Lucy estava triste naquela tarde chuvosa de sábado.

Sentada no sofá de sua sala, devorava uma caixa gigante de bombons enquanto assistia um filme bobo qualquer, com o tema "amizade".

O que apenas a fazia se sentir ainda pior.

Aquela manhã havia sido um tanto quanto deprimente. Havia discutido seriamente com uma "amiga" durante o intervalo na faculdade. Sim, amiga entre aspas, já que depois daquela conversa nada amigável, foi deixado muito claro que a relação que as duas mantinham era algo bem abaixo de conhecidas.

E Lucy estava chateada com isso. Enfiou mais um bombom na boca no exato momento em que as duas protagonistas abraçavam-se, jurando serem amigas para sempre.

– Que monte de bobagem... - A loira murmurou entediada, desviando o olhar da cena e sentiu seus olhos marejarem.

"Poxa, mas que droga"!, pensava. Eram amigas há tanto tempo, mas pelo visto, a amizade vinha apenas do lado de Lucy.

Suspirou tentando prender as lágrimas estúpidas.

Não possuía muitos amigos. Os verdadeiros já não se encontravam perto dela, haviam ido para caminhos diferentes. Mas nem por isso deixavam de manter constante contato.

Pensando nisso, Lucy pegou seu celular e desbloqueou a tela, procurando nos seus contatos um nome em específico. Quando encontrou, não pôde deixar de dar um sorriso. Já fazia um tempo desde que falara com ele pela última vez, então, resolveu mandar uma simples mensagem, na linguagem que os dois mais se entediam.

"Qual é a minha música"?

Assim que clicou no "enviar", sentiu seu interior tremer de ansiedade.

Sentia falta de conversar com ele, podiam se encontrar em raras ocasiões, mas quando isso acontecia era maravilhoso.

Deixou o celular de lado, e concentrou-se novamente no filme que, para seu alívio mental, já havia terminado.

Não demorou muito para que uma calma canção soasse pelo cômodo, indicando que alguém estava lhe ligando. Pegou o aparelho vendo quem a estava chamando.

Sorriu ao ler o nome que piscava na tela, e o atendeu sem pestanejar.

– This Is Me da Demi Lovato, sem dúvida.– A voz forte e masculina disse do outro lado da linha antes mesmo de Lucy abrir a boca.

Ela riu de sua resposta.

– Ah é? E por quê? - Perguntou divertida.

– Bem, você sempre foi uma menina um tanto tímida e insegura. Porém na presença dos amigos, sempre mostrava quem realmente era. – Ele tornou a falar.

– Eu precisava ser verdadeira com alguém... - Lucy disse, sem tirar o sorriso do rosto.

– Você amadureceu bastante Luce, fico feliz por isso.

– Uma hora precisamos crescer, Natsu.

O rapaz do outro lado da linha sorriu saudoso. Sentia falta das conversas com a loira tagarela.

– Realmente. Então me diga o porquê desse questionamento repentino...– Natsu indagou e Lucy sentiu seu sorriso sumir lentamente.

– Ah, eu só estava com saudade. - Desconversou.

– Qual é Luce, vai esconder as coisas justo de mim?– O rapaz exclamou, descrente.

– Por que você precisa me conhecer tão bem, hein? - Lucy disse com falsa brabeza.

– Porque sou seu melhor amigo. Agora anda, bota para fora o que está te angustiando .

Lucy respirou fundo e voltou a sorrir.

Apesar da distância entre os dois, ele nunca deixava de ser quem era.

– Ah, é só que... Eu sinto que sou amiga das pessoas, mas elas não retribuem isso, entende?

Natsu ficou um tempo em silêncio, processando a confissão.

– Você brigou com algum amigo?

– Pode-se dizer que sim. Mas nós não éramos amigas. Demorou um pouco para que eu notasse isso. - Lucy disse em tom desapontado.

– Luce, não fique assim...– Ele falou, sentindo a tristeza na voz da amiga. - Escuta, apesar de não nos vermos todos os dias ou meses, que seja, eu continuo sendo seu amigo.

– Eu sei disso... - Lucy disse, com o coração mais leve. - Comentários à parte, toda a vez que eu escuto Somos Tão Jovens do Legião Urbana, eu lembro de você.

– Uau, sério?– Natsu disse, feliz. Ele adorava essa banda.

– Aham. É a sua cara. - A loira disse.

– Minha honra então.– Natsu brincou e Lucy riu. - Olha, consegui fazer você rir! Uhu!– Ele gritou animado, o que apenas a fez rir mais.

– Só você para fazer isso... - Lucy disse cessando o riso. - Ei... - O chamou.

– Diga.

– Amigos também podem dizer "eu te amo", né?

– Claro que podem.– Natsu disse, sincero.

– Eu te amo, bobão. - Ela falou, sentindo toda a sua angústia ir embora.

– Também te amo, bobona.

– Obrigada por me ouvir.

– Vou estar aqui sempre.

E com isso, encerraram a ligação, com a saudade ainda presente nos dois corações.

Porque amigos de verdade são poucos, e não se importam com a distância. Quando estão juntos, aproveitam cada segundo e nunca esquecem.