Simplesmente Acontece escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 7
Capítulo 6 - Encontro




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/648626/chapter/7

“Todas as vezes que buscamos entender o 'outro', aprendemos a não julgá-lo"

  

Ponto de vista: Brigitte Dilaurentis.

Quando o primeiro dia de aula acabou, a cidade foi agraciada com uma tempestade assustadora. O normal seria, por essa razão e por outras — como não querer receber a bronca do século de Francis — ir da escola para casa, mas, não foi isso que eu decidi fazer, quando resolvo procurar confusão, vou fundo nisso, então comuniquei ao meu irmão de modo que não abri espaço para protestos, que sairia para jantar com Rosalya, que me devia tal coisa depois de me abandonar na noite anterior. Nathaniel não teve muito o que fazer realmente, além de aceitar.

A namorada de Leigh escolheu o lugar; Um restaurante casual perto do maior shopping da região, concordei e assim seguimos de táxi até lá. No caminho, tenho que admitir que me encontrei perdida em pensamentos, agora que estava tão sóbria quanto um bebê, me permiti lembrar do que fez para começo de conversa eu ficar bêbada naquela noite; Os olhos de Castiel. O jeito que ele tocava sua guitarra. Sua voz acariciando meus ouvidos. Enfim, todo conjunto da obra. Era insano como eu pude me deixar levar por um encanto ilusório do cara que eu nunca deveria olhar com outros olhos. Mas, eu olhei. Pior que isso. Eu senti. Uma espécie de tremor subir pela minha coluna quando ele cantou e um tipo de arrepio abraçar meu corpo, quando nossos lábios se chocaram após meu impulso. Sim, agora eu começava a me lembrar de todas as sensações. O beijo foi bom. Foi bom de um jeito que não é certo nem dizer que foi.

                De forma automática, toquei meus lábios. Quando de uma forma mais vívida ainda lembrei que mesmo com toda loucura da situação; Castiel retribuiu sim o beijo. Só foi um babaca presunçoso ao me tratar mal pela manhã, querendo camuflar o fato de que não fui só eu que segui instintos naquela noite.

                Rosalya continuou dando ordens, ao escolher nossa mesa, não se preocupando em notar que eu me encontrava fazendo atos estúpidos. A mesma pediu praticamente um banquete, enquanto eu me limitei a um espaguete. Sabia que ela tinha começado a tagarelar sobre alguma nova criação de Leigh, enquanto o pedido não chegava, mas, não conseguia prestar atenção nela, não quando toda minha concentração se encontrava direcionada ao meu então erro prazeroso. Espera, por que eu estou me preocupando em pensar nesse beijo? Não é como se ele tivesse significado mais que isso. Um erro. Ou então que fosse se repetir. Não vai. Porque por garantia vou me manter o mais afastada de Castiel que puder.

—Fala sério, esse lugar é um saco Lysandre. — tentei dizer a mim mesma que eu escutar a voz de Castiel no restaurante era só mais uma das minhas loucuras, mas, quando Rosalya me lançou aquele sorriso amarelo com um pedido de desculpas incluso no olhar, eu soube que era real. E como era real.

Meus olhos azuis foram em direção ao senhor ironia e a expressão que ele fez ao me ver denunciou que ele estava tão perturbado com a minha presença, quanto eu estava com a dele.

—O que a patricinha faz aqui? — indagou com o humor tão bom quanto estava de manhã, fiz uma careta e engoli um xingamento.

—Eu que te pergunto; O que faz aqui?  — questiono de volta e ele bufa.

—Lysandre me convidou para um jantar entre amigos. — pelo menos ele me responde decentemente dessa vez. Me viro para Rosalya incrédula e ela continua com aquele sorriso.

—E eu convidei o Lysandre, olha que coisa incrível, todos descobrimos como chegamos aqui. — sua brincadeirinha quase me faz entender porque Ambre não gosta dela.

