A Noiva do Drácula escrita por Chrissy Keller Books


Capítulo 26
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Agora não vai ter mais demora. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/649187/chapter/26

Leiam também no blog oficial: http://chrissykellerbooks.blogspot.com.br/2017/01/a-noiva-do-dracula-capitulo-27.html

 

 

Fazia exatamente três dias que Luana não tinha contato com Alan, nem com David. Havia recebido telefonemas do noivo e notado o quanto ele parecia se importar com ela. Alan a estava mantendo um pouco afastada por causa de toda a situação envolvendo David. Além do que, ela realmente queria se afastar um pouco daquele mundo sombrio e poder seguir um pouco com sua vida normal. Ela olha para Dolores que estava sentada ao seu lado, em cima de uma toalha de piquenique estendida sobre a grama do parque florestal. Luana inspira o ar daquele lugar daquele lugar com satisfação. Não sabia há muito tempo como era sentir um ar puro e se sentir em paz. Havia até mesmo pedido folga para aquela tarde, pois precisava de mais descanso – não só físico, mas psicológico e emocional. Ela olha para as crianças brincando pelo parque e sorri satisfeita.

— No que tanto você pensa, Luana? – Dolores pergunta.

Luana respira fundo e sorri para sua madrinha.

— Pensando em algumas coisas.

— Que coisas? – Dolores insiste, mordendo uma pêra.

Luana se ajeita desconfortável.

— Algumas coisas ruins que aconteceram. Coisas que ainda são muito difíceis de eu acreditar.

— Entendo. E você pretende me contar?

Luana engole em seco. Não imaginava contar para a madrinha todas as coisas que já havia acontecido até agora. Ela jamais acreditaria, e ainda acharia que ela estava ficando louca. Tinha contado para Jéssica e Nina e ainda não sabia se elas realmente haviam acreditado.

— Sim, claro. – responde hesitante. – Mas, um dia.

Dolores continua indiferente comendo sua fruta.

— Espero que esse “um dia” não demore muito.

Luana dá um sorriso amarelo para a madrinha e corta um pedaço de torta de chocolate para si.

— Desde antes de ontem você parece mais estranha que o normal, Luana.

Luana para a colher antes de chegar até a boca. Dolores estava se referindo ao dia em que Luana pôde ter certeza que David realmente havia matado alguém.

— Madrinha, já que sua novela já acabou, posso colocar num desenho para eu ver?

Luana estava sentada no sofá trocando de canal enquanto sua madrinha estava na cozinha preparando comida. Dolores sorriu.

— Não acha que está um pouco velha para ver desenho?

Luana fez careta.

— Não acho que estou velha. E desenhos não são apenas para crianças.

— Tudo bem, pode ver. É bom que você se anima um pouco.

Luana continuou trocando de canal, mas um chamou-lhe a atenção. Na reportagem mostrava um repórter entrevistando um policial comandante que falava sobre o acidente ocorrido no mesmo dia em que David havia caçado. O policial dizia para o repórter que aquele acidente podia ser provocado por um animal selvagem, mas havia mãos humanas na região dos ombros do homem. A câmera deu um pouco de zoom no corpo, mas deixando desfocado, pois seu tórax estava esfolado. Aquilo realmente parecia ter sido feito por um animal selvagem, não por um humano. Mas agora Luana sabia que David não era humano, e aquilo acabava ainda mais com ela por saber que ele havia feito tudo aquilo sem nenhuma piedade. Claro que ele já havia confessado o que fez, mas ainda tinha dúvidas naquelas palavras, pois o David que conhecera era bom, não cruel.
Luana ouviu mais do que viu uma senhora morena de meia idade que dizia ser babá da filha do homem, ela dizia o quanto lamentava por aquilo. Mas o que realmente fez arrancar lágrima de seus olhos foi o depoimento da pequena menina loira que aparentava ter seis anos. A menina chorava dizendo o quanto sentia a falta de seu pai.

— Eu quero meu pai de volta. – ela chorava. – Sinto a falta dele...

Luana rapidamente desligou a televisão e correu rapidamente até o banheiro, ignorando totalmente o chamado de sua madrinha.

— Luana! O que houve, minha filha?

Ela se trancou no banheiro e se agachou perante o vaso sanitário chorando por tudo o que vinha acontecendo desde então, e pelo que David jamais voltaria a ser.

Luana sacode a cabeça querendo se livrar daquela lembrança amarga. Ainda tinha dificuldades em aceitar tudo aquilo, mesmo havendo provas mais que concretas. Mas mesmo que tudo aquilo que estava acontecendo fosse um fato, não queria admitir para si mesma que David não passava de um monstro.

