Invisíveis como Borboletas Azuis escrita por BeaTSam, tehkookiehosh


Capítulo 19
Verso 18: Where U At


Notas iniciais do capítulo

O capítulo saiu mais cedo pq quinta é véspera de Natal! o/ Yay! :D



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Desde que soube que viria para a Coreia, estive esperando por este dia. Pedi que a aula de canto fosse mais cedo para ter a tarde livre e o Senhor Agente disse que tudo bem. Agora é só checar se está tudo certo que eu já vou para o estádio:

Tranças, ok.

Jeans escuro e rasgado, ok.

Óculos maiores que a minha cara, ok.

Franja penteada para o lado, ok.

Moletom do Fishbones, ok.

Entrada para a partida da SKT contra a Koo Tigers, ok.

Agora é só ir ver a reconstrução da maior final de mundial de League of Legends de todos os tempos! Meu Deus! Eu ainda nem acredito que vou ver o Faker, o melhor jogador de LoL do mundo, ao vivo! Sem falar no MaRin, no Bengi, no Wolf, no Gorilla, no Smeb... Eu vou torcer pela SKT, mas todos são muito bons! Vai ser épico!

No caminho para o estádio, checo as mensagens no Kakao Talk. É tão estranho não ter que me preocupar em ser assaltada... Se fosse no Brasil, eu nem tiraria o celular do bolso.

O aplicativo nem é tão difícil de mexer. Depois de apanhar um pouco, eu acabei pegando o jeito. Eu já avisei todo mundo que de tarde eu iria para um parque de diversões. Menti, eu sei, mas o que eu deveria fazer? Se eu falar que vou assistir uma partida de LoL, eles vão pensar que eu sou uma nerd sem vida! Melhor não correr esse risco...

Rolando as mensagens, eu me pergunto: a resultado chegou aquela briga de ontem? Espero que o Jimin tenha conseguido se desculpar... Como se lesse a minha mente, o celular apita anunciando um nova mensagem:

Jimin: Consegui escapar com apenas um soco no estômago. Pelo menos ainda estou vivo. Os brigadeiros estavam muitos bons! Valeu, Sam!

Abaixo da mensagem está uma foto do Jimin e do V se abraçando, sem bem que o Jimin está com uma cara de dor... Espero que ele esteja vivo mesmo. Ainda bem que tudo se resolveu! Estava com medo de ter estragado tudo com aquele lanche.

Pegando-me de surpresa novamente, mais mensagens surgem:

Rap Monster: Sam, em que parque de diversões você está? Nós vamos para aí também.

Acho melhor responder isso logo antes que vire um problema maior.

Sam: Não precisa se incomodar, eu estou com a minha irmã aqui.

Rap Monster: Que isso! Nós estamos sem nada para fazer mesmo. Me fala onde você está que a gente te encontra aí.

Já até cheguei no estádio, então é melhor eu achar uma desculpa e rápido!

Sam: As placas estão todas em coreano, eu não consigo ler.

Rap Monster: Tira foto.

Droga! Eu odeio quando as pessoas acham soluções para os problemas que eu invento! Foto enviada.

Sam: Pronto. Quantas pessoas vêm? Eu posso ir comprando as entradas enquanto vocês chegam.

Rap Monster: Só eu e o Suga. O resto está na aula de canto e o Hoseok tem medo de parque de diversões kkkkk Nós nos encontramos aí em 15 minutos!

Dito e feito. Quinze minutos depois lá estão eles, me procurando pela fila. Até tento pôr o capuz, me agarrando à esperança de que eles não me reconheçam.

É claro que não dá certo.

– Oi, Sam! – os dois sorriem em minha direção.

– Não se você sabe, mas se você estava planejando ir para um parque de diversões, você está um pouquinho perdida. – Suga ri da minha desgraça.

Ai que vergonha! Seria melhor se eu tivesse tido a verdade! Agora só me resta me esconder atrás das minhas mãos.

– Nunca tinha me imaginado assistindo a uma partida profissional de League of Legends... – Rap Monster pensa em voz alta. – Bom, tem uma primeira vez para tudo. Como você pensou em vir aqui? Foi do nada?

– Não... – sussurro, ainda atrás da minha barreira impenetrável de dedos. – Assim que eu soube que eu viria para a Coreia, eu fiquei de olho nos jogos daqui. Essa partida de hoje vai ser épica para qualquer fã do jogo. São os dois maiores times da atualidade se enfrentado.

– Nossa! Parece que demos sorte, então! – ele comemora.

