Answer: Final – One-Shot

Nós vencemos.

Derrotamos Zeref e E.N.D.

A Fairy Tail saiu vitoriosa. Como sempre.

E agora seria apenas comemoração à nossa vitória nessa grande batalha.

Juvia pulou em meus braços e dessa vez, eu a abracei de volta.

— A minha resposta, Juvia, você quer saber?

Ela me encarou com os olhos brilhando.

— Gray-sama...

Poderíamos ter esse final, mas a vida é tão engraçada. Tínhamos tudo para vencer. Tínhamos tantas cartas na manga. Tanta esperança. Tanta força. Tanta vontade. Se não fosse a nossa realidade: Natsu se transformou em E.N.D. Natsu era aquele tal E.N.D. que tanto pesquisei. Que jurei derrota-lo pelo meu pai. Que me fez abandonar Juvia para saber mais sobre ele.

— Etherias Natsu Dragneel. Meu demônio mais poderoso. Ou como preferirem, meu irmão mais novo – dizia Zeref.

— Não! Natsu nunca, nunca teria uma ligação com uma pessoa horrível como você – esbravejou Lucy para Zeref, virou-se para Natsu, ou o que era para ser ele e implorou – Natsu, fala pra ele. Fala pra ele que você não é isso. Fala Natsu...

— Natsu? – não, não era a voz dele. Era um sussurro, mas ecoava como um trovão – Natsu não existe mais, humana.

— Natsu... Por favor, Natsu – continuou a loira.

Era tudo tão um absurdo. Tão irreal. Parecia até mentira. Um sonho.

— Gray-sama... – Juvia me chamou, amedrontada – Aquele é realmente o Natsu?

— Não, não é ele.

Não era Natsu. Era E.N.D., aquele que deveria derrotar. E então o ataquei com o poder que meu pai me concedeu.

— Devil Slayer de Gelo, huh? – o demônio limpou o pequeno rastro de sangue da sua boca e olhou para mim.

Vi o fogo saindo de suas mãos e prontamente preparei minha defesa.

Mas o ataque passou bem ao meu lado. Sorri. Era um demônio bem idiota. E vesgo.

Até o ver sorrir. Arregalei meus olhos e olhei para trás.

Aquele ataque nunca foi para mim. Era para Juvia.

Mas ela era uma maga de água. Seu corpo era feito de água, ela poderia se defender, certo? Seria correto, se não estivéssemos falando sobre o demônio mais poderoso de Zeref.

Não, E.N.D. não era nem um pouco idiota.

— Juvia! – tentei desesperadamente parar o ataque. Tarde demais.

Eu a vi caindo em frente aos meus olhos.

Não, aquilo não era um sonho. Era um pesadelo.

Corri até ela e a apanhei em meus braços. Sentia a vida abandonando seu ser.

— Juvia! – gritei seu nome novamente.

— Gray-sama... – ouvi sua voz fraca. Suspirei, ela ainda estava viva.

— Aguenta Juvia. Eu vou chamar a Wendy. – eu ainda tinha esperanças

— Não, não precisa – ela tentou retrucar.

— Não, você vai ficar bem. Você vai ver! – virei-me para chamar Wendy, só que senti sua mão tocando em meu braço. Ela olhou em meus olhos.

— Gray-sama, obrigada por deixar Juvia ficar ao seu lado... – por que está sorrindo? Por favor, pare de falar como se fosse um adeus. Por favor. Ela continuou seu monólogo – Desculpa, mas Juvia não vai poder ficar ao seu lado mais – eu imploro, pare com isso – Só que Juvia foi muito feliz todo esse tempo que ficou ao lado de Gray-sama, de verdade. Juvia realmente amou Gray-sama.

— Não, você não pode me deixar. Eu ainda não te dei minha resposta, lembra?

