Somente Dorcas escrita por Sensei


Capítulo 1
Aquela música


Notas iniciais do capítulo

Êêêêêbaaaa, está aí, pronta e lindamente postada!
Só criei por sua causa, tendo inspiração em você, Clarissa Linda... parabéns meu amor, que você continue sendo esse ser cheio de luz nas vidas das pessoas que te amam, continue por aí escrevendo essas joias e que no futuro você lance um livro divoso que fará sucesso até internacionalmente (Por que, convenhamos, tu escreves pra caramba!).
Feliz aniversário, espero que goste.
Câmbio e desligo



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A primeira vez que Remus a ouviu cantarolar foi na aula de História da Magia.

Todo mundo estava meio acordado, meio dormindo, enquanto o professor discorria sobre eventos, datas e guerras que nenhum dos alunos estava interessado e por mais estudioso que Remus fosse, ele também achava aquela aula o maior tédio. Sirius estava roncando em sua frente, Peter ao seu lado seguia o exemplo de Sirius, James estava atrás do garoto, não dormia, mas também não prestava atenção.

–O que você acha Moony? –Ele perguntou passando um papel para a carteira do lobo.

Remus pegou o papel, era um desenho, uma planta baixa da torre da escola, o garoto sorriu, nesse ritmo logo terminariam o mapa do maroto.

Moony então devolveu o papel ao amigo e sorriu acenando que sim com a cabeça, orgulhoso, James remexeu nos cabelos e voltou a desenhar no papel.

Foi então que Remus ouviu, o garoto não sabia muito sobre música, mas sabia que nunca havia ouvido aquela antes, virou em direção ao som e viu Dorcas, não muito distante, ao lado de uma Marlene adormecida e uma Lilian concentrada. Ela não estava dando muita atenção a aula como todos os outros, não, ela escrevia algo num pergaminho, algo que Remus poderiam apostar todos os 20 galeões que ele tinha no malão que não tinha nada a ver com a aula, e cantarolava, baixinho, uma música.

O garoto a observou e pensou como era uma música bonita, Dorcas movia uma mecha do seu cabelo entre os dedos e olhava concentrada para o papel, ela levantou o olhar em direção a Remus quase como se pudesse sentir que era observada.

Parou de cantar e sorriu em direção e ele.

Remus sentiu o coração perder uma batida.

–––

Depois desse dia sempre que ela estava distraída, seja descansando no jardim, seja concentrada no dever de transfiguração, ou até mesmo sentada numa poltrona do salão comunal enquanto Marlene trançava o cabelo dela.

Dorcas cantarolava a mesma música desconhecida, centenas de vezes, e aquilo acabou se transformando numa obsessão para Remus.

–––

–Padfoot, podia me fazer um favor? –Questionou certo dia o lobo.

Sirius que discutia com James um assunto muito importante sobre quadribol virou em direção ao amigo, Remus nunca pedia nada.

–O que foi Moony? –James perguntou, também estranhando o amigo.

Remus não olhava os meninos, ele olhava em direção a Dorcas, que estava sentada com as amigas, ela novamente estava cantarolando aquela maldita música enquanto desenhava num pergaminho.

–Vai até a Dorcas e pergunta que música é aquela? –Ele pediu olhando seriamente para Sirius.

–De novo essa música? Por que não vai você e pergunta Moony? –James questionou. –Tá obcecado cara, é só uma música.

–Por que eu quero que o Sirius vá. –Ele respondeu nervoso. –Se não quiser não precisa ir.

–Não, tudo bem, eu vou. –Sirius falou rindo levemente. –Até eu estou ficando curioso com essa música.

Sirius levantou e foi em direção as garotas, Remus ainda podia ouvir a conversa graças a sua audição de lobo, e parecia nervoso, podia ser agora que ele resolveria esse mistério, por que essa música chamava tanto a atenção dele.

–O que você quer Black? – A voz de Marlene, irritada, quando Sirius se aproximou.

