A Seleção da Herdeira escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 39
Correndo do quê? | A Escolha


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, tudo bem? Eu sei, mano, eu dei uma terrível bola fora, cara, assim... eu to sem cara pra aparecer por aqui, mas vim para não ficar pior. Eu estava em semana final de provas, e acabei focando muito para fechar com notas boas o ensino médio, mas nnao imaginei que fosse me tirar tanto tempo, e depois teve a minha formatura, enfim neste final de semana eu estive em um retiro espiritual, e sem quaisquer sinal de internet e celular, porém eu tenho uma excelente notícia: terminei DE VERDADE o próximo capítulo, e é um bônus de alguém que eu sinceramente não acho que vocês estavam esperando! Não será da Katniss, e eu ia até escrever um do rei, mas como não fluiu, escrevi do ponto de vista de um personagem que simplesmente quando eu comecei nem sabia sobre quem era, mas logo veio tomando forma e mais forma! E eu estou muito feliz em ter escrito, sério, gente.

Mas bem, é isso! Espero que vocês gostem do capítulo! Escrevi com muito amor, e com um misterio para desvendar no decorrer dos próximos capítulos! AHHHHH!!! E ESTE é um capítulo menor porque o próximo está com quase o dobro de palavras, e també porque estava nos planos ser um pouco menor e dar foco na Effie, Haymitch e tal, em personagens importantes, mas que não estão muito em cena. Espero que gostem, gente, de verdade *sorrindo, feliz, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha*



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Em meu lugar, em meu lugar

Estavam linhas que eu não podia mudar

Eu estava perdido, sim

Eu estava perdido, estava perdido

Cruzei linhas que não deveria ter cruzado

Eu estava perdido, ah sim

 

Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?

Sim, quanto tempo você tem que pagar por isso?

Sim, quanto tempo você tem que esperar por isso?

Por isso

 

Eu estava assustado, estava assustado

Cansado e despreparado

Mas eu esperei por isso

Se você for, se você for

Então deixe-me aqui sozinho

Então eu esperarei por você, sim

— In My Place, Coldplay.

— Peeta, céus! Como você consegue fazer isso?! — Diana perguntou, deslumbrada, assim como Cal, seu primo. Os dois são responsáveis pelas plantações de flores que decoram o jardim real. Abri um sorriso.

Hoje é dia que todos os Selecionados ficam junto à família real, no grande jardim. Acontece geralmente a cada duas semanas, e eu particularmente gosto demais, pois posso ficar no meu canto, mexendo nas flores.

— Hm, aqui tinha uma grande falha por causa de fogo, então eu coloquei plantas que se adaptam melhor a solos mais prejudicados, como esse. — Falei, indicando as suculentas e outras plantas que se adaptam mais facilmente. — Ai elas mesmas vão recuperar o solo, só precisa de paciência.

Ela sorriu, assentindo. Depois fui para um pouco mais para dentro, na beirada mesmo, da pequena floresta, na direção, quase, da casa na árvore, eu acho. Sou péssimo em localização, de modo geral.

Fiquei sozinho e muito satisfeito, plantando os girassóis, e ninguém para me importunar, graças à Deus. Estão dando ênfase aos outros garotos, digo, as câmeras, porque Stefan disse que eu sou quase um dos favoritos do povo, mas precisa dar a chance de outros competirem também. E da mesma forma que reagi quando escutei, fiz agora só de pensar, revirei os olhos.

Mas uma sombra escureceu um pouco a minha visão.

— Prim! — exclamei, com um sorriso muito sincero, e antes que eu me colocasse de pé, ela me envolveu em um abraço muito carinhoso, rindo. — Que saudade de você!

— Eu também! Mas não estava conseguindo sair para te cumprimentar por causa das minhas primas, elas quase nem vem aqui! Mas nossa, eu te abandonei!

Ri, balançando a cabeça em negativa, dando um beijo em sua bochecha. Ela me deu outro abraço.