— Ainda pensando, Luana? – Dolores pergunta a analisando.

— Tenho que ir hoje para lá, madrinha. – Luana diz de repente. – Hoje à noite vou à casa de Alan.

— Alan? – Dolores pergunta confusa.

— Meu noivo. O nome dele verdadeiro é Alan.

— Ah. E o que você vai fazer lá?                               

Luana faz uma pausa antes de responder.

— Tenho que resolver umas coisas.

— Ah, sim. – Dolores se deita na toalha. – Mas, por enquanto, vamos aproveitar nosso piquenique, e depois você me coloca num taxi de volta para casa. Mas não chegue muito tarde.

Luana sorri agradecida.

— Sim. Tudo bem, madrinha.

—=-

Ele olha para o alto do edifício.
Luana devia estar trabalhando naquele horário da noite e não sairia dali enquanto não falasse com ela.
Ah, mas a quem estava querendo enganar?
O que realmente queria era não era conversar, mas arrastá-la para o beco mais próximo e a possuir de tal maneira que a faria gritar enquanto cravaria bem fundo os dentes em seu pescoço.
Ele se senta no meio-fio da calçada.
Por mais que se sentisse cada vez mais forte como um vampiro, ainda se cansava rápido como um humano. Aquilo o estava deixando louco, pois nem mesmo conseguia dormir. Não queria se aceitar como um mestiço de uma raça tão egoísta e cruel. Apenas satisfaria os seus maiores desejos e logo todo aquele sofrimento acabaria.
David nota que Fred, Nina e Jéssica haviam saído do edifício, ambos sorridentes e conversando. Mas onde estava Luana?
David se levanta da calçada e olha para os lados tentando achá-la, mas ela não estava em lugar algum, e não tinha como ela ter saído, pois ele estava a esperando desde o pôr-do-sol.
Onde você se meteu, Luana?

Nina parece ser a única a notar sua presença e rapidamente se despede dos amigos, indo em sua direção. O que ela quer agora?, David pensa contrariado. Nina para a sua frente e seu olhar é de total espanto.

— David, é você?

— O próprio. – ele diz friamente.

— Não parece ser você. Você mudou muito. – ela diz o analisando de cima a baixo.

— Todos mudam.

Nina o encara mais um pouco antes de voltar a falar.

— O que está fazendo aqui? Você não tinha se demitido?

— Sim. Mas vim aqui atrás de Luana. Onde ela está?

— Luana? – Nina franze o cenho. – O que você quer com ela?

— Tenho que tratar de um assunto com ela. Já faz três dias que não a vejo.

Nina baixa o olhar. David sabia que ela gostava dele, mas infelizmente não podia fazer nada por ela. Principalmente agora que não conseguia mais distinguir humanos de alimento. Era muito estranho ter que pensar daquela maneira, mas tinha que saciar seus desejos acima de qualquer coisa. E um desses desejos era Luana.

— Ah, sim. – Nina olha para ele. – Ela está de folga hoje. – ela faz uma pausa antes de voltar a falar. – Você não consegue mesmo esquecê-la, não é, David?

— Não. – ele responde simplesmente. – Eu a amo demais, e desistir dela é algo que não está nos meus planos.

— Entendo. – Nina desvia o olhar.

— Acabou, Nina.

— O que? – ela o encara sem entender.

— Nossa amizade acabou aqui.

— Por que diz isso?

— Porque ainda gosto de você, e por causa disso não vou querer te machucar. E estou dizendo no sentido literal.

— Sentido literal? Como assim? Por que você me machucaria?

David ignora as perguntas de Nina. Responder a elas não adiantaria de nada, afinal, quem acreditaria? Mas o que realmente precisava não era de alguém tentando entendê-lo, apenas de Luana.

— Sinto muito, mas não posso lhe responder. Pelo menos, não por enquanto.

David vira as costas para ir embora, mas Nina o chama.

— David!

Ele detém o passo e olha para ela.

— O que?

Nina demora um pouco para falar, parecia hesitante. Ela engole em seco e o olha firmemente.

— Eu te amo.

David abranda sua expressão e sente pena de como Nina estava na mesma situação que ele; de amar e não ser correspondido.

— Eu sinto muito, Nina. – ele diz e vai embora.