–Eu vim falar com a Dorcas, Mckinnon. –Sirius disse sorrindo de modo cafajeste.

Surpresa, Dorcas levantou a cabeça em direção ao garoto.

–Comigo? –Ela se admirou.

–É que eu ouvi você cantando uma música um dia desses e fiquei curioso, parece uma música legal. – Sirius comentou.

–Tem que ser mais específico, eu canto muitas músicas Sirius. –Ela respondeu genuinamente confusa.

–Não canta não. –Marlene interrompeu. –Você tem cantado essa mesma música desde... Desde sempre. Eu já nem aguento mais.

–Acho que ele está falando daquela música que você estava cantarolando até agora pouco. –Lily falou para a amiga.

Dorcas soltou uma risadinha.

–Ah, essa música. –Ela disse.

–Você poderia cantar ela, acho que conheço. –Sirius disse.

Dorcas olhou para ele e sorriu.

–Não posso cantá-la.

Antes que pudesse impedir a si mesmo Remus levantou da cadeira onde estava sentado, acompanhando a conversa, e perguntou em voz alta.

–Por que não?

Alto demais para falar a verdade, todo mundo olhou em direção ao garoto, fazendo Peter, James e Sirius soltarem risadas da vergonha do amigo, Remus voltou a sentar colocando a mão no rosto, envergonhado.

Dorcas que também havia virado em direção ao lobo sorriu para ele e disse:

–Não posso cantar por que a música não tem letra, só melodia.

–Qual o nome da música? –Sirius perguntou.

Mas Dorcas não respondeu, apenas balançou a cabeça negativamente sorrindo com bom humor, como se tivesse acabado de ouvir uma boa piada.

–Acho que se Remus está curioso devia ser ele a vir me perguntar, não acha? –Ela sugeriu ainda mantendo o sorriso.

Então ela se levantou de onde estava, juntou os materiais e subiu para o dormitório, durante o caminho ainda continuava sorrindo como se tivesse feito uma grande jogada, num jogo onde Remus não tinha ideia em que posição se encontrava.

–––

Foi somente no dia do seu aniversário de dezesseis anos que Remus descobriu, finalmente, que música era aquela que tanto lhe chamava atenção.

Era manhã cedo de uma noite de lua cheia, os marotos estavam saindo do salgueiro lutador quando o sol já nascia no horizonte, cinco da manhã, era o que Sirius resmungava, bocejando, irritado.

–Ah, cala a boca Padfoot. –James resmungou também, bocejando em seguida.

Eles andavam em direção ao castelo, meio acordados, meio dormindo.

Remus era o único desperto dos quatro, ele olhava os amigos andando a sua frente, ao contrário deles passar a noite de lua cheia acordado não o fazia ficar cansado, pelo contrário, o fazia muito mais desperto e forte.

Coisa de lobo.

O que Sirius achava extremamente irritante, isso rendeu a Remus milhares de pedidos para ser mordido, mas, é claro, todos foram prontamente negados.

De repente Sirius parou e virou para os amigos.

–Sabe de uma coisa Wormtail, acho que eu esqueci minha capa na casa dos gritos. –Ele falou subitamente cheio de energia.

–Não esque... –Mas o pequeno Peter foi interrompido.

–Claro que sim, lembro que deixei no canto da sala. E o Prongs deixou o pomo de ouro predileto dele lá também. –Sirius lembrou.

–Mas eu não deix... –James tentou, mas também foi interrompido.

–Devemos ir todos buscar. –Ele decidiu.

Então o garoto colocou os braços pelo pescoço dos dois amigos e os puxou de volta, em direção ao salgueiro lutador.

–Esperem, eu vou com vocês. –Disse Remus pronto pata seguir os amigos.

–NÃO! –Sirius gritou. –Você volta para o colégio, nós não demoramos, estaremos logo atrás de você.

–Mas...

–Vai Remus! –O garoto reclamou apontando para o castelo.

Sem entender bem aquela situação ele observou Sirius correr puxando Peter e James pela camisa.