— Que isso, Prim, não se preocupe com isso. Quer me ajudar a plantar essas flores? — assentiu, muito entusiasmada. Claro que a deixei com a parte mais fácil, que é apenas por as sementes e cobrir, mas ela fez com muita dedicação. Logo seu pai se juntou a nós perguntando o que estávamos fazendo.

Juro que senti os olhos da rainha cheios de fúria em nossa direção, mas não comentei sobre isso, apenas curtindo o momento com Prim.

— Plantando girassóis, papai! — ela respondeu e eu assenti, sorrindo. Gosto do rei, de verdade. Não por causa de sua conversa comigo em plena madrugada, mas por sua verdadeira simpatia, e seu caráter. Parece que faria muito mais se não fosse todas as burocracias.

— Ah, isso é incrível. Você trabalhava com isso, Peeta? — perguntou, ainda de pé, olhando em volta para meu trabalho. Assenti, tirando o suor da testa.

— Sim, majestade! — respondi, com certo orgulho, mas não de maldade. Sou um Sete, e com profissão. — Os seus jardineiros são capacitados, mas não sabem lidar com algumas coisas bem simples, como um pedaço de terra queimado.

Ele riu, balançando a cabeça.

— Sim, acho que não sabem que a resposta está em meter a mão na terra e plantar — ri, concordando. — Desculpa interromper vocês, mas Prim, meu anjo, seus remédios.

A loirinha, que está mais alta, desde a última vez que paramos para conversar, fez uma careta espontânea e muito engraçada, fazendo nós dois gargalharmos.

— Ah, papai! Paaaaaapaaaaaai! Nããão! Eu vou morrer mesmo! Todo mundo vai morrer! Você vai! Katmiss vai! Mamãe vai! Ah! Por favoooor! — eu ri mais de todo seu drama. — Peeta! Fala com ele que não precisa!

— Prim, é fato que todo mundo vai morrer um dia, mas precisa ter saúde. Como vamos plantar prímulas ao redor do palácio se você ficar doente?! Não vai ter como! — Justifiquei, com um sorriso, para tentar convencê-la. — Eu prometo que se você for tomar seus remédios, a gente passa um dia todo plantando prímulas.

Ela refletiu na possibilidade.

— Olha lá, hein, Peeta. Se você não cumprir, serei obrigada a me exaltar e mandar Katniss fazer outra escolha! — Ri de verdade.

— Está prometido. Seu pai é testemunha. Majestade, eu tenho permissão para oficializar minha promessa? — perguntei, e o rei abriu um sorriso para nós dois. Se ele é ou não pai de Prim, eu não faço ideia, depois do que Katniss disse, mas é inevitável dizer que se amam. Ele, Prim e Katniss tem uma cumplicidade muito parecida com a que eu tenho com o meu pai e Stuart.

— Mas é claro! Vá lá para sua mãe, Prim. — A loira assentiu, me dando um outro abraço, que retribui imediatamente. Dei um beijo em sua bochecha em despedida, e ela também. — Obrigado, Peeta. Ela não ia tomar o novo remédio se não fosse por você!

— Ah, que isso, Majes... — ele arqueou as sobrancelhas, engraçado. Ri. — Desculpe, Antony. É muito estranho chamar o senhor pelo nome. Mas como como ela está? Katniss estava muito preocupada com ela, por causa do sangue ser difícil de achar.

Ele assentiu.

— Sim, sim, infelizmente o sangue dela é muito raro, o que prejudica muito, mas estão mais próximos de tratá-la, já que são células que afetam o sistema neurológico, mas sei que ela ficará bem. Prim tem Katniss como exemplo.

Sorri. Foi muito espontâneo.

— As duas são admiráveis e fortes, sem sombra de dúvidas vai conseguir.

Ele logo foi chamado, antes que pudesse dizer algo, parecia querer conversar, mas apenas sorriu, e foi até onde era solicitado.

O rei é uma pessoa que você tem simpatia desde o começo, embora seja um homem que você tema, por ser rei. Ele me lembra muito o meu pai.

