Eu escolho Paris escrita por nana


Capítulo 6
Eu escolho Paris - parte VI


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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– Sabe o que? Não responde – falou suavemente – acho que eu que tenho que falar. Desculpe pelas coisas que Spencer deve ter lhe falado ontem, não cabia a ela e não tinha o direito de bagunçar sua cabeça com tudo aquilo. Mas agora que as coisas já chegaram aonde chegaram, eu vou falar. Vou falar porque cansei de guardar.

Emily respirou três vezes profundamente, mas não conseguiu evitar que as lágrimas chegassem a seus olhos.

– Esses 5 anos não passaram para mim. Não no que se refere aos meus sentimentos por você. Parece que foi ontem que você disse que o que eu sentia era de alguma forma correspondido e nos beijamos e fizemos amor, daquela maneira tão natural e íntima que só pessoas que se conhecem e amam profundamente seriam capazes de fazer. E eu nem tenho certeza sobre como você se sentiu naquela noite ou como você se sente hoje à noite, mas tenho certeza que, nem que seja bem lá no fundo, você sentiu e sente tudo aquilo que eu senti, tudo que compartilhamos, todas aquelas descobertas, aquelas sensações. Eu sei que não foi unilateral, eu sei que naqueles momentos você era minha e só minha e você não pensava em ninguém a não ser em mim, em nós.

– Emily...

– Shhh – sussurrou Emily colocando um dedo sobre os lábios de Alison – você foi minha melhor amiga, a única com quem dividi tantas coisas a ponto de até entregar meu coração a você, minha primeira paixão, minhas páginas do diário, minhas primeiras borboletas no estômago. Eu finalmente percebo que não teria te entregado tanto de mim se você não tivesse me dado tanto de volta, Alison. Você dividiu lágrimas comigo, você se aconchegou em meus braços, você me magoou por medo do que você mesma sentia, porque você era tão minha quanto eu era sua.

Lágrimas silenciosas corriam pelo rosto de Alison que agora não tinha mais a expressão amedrontada. Pelo contrário, sua expressão agora era de alívio, como se tivesse esperado a vida toda por aquela conversa.

– Eu não posso ter me enganado a vida toda sentindo o que você sentia e dividindo tudo aquilo que eu sentia que era nosso e só nosso, disso tenho certeza. O que nós tivemos e construímos nunca conseguiremos reconstruir com ninguém mais, porque mesmo quando estamos juntas como mulheres, nossa alma está ligada ainda mais intimamente do que o nosso físico, porque nossa amizade e o que se desenvolveu a partir dela, desenvolveu-se de dois seres ligados muito além do que o que podemos ver, pensar, interpretar ou descrever. Eu sei que você me sente – Emily falou tocando a mão de Alison e colocando sobre seu coração.

Alison a puxou para perto segurando-a pela cintura e descansando sua cabeça sobre o coração de Emily que batia a mil por hora no mesmo ritmo que batucava seu próprio coração. Ali, nos braços de Emily, ela finalmente se sentia em casa.

– Por que você foi para tão longe? – Perguntou Alison inconsolável – não estou lhe cobrando nada – apressou-se em dizer – mas... eu queria que você tivesse ficado, me sinto tão segura, tão... no lugar certo, quando estou ao seu lado, quando estou com você.

– Desculpe. Deveria ter ficado, deveria ter tentado. Mas eu tinha medo, ainda tenho. Eu fui para longe tentar encontrar meu lugar no mundo, tentar me encontrar, mas todo lugar que eu sempre quis estar era de volta aqui, de volta no seu abraço. Podia ser aqui em Rosewood, ou numa praia na América do Sul, ou em Paris, como você sempre quis, desde que fosse com você.

– Você e eu, na doce cidade de Paris – sussurrou Alison mostrando que elas estavam de alguma forma, mesmo depois de tanto tempo, sintonizadas.

Alison apontou para uma penteadeira branca encostada a uma das paredes do quarto, sobre a qual descansava um enorme pote de colocar biscoitos cheio de moedas e cédulas com um adesivo que dizia “Viagem a Paris com a Emily”.

O coração de Emily quase saltou e começou a batucar mais rápido, meio descompassado.

– Você guardou dinheiro todos esses anos?