Sem mais contratempos, Rosa faz com que todos se sentem juntos, e um festival de caretas desfila por minha face enquanto tenho que suportar essa situação que inclui Castiel me olhar com um sorriso de deboche a cada cinco segundos. Parece que minha melhor amiga não nota o quão desconfortável é ficar assim com ele depois de ontem. Na verdade ela nota sim, e só armou isso para ver o circo pegando fogo.

Após duas garfadas de espaguete me levanto repentinamente e minha amiga arregala os olhos, enquanto Castiel simplesmente os revira.

—Para onde você vai? — ela questiona com a voz estridente.

—Para o bar do restaurante, se vamos continuar com isso preciso de uma vodka antes. — lhe comunico com um sorriso cínico.

Não fico para ouvir mais nada vindo dela, apenas sigo na direção da entrada, onde o tal bar ficava.

Me sentei em um dos bancos de lá e pedi um coquetel qualquer, mesmo sabendo o quão errado era encher a cara de novo.

—Você é uma alcoólatra por acaso? — quando Castiel indaga aquilo se sentando ao meu lado solto um grunhido frustrado e pela primeira vez na minha vida odeio Rosalya.

Esse babaca deveria se manter afastado de mim.

Por que ele não está afastado?

— Pode por favor ficar longe de mim? Não quero correr o risco da minha boca esbarrar na sua de novo. — peço quase desesperada, Castiel ri levemente, não soa falso, mas, não ligo para isso.

—Esbarrar? Não sei não, aquilo pareceu bem proposital. — ainda é ele quando debocha.

—Lógico. Porque eu acordei ontem imaginando como seria beijar o garoto mais desejado da Sweet Amoris e segui meu objetivo com animação. — retruquei irritada.

—Isso é uma confissão? Porque sua animação para me beijar foi real até demais. — não para nem por um segundo.

—Dilaurentis errada, querido, quem tem um penhasco por você é minha irmã não eu. — lhe comunico disso com convicção.

—Sério? Sempre vi você me lançando uns olhares suspeitos durante as aulas. Acho que já vi paixão por mim neles . — implica antes de pedir ao garçom que o trouxesse um copo de cerveja.

—Não se engane. Era ódio. — não, não era. Sempre foi curiosidade.

—Por quê? — questiona em um tom sério.

—Por que o que? — quero entender sua mudança de humor.

—Quais motivos você teria para me odiar? — questiona me desafiando a nomeá-los. Seus olhos cinzas como a noite me avaliam como se eu estivesse nua naquele instante. Não gosto nisso. Não gosto que ele esteja próximo. Não depois de ontem.

—Por que você me odeia?  — retruco a pergunta e ele ri com escárnio.

—Eu não te odeio, Brigitte, só não me importo com você. — esclarece como se fosse obvio. — Não perderia tempo odiando alguém como você. — é claro que ele não poderia parar na primeira parte.

—Alguém como eu? E o que eu sou? — agora sou eu que o desafio a respondê-lo.

—Uma garotinha esnobe que vive por ai querendo soar incrível com sua familhinha riquinha e perfeita, enquanto não passa de uma insegura que sempre quer a atenção de todos. — é como se ele tivesse demorado muito tempo me observando para fazer aquela avaliação.

Olho para ele incrédula.

—Isso é sério? Você acha que só por que seus pais somem o ano todo e te abandonam você tem o direito de se revoltar com o mundo e julgar as pessoas sem conhecê-las?  — Castiel me olha furioso pela alfinetada. — Não pode, porque adivinhe; todos tem problemas, Castiel e se você soubesse ao menos a metade de... — me levanto aturdida.

—Qual o drama da vez? Se eu soubesse como é difícil decidir qual roupa cara irá comprar? — questiona em um tom baixo e frio.

—Se você soubesse como eu queria que meus pais fossem como os seus e às vezes sumissem...Sobre como eu queria somente respirar longe deles. — dito isso não me importo mais com droga de drink nenhum, não me importo mais com nada, apenas dou as costas a Castiel e vou embora daquele restaurante, tendo na mente como última lembrança dele o olhar surpreso de Castiel.

[...]