– Espera aí! – Suga interrompe. – Então, quer dizer que você estava planejando isso por um tempão?

– Sim...

– E você não quis contar isso para ninguém porque estava com medo dos outros pensarem que você é nerd?

– Bem...

– Pode confiar, nós guardamos seu segredo.

– Sério? - minha felicidade é tanta que pela primeira vez desde que eles chegaram, eu abaixo as mãos.

– Claro! Vou só contar para o grupo todo e os staffs também. Ah! Que tal nós filmarmos um vlog lá dentro e postar no V app?

– Não!

Ele está claramente tirando onda com a minha cara. E o Rapmon nem me ajuda! Eu estou me esforçando para lançar o meu olhar mais convincente de desespero e ele nada! Adeus, vida social...

– Sam, - ele finalmente resolve falar algo - não vamos deixar de gostar de você só porque você gosta de videogames. Falando sério, quem nunca foi numa lan house quando era mais novo para jogar com os amigos?

– Para falar a verdade, isso não é nem um pouco comum no Brasil... A lan houses não tem os jogos instalados.

– Ah, você entendeu! Então deixa disso e vamos entrar logo!

Está bem lotado, como eu imaginava. Logo na entrada, recebemos o vale skin, mas como está em coreano não vai servir de nada para mim, muito menos para eles. Por sorte consegui trocar o meu ingresso para que nós três ficássemos no mesmo setor, só que o único que sobrava àquela altura era um dos mais altos no canto. Ninguém merece! Eu tinha conseguido um lugar bem pertinho das equipes, com uma visão perfeita. Mas fazer o quê? É melhor estar longe com eles que perto sem eles.

Luzes vermelhas, azuis e brancas dançam sobre nós. A música está quase tão ensurdecedora quanto a multidão.

– Tem muita gente aqui. – Suga grita para que consigamos escutar.

– O quê? Eu não ouvi. – Ou quase. Rap Monster pede para que ele repita.

– Tem muita gente aqui.

– O que?

– EU DISSE QUE TEM MUITA GENTE AQUI, CARAMBA! - ele berra.

– Ah, tá. - Rapmon (finalmente) entende. – Eu achei que fosse ter menos gente. Tem mais gente aqui que nos nossos shows normalmente!

– É mesmo.

Até que enfim achamos nossos lugares. Não são os melhores, mas dá para o gasto. De acordo com a contagem regressiva no telão, não parece faltar muito para começar.

– Essa música é meio violenta, não acha? – Rap Monster pergunta para mim.

Agora que eu parei para escutar, estava tocando Get Jinxed o tempo todo...

– Ah, é a música tema de uma personagem.

– Não quero nem imaginar como ela é!

Ainda bem que ele não sabe que eu estou vestida igualzinho a ela... (Main Jinx ♥)

O jogo começou. Logo no draft, a SKT faz uma pressão incrível e consegue uma comp melhor que a da Koo Tigers. Mas eles deixaram o Thresh open e o Gorilla pickou! Vai ficar meio difícil assim. O Gorilla de Thresh é comparável ao Faker!

Calma, Sam! Não seja tão nerd! Controle-se! Sem usar tantos termos complicados, sem fangirlizar demais. Calma, Sam! O melhor é ficar quieta e não comentar sobre a partida. Afinal, é só mais uma parti como muitas outras...

– AI, MEU DEUS! O GORILLA ACERTOU O GRAB NO FAKER! MITOLÓGICO! ELE ACERTOU NO ÂNGULO PERFEITO PARA NÃO ACERTAR O MINION! ESFOLAR! O KURO TÁ VINDO PARA O DIVE, MAS O FAKER JÁ FLASHOU! ELE DEU JUKE! BARREIRA! E FIRST BLOOD NO 2X1! O FAKER NÃO É HUMANO, SÓ PODE!

Merda. Acho que eu me excedi um pouco.

Socorro! Os dois estão me encarando como se eu fosse alguma alienígena! O que eu faço agora?!

– Você fica animada assim também nos nossos shows? – Rap Monster pergunta, atônito.

– Eu fico pior.

– Eu imagino. – Suga ri da minha cara de novo.

– Por favor, não se importe com a gente aqui. Torça normalmente.

– Foi mal. – e me envergonho de novo. Eu sou muito idiota!

– Espera, acho que estou começando a entender o jogo. – Rap Monster analisa sério.

– É mesmo? Então me explica. – Suga ironiza.

– Está vendo aquele riozinho no meio do mapa? Quando eles passam ali se chama dive.

