A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 67
Lar | A Herdeira


Notas iniciais do capítulo

Estão preparados para se despedir dessa história? Esse capítulo não foi fácil para mim, porque eu deveria ter encerrado antes, porém eu não consigo deixar de qualquer forma. Vamos encerrar com 70 capítulos (incluindo o epílogo). Espero que gostem



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Você é a menina dos meus olhos
Garota, nunca amei ninguém como você
Poxa vida, você é o meu melhor amigo
Eu grito para o vazio
Não há nada que eu necessite

Bem, torta de abóbora quente e pesada
Doce de chocolate, Jesus Cristo
Não há nada que me dê mais prazer do que você
Oh, casa, me deixe ir para casa
Casa é qualquer lugar que eu esteja com você

— Home, Edward Sharpe and The Magnethics 

 

Um dia é o nascimento da sua filha, no outro ela está completando três anos. Toda a família veio para o palácio e eu fiz tudo o que pude para que Katniss ficasse calma com os preparativos, que eu tinha sob controle.

Eu não tinha nada sob controle. No final, tive que pedir para meu pai segurar de um lado as bandeiras e eu na outra ponta para amarrar em uma árvore. Decidimos que faríamos tudo no jardim do palácio e sem a ajuda de ninguém. Foi uma das piores ideias que eu já tomei – e eu estou acostumado em tomar as péssimas decisões. Mas no final, tudo sob controle. Consegui um pacote de flores de áster, além das muitas que temos plantadas, formando um caminho de flores. Amélia trouxe o bolo, ficou lindo.

Quando Katniss vem com nossa filha, vestida de sereia – porque é sua nova obsessão de criança –, todo o suor (literal) vale a pena. Minha filha está radiante e puxa a mãe, gritando e pulando, tudo ao mesmo tempo, fazendo todos nós rirmos.

— Você não sabe o que eu passei para conseguir fazer ela trocar de roupa. Ainda bem que Madge fez uma nova fantasia de sereia — minha esposa comentou, baixo. — Eu não sabia que poderia ser tão difícil assim.

— Você não acreditou quando eu disse que ela não queria andar a menos que fosse com meias de sereia. Pensei que era uma implicância comigo! — Prim conta, no mesmo tom baixo. — Mas ela é boa. Obrigada por ter deixado ela comigo. Quando você vai dar para ela um irmão para ser que nem eu e você, Katmiss? 

Katniss fica com as bochechas vermelhas, já que a única pessoa que comenta sobre termos outro filho e insiste nisso é Primrose. Já comentamos sobre isso, quando nossa filha começou a falar e comer sozinha, mas ela disse que não sabe ainda o que pensar, principalmente porque há um ano, exatamente no aniversário de dois anos de Aster Grace, infelizmente Katniss teve um grande apagão, precisando ficar internada por três semanas inteiras, ainda que não tenha tido um gatilho específico. Os problemas mentais não somem do dia para noite, ainda que seja o que nós gostaríamos que acontecesse. 

— Prim, em plena festa? Por favor — nunca vi Katniss cortar Prim, então fico surpreso. Embora tenha muito carinho e intimidade com Prim, não gosto quando ela fica trazendo esse assunto para tópicos, pois sei que deixa Katniss com ansiedade. Uma vez eu mudei de assunto, porque eu tinha me incomodado pela minha esposa, mas ela disse que estava tudo bem.

— O que houve? — pergunto, puxando Katniss delicadamente para um pouco longe dos convidados. Não me preocupo com Aster Grace, escuto seus gritos de banshee brincando com os filhos de Delly, dentro de uma piscina de bolinhas. Ela é totalmente dada, cheia de energia, ao mesmo tempo que sabe quando não pode gritar e entende os momentos em que a mãe precisa de um pouco mais de calma, por causa do tratamento contínuo, ainda que não entenda muito bem do que se trata.

— Não sei como falar isso para você, não quero que fique preocupado… — ela começa, sem me olhar nos olhos.

— Katniss, a última coisa que você fala para alguém é para não ficar preocupado. Eu já estou, quase tendo uma crise de ansiedade. O que foi que aconteceu?

Ela tira algo do bolso do vestido delicado que está usando, estampado de flores de mesmo nome que nossa filha. Me entrega dois papéis dobrados, mas não entendo nada. Até que eu entendo.

— Você está grávida? — pergunto, quase em um sussurro, olhando para ela, que me olha com seus grandes e expressivos olhos cinzas. Balança a cabeça em positivo, dando um pequeno sorriso. — Mas quando você fez esse exame?! Por que não me contou nada? Eu não reparei nada, ah meu Deus! Estou sendo negligente?

Começo a falar tudo rápido, agitado porque no documento diz que ela está de aproximadamente 12 semanas, o que são três meses. Na gravidez de Aster nós descobrimos bem no começo, quando ainda nem poderíamos ouvir o coração. Então ela começa a rir, negando, me abraçando pela cintura e beijando meu rosto.

