A Noiva do Drácula escrita por Chrissy Keller Books


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Tive que me forçar um pouco pra poder ficar inspirada...

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David não era bem um garoto popular e conversativo. Desde pequeno, tinha dificuldades de se relacionar com quem quer que fosse, devido ao fato de se sentir sozinho. Foi criado pelos tios e pelas criadas mas, mesmo assim, sentia sua vida vazia. Sentia falta de ter um pai e uma mãe ao seu lado, o amando e protegendo. Ainda pequeno experimentara o desdém e a repulsa da Elite vampírica pelo fato de ter nascido mestiço. Ouvira uma vez, Shartene e Miranda falando que sua mãe foi morta, mas pela mão de seu pai. Desde então, tem criado ódio do mundo. Não haveria razão para sorrir, para ter amigos, para se apegar a alguém. Até que, em um belo dia – para não dizer o melhor de sua vida – David conheceu Luana.

Ela era linda, toda menininha, toda inocente. Aquele jeito dela conquistou de vez seu coração. Não conseguia mais pensar em raiva, dor ou mágoa. Apenas em Luana.

David também era um pouco inocente nessa época. Não tinha muitas coisas a se preocupar. Por causa dela, estava começando a esquecer as coisas ruins que vivera. Porém, nem certo dia, Luana arranjou um namorado. Um babaca qualquer que achava que poderia atrair a atenção de todas as garotas do mundo com seu corpo atlético e seu cabelo tingido de loiro. Mas, afinal, o que ela vira naquele imbecil? Só tinha um jeito de descobrir.

Num certo dia, depois de terminar o horário das aulas da tarde, vira o idiota completo levar Luana na porta de casa. Teve que se segurar para não socar aquela cara de arrogante quando o vira beijando Luana. Até que David conseguiu segui-lo e encurralá-lo num beco escuro.

–-- Q-Quem é você? --- o garoto perguntou, tremendo de medo ao ver a figura escura caminhando em sua direção.

Medroso de merda.

–-- É você, o namorado de Luana? --- David perguntou, louco para arrebentar a cara de imbecil daquele garoto.

–-- Sim, sou. --- o garoto engoliu em seco, os olhos arregalados.

–-- Não, não é mais. --- David contraiu a mandíbula, chegando bem perto do garoto. --- A partir de hoje, você não é mais.

–-- O quê?

–-- É isso mesmo o que você ouviu. --- David encarou os olhos do garoto com uma mistura de frieza e fúria. --- Quero que você termine com ela. E hoje mesmo. E se, por acaso, eu souber que você chegou um centímetro sequer perto dela... --- David o encarou, chegando mais perto. O garoto estava quase se borrando de medo. --- você é um homem morto. Entendeu? --- ele rosnou.

–-- Sim, sim, cara, entendi. --- o garoto parecia que iria chorar.

David não queria magoar Luana. Mas, ela era dele, e de mais ninguém.

Porém, se passou apenas uma semana para Luana arranjar outro idiota. Botara para correr todos, um por um. Mais quatro retardados que não mereciam o amor dela. Mas, afinal, por quê ela não o notava? Por quê só notava garotos que nem sequer mereciam sua atenção? Morria de vontade de roubar um beijo dela, mas tinha medo de que nunca mais fossem amigos. E não queria perdê-la. De modo algum!

Conseguira espantar todos os namorados dela, e ainda era seu melhor amigo, mas o tempo passou e as coisas começaram a mudar. Mas, o que mais mudara, quando chegara aos vinte e um anos, foram seus sentidos. Não conseguia mais se sentir tão humano quanto antes. Aos poucos, sentira sua força, audição e olfato muito melhores do que antes. E bastava isso para deixá-lo mais ainda de mau humor. Afinal, por quê estava tendo sentidos e força de um vampiro, se nunca seria um vampiro? Bem, não um completo.

Se sentia uma aberração; não um humano completo, não um vampiro completo. Sentia raiva daquilo tudo. Então, quando menos pôde esperar, sentira toda aquela raiva e mágoa de antes, voltar à tona. Ainda amava Luana, com todo o seu ser – o que piorava as coisas. Mais ainda agora, que estava noiva de um imbecil qualquer. Estava fervendo de ódio, tanto que não soube amenizar sua força ao bater naquela mesa de madeira. A mesa teria conserto, mas seu coração, não.

David praticamente voa em seu Camaro preto, de tão veloz que estava, rumo à sua casa.

Ele estaciona o Camaro no jardim da mansão. Sua casa... Foi criado ali, mas nunca vira aquele lugar como sendo seu lar. Tinha sido bem cuidado pelos tios e pelas criadas, mas queria mesmo é ter um pai e uma mãe por perto que o apoiasse e o amasse. E Luana também, claro. Queria que ela o amasse, que sorrisse para ele, que ficasse protegida em seus braços. Desde que mudara seus sentidos, há um ano atrás, ela também mudara. Não era a mesma Luana que sorria para ele. Era uma Luana temerosa, que só sabia evitá-lo. Por quê ela mudara? Por quê tudo tinha que mudar? Por quê sua vida tinha que ser essa merda?