Rio baixinho do comentário do RM. Ele está achando que é dive de, literalmente, mergulhar!

– Dive é quando você entra no alcance daquela torre para matar alguém.

– Namjoonie, nem tenta entender.

Depois de algumas lutas e confrontos, um “Double kill!” ecoa pelo estádio. O Smeb matou o Wolf e o Faker numa teamfight.

– Yay! – Suga comemora batendo palmas e sorrindo. – Não estou entendendo nada! Isso é bom?

– Não. Esse foi o outro time.

– Ah, tá. Foi mal.

Assim como na final, a SKT ganhou! Foi o máximo!

– Nossa! O Faker joga demais! Esse cara é um monstro League of Legends! – Admiro a habilidade do nº 1.

– Ei! O monstro daqui sou eu! – Rap Mosnter está (falsamente) ofendido.

– Ei, pessoal, junta! Vamos tirar uma selfie antes de sairmos daqui. – Suga chama.

Nós três nos aproximamos e Suga clica.

– Fica calma, eu não vou postar isso em lugar nenhum, vou só guardar de recordação.

– Eu vou postar. – diz Rapmon, tirando uma selfie de si mesmo para postar no Twitter. – “ Vamos tentar coisas novas! Hoje eu descobri que dive pode ser algo bem mais complicado que simplesmente ‘mergulhar’. #LetsDive #SugaHyungNãoEstavaEntendendoNada”

– Vão achar que você é idiota, Mon-ie.

– Ninguém vai entender de qualquer maneira. Talvez eles até pensem que é algo muito profundo. – ele ri.

– O que nós vamos fazer agora? Isso acabou bem mais cedo do que esperávamos. – Suga pergunta.

– Que tal nós realmente irmos a um parque de diversões?

– Vamos para o Lotte World! Da última vez eu nem fui, lembra?

– Ah, é! – Rap Monster se recorda. – Aquilo foi antes do debut, né? Todo mundo foi de preto...

– Vou mandar uma mensagem para o Jin-hyung para ele nos buscar aqui. A aula de canto já deve ter acabado.

Saímos do estádio e Jin não tarda a chegar. No carro, V e J-Hope já esperam. Jimin e Jungkook encontrarão a gente lá, ou seja, não cabia todo mundo do carro e os outros os expulsaram por serem mais novos. O Jin obrigou o V a ir para o banco de trás, então eu sentei no banco do carona enquanto os quatro ficam se empurrando no banco de trás. Cansado de ouvir as reclamações do Suga durante a viagem toda, Jin liga o rádio. Acho que essa foi a melhor maneira que ele achou de calar a boca do rapper, já que J-Hope e V começam a cantar todas as músicas que tocam. Sem bem que isso só fez com que ele reclamasse ainda mais.

Imprensado na janela, Rap Monster ouve música em seus fones de ouvido, alheio a tudo. “Foda-se vocês” é o que ele deve estar pensando. Não o culpo, está realmente barulhento aí atrás.

Chegamos a um ponto da viagem que Suga já até desistiu de reclamar, cantando algumas músicas de vez em quando. Todo mundo (exceto o Jin) volta sua atenção para o celular no momento. Até surge um comentário vez ou outra entre eles, mas nada muito significante.

Não quero checar o meu celular. Sei o que vou encontrar quando checar minhas redes sociais.

“Parece que ela finalmente desistiu da escola. Ela está faltando todas as provas para ir numa viagem para a Coreia. Ela é tão burra que já desistiu! Pelo menos nós vamos estar livres desse encosto ano que vem! ”

“Eu queria que ela perdesse a passagem de volta. ”

“Ela se acha tanto que o ego dela não deve ter passado no detector de metais quando chegou. “

Esse foram alguns comentários das pessoas da minha turma nos meus vídeos que eu li ontem antes de dormir. Não quero saber de mais. Não agora.

Acho que vou me contentar apenas com a paisagem.

– Você usa óculos? – Hobi puxa minha mente para dentro do carro de novo. - Ou são só de enfeite?

– Eu sou míope, só que eu geralmente uso lentes. Eu não fico muito bem de óculos.

– Parece até o Jin-hyung falando. – Rap Monster acorda do seu mundo. – Você fica bem de óculos.

– Ei! A diferença é que ela fica fofa de óculos! Eu fico parecendo um nerd!

– Obrigada. É estranho ouvir isso – confesso.

– Mas você não tem um canal de um milhão de inscritos? Não deveria ser uma coisa comum ouvir coisas do gênero? – Hobi estranha.

