Trinta e Uma Pétalas escrita por Pandora Imperatrix


Capítulo 13
Dia 13 - Fale Comigo




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Disclaimer: Sailor Moon é da titia Naoko.

Fic escrita para o Outubro VK! Dia 13. Tema: Comunicação.

Fale Comigo

"Andando em círculos em torno do assunto
Diga-me o que é
Qual o seu medo, o que te faz se afastar?"

Blue Foundation – Talk To Me

– Com licença?

Suprimindo um suspiro, ele a observou abrir a porta do escritório e adentrar a sala. Um pouco contrariado, pois cada parte de seu corpo doía como se ele tivesse sido atropelado por cavalos de corrida, ele se pôs a levantar, mas ela fez efusivos gestos para que ele parasse.

– Como posso ajudá-la, Minako-san? – ele, voltou a se sentar, mais grato do que deixava transparecer. Ou era o que ele pensava, pois a viu fazer uma careta penalizada ao vê-lo se sentar com um pouco de dificuldade.

Ela se aproximou com passos cautelosos se postando ainda de pé diante da mesa dele. Ele fez um gesto para ela se sentar, mas Minako negou com a cabeça e um sorriso.

– Bem, eu vim te fazer duas perguntas. Uma em prol de todos – ela fez um gesto pra fora da sala onde estariam as demais Senshi, a Princesa e Master – e uma pessoal. Por qual você quer começar?

Ele ainda tentou disfarçar a careta, mas sua cabeça doía tanto e escolheu aquele momento para pulsar com força o fazendo levar a mão à têmpora esfregando o local em vã esperança de diminuir o desconforto.

– A primeira, por favor – disse ele, tentando escolher o menor dos males e se perguntando, não despreocupadamente, porque Endym-, ou melhor Mamoru-san não havia vindo o procurar se tinha alguma questão.

– Você obviamente não tem estado bem, Kaan-san. O que está acontecendo? Estão todos preocupados...

Ele não conseguiu se impedir de soltar um breve riso seco e sem humor algum.

– Preocupados ou temerosos?

O rosto dela endureceu e ela demorou a responder, mas quando o fez foi com um enorme sorriso falso. Talvez ele parecesse uma criatura tão digna de pena que uma discussão com ele não fosse nem ao menos algo digno dos esforços dela. Talvez ela achasse que seria como bater em cachorro morto. Kaan deve vontade de se levantar e sair dali naquele instante, mas sabia que isso só pioraria as coisas.

– Nenhum de nós tem nenhum receio contra você, Kaan-san.

E aquele foi um modo bem educado de confirmar as suspeitas dele e ainda pisar em seu orgulho. Ele não oferecia risco real algum, não quando ela poderia exterminá-lo tão facilmente.

Quem dera fosse assim nos sonhos dele também, mas ela não precisava saber sobre aquilo. Aliás, a informação provavelmente só serviria para aumentar ainda mais qualquer desconfiança que ela tivesse.

– Eu aprecio a preocupação, mas não há nada com o que se preocupar, realmente. Eu só ando cansado.

Ele a viu morder o interior das bochecha, mas desviou o olhar antes que sua atenção se prendesse ao lábios que ele via, toda noite, se mancharem de vermelho vivo quando Kunzite a golpeava.

– Cansado... certo.

– Eu poderia explicar sobre a minha vida profissional, mas não acho que isso seja de interesse de ninguém. Era só isso? – ele se levantou novamente, vestiu o paletó que estava sobre a mesa e já ia tentando se afastar o máximo o possível dela. – Porque eu preciso estar em outro lugar agora.

O sorriso que ela abriu então era amargo e não combinava nenhum pouco com as feições dela.

– Não, não era só isso. Eu ainda não fiz minha pergunta, mas foi bom que você tenha tentando fugir – ele abriu a boca para retrucar, mas ela ergueu a mão para que ele se detivesse – porque a minha pergunta é exatamente sobre esse comportamento.

– Que comportamento? – ele não pôde se impedir de deixar a revolta transparecer em seu tom. Talvez fosse o cansaço, talvez fosse a presença dela, talvez fosse os dois, mas se sentia a flor da pele.

– Você sempre tem um lugar para ir quando eu chego. Só se dirige a mim quando absolutamente necessário e sempre o mais breve o possível. Você nem ao menos me olha nos olhos. Kaan-san, eu não tenho a menor obrigação de dividir o que tem sido minha vida desde os treze anos de idade com você, mas eu estava disposta a tentar, mas você simplesmente não parece interessado. Me desculpe se eu estou sendo infantil, mas eu estou realmente cansada de ser ignorada. Por favor, fale comigo o que há de errado!

O rosto dela estava afogueado depois da confissão, era possível sentir o quão frustrada ela deveria estar para explodir daquela forma. Nesta vida ou na outra, ela não era alguém que se andava por aí despejando o conteúdo de seu coração a menos que a pressão fosse insuportável. Ele sentiu a raiva evaporando e o deixando mais cansado e um enorme vazio no peito.

– Não – ele disse deixando o corpo cair numa cadeira e suspirando longamente – você não está errada, pelo menos não totalmente. Não é que eu não esteja interessado, Minako-san... Na verdade não existe não nesse mundo que eu queira mais do que poder cumprir meu dever, mas...

– Mas?

– É difícil de explicar... – a resposta a fez grunhir de frustração.

– Se você pelo menos tentasse – ela suplicou numa voz suave, puxando uma cadeira e se sentando de frente a ele.

Ele ergueu o olhar em direção a ela, finalmente deixando a imagem dela o tomar por inteiro como uma onda do mar. Cedendo todo o controle para ela como ele havia lutado tão intensamente para não deixar acontecer. E foi ali que ele soube que teria que contar tudo a ela.

Os flashes das imagens dos pesadelos horríveis que o perseguiam durante a noite lhe voltaram com uma nova pontada na cabeça. Ele a podia ouvir gritar. Ele podia sentir o cheiro de sangue e ao manter seu olhar fixo ao dela e ver suas pupilas dilatarem, Kaan foi trazido ao momento em que os pontos negros haviam feito o mesmo na presença dele, mas por sinistro motivo, até que os olhos dela se tornarem vítreos enquanto a vida se esvaia de sua dona.

Foi naquele momento que ele constatou, com absoluto horror, que teria que contar a Minako, que toda noite matava Sailor Venus em seus sonhos.

N/A: Tentei algo um pouco mais sombrio. Eu tenho sido muito boazinha com esse ship hahaha.


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