram o mesmo com Jason. As queimaduras internas começaram a sarar e as externas a cicatrizar nas áreas onde a lama não tinha sido aplicada. Eles acordaram pouco tempo depois.

— Que lugar é esse? – Annabeth o abraçou. – Ai, isso dói!

— Estamos trabalhando nisso. – Afirmou a filha de Hecate. – Frísio, cadê a lama?

— Eu não sei, estou encarregado do livro e da tradução.

— Alguém vá pegar mais barro! – Gritou aos filhos de Apolo.

— Que gritaria é essa?

— Jason! – Dessa vez, foi a vez de Piper abraçar o namorado.

— Isso dói, Pips!

— Pessoal! – Marcos entrou esbaforido na enfermaria. – Vocês não vão acreditar!

— Leo?

— Percy, ele não é o Leo. Ele é...

— Isso não importa agora.

— Marcos, o que houve? – Perguntou Raven.

— Os deuses estrangeiros estão desistindo das buscas.

— O que?

— Isso é bom? – Perguntou Lena.

— Depende. – Respondeu Diana.

— Os inuites foram os primeiros.

— Sim, conheço o mito de Igaluk e Malina, não fazia sentido que continuassem.

— Sim, mas os maias também desistiram e fiquei sabendo que os astecas também.

— Os astecas?

— Exatamente, mas não para por aí. Ouvi dizer que os incas nem começaram por ser tão absurdo e um conselho entre as mitologias latino-americanas foi formado.

— E eu só estou sabendo disso agora?!

— Eu também só soube agora, mas acabou e por pouco não foi em sangue. Ninguém conseguiu reunir provas contra ninguém e decidiram por um fim nisso.

— Quem mais parou as buscas?

— Os hindus, os maoris, os celtas e ouvi boatos de um conselho oriental.

— Um conselho oriental?

— Eu não sei o que significa, mas os nórdicos também vão extinguir o caso. Por mais que Sól esteja brava, nem mesmo Odin sabe quem foi e não consegue encontrá-lo.

— Isso eu já esperava.

— Mas o seu pai, Ray, seu pai quer caçar o responsável de qualquer jeito! Nem que para isso tenha que declarar guerra.

— Essa não. Não me diga que ele suspeita de alguém.

— Dos gregos e não é só isso. Rhode sumiu.

— Eu tenho que ir para casa. Vou convencer ao meu pai para deixar para lá.

— Pode ir, corvo, vamos cuidar de tudo por aqui.

— Ao menos já sabemos de uma coisa. – Comentou Nicolas.

— E o que seria?

— Se os deuses estão parando suas buscas, é porque o culpado não está em suas mitologias.

— Eu não apostaria nisso. Não conhece os incas.

— Suspeita deles?

— Os incas e os japoneses têm um deus do sol entre seus Três Grandes.

— Isso não é bom.

— E isso não é o pior. Meu tio Ah Puch me disse para ter cuidado e que muitos deuses estão concentrando seus esforços para desvendar a nova profecia.

— Que profecia? – Dessa vez foi Annabeth que pergunto.

— Eu não sei. Ele disse que ela foi revelada, mas não está escrita.

— O jeito será perguntar a Rachel.

— Não está entendendo, ninguém pode visualizá-la, nem deus, nem mortal, nem semideus, nem legado. Tem algo muito sinistro acontecendo.

— Mas pelo menos não precisamos nos preocupar com uma declaração de guerra.

— Por enquanto.

No Olimpo, os deuses receberam uma mensagem de Iris informando sobre o estado atual de Percy e Jason. Apesar de não terem cabelo ou sobrancelhas por um bom tempo, eles estavam vivos e bem. Os deuses ficavam divididos entre alívio e raiva por ser obra dos estrangeiros. Não só isso, eles ficaram sabendo sobre a volta de Cadmo e Harmonia.

— Mas quem se atreveu a trazê-los à forma humana?! – Resmungou Ares.

— Eu não sei, mas trago outras notícias. Os outros deuses desistiram das buscas, digo, todos menos os egípcios.

— E Rhode, minha filha?

— Ninguém sabe dela.

— Tem algo acontecendo no acampamento.

— Aquilo são fantasmas?

— Melinoe.

De volta ao acampamento, fantasmas tocavam o terror, pelo menos tentavam. Angus, Helena e Sienna não só invocaram seus próprios fantasmas como lutavam contra eles com uma foice egípcia curta, a espada de platina dada a Helena por Angrboda e uma espada de madrepérola.

— Como conseguem acertá-los com essas armas? – Perguntou Nico intrigado enquanto os outros campistas se encontravam em um pandemônio.

— Não são elas, somos nós. – Respondeu Sienna.

— É uma longa história, amiguinho. – Disse Angus. – Podemos conversar depois.

— Não sou seu amigo.

— Tanto faz.

Às vezes a despreocupação do egípcio deixava qualquer um louco. Ele não se importava com nada além de dormir, nem mesmo com o pandemônio. Nico tinha a impressão de que Angus tratava a situação com tanto descaso que parecia que ele encontrava e lutava contra fantasmas todos os dias caminhando pela rua. Já Helena e Sienna, ninguém conseguia decifrar o que pensavam.

Do nada, mortos gregos surgiram e se juntaram aos exércitos para ajudar. Ao contrário dos outros, eles não feriam, só capturavam os fantasmas. Os três se voltaram para Nico.

— O que estão olhando?

— Até que enfim resolveu entrar na briga, embora fosse um pouco tarde.

— Eu não fiz nada.

— Meus fantasmas!

A figura que surgiu a frente deles era metade negra e metade branca, exalava uma fúria incontrolável e estava rodeada de fantasmas. Nico a reconheceu como Melinoe.

— Você fez Hades diminuir meus fantasmas! – Gritou enquanto apontava para Nico.

— Eu não fiz nada!

— Não se finja de desentendido, bastardo de Hades!

— Conversa não é uma opção. – Comentou Helena.

E Helena estava certa. A deusa dos fantasmas resolveu atacá-los com magia negra, mas um escudo de trevas surgiu e absorveu todo o impacto.

— Mas o que?!

— Já chega, Melinoe. Você causou problemas o suficiente por hoje.

Ninguém sabia de onde vinha a voz, mas de repente, o ar ganhou um aroma adocicado como o de flores. No instante seguinte, entre eles e Melinoe surgiu uma garota de longos cabelos negros e vestindo um vestido também negro.

— Quem é essa?!

— Sua irmã. – Respondeu a filha de Hel.

— Macária. – Rosnou Melinoe.


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Notas finais do capítulo

Amaguq é o deus inuit dos lobos e das trapaças.
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Akna, como já expliquei antes, é a deusa da fertilidade e do parto, sendo também considerada uma deusa-mãe pelos inuites. Ela também tem a mesma função (e mesmo nome) na mitologia maia, por isso ela pertence a ambas as mitologias e há essa aliança.
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Tepeyollotl é um deus jaguar. Na mitologia asteca ele é o deus das montanhas, terremotos, ecos e jaguares, e também é uma variação de Tezcatlipoca, o deus da feitiçaria e da noite e patrono dos jovens guerreiros.
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Tepeyollotl também é associado ao Deus Jaguar maia. Em ambas as mitologias (asteca e maia), ele corre atrás do sol tentando devorá-lo.
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O jaguar era um animal admirado e temido pelos astecas e pelos maias.
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Nokia 3310 é aquele celular que se cair no chão, quebra o chão.
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Por hoje é só, pessoal! Espero que tenham gostado do capítulo.



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