– Para falar a verdade, – admito baixinho – não.

Sem querer, atraí os quatro pares de olhos do banco de trás. Eu tenho que deixar de ser tão sentimental! Meus problemas não têm nada a ver com eles. Melhor mudar de assunto.

– Foi mal por mentir para vocês. É que eu estava com medo de vocês acharem que eu sou estranha por assistir a uma partida profissional de League of Legends.

– Ah, fala sério! Você achou mesmo que a gente te acharia estranha tendo o Rap Monster e o J-Hope no grupo? – Suga brinca.

– Ei! - os dois respondem em uníssono.

– Eu concordo com o hyung – V o apoia.

E então surge uma discussão para saber se eles são estranhos ou não. Tentando se defender, os dois desenterram esquisitices do Suga, do V e até do Jin, que nem tinha entrado na conversa! Já estes revidavam falando das manias noturnas do J-Hope e... do Rap Monster em si.

Não sei quando aconteceu, mas eu acabei me desprendendo da conversa, do carro. Só consigo pensar no Brasil. Dessa vez, eu não consigo me conter e olho o meu facebook.

“Espero que a viagem faça com que você deixe de ser tão nariz empinado. Não querendo ser chata, mas não acha que já fez coisa ruim o suficiente por aqui? A gente até releva a sua arrogância, mas você passa dos limites. ”

Ufa! Esse não foi dos mais agressivos!

“ Vagabunda desgraçada. Chama os seus fãs para te protegerem agora! Ah, é! Você não tem nenhum. Você é uma bosta. ”

“Aproveita que está na Coreia e faça haraquiri. ”

Mas isso é um ritual de suicídio japonês... Estude mais.

“Por que não fica aí? Ninguém quer você aqui por perto. Talvez, se um dia você aprender a ser gente, as pessoas te queiram. ”

Como se eu quisesse voltar...

“Nossa, nem precisa de talento para ser um youtuber famoso. ”

Eles deveriam melhorar o repertório. Essas eu já ouvi...

“Acho que você deveria ver isso. ”

Essa é da Sofia, aquela minha colega k-poper. Deveria ser apenas mais um link para o Youtube. No entanto, tenho certeza que é a porta para o inferno. Minha curiosidade me vence.

Aquela vlogueira, Manu Lewis, fez um vídeo falando sobre como outros youtubers podem ser arrogantes quando as câmeras estão desligadas. Ao que parece, ela dedicou uma boa parte para mim. Eu já falei com ela antes? Não me lembro...

“Naquele evento que eu fui, eu só pedi para tirar uma selfie com ela, mas ela nem me respondeu. Eu pensei que ela fosse mais humilde porque nos vídeos ela sempre interage com as fãs, mas eu me enganei. ”

Evento... Que evento foi esse? Ah é! Agora eu lembro! Eu estava ocupada falando com os meus fãs quando ela me pediu! Ela quis cortar toda a fila para tirar foto comigo, mas eu não deixei. Ela não é diferente de ninguém e nem é minha amiga para pedir fotos assim. Para ser honesta, ela não trocou nenhuma palavra comigo enquanto estávamos sozinhas, me ignorando o tempo todo. Só que, quando vários fãs vieram falar comigo, ela viu nisso uma oportunidade de aumentar o número de inscritos do seu canal. Até então, ela não sabia que eu tinha tantos inscritos.

Pensando bem, talvez eu tenha realmente agido errado. Não custava ter tirado a foto para coitada, foi muito imaturo da minha parte. Não importa qual era o intuito dela com a selfie, eu deveria ter ajudado. Eu vou pedir desculpas inbox. Acho que é melhor que deixar esse desentendido entre nós.

“E uma amiga minha, Nina, estuda na sala dela. Ao que parece, ela é ainda pior lá. Eu me sinto mal pelos fãs dessa garota. Ela deveria tratá-los melhor, eles são o motivo do sucesso dela. Mas eu não quero ficar falando mal de uma pessoa. Por enquanto, eu só estou expondo fatos, mas é melhor não me estender ou eu vou acabar falando o que eu acho disso tudo. Aí vai ser desonesto com ela. Falar mal das pessoas no Youtube é ruim. Só que eu acho justo que as pessoas saibam que ela não é esse mar de rosas todos que acham. ”

Está explicado porque tanta insistência em falara sobre mim. Foi a Nina. Eu já deveria ter imaginado. Ela não perderia a chance.

Esboço o melhor pedido de desculpas que consigo pensar e mando para garota. Ela não tem culpa, foi arrastada para essa situação.