— Claro que você não está sendo negligente, querido. Nem eu desconfiei de nada, porque com Aster crescendo tão rápido todos os dias isso nem passou pela minha cabeça. Claro que eu teria te contado se estivesse desconfiando de alguma coisa também… quem comentou comigo foi Delly, hoje mais cedo. Quando vesti esse vestido, meus peitos ficaram apertados, então tiveram que fazer ajustes e ela sugeriu que eu fizesse um exame. Não estávamos planejando, eu sei, mas… eu estou bem com isso.

Sorrio, abraçando ela de volta.

— Realmente está bem com isso? — assente, tranquila, me olhando bem nos olhos. — Então eu também estou. Grace vai ser uma ótima irmã.

— Acho que Theodore discorda — olhamos juntos para onde nossa filha e o filho de Delly estavam, e começamos a rir. Aster o acerta diversas vezes na cabeça com um urso de pelúcia, enquanto Amanda e Layla tentam apartar a briga. — Eu tenho para mim que eles vão casar um dia.

— Esse é um tópico sensível, mas eu também acho. Seria uma boa ironia do destino.

Nós dois nos olhamos, rindo outra vez.

(...)

— Se a gravidez dela tivesse sido metade mais tranquila do que está sendo a de Arthur, eu juro que já teríamos mais filhos — Katniss comenta, depois que saímos da consulta. Ela já está com sete meses, e tudo tem sido realmente calmo. Tudo tem dado muito certo, além de estarmos em um período estável na política também, sem muitos acontecimentos que exijam muito de nós, tanto que hoje estou com o dia inteiro de folga.

— Será que ele vai ser agitado e dificultar nossas vidas? — ela ri, se apoiando em mim. — Sério. Oh, céus, e se ele for parecido comigo quando eu era adolescente?

— O problema é todo seu, graças a Deus Aster tem todo o meu temperamento quando eu não estou na base de remédios ou em um estado dissimulado — rio de seu comentário, ainda que seja depreciativo, pois é uma forma que ela tem de lidar melhor com seu tratamento. — Cadê ela, afinal?

Escuto a voz de tia Effie de longe, e o barulho de algo fazendo barulho no chão. Tenho o pressentimento que Aster Grace está envolvida nisso. Em menos de dez segundos, ela aparece, rindo, pedalando uma bicicleta em uma velocidade totalmente desproporcional para alguém de três anos. Katniss dá um grito, nervosa, e eu começo a correr para parar a menina, totalmente desvairada, enquanto tia Effie grita também, com dois guardas um pouco à sua frente, correndo para parar a criança. Puxo Aster em um solavanco só, enquanto a bicicletinha segue pelo corredor e bate no corrimão da escada. Estou boquiaberto, com a criança em meus braços.

— Obrigada, Papai! — ela diz, jogando os braços para cima, balançando as perninhas curtas. Ainda estou boquiaberto, a encarando.

— O que você tem na cabeça, Aster?! Pelo amor de Deus! — Katniss começa a chorar, pegando a menina dos meus braços e aninhando nos dela, sentando-se em um divã. Consigo balançar a cabeça, sem acreditar ainda na cena. — Por que você fez isso?

A menina dá de ombros, mas não de um jeito desaforado.

— Eu aprendi a andar com o tio Stuart, Mamãe. Gosto de andar de bicicleta — tia Effie nos alcança, totalmente sem fôlego, com dois guardas em seu encalço, quase que da mesma forma. Aster ri, apontando para a avó de consideração.

— Vovó Effie gritou muito, mas eu disse que não conseguia parar. E estava divertido.

Vou até a bicicleta, notando que a corrente se soltou, provavelmente porque ela colocou muita força. Aster é o tipo de menina que prefere se sujar na terra, praticar esportes mesmo pequena e gastar toda sua energia. Mas de todas as coisas que ela já fez que me deu nos nervos – e tem uma série considerável de coisas –, essa foi a que mais me estarreceu, sem sombra de dúvidas. E ela já virou uma panela de água morna na casa do meu pai quando eu estava ao lado dela.

— Filha, você não pode fazer isso — eu digo, me aproximando e ficando na sua altura, já que está aninhada nos braços de Katniss que está sentada, chorando muito. — O que nós já conversamos sobre obedecer os mais velhos?

O riso dela se esvai, adquirindo um olhar sem graça.

— Você poderia ter se machucado, ainda que esteja usando capacete e toda proteção. Está vendo isso? Se soltou porque você colocou muita força — ela se surpreende quando mostro a peça para ela. 