David respira fundo e desce do carro. Tinha que se mostrar mais calmo. Não queria ver seus tios se metendo em sua vida, novamente.

Abrindo a porta da sala de estar, Shartene e Miranda o saldam com uma alegria exagerada.

–-- Lord David!! --- Shartene e Miranda falam em uníssono, quando o veem entrando na sala. Só mesmo elas para lhe tratar com tanto respeito.

David consegue sorrir, apesar de estar com o coração doendo.

–-- Olá, meninas. --- ele olha em volta da sala e vê que não há ninguém, exceto as duas. --- Onde estão meus tios?

–-- Lord Alan acaba de voltar, e está na sala de jantar com Lord Ivan. --- Shartene e Miranda.

–-- Alan acaba de voltar de onde?

–-- Não sabemos, milorde. --- Miranda responde.

David passa pelas duas e entra na sala de jantar. Alan e Ivan estavam postos à mesa, comendo algo que parecia carne crua, repleta de sangue.

Ah, meu Deus...

David faz uma careta de nojo ao ver a cena. Será que algum dia aquilo iria acontecer com ele? Tomara que não.

Ivan o avista primeiro.

–-- Oh. David!

Alan também o avista.

–-- Onde estava, David?

Pronto. Começou.

–-- Para quê você quer saber? --- pergunta, malcriado.

–-- David! Isso é maneira de falar com seu tio Alan? --- Ivan se queixa.

–-- Não sou mais um garotinho.

–-- Sabemos disso, David. --- diz Alan. --- Mas você é nosso sobrinho. Nos preocupamos com você.

David continua a encarar àquelas coisas cobertas de sangue. Queria vomitar.

–-- E então, como foi seu dia? --- pergunta Ivan.

Ah, não. Eles sempre queriam saber de sua vida. Era um saco. Não aguentava mais aquela vida desgraçada.

Ele suspira, cansado, e senta em uma cadeira.

–-- Respondendo à pergunta do Alan, eu acabei de voltar do trabalho. Vocês já deviam saber disso. E respondendo à sua pergunta, Ivan, meu dia foi uma merda. --- ele os encara, de mau humor. --- Perguntas respondidas?

Alan para de comer e o encara, curioso.

–-- Quer nos contar como foi?

David sorri, sarcástico.

–-- Você acha mesmo que eu vou contar?

–-- Por favor, David. --- Ivan o repreende. --- Confie mais em nós. Somos uma família.

David olha para eles, depois olha para a entrada da sala de jantar. Shartene e Miranda não estavam ali. Com certeza, elas estavam em algum lugar, escutando toda a conversa. Ele ri. Travessas, como sempre.

É claro que os tios eram sua única família, mas não queria compartilhar tudo o que acontecia em sua vida. Já era um homem. Mas, para não fazer desfeita, - e para não lhes dar maior motivo para lhe encher o saco – contaria apenas o necessário.

–-- Vocês querem saber mesmo?

–-- Sim. --- os dois respondem em uníssono.

Tiveram aula com Shartene e Miranda?

–-- Ok. --- David volta a encarar aquelas carnes cruas e vira o rosto, com nojo. --- Será que dá para tirar isso daqui? Estou ficando enjoado.

Alan sorri para ele.

–-- Ah, David, mas um dia você terá que experimentar. Shatene! Miranda!

Ele as chama e, como num passe de mágica, as duas reaparecem. David sorri. Sabia que elas estavam escondidas em algum canto da casa, escutando a conversa. Elas pegam os pratos e os coloca em bandejas, saindo do recinto.

–-- Nunca. Nunca vou comer isso aí.

–-- Mas, diga, David. O que você iria nos contar? --- Alan o encoraja.

David respira fundo e os encara.

–-- Fiz merda.

–-- Fez o quê? --- Ivan o encara, confuso.

–-- Ah, irmão, esse é o linguajar que os jovens de hoje em dia usam. --- Alan diz, sorrindo para Ivan.

–-- Posso continuar? --- David pergunta, irritado. Seus tios consentem, em um movimento de cabeça. --- Eu quebrei a mesa do trabalho.

Ivan e Alan o olham, impassíveis.

–-- E como você quebrou? --- Ivan pergunta.

Se contasse que socara a mesa, eles iriam perturbá-lo ainda mais, sedentos por informações.

–-- Fui... hã... jogar a mochila. --- mente.

Ivan e Alan o olham, céticos.

–-- Você jogou a mochila, e ela quebrou... --- Alan fala, duvidando.

David desvia o olhar. Merda. Não estava funcionando muito a questão do interrogatório. Tinha se perdido mais ainda. Novamente os encara.