Voltei a cuidar do jardim, com paciência e amor, como sempre. Fiquei sobre meus joelhos, aparando a grama do arbusto, colocando algumas plantas entre, na raiz, para fortalecer o solo.

Quando vi uma movimentação incomum, de guardas bem longe, no outro lado do palácio. Me pus de pé, semicerrando os meus olhos, para tentar enxergar alguma coisa, mas infelizmente foi em vão. Não entendi muito. Até que um alarme estrondoso foi ouvido, e só vi a Família Real correr, cercados por guardas, e os Selecionados correrem atrás deles, com exceção de Gale, que foi direto para o palácio, por estar mais próximo.

— Corra! — gritei em pensamentos, mas eu não conseguia me mexer com toda a rodada de tiros, até que um estalo no meu ouvido, então eu corri, mas não para o palácio, sim para a floresta, com os tiros ricoteando atrás de mim. Nunca corri tanto em minha vida.

Estou bem certo de que Katniss quem gritava pelo meu nome, mas mal eu mesmo sei para onde estou indo e o que estou fazendo.

Segui na direção da casa na árvore, mas ela já está ocupada por rebeldes, que estão desarmados, mas eu não sou o cara que vai tentar alguma coisa.

Logo, parti na direção oposta, mesmo sem eu nunca ter visto essa parte em toda minha vida. Fiquei olhando para os lados, até que colidi com algo, ou melhor, alguém.

— Ai! — nós dois dissemos juntos, caídos no chão. Foi muito forte o choque, mas maior foi o desespero do meu coração quando vi a bandana azul no braço da garota, que aparentava ter 19 anos ou um pouco mais, com olhos azuis cristalinos, e o cabelo preto pixie, me encarando igualmente desesperada.

Mas parece ter me reconhecido, porque sorriu, aparentando bem mais tranquila, diferentemente de mim. Se levantou em um pulo, agarrando as alças de sua mochila transbordada de livros.

— Desculpas, vossa majestade — ela disse, e impressionantemente não parecia irônica ou maldosa. Parecia ser ela, apenas, bem sincera.

— O quê...? — murmurei, me pondo de pé, já suado e tonto.

— Lucia, aconteceu algo?! Vamos! Vamos! Vamos! — Uma voz masculina gritou, e ela pareceu despertar.

— Não foi nada! Peguei os livros! Apenas tropecei! Vamos! — ela gritou de volta, e sumiu pela floresta, enquanto eu fiquei atônico, mas continuei a correr, porém dessa vez na direção onde eu supostamente deveria encontrar a casa na árvore, para gritar por ajuda, mas acontece que a casa sumiu.

Tentei subir em uma árvore, porém falhei miseravelmente, e fiz um corte fundo no braço, sem contar os pequenos em meu rosto, porque passei correndo entre as folhas e galhos como se não houvesse amanhã.

Com o sangue fluindo constantemente, eu comecei a ficar zonzo, andando em círculos ao redor da grande árvore, mas eu realmente não tenho ideia de como voltar para o palácio, e o silêncio não tem contribuído muito para isso.

Me dando por vencido e fracassado, me sentei ao pé da árvore gigante, fechando os meus olhos, orando para que me achem logo. Não estou com medo da floresta, estou preocupado com o corte.

Para evitar pensar na forte queimação do corte, eu pensei no que vi, no encontro com a garota chamada Lucia. Parecia inocente, e como Katniss, Delly, ou qualquer outra garota, normal, e não uma rebelde assassina.

Lembrei-me que os assassinos são sulistas, mas ela ainda é enquadrada como nortista, e rebelde, não é de confiança.

Mas por que tantos livros? Por que os sentinelas desarmados dos rebeldes? Qual o fundamento disso?

Cansado, depois de alguns minutos, caí no sono, porém não foi por muito tempo, porque logo começou a chover muito intensamente, como eu nunca tinha visto em Angeles desde o início da Seleção.