Eu ainda não dei uma explicação decente sobre eu ter ido embora da nossa casa. Eu ainda me sinto em débito com você. Deixe-me desculpar contigo. Não considere que foi feliz esse tempo. Deixe-me fazê-la feliz de verdade. Deixe-me reparar esse meu erro. Deixe-me compensar tudo o que eu fiz e o que deixei de fazer. Nós podemos voltar para casa se quiser. Vamos para onde você quiser. Comeria a quantidade quantos pães estampados com minha pessoa que quisesse. Eu vou fazer qualquer coisa, eu juro. Eu prometo qualquer coisa. Qualquer coisa.

Só fique comigo.

— Ah, por falar na resposta, Juvia sabe que a luta ainda não acabou, mas... Juvia pode ouvir a resposta do Gray-sama agora?

Eu estava tremendo? Não conseguia sentir. Não era hora para isso Gray, concentre-se e diga a resposta. Concentre-se e diga a resposta.

— Eu também te... – não pude terminar a frase porque senti sua mão escorregando pelo meu braço e despendendo no chão.

Não. Por favor, não.

Eu não consegui terminar a frase porque ela morreu em meus braços.

Juvia, por favor, acorde e ouça minha resposta.

Abri a boca, mas meu grito não saiu. Minhas lágrimas não escorreram. Meus soluços não ecoaram. Não ouvi mais nada ao meu redor. Não enxerguei mais nada ao meu redor. Esqueci-me de E.N.D.. Esqueci-me de Zeref. Esqueci-me do propósito dessa luta.

Acorde, Juvia, eu imploro...

Observava-a em meu colo. Ela era tão linda. Por que ela? Por que tudo é tão injusto? Eu estava com o corpo da mulher da minha vida em meus braços. Ironicamente, sem nenhuma vida.

... E escute minha resposta.

Até que, enfim, minha voz saiu como um rugido:

—EEEEEEEEEEEE. NNNNNNNNNNN. DDDDDDDDD.!

...

Do final que tanto imaginei pelo menos alguma coisa saiu como queria: a Fairy Tail saiu vitoriosa. A que preço? Danos irreparáveis, lembranças horríveis, sacrifícios tão dolorosos, uma cidade completamente destruída. Essa foi de longe, a pior batalha da guilda.

Quando vamos nos reerguer completamente? Nunca, porque voltamos com feridas demais e companheiros de menos. O que vale uma vitória quando as perdas forem imensas, irreparáveis?

O que vale uma vitória quando não pude dar minha resposta?

O que vale uma vitória se não tiver ela ao meu lado?

Nada.

Estava nevando enquanto caminhava até seu túmulo. O que é neve? São flocos de gelo. O que é gelo? Água congelada. Se você chovia, Juvia, eu estou nevando. Eu não queria estar em frente ao seu túmulo. Eu não queria observar seu nome gravado na cruz. Eu não queria que você partisse em meus braços. Eu queria você ao meu lado. Eu queria que você ouvisse minha resposta. Eu queria que você sorrisse. Que ficasse com aquele rosto corado. Ouvir seu “Juvia ama o Gray-sama”.

— Eu também te amo, Juvia.

Mas você não está aqui mais. Eu queria tanto ver sua reação. Eu queria ver você sorrindo mais que uma criança que acabara de ganhar o melhor presente do mundo. Eu queria rodopiar contigo em meu colo. Eu queria te abraçar forte e te beijar em seguida. Eu queria sentir essa felicidade. Eu queria uma vida com você.

“Eu queria ter dito minha resposta antes.” Pensei nisso antes de deixar minhas lágrimas caírem descontroladamente. Aquelas lágrimas que não consegui derramar naquela hora. Olhei para o céu e recordei da nossa primeira luta em que no final o Sol saiu e iluminou seu rosto, lembra? Mas dessa vez, não tem Sol nenhum. Apenas o céu nublado. Apertei aquele cachecol que você fez especialmente para mim, lembra? Ainda tem seu cheiro. Nosso aniversário de 413 dias e eu nem dei tanta importância. Se eu soubesse do que estava por vir...

Mãe. Pai. Ur. Ultear. Juvia. Eu estava fadado a perder todos aqueles que amo.

Não, a vida não é nada engraçada.

Ela é muito cruel.

Eu queria ter tocado seu rosto antes de sair de casa.

• Answer: Final – Bad End •