— Prometa que não vai fazer de novo, pelo amor de Deus, Aster! E obedeça sua avó — Katniss reforça o que eu acabo de dizer, olhando para a menina. Katniss é a melhor mãe de todas. Ela não teve uma boa referência, então se dedica sempre que pode para ler livros, assistir vídeos e entregar o melhor que pode para Grace, além de estar dedicada para lidar em dividir a atenção com o novo bebê que estará chegando em pouco tempo. 

Aster é apaixonada por ela, é lindo de ver. Mesmo quando Katniss comete um erro, não pensa duas vezes em avaliar a situação e pedir desculpas, reconhecendo seu erro e tem sido muito desafiador. Mas sabemos que isso tudo valerá a pena.

— Não vou fazer de novo, mamãe… — a menina diz, segurando a corrente que se soltou, parecendo realmente avaliar o que foi que aconteceu. — Sinto muito.

Minha esposa pega a menina nos braços e a envolve apertado, ainda que a barriga atrapalhe um pouco, não impede que ela se encolha em seus braços, com os olhos azuis expressivos fechados, escondendo o pequeno rosto na curva do pescoço da mãe.

— Vamos torcer para que o outro bebê não seja tão expressivo desse jeito. Oh, céus, por isso não tive crianças — tia Effie diz, só para eu ouvir, enquanto eu entregava a bicicleta para o guarda. Foi inevitável não rir, ainda mais porque sei que ela é quem mais fica com Aster além de nós, já que vive no palácio e a menina a conquistou definitivamente quando a chamou de avó.

(...)

Termino de cavar um pequeno buraco, na estufa, sabendo das câmeras gravando cada momento. Escuto a risada infantil de Arthur, então eu acabo rindo também, o que contagia Katniss. Aster Grace sorri, olhando para mim, com as mãos segurando uma muda de pêssego. Hoje é o aniversário de Panem, então resolvemos transmitir uma mensagem de paz através da plantação de duas mudas, uma plantada por Grace e outra por Art.

— O que fazemos depois? — pergunto para minha filha mais velha, que dá uma risadinha esperta, com seus recém completos 5 anos, cobrindo com a mais delicadeza possível, então regando o suficiente, como sempre fazemos. — Você é incrível, Grace.

Ela me abraça, e fica em meu colo, enquanto Katniss inclina Arthur, que joga um punhado de sementes de girassol, então eu com minha mão vaga cubro, finalizando o processo. 

Nós nos levantamos, então Katniss, como rainha, faz um discurso, acrescento algumas palavras, as crianças também, então terminamos com uma risada, porque Arthur puxou uma pazinha e derrubou terra na própria roupa.

— O Arthur é mais bagunceiro do que eu, papai! — Grace grita, com sua voz de criança, ainda pendurada em mim e eu tenho que rir. — Eu não faço tanta bagunça assim!

— Ainda bem, né, Aster, você já aprontou muito por uma vida. Semana passada você achou minha caixa de batons e pintou a roupa de cama — Katniss diz em um tom leviano, mas eu sei que ela chorou muito, não conseguiu nem brigar com a menina na hora, para não dizer coisas que fosse se arrepender depois.

— Mamãeeee! — Arthur grita, se balançando de um lado para o outro, indicando que quer descer. — Obrigado! 

Basta ela encostar os pés dele no chão que o menino sai correndo e pulando, com uma energia impressionante. Aster pede para descer, então a coloco no chão e os dois começam a conversar entre si, fazendo bagunça, mas alegrando tudo ao redor. Abraço Katniss, que geme de cansada. Beijo o alto de sua cabeça, a segurando pela cintura para que pudesse tirar os sapatos e colocar os pés no chão, aproveitando o chão delicado de grama que tenho cuidado nos últimos anos.

— Você é a mais linda de todas. 

— Você é ótimo em querer me levar para cama — rio, a virando para mim. — Estou exausta.

— Não quero levar você para cama. Na verdade quero, mas de outra forma. O que acha de pularmos as festividades e os fogos de artifício e irmos dormir. Ninguém precisa saber.

Ela suspira.

— O que seria de mim sem um homem cara de pau como você? — sorrio, beijando seus cabelos cheirosos. — Vamos. Rápido. E as crianças?

Antes que eu precisasse responder, Amélia apareceu, com seus filhos, com toda a animação que primos que se amam podem ter, as crianças simplesmente se esqueceram de nós.

— As crianças vão ficar bem, da mesma forma que a gente. Vamos ver, o que vamos apostar? Quem dormir mais de uma hora sem ser interrompido ganha o quê? — brinco, enquanto nos esquivamos correndo.

Ela ri, divertida, cobrindo a boca para não dar um gritinho de tanta emoção.

— Ganha mais uma hora dormindo em paz!

É a aposta perfeita.


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Notas finais do capítulo

Estou editando o próximo, acho que vocês vão gostar ♥️ vai ser o último antes do bônus que tenho escrito há 4 anos e então o epílogo



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