Crônicas de um Jovem Rei escrita por MisuhoTita, Vanessa Sakata, TommySan, Sally Yagami


Capítulo 54
Destinos cruéis


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos!

Mais um capítulo de Crônicas recheado de fortes emoções pra vocês! Boa leitura!



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Os olhos de Esme se arregalaram ante a resposta de Kevan. Uma menina...? Isso só podia ser um pesadelo! Um terrível pesadelo, do qual ela queria urgentemente acordar. Porém, isso era impossível de acontecer, porque esse pesadelo era tão real quanto as dores que sentira até que a criança nascesse.

— Uma... Menina...? – ela perguntou incrédula.

— Exatamente. – o conselheiro entregou a menina à jovem mãe. – Uma menina.

Esme recebeu em seus braços aquele bebê. As lágrimas continuavam a deslizar por sua face pálida enquanto verificava que, de fato, aquela criança era uma menina. Era uma linda menina, com cabelos negros e olhos na cor cinza, como o pai tinha, mas as feições lembravam as suas.

Seus olhos se voltaram para Kevan, que continuava impassível e havia mandado chamar uma das criadas para fazer alguns procedimentos finais. Também solicitara à outra criada que trocasse os lençóis sujos por outros limpos, bem como limpasse Esme e colocasse nela roupas limpas.

Enquanto tudo isso era feito, a princesa alkavampiana continuava angustiada. Por mais que quisesse disfarçar isso tentando se alegrar com o nascimento de sua filha, não conseguia. E o conselheiro permanecia ali, apenas olhando tudo ser feito pelas criadas.

O olhar de Kevan fazia com que ela ficasse mais e mais tensa, com muito medo do que poderia lhe acontecer a partir de agora. Pelos deuses... E agora...?

Olhou para sua filha, seus olhos encontrando os olhos inocentes da criança. O que aconteceria a ela? Principalmente a ela?

— Excelência... – sua voz expressava toda a sua apreensão. – O que acontecerá comigo e com a minha filhinha a partir de agora?

— Sinto muito, mas isso apenas Sua Majestade, o Rei Ramsay e Sua Alteza, o Príncipe Daithi podem decidir. – o conselheiro respondeu secamente.

— Eu entendo... – ela abaixou a cabeça.

Kevan deu as costas à jovem mãe e se retirou dos aposentos sem trocar mais palavras com Esme. Ela sabia que ele iria encontrar Ramsay e Daithi para dar a notícia... E, depois disso, só os deuses sabiam qual seria exatamente seu destino.

Seu destino poderia ser o pior possível. Abraçou sua filha ainda mais, de forma protetora, enquanto suas lágrimas impregnadas de medo rolavam por sua face. Seu coração se apertava mais e mais, porque não conseguia parar de pensar no que poderia ser dela e de sua menininha a partir de agora.

Ela sabia que sua filha não seria aceita. Fora incapaz de dar ao seu marido um menino. E sabia que não ficaria impune por ter cometido tal “pecado”. Ela seria castigada. Sabia que iria receber algum castigo, mas não sabia exatamente que tipo de castigo seria... Apenas tinha a certeza de que iria receber algum tipo de punição por ter sido incapaz de dar à luz um menino.

Pressentia que sua vida, bem como a de sua filha, poderia ser ceifada... Por um lado, teria que aceitar seu destino. Porém, outro lado de si clamava, por todos os deuses de Emperius, para que lutasse para ficar viva, nem se fosse preciso implorar por clemência. Não necessariamente por sua vida, mas principalmente por aquela vida inocente que não tivera culpa de nascer!

Sua filha não tinha culpa alguma de nascer... Se havia alguém ali que merecia qualquer punição, era ela! Ela fora incapaz de dar um menino ao seu marido, para dar continuidade à linhagem real alkavampiana!

Enquanto aguardava por sua sentença, iria dar algum amor àquela vida inocente em meio àquele silêncio sepulcral no qual aquele ambiente estava mergulhado.

*

Kevan percorreu os corredores do palácio, já com um rumo definido. Tanto o rei como o príncipe não quiseram ficar ali aguardando o nascimento da criança, sob alegação de que possuíam coisas mais importantes a fazer. Ele já fizera o seu dever de colocar aquele bebê no mundo, agora era hora de dar a notícia a respeito e, a partir daí, seria definido o que seria feito da mãe e da criança.

Adentrou a sala do trono, onde efetivamente encontrou o rei Ramsay e o príncipe Daithi lendo relatórios a respeito das forças alkavampianas. Tudo seguia na mesma, com baixas de ambos os lados. De fato, nenhuma novidade.