É isso o que me forço a pensar.

Se eu começar a ficar com raiva de todo mundo, eu vou dar razão para eles falarem mal de mim. Se eu começar a ficar triste, eles vão ficar satisfeitos e irão continuar. Se eu começar a chorar, todos a minha volta vão se preocupar.

(Eu quero que eles se preocupem)

Não! Não, eu não quero. Depois da briga de ontem, eles merecem ficar felizes.

(Mas dói muito)

Já aconteceu tantas vezes que eu nem sinto mais.

(É tão errado ficar com raiva ou triste por coisas assim? Eu quero chorar, eu quero gritar com essas pessoas, eu quero que elas estejam erradas e não eu. Eu estou cansada de estar errada. Dói muito. Meu coração dói muito.)

Engulo os nós de sentimentos na minha garganta. Parece que Jin estranhou o meu silêncio, já que, assim que pode, desvia sua atenção por breves segundos para mim.

(Socorro!)

Não deveria tê-lo preocupado. Pense mais nos outros, sua egoísta. Eles estão passando por uma fase difícil.

– A paisagem daqui é bem bonita, né? – disfarço.

– São só prédios.

– Eu não estou falando das construções. As pessoas aqui parecem estar sempre correndo.

– É meio que a nossa marca registrada.

– Eu costumo observar as pessoas da janela de um carro e pensar no que elas devem estar sentindo, pelo que elas já passaram, qual é a história delas. É como um passatempo para que a viagem passe mais rápido. – Por que eu estou falando tanto? Alguém por favor cale a minha boca! – As pessoas daqui parecem ter umas histórias bem diferentes.

– Legal.

Ótimo, com apenas uma fala eu fiz com que todos me achem estranha.

– Nossa, eu pensei que fosse o único que fizesse isso! – Diz uma voz exatamente atrás de mim.

A declaração do Rap Monster me assusta.

– Pessoas são interessantes. – ele continua.

Rap Monster, você não tem medo dos outros te acharem estranho? Minha mente imporá para perguntar, mas a minha voz não sai. Como ele consegue ligar tão pouco para a opinião dos outros? Se eu conseguisse fazer isso...

Desisto de tentar perguntar, minha timidez é uma barreira densa demais para os meus braços finos quebrarem. Volto a encarar a janela, porém, dessa vez, me surpreendo com alguém me olhando. É uma garota de 16 anos, cabelos castanhos escuros, olhos um pouco mais claros, destacados por olheiras. O retrovisor reflete a minha insegurança.

Eu quero me achar bonita. Eu gosto do que vejo no espelho, mas porque só eu? Meu senso de beleza é tão deturpado a ponto de vê-la onde não tem? Por que os outros não me acham bonita também? Se eu falar que me acho bonita, eles vão falar que sou arrogante, louca no mínimo. E se eu falar que canto bem? “Nossa, ela se acha demais. ”

Não dá. Se eu pensar esse tipo de coisa, os outros vão apenas me odiar mais. Samantha, abandone essas ilusões inúteis. Aceite quem você é de verdade. Você é feia, seu talento é limitado, você sempre toma as piores decisões e machuca quem está ao seu redor.

Não, eu sou bonita e canto bem.

Eu causei aquela briga de ontem.

Não, eu não causei.

Deixe de se iludir, você causou sim.

Eu acabo machucando os outros com a minha arrogância. Se eu fosse menos egoísta... Se eu pensasse menos sobre mim mesma... Se eu pensasse mais nos outros... Até mesmo Jimin falou que eu sou enxerida, não é?

Ele não falou com esse intuito, você sabe.

E se ele tiver dito? Nem sei mais quais são as minhas ilusões e quais são realidade. Cada vez fica mais difícil acreditar em mim mesma...

Uma dor de cabeça bem entre as minhas sobrancelhas toma a minha mente. Não é algo insuportável, mas me mata aos poucos. Que morte dolorosa eu estou morrendo. Um funeral de indigente, ninguém vai. Minha mãe quem sabe. Desculpe por ter nascido assim. Eu queria trazer muita alegria para a senhora. Eu falhei. Não sofra por minha causa.

Uma garota brilhante.

De que adianta se apenas eu acredito nisso? Será possível que todos os outros estejam errados?

– Chegamos! Yay! – Suga comemora ao sair do aperto.

– Vamos, Sam! – Jin me chama.

Bom, melhor deixar isso para depois. Agora, eles são mais importantes.


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Notas finais do capítulo

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