–Ai padfoot, qual é o seu problema?–A voz de James, irritada, ecoou pela campina.

Dando de ombros Remus virou de volta para o castelo, mas uns passos depois ele estancou no lugar. Não podia vê-la por que os amigos estavam andando logo a sua frente, mas agora ele a via e com toda certeza Sirius havia visto ela também, por isso todo aquele comportamento estranho, por isso a insistência que ele fosse na frente, deixando-o sozinho para ir de encontro a ela.

Remus não sabia se brigava com Sirius ou o agradecia.

Por isso só a observou por um tempo, Dorcas sentada na grama assistindo o amanhecer, sua pele alaranjada pela luz do sol e seus cabelos cor de chocolate sendo acariciados pelo vento, os olhos fechados enquanto cantarolava uma música... Aquela música.

Ele andou em direção a ela, tomando o cuidado de fazer barulho para alertá–la de sua presença, por isso quando já estava chegando até a garota, Dorcas abriu os olhos e sorriu como se visse a sua pessoa predileta no mundo.

Remus se sentiu quente por dentro com aquele pensamento.

–Você chegou! –Ela suspirou animada. –Está atrasado.

O garoto ficou confuso.

–Desculpe?

Não sabia o porquê se desculpava, não tinha errado e Dorcas também não parecia nada decepcionada pelo seu atraso.

–Tudo bem. –Ela se levantou da grama limpando a roupa.

–O que está fazendo aqui tão cedo Dorcas? –Ele questionou, olhando admirado para a garota.

Toda aquela situação parecia um sonho, aquela iluminação do sol nascente junto com o orvalho nas plantas também não ajudava em fazê-lo acreditar que era a realidade, parecia deixar toda aquela cena mais brilhante.

– Esperando você. –Ela disse aquilo como se fosse o óbvio, o que na verdade era, e então soltou uma risadinha da expressão incrédula do garoto.

–Como você sabia que eu não estava no castelo? –Perguntou.

–Eu vi você saindo com os garotos ontem a noite, e Lily me contou que quando vocês saem assim só voltam bem cedo no dia seguinte. –Ela explicou. –Ela me disse isso num tom de censura que me faz acreditar que ela vai discutir com você quando vê–los hoje.

Remus riu incrédulo, sem conseguir parar de olhar a garota a sua frente.

–Mas por que você...?

Não sabia como perguntar, aquela situação toda era tão inusitada.

Dorcas abaixou o rosto, subitamente envergonhada.

–Queria ser a primeira a te dar parabéns. –Explicou ela.

Seu aniversário! Claro, ele havia esquecido. Se sentindo completamente estúpido Remus dá uma tapa na própria testa.

–Obrigado Dorcas. –Ele disse rindo de si mesmo enquanto balançava a cabeça negativamente.

–Você esqueceu, não é? –Ela perguntou.

–Completamente. –Respondeu.

Dorcas sorriu ao pensar no quão desligado era o garoto e no quão lindo ele parecia ali de pé em sua frente. Os dois ficaram ali parados, olhando um para o outro, envergonhados, sem saber o que dizer.

Remus mordeu o lábio inferior, vendo naquele momento a oportunidade de descobrir a resposta que o afligia, que o fazia pensar em Dorcas todos os dias e noites.

–Dorcas. –Ele chamou. –Pode me dar algo de presente?

A respiração dela acelerou, ele notou.

–O que? –Ela perguntou.

–Poderia me dizer que música é essa que você estava cantando?–Ele pediu, muito sério.

Dorcas piscou franzindo o cenho, em seguida soltou uma gargalhada alta.

–Remus! –Ela disse entre risadas.

–O que foi? –Ele respondeu desconfortável. –Eu estou curioso.

–Você não acha que saber o nome dela vai fazer a música ter um fascínio menor? –Ela perguntou num tom de voz brincalhão.

Ele negou com a cabeça.

–Absolutamente não. –Ele reforçou.

Dorcas riu novamente.