—=-

Luana abre o grande portão de grades de ferro com muita dificuldade. Havia pego um ônibus e soltado no mesmo lugar que o motorista mal humorado a deixara na primeira vez, e seus pés já estavam doendo de tanto andar. Por que aquela mansão tinha que ser tão longe de tudo?
Ah, Luana. Como se você não soubesse.
Ela sobe os pequenos degraus das portas duplas da entrada e bate na porta. Um minuto Shartene e Miranda atendem e ficam surpresas ao vê-la.

— Lady Luana! – Miranda fala surpresa.

— O que está fazendo aqui? – Shartene pergunta.

As duas a levam para a sala de estar e Luana se senta em um dos sofás de couro marrom.

— Bem... – Luana sorri desconfortável. – Eu queria ver vocês. Não os vejo há três dias.

 Shartene e Miranda sorriem para ela.

— Também sentimos sua falta, milady. – Shartene diz. – Por que não veio naquele dia?

— Ah, sim. Ivan tinha me dito para vir no dia seguinte, mas não pude. Tinha que resolver algumas coisas pessoais. – ela diz se lembrando do quanto aquele noticiário sobre o acidente havia mexido com ela. Ainda não passava pela sua cabeça que David havia matado alguém.

— Quer um chá, milady? Ou um café? – Miranda pergunta, arrancando-a de seus devaneios.

— Ah, sim. Café, por favor. Obrigada.  

— Não precisa agradecer. Enquanto Miranda faz o café, chamarei lorde Ivan para recebê-la.

— Alan está?

— Ah, não. Infelizmente. Ele saiu para fazer coleta de sangue. Logo estará aqui em breve.

Luana franze o cenho com estranheza.

— Coleta de sangue?

— Ouí, milady. Bebemos sangue de animais ou de pessoas mortas que ainda não foram socorridas. É a única maneira que temos de nos alimentar.

Luana faz uma careta, enojada com o que Shartene disse.

— Nossa. Isso parece ser nojento.

Shartene sorri.

— Não quando se é um vampiro. Com sua licença, milady. – Shartene faz uma breve reverência e caminha direto a um corredor.

Luana se ajeita desconfortável no sofá. Os outros vampiros haviam mudado seu estilo de vida e a forma de se alimentar. Mas por que David havia matado um homem inocente? Por que ele havia se descontrolado tanto a esse ponto? A verdade é que não sabia de nada, e queria poder fazer qualquer coisa para que ele parasse com aquilo antes que fosse tarde demais.
Ainda não sabia por que, mas estava com a sensação de estar sendo vigiada. Num ímpeto, Luana olha para o alto e vê uma silhueta escura parada no topo da escada. Quem era? O vulto some.
Podia parecer loucura, mas algo a chamava lá para cima e queria saber o que era.

—=-

Luana sobe lentamente a grande escadaria que leva para um longo corredor vermelho escuro. O lugar estava vazio e não parecia haver alguém ali. Ela anda mais devagar até se deparar com uma das portas aberta. Ela chega mais perto e nota que a porta dava para um quarto bem iluminado, porém muito bagunçado. Tudo ali estava quebrado e o ambiente era totalmente grotesco, não parecia que alguma pessoa dormia ali. Ela chega mais perto e entra, se assustando ao perceber que havia manchas de sangue nas paredes, a cama estava partida ao meio, os móveis estavam quebrados, e todas as roupas e os lençóis estavam empilhados com mais mancha de sangue sobre eles. Mas o que mais a deixa assustada é o grande quadro na parede com um retrato seu. Mas... Como? Quem teria uma foto sua?
E é nesse exato momento que ela percebe; aquele quarto não parecia ser de Alan, aquele quarto era de David. Sem dúvida nenhuma era dele. Aquele quarto transmitia no ar todo o ódio e sentimentos sombrios que o rodeavam. Luana continua encarando assustada o quadro na parede. O que quer que estivesse acontecendo com David, com certeza aquilo tendia a piorar cada vez mais. Ela dá um passo para trás. Tinha que sair o mais rápido dali.
Porém, quando está prestes a sair do recinto assustador, David aparece em sua frente com a mesma roupa que o tinha visto antes na noite em que soubera que ele havia matado um homem. Luana o olha temerosa.
David, o que está acontecendo com você?

— Olá, Luana. – David sorri, mas não com o mesmo sorriso de sempre; esse era mais sombrio e perturbador.

