Simplesmente Acontece escrita por Maria Vitoria Mikaelson


Capítulo 12
Capítulo 11 - Castiel não beija




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Enquanto me arrumo no dia posterior ao da minha segunda transa interrompida com Castiel me foco mais que o habitual, e não, não tem nada a ver com ele, não quero provocá-lo ou algo desse tipo, sou uma mulher emponderada que fica linda para si mesma. Que inclusive usa um batom vermelho para realçar sua bela boca. Uma saia que destaca sua bunda e os tênis brancos que por alguma razão Castiel repara muito. Droga. Quem estou me tornando? É lógico que quero despertar sua atenção. É patético. 

Antes que continue minha linha de raciocínio sobre estar virando um clichê meu quarto é invadido por uma tempestade loura. Com o rímel em mãos pronto para retocar a observo incrédula. Aponto para porta e sorrio irônica e com muito escárnio.

— Inventaram essa peça de madeira para selar a privacidade, antes de rompê-la você avisa batendo. — comento não entendendo sua ação fora do comum. Ambre me evita na maior parte do tempo. Revira os olhos e suspira como se se rendesse.

— Preciso da sua ajuda. — okay, posso estar com medo. Largo o item de maquiagem e observo a criatura que menos pede ajuda no mundo.

— Não guardo bebidas mesmo que pareça, não posso mentir para o Nathaniel por sua causa porque já minto muito pela minha e não ameaço a ninguém para satisfação de terceiros, minhas ameaças envolvem meu próprio prazer porque elas em si se limitam a ameaçar algo sexual e consensual. — explico hesitante e Ambre resmunga irritada.

— Você conquista muitos caras. — parece lutar contra tudo de si para admitir.

— Eu diria obrigada mas não parece um elogio. — falo antes de pegar meus brincos para colocá-los em seguida. 

— Eu tentei de tudo para conquistar o Castiel, preciso de dicas, você parece a pessoa própria para isso. — os brincos caem pelo susto, me agacho antes de pigarrear tentando encontrar voz. Me sinto meio que uma piranha agora por ter conseguido em pouco tempo o que minha irmã não conseguiu em anos. Mas aqui vai um fato; Castiel me deseja, ele não gosta de mim então eu não estou passando na frente dela, só estou pegando um atalho. Pensar assim faz de mim pior do que já sou mas eu quero ele agora não casar com ele.

— Eu "Conquisto" os caras rápido porque quero que eles me peguem, e eles querem me pegar, caras só querem pegar, meu esclarecimento é atrativo. O que você quer com o Castiel é um conto de fadas e Ambre ele te vê como um pesadelo. — tento ser sútil mas ela não entende assim.

— Se ele ficar comigo só uma vez vai querer ficar para sempre, posso o convencer disso, convenço a qualquer um fazer o que quero. — me levanto composta e olho para ela um tanto decepcionada.

— Ambre quando você convence novatas a fazerem o que você quer faz isso porque você inspira medos nelas, não porque elas acham você admirável. Amor, paixão, coisas que levam a um relacionamento são sobre você querer, não sozinha, mas com a outra pessoa e quando Castiel pensa em você ele não te vê como uma possibilidade ele te vê como uma garota mimada que não aceita não como resposta... Talvez deixá-lo ir seja a melhor escolha, talvez ele veja algo novo em você que o faça reavaliar ou talvez quando você abandoná-lo você perceba que ele não tem que ser sua única possibilidade. — não tinha nada a ver com o fato de eu ter ficado com ele só quero que minha irmã seja uma pessoa mais digna do amor.

— Por que está sendo tão vaca? —essa é sua reação e parece ofendida.

— Porque na maior parte do tempo as pessoas te tratam, até eu mesma como se você não pudesse saber a merda que a realidade é, só que eu ignoro, você sabe, as vezes você faz da vida das pessoas uma merda com as suas inseguranças. — não a poupo. — Um dia ele vai amar alguém na sua frente, e você não poderá fazer nada, porque pessoas não são coisas e se fossem ele não é seu. Não importa quanto o papai te fale que você pode ter tudo, não dá, não podemos. Quer meu conselho? Não deseje amor, nós os Dilaurentis nunca podemos vivê-lo. — dito aquilo vejo seus olhos lacrimejando assim como os meus. Ela sai do cômodo e eu me olho no espelho.

Uso aquele rímel controlando minha respiração, conserto um amassado imaginário em minha saia e mostro um sorriso para meu reflexo.

— Sorria Brigg, faça piadas, você não é a pessoa que chora, você sorri. — e eu acredito.

...

Nathaniel lê alguns relatórios impressos enquanto caminhamos pelo corredor escolar depois de chegarmos a Sweet Amoris. O caminho até aqui foi silencioso por todas as partes, mas ele seria um idiota se não percebesse que Ambre estava com raiva de mim e por mais que as vezes tome decisões de um ele não é. Me lança um olhar intimidante e espera que eu fale antes que ele pergunte.