— E então, Kevan? – Daithi já perguntou sem rodeios. – Já ajudou Esme a parir?

— Sim, Alteza. – o conselheiro alkavampiano, ainda ajoelhado, respondeu. – A criança já nasceu.

— E o que é a criança? – Ramsay perguntou, por seu turno.

— Uma menina, Majestade. – Kevan foi direto. – Sua Alteza, a princesa Esme, deu à luz uma menina.

Os olhos cinzentos de Daithi se injetaram de fúria ao ouvir essa notícia. Aquela mulher era realmente inútil, só se unira a ela porque as mulheres de sua família eram bastante férteis. Não prestava nem mesmo para lhe dar qualquer prazer!

Havia se casado com uma mulher inútil, que sequer era capaz de lhe dar um herdeiro para quando ele fosse o sucessor de seu pai! Sem dizer qualquer palavra, passou por entre seu pai e o conselheiro, já colocando sua mão esquerda em sua bainha e marchando a passos largos e rápidos aos seus aposentos.

Às mulheres inúteis... O castigo devido!

*

A porta do quarto foi aberta de forma violenta e, por consequência, bastante barulhenta. Sem fazer qualquer cerimônia, Daithi entrava ali e encarava Esme com os olhos cinzentos injetados de ódio.

Ela era uma mulher realmente inútil... Bonitinha, verdade, mas era completamente inútil! Imprestável!

O herdeiro ao trono alkavampiano se aproximou da cama onde estava Esme, que tinha a criança em seus braços. A jovem mãe estava completamente apavorada com aquela aproximação e estremecia mais e mais, com o medo a dominando. Ao ver os olhos daquele homem, pressentia que o pior se aproximava mais e mais.

Daithi desembrulhou a criança e viu que, de fato, se tratava de uma menina. Ao constatar isso com seus próprios olhos, sua mente já definiu a punição mais adequada àquela vadia inútil. Imediatamente sacou a sua espada, ao mesmo tempo em que ecoava de forma estridente o choro da menina. Nesse momento, Esme a segurou de forma ainda mais protetora e disse:

— Por favor, meu príncipe, não a mate! Ela não teve culpa de nascer!

— Eu disse a você, Esme, que era para me dar um menino! Mas você se mostrou completamente inútil até para isso!

— Perdoe-me por isso! – ela disse com lágrimas ainda mais abundantes a encharcar seu rosto. – Puna a mim, mas poupe a menina! Eu imploro! Tenha clemência!

— Palavras vindas de uma vadia inútil não me farão mudar de ideia. – Daithi respondeu com frieza enquanto olhava para a lâmina de sua espada afiada, a qual apontava para mãe e filha.

— POR FAVOR, EU IMPLORO...! TENHA CLEMÊNCIA...! POR FAVOR...!

Pedido ignorado. Daithi, com um golpe só, atravessara Esme e a filha, a qual ela abraçava fortemente, com sua espada. Um golpe perfeito, que conseguira atingir tanto o coração da menina quanto de sua mãe. Com aquilo, dava um fim aos clamores da mulher e ao choro irritante de sua cria... E dava um fim também à sua vergonha de ter desposado uma inútil!

Sob os olhares de Ramsay e Kevan, Daithi removeu a lâmina ensanguentada dos dois cadáveres. Sacudiu a lâmina, a fim de retirar o excesso de sangue e deu as costas àquela cena horrenda, saindo dali com passos resolutos para limpar a espada imediatamente.

Ao passar entre o pai e o conselheiro, disse:

— Kevan, mande jogar essa vadia e a filha na vala dos indigentes! E, pai... Vê se desta vez você arranja uma mulher que preste! Pelo menos me arranje alguma realmente útil, para depois não me culpar por não ter um herdeiro!

*

Cassius e Astrid acordaram assustados com os gritos vindos do quarto de Landon. O rei zardreniano não pensou duas vezes e pegou a sua espada para qualquer que fosse a eventualidade. Não podia descartar qualquer possibilidade de estar acontecendo um novo sequestro ou algo do gênero.

Ele criou uma pequena esfera de luz, a fim de iluminar o caminho até o quarto do filho, ao entrar lá, acendeu, com essa esfera, as velas do local, cuja luz revelava um garoto com feições distorcidas pelo terror. Astrid logo se aproximou do filho, que nada conseguia fazer além de gritar e chorar de pavor. Abraçou-o de forma protetora e perguntou:

— Landon, meu filho, o que está acontecendo?

O menino não conseguia articular qualquer resposta, apenas chorar desesperado de pânico. Por mais que ela tentasse acalmá-lo, não conseguia qualquer resultado.