Luana dá um passo para trás até encostar-se na parede do corredor. Não havia saída, pois David a estava prendendo ali com seu corpo forte, porém magro. Ele já não usava seu perfume de antes, agora o cheiro que vinha de sua roupa era uma mistura de sangue e mofo. Seu cabelo parecia estar maior e sua face estava sombreada por uma barba rasa e escura, seus olhos estavam sombreados por olheiras tão profundas que fazia parecer que ele não dormia há dias.
Luana engole em seco e tenta empurrá-lo, mas sem sucesso.

— David, deixe-me passar. – ela diz com a voz fraca.                   

Ele dá um sorriso malicioso e se encosta ainda mais nela, prensando-a com sua pélvis. Luana arqueja.

— Ah, não, Luana... – ele suspira perto de seu pescoço. – Eu quero você...

Luana se contorce sob os braços fortes e imponentes de David. Ele a beijava com total sofreguidão desde o rosto até o colo dos seios e o pescoço. Ela tenta se mexer contra ele com o objetivo de tentar escapar, mas David era muito forte e parecia decidido a não parar.

— David, não...

— Ah, Luana, você é tão perfeita...

Ele abaixa a cabeça até seus seios ofegantes e os beija praticamente os chupando. Luana arqueja se surpreendendo com o ímpeto de prazer que estava sentindo. Como podia temê-lo e sentir prazer com o que estava acontecendo ao mesmo tempo? Por que ele a deixava ainda mais confusa?

— David, por favor, pare com isso. – Luana insiste com a voz enfraquecida, desviando-se de todos os beijos sôfregos de David.

— Ah, não, Luana. Não vou parar... – ele chega mais perto de seu pescoço e o lambe. – Você tem idéia de como é gostosa?

A respiração de Luana estava pesada e seu corpo não conseguia parar de tremer. Ela sabia que não conseguiria escapar de David. David segurava com força seus braços e seu corpo praticamente a esmagava. Ele era muito forte.

— David, por favor... – ela implora.

David levanta o olhar e a encara tão maliciosamente que Luana sente que não poderia permanecer em pé por muito tempo. David aspira o ar e chega o rosto para mais perto do rosto dela. Luana engole em seco.

— Eu estou com sede, Luana. – ele diz entre dentes. – De sangue... e de sexo. – David crava as unhas com firmeza nas nádegas de Luana, puxando-a para si. Luana arregala os olhos. – E essas duas coisas se resumem apenas a você...

Dizendo isso, David começa a se movimentar contra Luana, fazendo sua pélvis se esfregar com força a feminilidade dela. Luana arqueja assustada com os crescentes movimentos que pareciam não parar, enquanto David grunhia em seu ouvido e ignorava por completo suas súplicas. Ele a beija desesperadamente, não dando tempo a ela de sequer pensar.

— David, não!...

Luana já estava perdida naquilo, imaginando o que viria a seguir. Com toda a certeza David não continuaria apenas a prensando na parede, mas iria querer possuí-la. Ele estava tão fora de si que seria capaz de fazer qualquer coisa.
Que os céus a ajudassem, Luana pensa com lágrimas nos olhos.
E como se algo atendesse suas súplicas, Ivan aparece no corredor, andando rápido na direção deles e os separando.

— David, solte-a.

David se separa de Luana repentinamente com o rosto suado e com a calça revelando um pouco mais de volume. Luana, por sua vez, estava com os cabelos bagunçados, roupas abarrotadas e a boca manchada de batom. Ela se encosta contra a parede ainda muito assustada e com a respiração bem pesada.
Ivan os encara.

— O que você pensa que está fazendo, David? Luana, você está bem? – Ivan pergunta preocupado para ela.

Luana consegue se recompor de forma desajeita. David cruza os braços, indiferentemente, e se encosta no batente da porta de seu quarto enquanto Ivan ampara Luana. Ele ri.

— Ora, ora, Ivan. Até você me atrapalhando?

Ivan o encara, enquanto segura protetoramente Luana.

— Isso que você tentou fazer foi terrível, David. Sabe disso.

Luana nota que David fica em silêncio por um segundo e depois franze os lábios. Ele estava tão frio e tão perigoso. Mas a verdade é que mal conseguia olhar para ele.

— Existem coisas que são piores, Ivan. – ele diz sombrio. – Pode ter certeza.

Por que parecia que ele estava se referindo a algo que ele e Ivan sabiam?

— Vamos, Luana. – Ivan pega sua mão. – Vamos embora daqui.

Luana acompanha Ivan com certa dificuldade pelo corredor para longe de David. E como num impulso, ela olha mais uma vez para ele que parecia perdido e triste, olhando para o nada. 