— Só disse a verdade a ela. — esclareço sem ligar muito. Nathaniel continua a me olhar como se eu tivesse cometido um crime.

— O problema não é a verdade, o problema é como você conta ela e na maioria das vezes envolve zero sutileza. — acusa e odeio como faz parecer que sou uma pessoa ruim, dou um suspiro e brigo com mais um irmão, é um dom que aprendi essa manhã.

— Eu não saberia, passo a maior parte da minha vida mentindo, por sua causa. E se só por um momento você não se sentisse culpado por nos colocar nessa situação teria tempo para notar que Ambre está se tornando um mini papai, talvez ela já agrida as pessoas. — as últimas palavras berro sem a mínima paciência, porque conferi antes que poucas pessoas tinham chegado. 

Meu irmão me olha como se eu tivesse o machucado. Bem vindo ao clube querido. É o que nós fazemos.

— O que está acontecendo com você? — quer saber porque para ele pareço outra pessoa.

— Eu vou a biblioteca. — porque não quero responder que estou com raiva dele. Porque tem sido tão exaustivo ter que segurar o mundo a qual não deveria ser tão pesado.

...

Quando a hora do almoço chega já voltei a minha personalidade normal, e embarco em uma conversa animada com Rosalya sobre a festa que Dajan dará no fim de semana. Sei que vou, preciso tirar o estresse, mas antes tenho que fazer Nathaniel me dar cobertura, o que será meio difícil já que ele tem ficado desconfiado e preocupado com meus últimos sumiços relacionados as minhas tentativas de ficar com Castiel.

Bebo do meu suco, enquanto a novata, nossa convidada especial não é nada discreta ao dar leves secadas no rockeiro da mesa dos fundos, que parece compor uma música com Lysandre. Mordo a borda do copo me sentindo um tanto incomodada com essa situação e por não querer ouvir o que ela tem a dizer realmente não pergunto porque ela parece tão interessada em Castiel. Mas Rosalya faz isso por mim.

— Se você babasse seria menos evidente. — se diverte com a expressão sem graça da garota. Suspiro gostando cada vez menos desse momento. Não sou contra a socialização, mas para começar por que a Rosa a convidou? Ela veio com um garoto poderia muito bem ter ficado com ele.

Droga. Cadê minha sonoridade e bom senso? Estou implicando com ela só porque ela claramente está atraída por Castiel. Qual é. Quem não estaria?

— Ele é... Sexy... Eu não sei... Só olhar não custa nada certo? — ah custa, olhar leva a beijar e beijar leva a ficar tão envolvida que você cogita jogar água na cara de uma pessoa só por ela ter desejado a boca que você beijou no dia anterior. Engulo a seco quando aquele suor de excitação me domina por lembrar de ontem. Não passo despercebida por Rosa, que com certeza está pensando sobre  o primeiro beijo que contei, mas não pode sonhar na lista dos outros.

— É, o beijo dele causa tanta emoção que depois a pessoas nem recordam como ele foi... Quer dizer, não que eu tenha experimentado, me contaram. — Rosalya não me poupa da indireta e agora a novata parece mais interessada. Preciso mudar a ideia dela. Ela não quer Castiel. Ela não vai ficar com ele.

— Há dois anos. — afirmo séria, causando confusão nas duas. — Rosalya ouviu esses comentários há dois anos, porque faz dois anos que Castiel não beija ninguém. — a novata arregala os olhos, e minha amiga julga minha mentira. — Ele teve seu coração quebrado por sua ex-namorada que foi para o outro lado do mundo, ela prometeu voltar, e ele decidiu fazer um voto de castidade até lá, nada de beijos, ou sexo, um dia ele tentou, mas ele chorou depois de beijar a garota, por isso que ele é tão indiferente com todo mundo, ele só não quer se sentir tentado. — eu sou realmente ótima em mentir. Lynn tenta esconder sua decepção. Faço uma expressão de compreensão. — Não quer passar seu último ano mergulhada na tarefa de tirar um cara do celibato não é? Ache outro, ache vários. Nenhum de vocês sofrerá. — escondo meu sorriso no copo, ela não sabe nem o que falar, e sou questionar com o olhar por Rosalya.

Minha resposta é rir para Castiel que me olha confuso. Ele mal sabe.

...

Então ele sabe. Estou encostada no meu armário trocando mensagens com Dake depois da última aula do dia, quando minha ficada que ainda não funcionou surge ao meu lado com um comportamento nada sofisticado. Ele exige que eu preste atenção nele, me viro com desdém e um sorriso que ele parece não suportar.

— Desde quando eu fiz essa promessa de voltar a ser virgem enquanto espero minha namorada que me abandonou? — indaga bravo, mas nem tanto. Me pergunto como ele ficou sabendo, então lembro de como a garota sentiu pena dele depois do que falei, talvez tenha tentado lhe consolar achando que o que inventei era de conhecimento público, como se Castiel anunciasse aos quatros ventos.

