The Next Queen - Interativa escrita por Lu au Andromedus


Capítulo 14
Capítulo 12 - O Rei de Illéa


Notas iniciais do capítulo

Hello angels!! I`m back com mais um capítulo. Esse é dedicado totalmente ao Nicholas e sua conturbada família, então sem selecionadas (sorry...).

Espero que gostem e queria agradecer pelas sugestões. Vocês são umas fofas.



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Capítulo 12

O Rei de Illéa

 

 

Ninguém pode escapar à relação pai e filho. Todos somos filhos de alguém, ainda que alguns se neguem por sua vez a ser pais.

Vázquez Montalbán

 

Era uma tarde quente de outono em Angeles. Os barulhos de pássaros cantando e vassouras de encontro ao chão eram ouvidos por todo o primeiro andar. No segundo, risos e conversas se faziam presentes enquanto as selecionadas socializam entre si e com suas criadas. E no terceiro, o estalido oco dos sapatos de Nicholas de encontro com o piso de madeira do escritório do rei ecoava, enquanto ele andava de um lado para o outro do ambiente em um claro sinal de impaciência. Fazia quanto tempo que estava esperando? Vinte minutos? Trinta? Quem sabe até mais. Seu pai nunca fora muito pontual, então não estava exatamente surpreso. Mas queria que pelo menos uma vez fosse diferente, que quando o filho precisasse dele, ele viesse às pressas. Soltou um longo suspiro. “Delírios de uma mente infantil. Você já está grande demais para pensar assim”, era o que sua mãe provavelmente diria.

A relação de Nicholas com Katrina estava abalada desde que ele descobrira que ela manipulara o sorteio de suas selecionadas, para que as chances de saírem garotas de casta alta fossem muito maiores. E não podia se esquecer ainda do tapa que ela havia lhe dado e da marca vermelha que ficou em seu rosto por quase uma semana. Mas ao mesmo tempo, ele sabia que se estivesse no escritório dela nesse momento invés de no do rei, não precisaria esperar nem dois minutos. Katrina sempre fora um milhão de vezes mais atenciosa em relação aos filhos do que Robert. Porém Nicholas não pediria desculpas pelo que tinha dito. De modo algum. Ele era orgulhoso demais para isso.

Mais cinco minutos se passaram. E então sete. E então dez. Com sua impaciência atingindo seu ápice, Nicholas estava prestes a passar pela porta e ir embora, quando ela foi finalmente aberta. Robert entrou no escritório trajando um terno preto tão grande, que provavelmente caberia dois do filho lá dentro.

— Que demora – reclamou Nicholas quando o viu.

— O que você queria que eu fizesse? Saísse por aí com minha real barriga de fora? – Robert riu e levou as mãos a pança – Uma visão inspiradora para meu povo, você não acha?

Nicholas levantou as sobrancelhas com descrença.

— Você quer mesmo que eu acredite que levou todo esse tempo apenas para se vestir?

Robert sorriu e se dirigiu a um dos sofás de seu escritório, fazendo um sinal para o filho se sentar na poltrona à sua frente.

— Digamos que tinha que mandar algumas companhias embora também.

A mandíbula de Nicholas se contraiu.

— E imagino que nenhuma dessas companhias seja minha mãe.

— O dia em que sua mãe estiver na minha cama, vão chover canivetes do céu – Robert esticou a mão em direção a mesinha de centro em frente ao sofá e entornou um de seus amados uísques envelhecido por mais de 15 anos em dois copos. Bebeu de um deles e o outro estendeu a Nicholas.

— Não estou com sede – disse o príncipe.

— Eu não te ofereci água, te ofereci uísque. E sou seu pai e seu rei e digo que você vai beber.

A contragosto, Nicholas pegou o copo e tomou um gole da bebida, enquanto Robert entornava metade da dele.

— Bom – murmurou o rei com um sorriso – Sabor frutado.

Nicholas teve que rir. Frutado? Tudo que ele sentira fora uma desagradável queimação percorrendo toda a sua garganta.

— É importante que você desenvolva um gosto por álcool, filho. Em jantares oficiais é isso que será servido – Robert apontou para o uísque - Não água, não refrigerante, não suco.