– Eu queria que você tivesse ficado – repetiu Alison – queria que tivéssemos trabalhado duro e juntado dinheiro aos poucos. Você não estava aqui, mas eu não desisti da nossa Paris.

Emily sorriu. Um sorriso aberto. Tão verdadeiro e feliz como há tanto tempo não sorria.

Alison sorriu de volta. Aquele sorriso cúmplice que fala mais do que um milhão de palavras.

– Hoje decidi trazê-lo para cá – continuou Alison apontando para o pote – li algo sobre uma tradição judia que para boa sorte em algo você precisa quebrar um vidro... você sempre me deu sorte, você sempre conseguiu puxar o melhor de mim. Eu ia quebrá-lo... e dividir com todos tudo que guardei nele e, acredite, não estou falando das moedas.

Emily secou as lágrimas de Alison e as próprias com o dedo indicador.

– Fica comigo – Emily pediu com a respiração descompassada – larga tudo e fica comigo.

– Eu não sei o que dizer – Alison respondeu sem jeito, tão feliz por finalmente ter Emily ali, mas também tão confusa sobre o que podia e o que não podia fazer.

– Nós somos tão jovens. Esse é nosso momento de arriscar. Eu me guardei por todos esses anos e não sei nem porquê. Esse é nosso momento de tentar, de viver o que sentimos à flor da pele, de largar tudo e começar de novo. E você sabe disso.

Uma corrente elétrica passou pelo corpo de Alison levando-a a reação que ela menos esperava ter em meio àquela conversa, mas que, ao mesmo tempo, parecia ter sido tão natural, a única reação que poderia ter, talvez porque há tanto tempo ansiava sentir aquilo tudo de novo, aquele calor, aquela suavidade, aquela doçura. Tudo aquilo que só encontrava entre os lábios de Emily.

Emily quase cortou o beijo há tanto esperado, perguntando-se se aquilo poderia ser mais um de seus sonhos tão reais e apaixonados. Mas, e se fosse? Ainda era uma chance de beijá-la como sempre queria.

Suas línguas entrelaçaram-se como se quisessem saborear cada milímetro daquele encontro das bocas, daquela sensação, daquela vontade. Tocavam-se, abraçavam-se, beijavam-se, mas nunca parecia ter fim a saudade, o desejo, a surpresa de sentir aquele beijo. Parecia a sensação de quando você está louca para comer seu chocolate caseiro favorito e daí você descobre que seu recheio favorito acabou e compra outro qualquer, mas quando você morde, percebe que trocaram as embalagens e aquela que não parecia a certa para você, na verdade, era a mais certa de todas, sua favorita.

Emily tocou-lhe as costas, percebendo que o vestido não as cobria. Escorregou com suas mãos desde a nuca até alcançar a base de sua coluna, o corpo de Alison tremeu entre seus braços. Emily a apertou ainda mais contra si mesma, enquanto Alison aprofundava o beijo, como se quisesse fundir-se com Emily em um só corpo.

– Mal posso acreditar que estou aqui – Emily falou entre beijos curtos e apaixonados que davam – mal posso acreditar que lhe disse tudo, que lhe pedi que ficasse comigo.

– Eu... não sei se isso está certo, mas... eu não tenho medo. Há tanto tempo não tinha certeza sobre nada... você é minha, você sempre foi.

– E você, minha. Sempre foi. Sempre será – Emily respondeu.

...

Quando o atraso de Alison já estava passando dos limites e até Aria, Hanna e Spencer pensavam que algo sério poderia ter acontecido lá dentro, as três decidiram subir para saber em que pé as coisas estavam, antes que James Rollins decidisse subir ele mesmo. Elas haviam conseguido segurá-lo até ali, mas ele já estava impaciente.

Entraram ao quarto já quase chamando pelo nome das duas, mas para sua surpresa: não havia ninguém. Sobre a penteadeira ao fundo do quarto, o buquê de rosas vermelhas de Alison destacava-se, o que fez Spencer dirigir-se até ele. Embaixo havia um bilhete mínimo.

– Elas foram embora – Spencer falou tentando não sorrir tanto.

– O que? – Perguntaram Aria e Hanna ao mesmo tempo.

Spencer mostrou-lhes o bilhete.

Desculpe-me, James,

Eu escolho Paris.

Alison


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Notas finais do capítulo

O fim.
Bom, quase.

Querem epílogo?



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