—=-

— Sinto muito, Luana. – Ivan diz descendo a grande escada com Luana. – David está completamente irreconhecível.

Luana se senta no sofá, finalmente parando de tremer. O que tinha acontecido no corredor ainda estava fresco em sua memória, e seria bem difícil esquecer.
Ivan se senta em sua poltrona e chama Shartene e Miranda. Poucos segundos depois elas aparecem.

— Ouí, milorde. – ambas falam em uníssono.

— O café que vocês iriam trazer para Luana já esfriou?

— Ouí, milorde. – Miranda responde. – Acabou esfriando. Mas quer que nós tragamos outro?

— Sim. Façam mais café e tragam para mim e para Luana. Aproveitem e levem um pouco para David também. Acho que ele precisa.

— Ouí, milorde. Mas acho que para lorde David seria melhor chá de camomila. – Shartene diz com certa graça.

Ivan sorri.

— Sim, pode ser.

Shartene e Miranda caminham para a cozinha, mas Shartene se detém.

— Milorde. Aquilo relacionado à lorde David é mesmo verdade?

Miranda para no vão que separava a sala de estar do hall de entrada, esperando Shartene.

— Shartene, vamos. Isso não é da nossa conta.

Luana os encara confusa. No entanto, ela começa a entender a que Shartene se referia. Queria acreditar que tudo aquilo era uma mentira, mas infelizmente tudo se encaixava; David havia de fato matado um homem para obter prazer próprio. E, no fundo, ela sabia que ele queria o sangue dela também; não apenas por suas palavras, mas pelo desespero que ele estava de beijar e lamber seu corpo há uns minutos atrás, além do dia em que ele mordera seu dedo. Naquele dia David estava muito estranho, mas agora estava fora do normal. Entretanto, mesmo que uma parte quisesse fugir dele, a outra não conseguia mais ficar longe. Não queria admitir, mas de alguma forma sabia que podia se encontrar com ele quando havia entrado naquele corredor.

— Não se preocupe, Miranda. – Ivan diz e olha de volta para Shartene. – Sim, Shartene. É verdade. Realmente foi David, sem dúvidas. Mas a boa coisa nisso tudo é que nenhum humano suspeitou de algo mais além daquilo que eles acham normal. Por enquanto, estamos salvos.

Shartene sorri aliviada e caminha em direção a cozinha com sua amiga.
Luana encara Ivan.

— Por favor. Conte-me o que você iria me dizer naquele dia.

Ivan a olha com hesitação. Ele respira fundo.

— Bem, acho que já está na hora de você saber. – ele se ajeita desconfortável na poltrona. – Luana, há um motivo de David ter ficado desse jeito, e não me refiro apenas a briga dele com Alan por você.

Luana olha para ele, curiosa.

— É porque ele se está transformando em vampiro?

— Parte disso.

— E o que realmente seria?

Ivan faz uma pausa antes de responder.

— Luana, a infância de David não foi nada comum, nem mesmo satisfatória. Contudo, ates de lhe dizer o que aconteceu com ele, contarei como tudo começou.  