— Ai Jesus! — exclamei, quando uma maçã acertou em cheio o meu pé. — Ai meu Deus, e agora... — murmurei, cheio de dor, por causa do sono mal dormido, e a manga da minha blusa, encharcada de sangue. Não se desespere, não se desespere, é apenas um pequeno corte, Peeta, fique calmo... fique calmo..., sussurrei para mim mesmo várias vezes.

Mas resolvi fazer o mais errado possível em uma situação como essa: tentei me localizar e voltar para o palácio.

Respirei fundo, com uma mão sobre o corte no meu antebraço, e comecei a andar em linha reta, em busca do som de pássaros pequenos e que estão mais constantemente pelas bordas da floresta, até que ouvi pelo menos cinco homens chamando meu nome, com lanternas, pouco menos de dez metros de mim.

Foi como uma luz divina.

— Eu estou aqui! — gritei de volta, reconhecendo o uniforme da guarda real. — Estou aqui!

Balancei meu braço bom, andando rápido na direção deles, mas não corri mesmo porque já está quase escuro, e a chuva é muito persistente.

Quando me aproximei mais, eles imediatamente me ampararam, avisando pelo smarter que tinham me encontrado.

— Peeta! — Ouvi a voz de Delly e Stefan e realmente eu fiquei surpreso. — Mas o que foi que aconteceu?! Um corte desses pode matar em pouco tempo! — Meu criado exclamou, enquanto nos conduziam sob grandes guarda-chuvas de volta para o palácio.

— Eu não sei bem, por causa do tumulto, acabei me machucando. Mas não faz tanto tempo assim que eu cortei, e nem tá doendo.

Menti, tentando fazer uma cara de "eu lutei contra vinte pessoas e venci mas como não sou perfeito eu me feri", mas isso só ocasionou em uma risada imediata de Delly, que percebeu que era mentira.

Apenas olhei para ela com um falso sorriso sem mostrar os dentes e as sobrancelhas erguidas para ela calar a boca, porque eu estou tentando fazer soar menos idiota a minha atitude. Aí ela gargalhou mais, contagiando todos os cinco soldados e Stefan.

— Você é muito otário, Jesus. Como você sai correndo para a floresta, Peeta? Ficou doido?

— Acontece que mesmo eu correndo mais do que todo mundo, eu nem ia conseguir chegar vivo no palácio, por causa dos tiros. Daí apelei para o que estava mais perto. Mas sinceramente, não está doendo tanto, apenas incomodando.

— Mas pensemos pelo único lado impressionate da história — Stefan disse, com um sorriso. — Se fosse qualquer um dos outros Selecionados, teriam ido no lado oposto e estar bem piores.

Dessa vez, eu ri.

— Isso é porque só eu sou um Sete.

E todo mundo assentiu, divertidos.

A enfermaria já tinha sido acionada, e Delly cuidou do meu braço de forma superficial enquanto andávamos de volta para o Palácio, e nós ficamos alguns passos para trás.

— Isso foi depois que eu bati com uma garota da nossa idade, ela estava desatenta também, e com uma mochila transbordando de livros — sussurrei, olhando para frente, sem levantar suspeita. Stefan e ela me olharam, apreensivos. Cada um de um lado.

— Livros? — A loira, que atualmente está morena, perguntou, e eu assenti.

— Deve ter sido por causa da sua entrevista — Stefan observou. — Você deixou bem claro que era sobre o diário do Panem. E que há uma cópia no palácio.

— É verdade. Talvez eles tenham tentado encontrar esse livro — acrescentou Delly. — Caramba, Peeta. Olha o que você fez.

Suspirei, frustrado, quase chorando de aborrecimento por mim mesmo.

— Eu só falei aquilo porque achava certo. Agora, estão querendo invadir o palácio.

— Katniss está super mal — Delly disse, também, e Stefan assentiu. — Precisava ver o escândalo que foi. Ela queria vir atrás de você, mas o rei não deixou, e a mãe dela bateu no rosto dela na frente de todo mundo, ai o rei discutiu, Prim chorou demais, assim como a Anastacia e o Frank, graças a Deus só estávamos nós, Stefan e a Layla.