— Mamãe diz que eu devo tolerar bebidas alcoólicas, mas não gostar delas.

— E eu digo que você ouve demais sua mãe, garoto.

Nicholas franziu a testa e contraiu a boca em um sinal de desgosto, o que levou Robert a dar uma risada.

— O que foi? Não gosta de ser chamado de garoto? Engula esse seu orgulho Nicholas. As pessoas vão te chamar de muitas coisas que não gosta quando for rei. E você vai ter que simplesmente aguentar.

“Ou talvez não. Talvez eu seja um rei muito mais querido que você e não precise ficar engolindo xingamentos como você é mestre em fazer”, pensou Nicholas, mas não disse nada.

— Por que meus filhos tinham que nascer todos orgulhosos? – murmurou Robert – Isso é uma praga carregada no sangue da sua mãe, isso sim.

Nicholas revirou os olhos e tomou outro gole do uísque. Estava cansado de, quando estava com o pai, ouvi-lo xingar a mãe, e quando estava com a mãe, ouvi-la xingar o pai.

— Podemos ir direto ao que me trouxe aqui, por favor? – pediu o príncipe.

— E o que seria isso?

— Eu gostaria de dicas de encontros.

Robert arregalou os olhos, surpreso.

— Encontros? Ora, e por que você veio até mim?

Foi a vez de Nicholas ficar surpreso.

— Porque você é meu pai. E achei que teria mais experiência nisso do que eu. Vai me dizer que nunca levou uma garota em um encontro? Nem minha mãe?

— Sim, é claro que já levei, mas não sua mãe. Ela tinha uma completa falta de interesse em mim quando chegou ao palácio. A primeira vez que passamos mais do que uma hora a sós foi na nossa noite de núpcias – Robert esvaziou seu copo de uísque e se serviu de mais um – Não sei nada sobre encontros garoto. Perdeu ser tempo vindo até aqui.

Aquilo fez o príncipe se sentir tão idiota que tinha que se controlar para não sair correndo até a porta. Seu pai não era um homem romântico, nem nunca fora. Por que raios tinha achado que ele o ajudaria em alguma coisa? Ajudar.... Esse com certeza não era um dos talentos de Robert, afinal significaria fazer algo que não fosse para seu próprio benefício. Um surpreendente e avassalador sentimento de raiva crescia no peito de Nicholas. Raiva do seu pai, da sua mãe, até de si mesmo.

— É o que parece. Acho que vou ligar para meu tio então. Ele deve ser mais competente nisso do que você – Nicholas sabia que Robert odiava ser comparado a Hadrian, e odiava ainda mais quando era tratado com inferioridade em relação a ele. E ver seus olhos se encherem de raiva, deixou o príncipe estranhamente satisfeito.

— Aquele traste não é mais competente do que eu em nada! Se engana se acho isso, garoto. Hadrian não leva mulheres para encontros, só para a cama dele!

— E você não? Levar garotas para a cama parece ser sua especialidade.
Robert se levantou num rompante, derrubando o copo e todo seu conteúdo no sofá.

— Cuidado garoto. Mais respeito quando você fala comigo.

Nicholas também se levantou, bebeu o resto do uísque que lhe tinha sido servido e saiu do escritório, sem dizer mais nenhuma palavra. Respeito, seu pai exigia. Mas como trata-lo com respeito se ele não fazia nada para merece-lo?

Encontrou Alice quando entrou em seu quarto, deitada em sua cama, com um de seus livros na mão. Ela ergueu os olhos quando o viu se aproximar e sorriu, mas não foi retribuída. Isso imediatamente a deixou em estado de alerta e ela deu um pulo, ficando de pé no ato.

— O que aconteceu? – perguntou, seu tom de voz carregado de preocupação.

Nicholas suspirou.

— Papai aconteceu.

Ao ouvir isso, os olhos violeta de Alice escureceram e sua voz endureceu.

— O que ele fez dessa vez?

Nicholas se virou e fechou a porta atrás de si, antes de se voltar de novo para a irmã.