—=-

David sai em disparada com seu carro rumo a qualquer lugar. Seus nervos e hormônios estavam em fúria depois da intervenção de Ivan. Contorcia-se de ódio dele por causa daquilo. Ivan era um verdadeiro hipócrita! Para ele sempre fingia ser o tio bondoso, mas insistia em defender o maldito irmão. Mas Luana não era propriedade de Alan para Ivan servir de protetor dela. David faz uma curva, os pneus derrapando no asfalto.
Contudo, por um lado, sentia-se agradecido pela intervenção indesejada de Ivan. Se ele não aparecesse só os céus saberiam o que ele poderia fazer com Luana. David passa uma das mãos no meio de suas calças. Ainda sentia o crescente volume que aparecera ali desde o primeiro momento em que investira com seu corpo para cima do corpo dela. Luana era muito cheirosa e sensual e ele só soube se sentir perdido com tudo aquilo. Tão perdido que poderia fazer qualquer coisa com ela naquele momento, sem reservas. E, por mais incrível que parecesse, ele sabia que ela também estava excitada e entregue. Podia notar pela forma como ela se derretia, como arquejava e sussurrava pedindo para parar. Luana não era indiferente a ele. Nem um pouco.
David sorri.
Por mais que ela não o amasse, faria de tudo para fazê-la sua. Em nenhum momento passava em sua cabeça perder para Alan. Porém, aquilo ficaria de lado, por ora. Sua sede de sexo não pôde ser saciada, mas ainda tinha que se alimentar de sangue. Muito sangue. Era certo que o que mais queria no mundo era o sangue de Luana, mas como não podia tê-lo ainda, o jeito seria arrancar a força de outros.
David freia abruptamente em frente a uma praça; lá estava vazio, só havia duas mulheres conversando enquanto andavam, deviam ser amigas. Ele sabia que acabaria sendo descoberto, pois uma das duas fugiria e contaria o ocorrido para qualquer pessoa. Mas não se importava se fosse descoberto, contanto que saciasse sua sede incontrolável de sangue.
Sem demora, David avança na direção das duas mulheres, assustando-as. David consegue deter uma delas, mordendo-lhe o pescoço. O gosto do sangue dela comparado ao de Luana era horrível. A outra mulher observa a cena completamente horrorizada, mas encontrando forças para fugir. David queria esfolar o corpo da mulher que ele tinha nos braços, sugar todo o sangue de seus órgãos assim como fizera com o homem da estrada. No entanto, ele se afasta da mulher que já está sangrando no chão para ir atrás da outra mulher que corria de maneira desajeitada para longe dali. Claro que não a deixaria escapar.
Pela segunda vez David usa seu mais novo poder – o teletransporte. Ele para na frente da mulher que está completamente desesperada e com lágrimas escorrendo por sua face. Lágrimas mais uma vez. Dessa vez não eram mais suas, mas de outra pessoa. Não se deixando deter, David avança para cima da mulher, mas é impedido por outro ser sombrio como ele, porém mais frio e controlado.
Alan.

— Vai embora. – Alan diz para a mulher que estava chorando com desespero. – Pegue sua amiga e suma daqui!

A mulher o olha confusa e assente, correndo para onde sua amiga estava. David se empertiga, olhando para Alan.

— Alan. Veio atrapalhar minha janta?

— Janta, David? Humanos não são mais jantas para nós.

— Fale por você, Alan. Não por mim.

A mulher ajuda a outra que está ensangüentada a se levantar, com certa dificuldade. Alan se vira para elas.

— Espere um pouco. Levarei vocês ao hospital. Não se preocupe, não farei nenhum mal a vocês, podem confiar. – Alan diz ao notar a expressão de desconfiança no rosto das duas. – E, por favor, não contem o que houve aqui para ninguém.

A mulher que foi salva o encara como se ele fosse louco.

— Minha amiga acaba de ser mordida por esse monstro canibal, e você não quer que eu conte?

David trinca os dentes. Monstro canibal... Realmente, essa era outra coisa que se aplicava perfeitamente a ele.

— Por favor, eu imploro. – Alan insiste.

Qual é o problema dele? David cerra os olhos com desconfiança. Por que, afinal, Alan estava insistindo para aquela mulher não contar o recente ocorrido para ninguém?

— Eu vou contar. – ela diz desafiadora. Minha amiga está toda ensangüentada por causa dessa aberração. – ela olha com ódio para David.

Como se lembrasse de algo de seu passado, David não agüenta a pressão e vai para cima das duas, mas felizmente é impedido mais uma vez por Alan que o segura sem muita dificuldade. Ele era realmente muito forte.

— Acalme-se, David. – ele se recompõe. – Ainda vamos conversar sobre isso. Até lá irei levá-las no hospital mais perto daqui.

David encara Alan e desata a rir. Como ele podia dizer aquilo com tanta naturalidade, como se vampiros e humanos pudessem ser um só?

— Acho que você está passando do ridículo, Alan. Está querendo ser amiguinho dos humanos? Não, a mim você não engana.

— Pense o que quiser, David. Apenas peço para que pare com essas tentativas de homicídio.

David o encara sério.

— Farei o que tiver que fazer para saciar meus desejos. – ele diz olhando nos olhos de Alan. – Qualquer um.

David diz aquilo no intuito de Alan entender que Luana não estava nem um pouco a salvo. Que, mesmo que Alan tentasse impedir, David a possuiria de todas as formas possíveis.

Alan o encara de volta.

— Diga o que quiser. – ele se volta para as mulheres e as ampara. – Vamos.

David vê ele as ajudando a entrar na Lamborghine que estava perto dali e logo vai embora. Como, afinal, Alan tinha descoberto onde ele estava? Certamente o havia seguido as escondidas. Entretanto, mesmo que Alan pudesse interferir em sua caça, não conseguiria intervir no que tinha em mente. David sorri. Mas não mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O próximo terá mais nostalgias.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Noiva do Drácula" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.