–-- Isso. --- diz, pouco convincente. --- Vai ver a mesa estava podre.

–-- Ou você está ficando forte, David. --- Ivan completa.

–-- Ora, por favor, meu irmão. --- Alan retruca. --- A questão de David ficar forte é verídica, mas com uma mochila? --- Alan enfatiza a palavra “mochila”. Eles estavam duvidando dele. Que se dane.

–-- Sim. --- Ivan concorda. --- Parece um tanto estranho...

David levanta da cadeira e pega sua mochila.

–-- Bom. Se quiserem acreditar, acreditem. --- ele caminha até a entrada do cômodo. --- Se não quiserem... já contei tudo o que era para contar.

Quando ele sai, vê Shartene e Miranda brincando na sala de estar, como duas menininhas. Ele sorri. Elas eram muito unidas, alegravam a casa. Mas, a casa seria melhor se Luana aceitasse ser sua. Aí, sim, seria perfeita.

AS duas notam sua presença e param de brincar.

–-- Oh, milorde! Miranda fica surpresa ao vê-lo. --- Deseja alguma coisa?

–-- Sim. Quero que vocês levem um hamburguer bem suculento ao meu quarto. Depois de ter visto aquela porcaria eu poderia perder o apetite, mas estou com muita fome.

Shartene o encara.

–-- Ainda... se sente humano, milorde?

–-- O bastante para não beber sangue? Sim.

Shartene e Miranda se encaram confusas.

–-- Mas, milorde, como faremos um hamburguer? --- Miranda pergunta.

Ele acha graça.

–-- Não é para fazer. Há uns trezentos metros tem uma lanchonete que fica até mais tarde. --- ele abre sua mochila e pega a carteira, tirando uma nota de R$ 10,00. --- Comprem um sanduiche para mim, ok?

–-- Sim, milorde.

Miranda pega o dinheiro e Shartene a acompanha até a saída.

David fecha a mochila e sobe as escadas rumo ao seu quarto. Chegando lá, ele joga a mochila em cima do criado-mudo e se joga na cama. Até quando sua vida seria resumida apenas à isso? Queria mais. Queria poder fazer mais coisas. Ele encara o retrato de Luana. Ela estava tão linda naquele dia em que tirara uma foto dela. Totalmente distraída, brincando com suas amigas... Por quê ela não podia mais ser como antes? Por quê tudo tinha que se complicar? A verdade é que nada iria ser como antes. Nem ele mesmo.

Shartene e Miranda já tinham lhe dado troco do dinheiro e o hamburguer suculento. Realmente, estava morrendo de fome. Ele morde o hamburguer com vontade. Apesar de ter visto aquela nojeira que seus tios estavam comendo, não tinha perdido o apetite. Essa era uma coisa boa de ser humano.

David faz cara feia. O que houve com o hamburguer? Estava com um gosto... estranho. Ele coloca o hamburguer em cima do prato que viera junto e fica inteiramente nu.

Não gostava de dormir de pijama. Assim se sentia muito melhor. Ainda mais quando tinha uma mulher tão linda para apreciar. Era hora do ritual que fazia todas as noites: se acariciar olhando para o retrato de Luana. Para ela saber, de alguma forma, que era nela em que ele sempre pensava. Era ela quem ele desejava até ficar louco. E era hora de enlouquecer... por Luana.

David senta na cama e começa a se acariciar, olhando para o retrato.

Oh, Deus...

Amanhã. Amanhã iriam para a discoteca. Iria colocá-la novamente contra a parede. A faria suspirar de tesão. Iria mostrar para ela que era a ele a quem pertencia, e não à um filho da p*** de merda. Iria caçar esse cara. Se pudesse, iria matá-lo. E Luana nunca, nunca mais iria querer outro homem à não ser ele.

Ele sorri para o retrato, mordendo o lábio, ainda se acariciando.

–-- Você é minha, Luana... entenda isso, meu amor... --- ele joga a cabeça para trás, em êxtase. --- MERDA! --- ele começa a acelerar os movimentos, a boca aberta num “ah”. Aquilo tudo era tão selvagem, e ele adorava. E mal podia esperar o dia em que faria aquilo tudo com ela, e muito mais. --- MERDA, LUANA! --- ele encara, mais uma vez, o retrato. --- Você vê?... --- ele acelera os movimentos. --- Vê o que estou fazendo por sua causa?... --- ele morde lábio, fechando os olhos. Não aguentava mais. Tinha que deixar se levar. Ele volta a abrir os olhos, encarando o retrato. --- Eu te amo, meu amor... --- ele sussurra, mal aguentando falar. --- Eu te amo...

Então, David grita desvairadamente deixando transparecer para a sua alma e tudo mais o quanto a amava, caindo na cama.

Michael Jackson - Give in to me

https://www.youtube.com/watch?v=S_EqgmUSW3M


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo... festinha... ^^/



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