Os raios fracos de sol invadiram a sala, era tão passageiro quanto a brisa, o tempo começava a se fechar sobre a cidade, mais uma noite escura e fria, porém de alguma forma, alegre.

James esticou as pernas sobre a mesa de centro, a disposição levada pelo tempo começava a descontar, aquela dor chata na coluna. Ele não se dava o luxo de achar estar velho, ele sempre seria jovem e carismático, e o corpo parecia não querer colaborar.

Ele escutou o choro pela quinta vez naquele dia, a pequena Luna havia acordado, maldito momento em que Harry resolveu tirar férias. Ele desejou que os bebês não chorassem. O problema é que não havia só um bebê ali, maldita amizade que fez Rony ir junto...

Ele nem cogitou a ideia de levantar, que Lily mesma alimentasse a pequenina. Ele amava a neta, mas não nutria simpatia pelo seu choro, e suas necessidades de bebê. E então o silêncio retornou, "Obrigada, Lily!".

Quando o ruivo flamejante surgiu no alto da escada ele suspirou, que dessa vez, só dessa vez, ela não estivesse com um bebê no colo... Suas preces estavam sendo atendidas. Ele abriu um grande sorriso quando a esposa caminhou até ele, sem nenhum bebê, com a expressão cansada. Ela desabou na poltrona ao lado e "afundou".

— Harry não precisava de tantos filhos... - ela fungou tristemente

— ele aproveitou enquanto tinha tempo, quando já trouxe ao mundo, foge e deixa os pestinhas para nos cuidarmos...

— James! São nossos netos, estão parcialmente sobre nossa guarda!

— e por que não ficaram com Molly?

— Molly está mais velha que eu e você juntos, ela teria um infarto na segunda noite

— vira essa boca pra lá, mulher- ele sufocou a gargalhada, produzindo sons do fundo da garganta

— mas é verdade, A toca explodiria com seu neto lá dentro!

— o Jay é um anjo...

— caído!

— pelo menos eles deixaram comida- Ele sorriu amarelo, Lily revirou os olhos

— por que você não engorda? Depois de tantos anos te vendo comer, e você continua a mesma coisa!

— continuo é? -ele ergueu uma sobrancelha para ela

— pelos céus! Você ainda parece aquele jovem de vinte anos, não muda nunca, Potter?

— mudei por você, e mudo quantas vezes for preciso

Lily sorriu carinhosamente e se ergueu, deu meia volta na poltrona e caminhou para o outro lado.

— Você está com fome? - ela perguntou se voltando para ele de repente

— estou sim, lírio- ele exclamou já mais alegre, Lily gargalhou

Quando ele ouviu passos apressados na escada se virou para ver quem era, o neto mais velho descia as escadas tropeçando nos próprios pés, sua expressão denunciava que estava aprontando. James se recordou dos sorrisos amarelos quando aprontava alguma.

— Socorro, vovô! -ele exclamou com sua voz esganiçada de emoção

— volte aqui! - o outro grito veio do andar de cima

James respirou profundamente enquanto observava o neto esconder algo atrás das costas, seus olhos brilhavam

— Lily... - a voz do mais velho saiu como uma súplica

— se resolva com seu anjinho, querido- Lily sorriu ironicamente e voltou sua ida para a cozinha

Outra cabeleira ruiva despontou na escada, porém essa vinha correndo, e era bem mais baixa que Lily. Ela tinha as bochechas rosadas como as de Hermione quando fazia algum esforço

— o que você fez dessa vez? - James lançou um olhar atravessado para o neto

— ela que quis brincar só com o Al- ele respondeu inocente, James o conhecia tão bem, Como um espelho

— James... Silius... Potter! -ela demorou alguns segundos para terminar seus gritos, ofegando

— é Sirius, analafabelta, Sirius- ele corrigiu com ar de maduro, James quase gargalhou do menino

— analfabeto, Silius!

— Sirius!

James soltou uma gargalhada sonora e os mais novos lhe encararam indignados

— do que está rindo?

— é, ta rindo da gente? - Rose piscou freneticamente, cruzando os braços

— é que os dois, estão falando errado!

— não estamos, não! -eles reclamaram em uníssono, James riu ainda mais alto

— e como é que fala o sobrenome um do outro?

— Si... rrius Potter

— é Sirius!

— ah é? E como é o meu?

— Gre... Grang... gir... Granger Weasley!

— então sabe falar Weasley?