Eu me senti destruído.

— A princesa precisou ir para o hospital urgentemente. Agora ela já teve alta, mas foi horrível, muito triste. Ela ficou muito mal mesmo. O rei a levou no colo. — Stefan contou, e vacilou um pouco ao segurar o guarda-chuva, mas não caiu. — Sabemos que vocês se gostam, por isso estamos te contando isso.

Dells assentiu, parecendo saber mais, muito mais, mas não achou o momento para isso.

— Será que vão deixar eu vê-la? — perguntei. Nossa, mas eu estou muito arrasado. Agora estou começando a sentir as dores do corte fundo, e refletir todas as minhas atitudes loucas. Numa dessas, podem até custar a vida de Katniss, se continuar dessa forma.

— O rei tirou os poderes da rainha pouco depois que a Katniss foi para o hospital. Não foi um tapa na cara. Foi o tapa, com um grande empurrão, que a desacordou — ela disse, em um tom baixíssimo, mas Stefan escutou, porque parece fortemente compadecido de Katniss, e Delly parece estar revendo a tal cena diante de seus olhos. — Talvez você possa ir lá no quarto dela, mas não estou tão certa. O rei está muito alterado de nervosismo.

— Ele gritou com a rainha na frente de todos os guardas, furioso demais. Não tem nem palavras para explicar como foi. Eles berraram um para o outro, até que ele simplesmente pegou Katniss e Prim foi soluçando atrás dele. Foi uma das coisas mais assustadoras da minha vida. Você pode tentar falar com ela, mas apenas tente falar. Ir até lá não se sabe se é uma tão boa ideia.

Delly assentiu, e por ela ter contato direto com Katniss, resolvi aceitar a condição de tentar falar com ela, somente. Depois de amanhã é o programa, então tentarei vê-la pessoalmente.

O resto do trajeto foi silencioso, e fiquei sozinho com uma equipe de médicos, que deram doze pontos em mim, e eu precisei passar a noite e a madrugada em observação, por causa da grande quantidade de sangue que perdi, somado a desidratação.

Tudo o que fizeram foi sem anestesia, mas eu não parava de pensar em Katniss e na cena horrível que deve ter sido para ela e Prim ver os pais brigando. Afinal, o casal real ao menos parecia ser feliz um com o outro, e eu senti que não sou o único a pensar dessa forma.

Maggs, no meio da noite, veio me ver.

— Você não sabe no susto que deu! — ela disse, com um sorriso. — Está melhor agora?

Consegui dar um sorriso torto bem sincero, concordando.

— Sim, estou sim, muito obrigado, Maggs.

Ela me analisou por um instante.

— Ficou sabendo, não foi? — Ela perguntou, e eu assenti, me desmanchando em tristeza mais uma vez. Estou meio sentado, meio deitado, na cama do hospital, assistindo TV, mas assistindo por assistir, apenas para distrair os pensamentos da minha família. Amélia não tem saído dos meus pensamentos, e nem a minha mãe, e isso me deixa muito preocupado.

— Peeta, acontece que o quadro da Katniss é muito delicado. O de Prim também, mas foi algo adquirido por causa de um trauma psicológico muito forte que ela teve, enquanto Katniss foi herdado geneticamente da mãe. — Começou, calma, fazendo um carinho em meu cabelo, depois que me forçou a descansar a cabeça no travesseiro. — Não tem cura. Muito pelo contrário, só vem a piorar. Da última vez, ela sofreu um blackout absoluto, e tentou tirar a própria vida, de uma das formas mais difíceis possíveis. Não vou te entregar detalhes quanto à isso. Katniss é uma menina abençoada, de um coração enorme, mas é preciso que você saiba disso tudo também. Talvez devesse ter mais cuidado com as coisas que fala e que faz. Não quero te desestimular, mas você é responsável pelos melhores momentos dela, e também causa um dos piores.