— Eu só queria ter um pai normal, sabe? Que se preocupasse comigo, fosse atencioso e tivesse tempo para mim. E o mais importante, não se afogasse em bebida e garotas para esquecer de seus problemas.

Se sentindo frustrado como nunca antes, Nicholas deitou em sua cama e colocou o braço sobre os olhos. Segundos depois, sentiu Alice se acomodando ao seu lado.

— Eu entendo Nic, é claro que eu entendo. Afinal qual foi a última vez que papai nos levou para algum lugar legal? Ou se sentou para ver um filme conosco? – disse a princesa, delicadamente – Mas ao mesmo tempo, tente entender o lado dele. Ele é rei de uma das nações mais poderosas e problemáticas do mundo. Imagina quanta pressão ele deve aguentar? Ainda mais com esse negócio dos rebeldes. A bebida e as garotas são válvulas de escape. Péssimas válvulas de escape, mas ainda assim válvulas de escape.

Nicholas tirou o braço do rosto e olhou para ela.

— Quer dizer que quando eu for rei e chegar a minha vez de aguentar essa pressão, vou ficar gordo e mulherengo igual o papai?

Alice deu risada, e ouvir esse som melhorou consideravelmente o humor do príncipe.

— Eu realmente espero que não. Seria uma pena se você perdesse sua barriga tanquinho – ela puxou a camisa do irmão, expondo por um momento os músculos embaixo dela antes que ele desse um tapa em sua mão e puxasse o tecido para baixo de novo.

— Se você diz – disse ele, em um tom brincalhão – O que estava fazendo no meu quarto, afinal?

— Esperando você. Queria saber como estava se sentindo depois das eliminações de ontem.

Ah, as eliminações. Pensar nelas trouxe uma careta para o rosto de Nicholas. Conversara cinco minutos com as garotas, e usando o que aprendera sobre elas nessa minúscula quantidade de tempo, mandou para casa aquelas que não o agradaram. Usara o falso pretexto de um almoço e havia tentado ser bem delicado, mas ainda assim foi obrigado a aguentar mais choro do que gostaria. Àquela altura, das 25 que chegaram ao palácio, sobravam 20. Mas não queria falar sobre isso. Só serviria para deixa-lo abatido de novo, então mudou de assunto.

— De qualquer forma estou feliz por você estar aqui. Admito que estava precisando de você depois da malsucedida conversa com o papai.

— Você não tem receio de falar para uma pessoa que precisa dela? – perguntou Alice.

Nicholas sorriu.

— Todo mundo precisa de alguém. O que seria de nós sem os cozinheiros, sem os criados, sem os jardineiros, sem os guardas? Nós precisamos de todos eles – Robert podia chamar o filho de orgulhoso, mas isso seu orgulho não o impedia de admitir.

— É muito verdade. Você acha que mamãe sabe disso? Considerando o quão mal ela trata todos eles.

— Ah, ela sabe. Mas morreria antes de admitir.

Alice caminhou até a varanda do irmão e olhou para os empregados lá embaixo nos jardins. Tão pequenos quando vistos dessa altura, mas tão importantes para o funcionamento daquele palácio.

— E eles também sabem. Sabem que precisamos deles. Só não se rebelam porque também precisam da gente. Ou pelo menos dos salários que nós lhes fornecemos.

— E se chegar o dia em que nós precisarmos deles mais do que eles precisam de nós?

Alice fixou seus olhos violetas nos azuis do irmão e deu um sorrisinho.

— Se chegar esse dia, nós estaremos perdidos.


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Notas finais do capítulo

Yep, agora o Nic está brigado tanto com o pai quanto com a mãe, mas quem mandou eles serem tão pirados? Essa é a primeira vez que o Robert faz uma aparição mais efetiva, e agora vocês tem uma ideia do que a Katrina tem que aguentar. Não é a toa que ela é tão amarga.

Coloquei aquela frase no começo do capítulo porque eu amei ela e achei que combinou tão bem que não resiste, apesar de nunca ter ouvido falar do cara que a disse.

Obrigada por lerem angels e até os comentários (ou pelo menos eu espero vê-las lá kkk).



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