A pequena cidade da França amanhece chuvosa como na noite anterior, encostada no carro de Nathaniel no estacionamento da escola suspiro, deixando que o ar branco causado pelo clima se espalhe. Estou bastante agasalhada por isso aguento ficar ali. Preciso de um momento sozinha antes de enfrentar o segundo dia do último ano, porque agora tenho que lidar com o fato de que me aproximei de um dos alunos dessa escola da pior maneira possível, simplesmente corro o risco de esbarrar em Castiel em um dos corredores, e estou tentando superar tal coisa antes de acontecer.

Quando por fim decido entrar no ambiente escolar sou agraciada com uma brisa gelada que bagunça meus cabelos, a medida que tento ajeitá-los meu olhar encontra Castiel sentado displicentemente sob o banco que de alguma forma já afirmou ser seu, fumando de maneira imprópria. Antes que tenha a oportunidade de fitar outra coisa, sou pega no flagra por ele, que se limita a me fitar com as sobrancelhas franzidas.

Paro tão desconfiada com nossa interação quanto ele e quando noto que isso pode soar de forma estranha para outras pessoas, seguro a alça da minha bolsa de forma forte e aperto o passo em direção a entrada do colégio. O corredor está cheio como em uma manhã qualquer, os que não são novatos ocupam o lugar com suas ações típicas; meu irmão conversa com Melody enquanto mostra a ela alguns papeis, Ambre com suas amigas fofocam sobre algo fútil, Irís e Violette observam o painel artístico próximo a sala dos representantes e dão suas opiniões sobre as obras expostas.

Eu por minha vez, vou em direção ao meu armário, em busca do livro da primeira aula. Antes, porém que eu abra a porta metálica uma mão pousa na superfície me impedindo de fazer isso. Rosalya faz uma expressão de lamentação mais falsa do que eu quando digo que vou obedecer Francis. Arqueio uma sobrancelha esperando que ela fale.

— Sinto muito por ontem, eu fui insensível. — pede, quase implorando.

— Não, você estava sendo você. Só porque eu te contei sobre o beijo, você começou a acreditar que Castiel e eu teremos uma história de amor proibido ou algo assim, e quer interferir para que o processo acelere. — pontuo certa disso, ela suspira.

— Talvez. — deixa no ar.

— Então pare. — ordeno incrédula. — Tudo que eu menos quero no momento é...me preocupar se a minha melhor amiga vai me colocar em situações desconfortáveis com um cara como Castiel. — isso soa meio irritado.

— Mas... — tenta me convencer de algo.

— Não. Rosa, nem se ele fosse o sonho de consumo americano, nem se ele fosse alguém ao menos sociável, nem se por um acaso eu realmente me sentisse atraída por ele, e tivesse começado a pensar nele de outro modo depois daquele beijo, nada disso valeria a pena, porque estar com um cara como ele...estar com ele, sendo eu...Não funcionaria. — lhe dou meus argumentos, e antes da mesma retrucar, a ignoro e abro o cadeado do armário, me focando em achar o que preciso no momento.

Estou irritada, com Castiel, com ela, mas, principalmente comigo. Por alguma parte de mim se sentir incomodada com a possibilidade de termos algo, quando em tese essa possibilidade nem devia vir a ser cogitada. Por isso cada movimento é furioso, tanto que em determinado momento arfando e sobre o olhar chocado de Rosa me viro e me encosto no armário com uma expressão de frustração.

— Castiel não gosta de mim, ele nem ao menos me suporta, já tenho pessoas desse tipo em excesso na minha vida, então, por favor, deixe as coisas como estão. — meu pedido é o mais calmo possível, mesmo com sua personalidade insistente Rosa assente.

— Eu tenho que ir resolver algo com Lys. — me avisa ao notar que preciso de um tempo, concordo, sorrindo de modo forçado e a mesma se afasta após um sorriso mais verdadeiro que o meu.

Já com meu material arranjado sigo em direção a aula de Faraize. Sento em uma mesa qualquer e me concentro em abrir o livro e adiantar o primeiro capítulo. Não vou pensar em Castiel. Castiel não me tirará da França. Boas notas sim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Simplesmente Acontece" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.