Engoli em seco as minhas lágrimas, e desviei o olhar para não chorar, me sentindo ainda mais culpado. Acho que se pedissem para eu me comparar com alguma coisa, eu me compararia com um saco de lixo cheio de lixo, porque é o que eu sou mesmo, não vou negar.

— E por que todo mundo faz questão de me dizer isso? — perguntei, mas não consegui segurar o choro, me sentando na cama. — Gente, eu gosto tanto dela, que eu nem poderia falar ou provar isso! Eu só faço o que meu coração manda eu fazer! Não tenho a intenção de machucá-la! O que eu sinto é de verdade! Não vejo qualquer problema nisso, na saúde dela, isso não muda a forma da qual ela é. Vocês me fazem me sentir ainda pior!

Olhei bem para ela, e chorei de verdade, pela primeira vez, e foi em lágrimas assumindo que eu realmente gosto da Katniss em um caminho sem volta, e que é terrível de todas as formas pensar que ela sofreu por minha causa.

Céus, como eu gosto dela! Eu não queria machuca-la, apenas não consegui pensar em uma solução mais alcançável para voltar para o palácio. Daí me veio Amélia chorando por alguma razão em meus pensamentos.

Apenas chorei por algum bom tempo, e quando parei, Maggs me olhou nos olhos, com os seus esmeraldas.

— Nem sempre o que o nosso coração diz é o que devemos fazer quando envolve alguém que é a razão para ele bater. — ela disse, tirando alguns fios do meu rosto. — Acho que todos nós no palácio sabemos quais são as suas intenções, e que você já ama ela, e isso é correspondido, mas Peeta, como uma avó de um neto que eu nunca tive, te peço para pensar nela também. Quero a felicidade de vocês dois, porque vocês se merecem. Muita das vezes nós precisamos negar fazer o que queremos em prol de algo muito maior, e aqui é a coroa de Panem e o coração de uma princesa por dentro e por fora. Se você me fez tomar dois comprimidos para dor só de pensar que você pudesse ter sido baleado e morto, não sabe das três doses quase consecutivas que a Kat tomou de morfina. Por sua causa.

Suspirei, fungando. Acho que eu estava precisando mesmo disso, de escutar mais sobre isso, para ver se o meu subconsciente desperta para a realidade. Eu sou um lixo mesmo.

— Ai, Maggs, e o que eu faço agora? Eu quero parar de ser tão idiota e fazer mal para ela, mesmo que sem querer! Me ajuda a parar de ser um idiota!

— Hei, você não é um idiota! — Ela exclamou, franzindo as sobrancelhas em uma expressão de reprovação. — Suas ideias são as melhores, e as intenções mais ainda, mas o que acontece é que você precisa achar um jeito de filtrar isso, meu anjo — fez carinho em minha bochecha, limpando minhas lágrimas com seus polegares enrugados pela idade. — Peça sabedoria. Você vai achar um meio, se abrir seus horizontes, e não tanto seu coração e instintos, pelo menos.

Antes que eu fosse dizer alguma coisa, ouvimos dois toques na porta, e logo a mesma foi aberta por tia Effie e Haymitch, que estavam com três caixas que eu reconheci serem de bombons, e a tia estava com o rosto nítido de que tinha chorado muito.

— Bem, eu vou deixar vocês bem à vontade — Maggs disse, sorrindo, depois que se cumprimentaram. — Boa noite, Peeta. Não esquece do que eu te disse, ok? — Assenti, com suas mãos em minhas bochechas. Abri um sorriso pequeno, mas em minha alma é grande. — Amo você.

Me deu um abraço bem apertado, então saiu.

Haymitch me perguntou logo como eu estava, como tinha rasgado – foi o termo usado pelos médicos – meu antebraço e quase peguei uma infecção grave, por estar exposto e sem água.

