Um príncipe nasceu e antes de completar a primeira primavera, um rei de um reino muito distante o sequestrou fazendo-o como o seu filho, porém na torre mais alta do castelo.

O jovem príncipe era de tamanha beleza. Uma pele pálida, cabelos dourados como o sol e olhos azuis como oceano. Belo, porém triste o único contato com o mundo lá fora eram o que eles traziam para ele e o que ele via pela única janela em sua alta torre. E a única coisa que ele via era um reino triste e um mar turbulento.

Apesar de tudo ele tinha uma pontada de felicidade, pois a princesa desse reino vinha visita-lo todos os dias, eles cresceram juntos apesar dele ser mais velho do que ela. A princesa era uma pessoa gentil e delicada totalmente diferente do rei, que era carrancudo e um mal educado.

Às vezes algum guarda vinha até o jovem príncipe e batia nele só para ver sua beleza arruinada, e ele não podia fazer nada. Às vezes os guardas o levavam para fora e o deixavam queimar no sol. E ele não podia fazer nada, pois era fraco e a única coisa que podia fazer quanto a isso era se deitar e lamentar suas dores.

O jovem príncipe nunca conheceu seus pais, queria conhece-los, queria ver seus rostos, queria saber por que ele estava ali, sendo tratado como lixo real, queria sair daquela torre e viver o mundo lá fora, queria fugir desse reino maldito.

Quando a lua cheia chegava o rei malvado ia até a torre do jovem príncipe. Ele, por sua vez, quando escutava o rei entrar em sua cela, tirava sua roupa e dizia:

–Vós sois meu rei, faça em mim seus desejos mais profundos.

E o rei fazia. Ele praticamente estuprava o jovem príncipe. E o pequeno apenas arfava, suspirava de dor e chorava implorando que pare. E o rei não parava. Quando mais implorava mais ele continuava e o príncipe chorava. E quando tudo finalmente acabava o príncipe se enrolava nos lençóis e desabada a chorar. O rei chega perto dele e diz:

–Oh meu principezinho não chores mais. Você não faz ideia o quanto eu o amo.

E sai da cela na torre isolada deixando-o com sua dor e com seu sofrimento. E quando via que o rei tinha saído ele dizia:

–Algum dia eu vou sair daqui. Algum dia eu me livro desse sofrimento. Algum dia eu volto para os meus pais. E quando este da chegar eu a levarei comigo.

E fechava o olho pegando no sono lentamente e acabava sorrindo por final. Mesmo por tudo havia esperança em seu coração que algum dia seria curado com um amor verdadeiro.