Checo a hora no meu celular com deboche.

— De acordo com minha mentira seu voto foi criado há duas horas. — não me preocupo em admitir. Castiel parece prestes a me xingar.

— Você atrapalhou uma possível ficada minha e não tem a miníma vergonha em dizer na minha cara? — agora não acredita. Fico chocada.

— Culpe ela. — peço ofendida e ele faz uma careta como se desistisse de mim. — Não é culpa minha se ela não acredita em suas próprias capacidades, se fosse eu no lugar dela e alguém me dissesse uma história como essa eu me desafiaria a acordar o mini Castiel e eu conseguiria. — Castiel me olha como se eu fosse absurda. Não me importo.

— Não chame o meu... Uau você é louca. — suspira como se deixasse para lá. —  Não combinamos que poderíamos ficar com outras pessoas? Por que se intrometeu em algo que não tinha merda nenhum a ver com nós? — odeio que ele ouse pensar que estou com ciúmes. Porque não estou. Aquele sorriso presunçoso faz soar como se ele achasse que estou.

Não estou.

Não estou de verdade.

— Ela pode transar com você, depois de mim, até lá vou atrapalhar todos seus esquemas sexuais e você pode atrapalhar os meus. — esclareço meu ponto. Castiel suspira.

— Me sinto usado. — debocha. Mordo os lábios e toco seu ombro.

— Eu ainda nem comecei. — minha resposta o faz me olhar com cansaço. Se encosta no armário vazio e nos encaramos em silêncio apreciando esse momento de cumplicidade dando as caras e se estendendo.

— O que aconteceu com Ambre? Ela não tentou me agarrar hoje. — pergunta incrédulo e não acredito que ela fez isso porque conversei com ela, ela só passou tanto tempo com raiva de mim que não teve tempo para amar ele.

— Seja qual for o novo método de conquista funcionou. Você notou que ela não te irritou hoje. — zombo divertida e ele revira os olhos.

— Só ia te implorar para convencer ela a continuar. — rimos juntos e de repente toda porcaria que me aconteceu ao longo do dia some. Só há esse corredor, e essa conversa.

— Não posso te encontrar hoje a tarde para finalizarmos nossa coisa... Tenho algo para resolver, nem só de hormônios em alta se vive uma adolescente. — aviso, ele não precisa saber que tenho uma entrevista por telefone com o pessoal da Austrália.

— Certo Brigg. — fala como se não se importasse. Solto uma risada.

— Se parecer mais triste do que isso vou ter que ficar aqui e te consolar. — debocho e a resposta dele para isso é ficar perto e comentar algo estúpido.

— Que fique claro que quando for estragar seu esquema vou contar como você é tão emocionada sobre sexo que segura um gemido até quando minha pele roça na sua. — sua mão delineia um pedaço sensível de pele da minha cocha e eu tremo, realmente prendendo aquele gemido, Castiel corta mais a distância. — Ou talvez isso seja só comigo. — droga, é com ele, é totalmente com Castiel.

— Talvez também deva contar quanto fico molhada só com um olhar. — ele acha mesmo que eu iria cair nessa? Desvio da frente do seu rosto e me aproximo de sua orelha. — Ou talvez isso também seja só com você. — rio na cara do perigo ao sussurrar isso e logo morder o lóbulo de sua orelha fazendo Castiel apertar mais minha coxa. — Vai mesmo contar essas coisas? — provoco agora quase alcançando sua boca. Ele me olha hipnotizado.

— Nunca. Nunca vou contar nenhuma dessas coisas. — afirma e eu testo um afastamento, mas agora sua mão perigosamente sobe mais um dedo e eu sinto minha coluna gelar. Ele quer comprovar meu último comentário.

— Se alguém chegar aqui e ver essa cena nosso segredo vai por água a baixo. — tento o lembrar.

— Ai eu falo que você é uma mentirosa manipuladora para fingir uma briga. — oferece atrevido, e eu assinto com deboche o desafiando a falar mais. — O que você é. — afirma, alcanço sua mão boba e a impeço de continuar.

— É? — o provoco quase o beijando.

— É. — sibila e eu dou uma risada antes de usar do meu auto controle e ficar longe dele. 

— A mentirosa manipuladora está indo embora, devia usar sua mão para acalmar suas partes debaixo ou pode chamar a Lynn. — insinuo e depois faço um biquinho. — Mas ela não te faz ficar animado com apenas uma mini-saia. — finjo pensar enquanto ele se segura para não rir. —Acho que isso é só comigo. — continuamos a rir enquanto damos as costas um para o outro.

Após alguns passos nos viramos e sussurramos um "eu te odeio" só não para que não nos percamos em nosso intenso e irracional desejo. 


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