Tia Effie se deitou ao meu lado, como uma mãe, depois de chorar muito e pedir para eu nunca mais assustar ela daquele jeito, pondo minha cabeça em seu peito, e eu aceitei de muito bom grado, já que fora da sala de aula nós temos uma relação muito parecida como essa, embora eu saiba bem que ela não é minha mãe. Mas é como uma versão extravagante, engraçada, e até mais presente, já que eu nunca tive qualquer intimidade com minha mãe, diferentemente de Amélia.

Eles dois me fizeram algumas perguntas simples, sobre qual era o meu problema, e recebi um tapa de Haymitch. Aparentemente, eu sou o filho que eles não tiveram, e foi muito engraçado, enquanto nós comíamos doces de chocolate branco.

Conversamos secretamente sobre a anulação dos poderes da rainha, que perpetua por todo o palácio.

Tia Effie não gosta dela, e ouvir um graças a Deus de sua boca por causa do decreto do rei foi simplesmente surpreendente.

— Eu adoraria ficar mais tempo aqui, porém infelizmente eu tenho que organizar alguns projetos — Ele disse, e nós fizemos um toque, comigo ainda no colo da tia. — Fica aí, Effie, ele vai ser liberado de manhã. Ai eu venho ver vocês também.

Eu e a tia assentimos, e ele se despediu dela com um selar de lábios me fazendo reclamar. Obviamente ele não deixou batido.

— Tá falando o quê, se nas fotos você e a Katniss só aparecem se beijando?! — Sua esposa riu, à medida que eu corei.

— Tem documento pra assinar não? Você não tinha compromisso? — alfinetei, fazendo um sinal para ele sumir logo dali, e assim ele o fez, rindo.

Eu e a tia ficamos deitados, uma hora comentando sobre o filme infantil que assistíamos, outrora só em silêncio, mas a todo o momento ficamos na mesma posição, ela fazendo carinho no meu cabelo, e minha cabeça em seu peito, como uma mãe.

Se eu estivesse nessa situação em casa, já seria um dia especial por si só, pois eu só faço isso com Amélia e Delly, mas se a tia Effie fosse minha mãe, o mais perto que eu estaria dela seria em seu ombro, encostado com a cabeça, mas logo mudaríamos a posição, ela pegaria Ben no colo e o afagaria, pois ele com certeza estaria morrendo de ciúmes de mim.

Mesmo sendo distante de mamãe, eu não sinto falta dessas demonstrações de carinho. Sei como ela é, e no quanto me ama.

— Tia, por que você não teve filhos? — perguntei, de uma vez, sem querer, quando estávamos para ir assistir o segundo filme.

Ela achou graça.

— Por que gostaria de saber?

— Porque eu acho que você me trata muito bem, com certeza trataria melhor ainda um filho seu e do chato do Haymitch. Você seria uma ótima mãe. Me sinto muito bem com você nessa posição.

Comentei, de olhos fechados, sentindo seu perfume de rosas. É bem doce, extravagante, mas simples ao mesmo tempo, como ela.

— Bem, há alguns anos atrás, pouco depois que eu me casei, houve uma infestação aqui na Capital, que afetou tanto os homens e mulheres, e eu fiquei estéril. Pedi para Haymitch encontrar uma outra mulher que pudesse dar à luz, mas ele queria um filho apenas meu e dele, então acabou que nós então resolvemos não termos filho algum.

— Então por isso não adotaram? — senti ela assentir. Percebi que seu coração acelerou um pouco, talvez desconfortável, ou mesmo triste sobre o assunto. — Mas sabe que eu te amo e considero muito, não sabe?

Daí, seus batimentos se normalizaram, e voltou seu carinho em meus cabelos e braço.

— Sim, eu sei sim. Sua mãe e pai com certeza tem muito orgulho de você. Sou apenas sua instrutora e tenho, nem sei o que devem sentir de você.

Quis contar sobre a verdade, que eu não sou tudo isso o que ela pensa, mas não consegui, porque estava com muito sono, e por um momento eu jurei estar em casa, porque seus braços foram como os da minha mãe, e mesmo o cuidado de Haymitch me lembraram meu pai. Quis falar que eu sou detestável, e responsável pelas dores de Katniss e pelas complicações em suas vidas, porém não consegui dizer, apenas um frase.

