O Ritual escrita por Elliot White


Capítulo 17
Sacrifício


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo dessa história que está tomando um caminho mais sombro do que eu tinha planejado.
Boa leitura.



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— Deixe ele livre. - Shalia ordenou olhando para Adão, que continha o refém com as mãos e pés amarrados, o homem tinha meia idade e quase a mesma altura que o bruxo. O capanga obedeceu retirando as cordas que atavam seus membros, embora continuasse o contendo com suas mãos grandes e seus braços fortes, o prisioneiro não parecia querer fugir, estando cercado de gente e em um lugar afastado do bosque.
Nestor! - a líder continuou, gritando o nome do rapaz em sua voz fina e irritante, que logo surgiu empurrando a cadeira de rodas de Olga pela neve grosseiramente.
A bruxa se aproximou da menina, a tocando nas longas madeixas ruivas e acariciando, com um sorriso malicioso nos lábios, sua longa capa preta atrapalhava. A pequena apenas direcionava o olhar ao chão. O irmão se remexeu, aprisionado e aborrecido.
— Agora que já descobriu que seu namoradinho é um íncubo, Becky, quem você imagina que seja o outro demônio de que precisamos? - a jovem discursou, se dirigindo a mim, que apenas a fitava cansada e com as mãos e pés doendo de estar a tanto tempo presos em cordas. - bom, quem mais seria? O sangue corre em suas veias. Isso mesmo, a pequena Olga é um súcubo. Bem, pelo menos se tornaria se fosse crescer um dia. A pirralha não aprendeu muita coisa ainda. E ainda por cima, não consegue nem andar, o que ela poderia fazer? - ela terminou, provocativa.
— Não toque nela, desgraçada! - Wendy berrou furioso.
— Se não o quê, bonitão? - no mesmo momento em que respondeu, Shalia empurrou a cadeira de rodas de Olga, a fazendo virar e a mesma cair na neve, fria e gélida, sem poder se levantar por ser paraplégica, e soltar um gemido de lamento. Agora essa miserável tinha ido longe demais.
— Não! - o irmão mais velho urrou, em desespero tentando se soltar, parecendo vencer o efeito do soro para tentar proteger a irmã.
A ruivinha permaneceu no chão sem tentar se levantar, enquanto a bruxa rasgava suas vestes e sua pele branca das costas ficou visível, assim como um par de asas negras, parecidas com as de Wendy, porém pareciam mal formadas, eram pequenas e incompletas.
— Veja como é inútil, uma súcubo que não pode voar! Nem se pode chamar isso de asas! - zombou a líder da seita, rindo da situação.
— Solte ela agora! - o moreno, ainda amarrado em um tronco de árvore do mesmo modo, que eu, agora parecia enlouquecido em assistir aquilo, eu também estava de coração partido, porém o cansaço me vencia e eu permanecia paralisada com a cena.
O que veio a seguir eu não esperava, pelo menos não de Olga, a pequena surpreendeu ao levantar-se parcialmente e direcionar seu braço direito à sua agressora, proferindo:
— Durma! - todos ficaram atentos quando a bruxa deitou de súbito e caiu em um sono profundo no chão branco e nevado; o trecho do livro que Nestor lera anteriormente dizia que súcubos e íncubos podiam fazer adversários dormirem, mas não era esperado que a irmã menor de Wendy era capaz, ainda tão jovem. Todos os membros do grupo entraram em alerta, cercando Olga, no entanto a mesma foi rápida e certeira, lançando outra magia direto onde seu irmão estava aprisionado; a rajada foi tão forte que rompeu suas amarras, o libertando.
Uma faísca de esperança surgiu em mim quando o moreno sofreu uma pequena queda da árvore atingindo a neve macia do solo, e abriu suas longas asas de morcego que estavam encolhidas e presas antes, erguendo-se no ar enquanto soltava um alto grito que aterrorizou os inimigos.
Ele não foi tão rápido. Olga logo foi detida por Adão, que a agarrou pelos braços e a levou para longe, os demais bruxos jogaram feitiços e encantamentos que brilharam no céu, dominado de coníferas secas, no entanto nenhum chegou no seu alvo, o íncubo permanecera esquivo pulando de galho em galho, em uma altura inalcançável e ele era perito em voo.
O loiro que antes fora refém da seita agora estava com uma aparência horrível e que em nada lembrava o homem acuado de antes, agora seus olhos estavam escuros, da cor da noite, tanto os glóbulos como as pupilas estavam em tons de preto. O homem agarrou a pequena pelo pescoço, com intenção de matá-la. O quê? Ele não estava lutando contra os bruxos?
Eu já estava me preocupando, Olga não tinha força alguma e era frágil comparada àquele prisioneiro. Ela não podia relutar, e a vontade dele parecia ser mesmo sacrificá-la, embora esse fosse o objetivo da seita. Outra rajada tomou conta de todo o ambiente, expulsando Chris, Nestor, Adão, Shalia ainda desacordada e o capanga negro para longe, todos uniformizados de manto preto e o capuz cor de vinho. Uma espécie de campo de proteção ou barreira se formou entre Olga e o homem loiro, impedindo qualquer aproximação.
O que se via agora dentro daquela área entre os dois foi muito confuso: uma hora a pequena súcubo estava apenas sendo agredida e enforcada pelo sujeito de olhar demoníaco, outra ela mesma se tornava como ele, com cavidades de escuridão no lugar dos globos oculares, mas ela parecia estar sofrendo muito e não existiam chances de impedir isso, apenas assistir imóvel.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo, comentem!



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