— eu sou um Weasley

— você é um Potter!

— também sou um Weasley! E você não é Potter! -ele falou sorrindo autoritário, Rose olhou para o mais velho

— por que eu não sou Potter? -ela perguntou com sua voz manhosa, James engoliu a risada e encarou a garotinha

— porque você não tem sangue Potter... -ele tentou explicar

— mas eu quero ser uma Potter!

— não tem como, querida...

— e se eu colocar seu sangue no meu, eu fico Potter?

— não é ficar e... Não, Não tente fazer isso, Rosie- ele engoliu em seco

— e o que eu faço? -ela pôs as mãos na cintura, com um ar de Lily Potter

— não tem como, querida, a pessoa nasce Potter...

— mas vovó Lily não nasceu Potter-o pequeno argumentou, James suspirou

—é quando duas pessoas fazem um bebê? -Rose perguntou de repente, os dois James a olharam surpresos

— claro que não! A cegonha não vai transformar alguém em... -o menor começou insatisfeito

— seu burro! Não é assim! Tia Gina não te falou? O homem coloca o...

— opa! Opa! -James exclamou olhando assustado para a menina

— o que foi?

— é, o que foi?

—Quem te disse isso, Rosie?

— eu ouvi uma conversa de mamãe e...

— Rony vai se estrangular... -James engoliu em seco

— eu quero saber! -o Potter primogênito protestou

— ainda é muito cedo pra você... vocês entenderem- James abriu a boca chocado

— mas eu...

— vocês estavam brigando pelo quê hoje mais cedo?

— ah, é mesmo -Rose se voltou para o primo- ME DEVOLVE AGORA, POTTER! -ela gritou com sua voz fininha, o menino sorriu abertamente

— eu lhe devolvo com uma con... condição

— e qual é?

— me diz como você vai virar uma Potter - ele sugeriu, Rose sorriu e assentiu, James abriu a boca

— não, não, não! - James negou com a cabeça incrédulo

Os pequenos como se não tivessem escutado sorriram desafiadores, ele entregou a boneca descabelada para a ruiva, ela pegou o brinquedo com carinho e se virou saltitante, para voltar a subir as escadas, o primo a seguiu obediente.

— onde pensam que vão? Voltem aqui!

— o Al também vai ouvir, ta bom?

— ta bom!

James arregalou os olhos sentando-se ereto, enquanto tentava respirar fundo, Lily entrou na sala e colocou a bandeja com sanduíches na mesinha de centro

— em uma hora parecem gato e rato, outra parecem amiguinhos

— ela vai contar para eles como fazem os bebês, Lily! Ela sabe como funciona o sexo, meu Deus!

— pare com isso, Rose é muito inteligente, se não dão respostas a ela, ela vai descobrir de qualquer jeito

— ela não pode! Onde está a inocência dos bebês

— você parece um velho resmungando, ou melhor, parece com o Remus- Lily gargalhou mordendo um grande pedaço de seu sanduíche

— muito engraçado -ele riu irônico

Lily sentou de frente para o marido e deixou o sanduíche de lado, pegando em suas mãos

— eles são como eu e você e Rony e Hermione, Jay é lerdo e maroto, Rose é esperta e insegura

— insegura é?

— cale a boca, enfim, eles tem apenas cinco e seis anos, daqui pra lá nem se falarão mais... Você vai ver

— e Al?

— eu duvido que ela desgrude de Al e daquele... como é o nome do...

— Scorpius

— isso!

— por quê?

— porque amizades duram para sempre

— e o Jay não...

— não, querido, não é- ela sorriu

— espero que ele tenha mais sorte que eu, sei lá, podia ter a chance de Harry e...

— James, você teve chance comigo desde que o chapéu seletor gritou Grifinoria na sua cabeça

James sorriu e se inclinou para frente, depositando um beijo na testa da ruiva, ruivos nunca ficavam grisalhos. Em comparação ao seu cabelo quase todo branco.

— Vovó! -dessa vez o grito veio de uma vozinha mais tímida.

James sorriu estendendo as mãos em redenção, Lily riu e se virou para fitar Albus, o irmão e a prima, Albus extremamente corado, James risonho e Rose encabulada.

— o que aconteceu? - Lily perguntou docemente

— onde é o buraco da mulher? -Ele perguntou com os olhos brilhantes.

James explodiu em gargalhadas e Lily corou, até onde aqueles Potter's iriam?