— Landon – Cassius se fez ouvir. – Alguém veio te machucar?

Ofegante e suando frio, ele apenas meneou a cabeça em sinal negativo.

— Filho, o que aconteceu? – a rainha zardreniana insistiu.

Por fim, Landon respondeu ainda às lágrimas e completamente em pânico:

— Mamãe... Papai...! Não deixem matarem a moça...! Vão matar a moça...!

— Landon, que moça? – o rei zardreniano ficou intrigado.

— Eu não sei, papai...! Eu vi uma moça, de vestido vermelho... Parecido com o que a mamãe usa...! Ela tava acorrentada numa pedra...! Ela gritava por socorro... Um homem tinha uma adaga na mão e a enfiou no peito dessa moça...! Só vi sangue... E mais sangue...! Ela vai morrer...! Ela vai morrer...! Não deixa ela morrer...!

Nisso, Landon novamente soluçava desesperadamente e, em dado momento, começou novamente a ofegar e agora levava a mão ao peito, chorando sem parar. Isso foi o suficiente para apavorar ainda mais os pais do menino, que tentavam tranquilizá-lo de que aquilo era apenas um pesadelo.

Porém, isso não surtia qualquer resultado, pois o menino continuava agarrando mais fortemente seu peito, fazendo uma expressão de muita dor. Cassius não pensou duas vezes e, ao ver uma criada do turno da noite passando por ali, pediu para que ela chamasse Gregory imediatamente.

Não demorou muito para que o conselheiro chegasse, encontrando o menino ainda em pânico e os pais preocupados ao extremo. Rapidamente, Gregory deu a Landon uma poção calmante, fazendo com que ele conseguisse se acalmar aos poucos e a dor em seu peito cessasse. Astrid, nesse meio-tempo, procurava pacientemente convencer o filho de que tudo era apenas um horrível pesadelo.

— Mamãe...! Foi horrível...!

— Eu sei, Landon... Mas foi apenas um pesadelo. Não precisa ter medo, meu filho...

— Mas pareceu tão real...! Eu tô com medo...!

— A mamãe está aqui, não precisa ter medo. – ela permanecia abraçada ao filho, acariciando seus cabelos negros. – Eu já disse que foi só um pesadelo.

— Fica comigo...? Não quero ficar sozinho...!

Com um sorriso complacente, Astrid disse:

— Vai ficar tudo bem, Landon... Eu ficarei com você.

— E o papai...?

— Eu ficarei por perto para proteger os dois, filho. – Cassius respondeu. – Tente dormir para descansar.

— E se eu tiver aquele pesadelo de novo?

— Fique tranquilo, Landon... – ele passou a mão no cabelo do filho. – Você não terá.

— Alteza – Gregory procurou tranquilizar o pequeno príncipe. – Não se preocupe. Quando a poção que eu lhe dei começar a fazer efeito, dormirá sem ter qualquer sonho. Assim, o pesadelo não se repetirá. Pode descansar tranquilo.

Logo que o conselheiro disse aquilo e Landon agradeceu, o sono dominou o garoto, que adormeceu nos braços da mãe, para alívio tanto dela quanto de Cassius. Nisso, Gregory disse:

— Majestades, o pior já passou. Fomos rápidos, pois Sua Alteza teve um colapso devido ao pânico extremo por conta do pesadelo. Deve ter sido algo realmente assustador.

— Segundo o que ele descreveu, era realmente assustador. – Cassius comentou. – Ele sonhou com o momento de uma morte cruel.

— Verdade. – Astrid confirmou o que o marido dissera. – E eu gostaria de saber uma coisa, Gregory...

— O que seria, Majestade?

— Esse tipo de sonho pode ser alguma espécie de presságio?

— Sim e não. Por quê?

Nisso, Astrid narrou o relato do filho, ouvido de forma atenta pelo conselheiro. Após o fim do relato, Gregory disse:

— Não acho que seja um presságio. Talvez possa ser o reflexo do trauma dele de meses atrás. O que ele passou foi quase tão cruel quanto o que ele sonhou. Mas não deixa de ser algo intrigante.

— Compreendo. – Astrid assentiu com a cabeça. – Obrigada por me esclarecer, Gregory.

— Disponha, Majestade.

Gregory, após mais uma conversa com seu rei, se retirou dos aposentos do menino, enquanto Astrid se ajeitava para dormir junto com seu filho. Após tudo se tranquilizar, ela adormeceu abraçada ao filho, com o intuito de protegê-lo de qualquer pesadelo. Cassius nem foi aos seus aposentos, antes preferiu ficar ali na poltrona, vigiando o sono daqueles que lhe eram mais preciosos.


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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