— Eu amo a senhora — sussurrei, cansado, deixando me levar pelo sono, depois do dia estressante e pesado que foi hoje. E amanhã tem mais, tem muito mais.

Não sei qual foi a reação dela, não sei mesmo, mas estou quase certo que ela chorou, porque senti meu cabelo ser molhado em alguns pontos, assim como ela me abraçou mais forte.

Logo, mesmo com toda essa loucura e culpa que foi o dia de hoje, eu não me imagino mais em qualquer outro lugar que não seja este lugar somado às pessoas da minha família e essas, como a tia Effie, Haymitch, Maggs, que eu aprendi a amar de uma forma que eu mesmo não esperava. Não me sinto encaixar em mais nenhum outro lugar. Talvez seja esse o problema.


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Notas finais do capítulo

gif do cap https://i.pinimg.com/originals/f9/02/9a/f9029a59bf1837935c0883c87a2a2836.jpg


E bem, pessoal, esse foi o cap[itulo!!! o próximo está escrito, então amanhã por volta desse horário mesmo eu vou postar o bónus, e colocar aqui o trecho do próximo capítulo! Aviso, teremos umas cenas engraçadas dos Selecionados, e um momento Peeta e Katniss bem legal, mas um momento de irmãos que eu sinceramente estou emocionada, e não irei contar agora! Vou deixar o trecho depois!!!!

Ah, e bem, eu fui convidada para fazer parte de um grupo de coletâneas chamado Encontros, Acasos e Amores, e postei uma one sobre a segunda guerra mundial, um romance, de um médico soldado que volta para casa e revê sua esposa Katniss e um filho que ele não sabia que havia tido. Quem se sentir a vontade e quiser ler, o título da minha é Por Vocês, e esse é o link!!!! >>>> https://fanfiction.com.br/historia/731702/Encontros_Acasos_e_Amores/capitulo/22/

Fiquei feliz demais de estar participando, principalmente no meio de tantas escritoras magnas que são elas, todas elas, que tem um papel importantíssimo para construir uma coletânea tão incrível como esta, e eu apenas um bebê que está aprendendo a escrever!

Bem, e é isso, pessoal, gostaria de me desculpar mais uma vez com vocês pelo meu vacilo de não ter postado anteriormente, mas aqui está, e não demorará mais tanto assim, porque eu estou de férias, e não tenho mais provas para fazer, só esperar agora pelo resultado do enem no dia 19, e então do sisu em fevereiro! MAS eu demorar um pouco mais, significa que vai demorar mais para terminar, esse é o lado positivo kkkkkkkkkkkk mas desculpa mesmo, pessoal, eu sei das minhas mancadas, e estou mesmo com o próximo capítulo pronto, o bônus, onde a música é a 1-800 do Logic com a Alessia Cara. Algum palpite???
E pessoal, vamos interagir: o que vocês querem muito que aconteça na fic mas que ainda não aconteceu? E PARA QUEM LEU OS LIVROS DA KIERA, o que vocês não viram aqui mas que gostaria que estivesse? Eu tenho a fic toda aqui na minha mente, mas como estamos bem no final, queria saber, para de repente não deixar passar algo que seja especial para a maioria de vocês, embora eu nnao possa prometer muita coisa, posso prometer sim que eu vou fazer nem que sejam capítulos maiores só para ao menos mencionar algo.
E é isso! Muito obrigada por lerem até aqui, vocês são muito importantes para mim, e eu estou respondendo todos os comentários pendentes! OBRIGADA POR TODO O AMOR DE VOCES!!!!!!! Não fazem ideia do quao importante é para mim ler cada comentário, receber cada recomendação e cada favorito!!! Obrigada mesmo, galera! Agradeço ao Senhor pela vida de cada um de vocês!!!! ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ *abraçando uma multidão com um sorriso enorme*