–Okay Remus, eu vou te dizer.

–Obrigado! –Ele disse levantando as mãos para o céu.

–Essa música é de um compositor trouxa, minha avó passou a ouvi-la sempre desde que vovô morreu, ela me contava que ele cantarolava para ela todas as noites e ela se sentia mais perto dele apenas de ouvir. –Ela contou, Remus aproveitou que ela estava concentrada na história para segurar sua mão. – Se chama lago dos cisnes, conta a história da princesa Odete que foi amaldiçoada a viver o dia como cisne e a noite como humana por um mago, até que encontrasse alguém que a amasse com verdade o bastante para quebrar o feitiço.

–E o que houve depois? –Remus perguntou se aproximando mais dela, fazendo com que ele pudesse sentir a respiração dela em seu rosto.

–Ela conheceu um príncipe. –Dorcas continuou, ofegante, olhando nos olhos de Remus. –Que se apaixonou por ela e prometeu amá-la. Mas no dia do seu aniversário o mago levou sua filha para o baile no castelo, fingindo ser a princesa e o príncipe declarou seu amor para a mulher errada, quebrando sua promessa feita a Odete. Despedaçada pela desilusão ela chora.

Remus leva sua mão até o rosto de Dorcas, segurando delicadamente sua bochecha com a palma, a garota fecha os olhos, respirando rapidamente.

–É uma história triste. –Ele comenta, seus rostos estavam tão perto que Dorcas sentiu os lábios dele se moverem logo acima dos seus.

–Não... –Ela diz de olhos fechados, cada vez que falava sentia um arrepio com a boca dele tão perto. –Não é triste. O príncipe percebeu a troca e voltou para pedir perdão a Odete. O mago tenta matar a princesa, mas o amor deles era mais forte e os dois venceram no final.

–Eles ficaram juntos? –Remus perguntou, observando em adoração o rosto entregue da garota, acariciando sua bochecha.

–Sim. –Ela disse. –Os dois ficaram juntos Remus.

Foi então que a boca dele desceu até a dela num beijo, lábios se tocaram com delicadeza e fervor, havia calor entre eles, na força que as mãos de Dorcas faziam ao puxar e segurar as costas da camisa de Remus, nas carícias que os dedos de Remus faziam na nuca de Dorcas.

Aquele havia sido o primeiro beijo... De muitos que Remus ainda daria nela.

–Feliz Aniversário, Remus. -Ela suspirou, sorrindo.

–––

Anos depois, numa época em que Remus havia perdido tudo, em que não havia marotos para apoia-lo, não havia Lily para dizer que tudo daria certo, não havia Marlene para manda-lo calar a boca e deixar de ser um chorão e nem havia Dorcas para sentar no seu colo e cantarolar uma música sobre o amor de um príncipe e uma princesa.

Não havia mais ninguém.

Somente ele. Sozinho.

Foi nesse cenário que Remus ouviu mais uma vez o Lago dos Cisnes, dessa vez a melodia vinha de um rádio velho e não dos lindos lábios cor de morango de Dorcas. Não era a mesma coisa... Aquele rádio podia estar tocando a mesma música, mas não era a mesma coisa.

Nunca foi a música afinal, havia sido Dorcas. Apenas ela que chamara sua atenção. Apenas seus lábios cantarolando, apenas seus olhos brilhantes, apenas seu amor.

E ele se lembrou da última coisa que ela lhe disse antes de morrer, quando estavam se despedindo depois de um encontro casual no três vassouras.

–Não desista Remus. Vamos conseguir. –Ela disse sorrindo e lhe deu um leve beijo na bochecha.

Claro, o contexto era outro na época, mas, mesmo assim, a frase o ajudou no momento solitário em que se encontrava.

Remus olhou para o amanhecer através da janela de um quarto no três vassouras e fechou os olhos.

–Eu não vou desistir Dorcas. Eu prometo.

E ele virou as costas para toda a tragédia de sua vida, pensando em Dorcas... Somente Dorcas.

–––


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
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