Dezembro, 2013

Nós já estávamos no fim do ano, de férias e Ally e eu íamos ao shopping juntas antes que ela viajasse.

“Oi?” — perguntei quando atendi o telefone, pegando minha bolsa.

“Já saiu de casa, Biah?” — era Ally, sempre ansiosa.

“Estou saindo agora, calma.” — respondi, pegando minha chave.

“Anda logo, eu já estou aqui.”

“Tudo bem, estou indo, tchau.” — desliguei a chamada e saí de casa, indo para o ponto em seguida, nós íamos de ônibus porque queríamos ir sozinhas. Quando passamos pelo outro bairro Ally entrou e sentou-se ao meu lado.

— Finalmente! Eu estava te esperando há muito tempo. — ela já chegou reclamando.

— A culpa não é minha se você é apressada. — retruquei.

— Eu não sou apressada, você que é lerda demais.

— Não vamos brigar hoje, né?

— Tá. — ela emburrou, mas logo começamos a conversar.

(...)

Chegamos ao shopping e fomos a uma loja de calçados.

— Olha Biah, que lindo! — me mostrou um tênis preto.

— Bonito mesmo. — respondi, o analisando.

— Será que dá em mim?

— Não sei, experimenta.

— Vou calçar, espere aqui. — concordei e ela se afastou, continuei olhando os sapatos e encontrei uma Melissa azul, resolvi comprar ela e Ally acabou comprando o tênis também.

— O que vamos fazer agora?

— Ahn... Comer?

— Ah, tudo bem. — caminhamos para fora da loja e uma mulher esbarrou em mim. — Eita, não me leva junto! — exclamei alto para ela ouvir, mas a mesma não disse nada. Seguimos para a praça de alimentação e nos sentamos na primeira mesa vazia que encontramos, estava muito cheio por estar perto do Natal.

— O que foi isso? — Ally perguntou, rindo.

— Ué, a moça queria me levar com ela.

— Meu Deus, você é muito barraqueira. — continuou gargalhando.

— Nem sou. — nós pedimos um quibe e uma esfiha e comemos devagar enquanto conversávamos.

(...)

Fomos ao cinema e compramos mais algumas coisas, já era quase oito da noite.

— Acho melhor nós irmos embora. — Ally sugeriu.

— É mesmo, então vamos. — seguimos para a saída do shopping e então fomos embora.

— Tchau Biah, até a escola. — Ally se despediu, levantando, estávamos chegando no bairro dela.

— Tchau Ally. — o ônibus parou e ela desceu, eu já estava sentindo saudade.

Pouco tempo depois, cheguei no meu bairro. Demorou um pouco para chegar na minha rua, mas logo desci, caminhando até a minha casa.

Entrei e minhas irmãs estavam na sala, quietas, o que era um tanto estranho. Minha mãe estava no trabalho e meu pai saiu do quarto.

— Beatriz, preciso falar com você. — ele disse sério, o que eu tinha feito?

— Tá bom. — coloquei minha bolsa em cima da cadeira.

— Venha aqui. — voltou para o quarto e o segui, sentando na cama ao lado dele.

— O que houve, pai?

— Fica calma, tudo bem? — pegou em minha mão.

— O que foi, pai?

— Eu e sua mãe vamos nos separar.