Mascarade escrita por Last Mafagafo
Era a estréia de Dom Juan Triunfant. Todos os ingressos haviam sido vendidos e a sala estaria cheia aquela noite. O lustre já estava no devido lugar. Na coxia todos corriam para acertar os últimos detalhes. A confusão era tamanha, tantas coisas que ainda precisavam ser feitas. A ópera de Erik era complexa, uma obra prima, que estava custando grandes esforços de todos. A platéia, repleta da elite parisiense, estava curiosa sobre a obra do Fantasma. Nunca os diretores viram tanto dinheiro. Os ensaios finais estavam cansativos e demorados e todos estavam ansiosos por descansar. Quando a noite chegou, todas se arrumaram e maquiaram com pressa. A conversa e a algazarra era surpreendente no camarim.
— Onde está Christine? - perguntou Meg.
— Não sei - respondeu Colette - Já viu no outro camarim?
— Vazio. Já procurei em todos os lugares!
— Não está com o Visconde? - Perguntou Renée?
— Não! - respondeu Meg, irritada com a insinuação da outra, e todas riram.
— Vamos, eu te ajudo a procurá-la - disse Blanche, ainda rindo da irritação da loirinha. As duas saíram a procurar Christine pelos corredores da ópera.
Blanche encontrou Christine primeiro. Estava na capelinha, rezando. Chegou com cuidado para não assustá-la e, sentando-se próxima a ela, esperou que acabasse de rezar. Ela realmente parecia um anjo.
— Está tudo bem? - perguntou Blanche.
— Estou nervosa - ela respondeu.
— Isso é normal. Na sua situação, quem não ficaria? Você ainda não tem a prática de se apresentar para grandes multidões.
— Não é isso. É sobre a armadilha do Fantasma.
— Que armadilha? - Blanche se levantou, surpresa.
— Raoul chamou os guardas para cercarem a ópera. Eles ficarão de tocaia próximos às saídas, ao palco e ao camarim número 5.
— Vocês armaram uma armadilha para ele?
— Sim. Mas era o único jeito, não era? Ele é perigoso, Blanche. Você sabe disso.
— E se algo acontecer?
— Não. Raoul me garantiu que tudo dará certo.
— Christine, isso não está certo. Ele vai se machucar - Blanche pensou em Erik.
— Não se preocupe, Blanche. Eu confio em Raoul e sei que ele não deixará nada de mal me ocorrer.
— Não é isso, é que...
Foi naquele momento que Meg entrou, atrapalhando as duas. Blanche se levantou e saiu, agradecendo pela interrupção. Ela precisava avisar a Erik e impedir que algo de mal acontecesse. Ela havia prometido se afastar do Fantasma e deixar que ele se resolvesse com Christine, para não se magoar, mas não podia deixar que ele fosse pego. Certamente ele seria preso e enforcado se eles conseguissem. Blanche correu direto para o camarim de Christine e trancou a porta. Chamou por ele, como uma louca. Ela não poderia deixá-lo ser capturado. Ele não apareceu, mas a moça ouviu sua voz pelas paredes.
— O que quer? Deixou bem claro que não voltaria a falar comigo - Uma figura negra apareceu no canto do quarto. Sua voz ecoou, estrondosa.
— Céus! Que bom que está aqui! - disse Blanche - Eu preciso que me ouça agora. Por favor, não vá para a ópera hoje. Você não pode ir!
— Você está louca? - ele riu, com escárnio - Como me pede para perder a estréia da minha obra-prima?
— Você não entende! É uma armadilha! Estão planejando lhe pegar. Haverão guardas escondidos por todos os lados.
— E acha que isso irá me deter?
— É perigoso. Por favor, me escute! Christine me contou tudo. Eles estão planejando…
— Mentirosa! Christine jamais faria isso comigo! - ele gritou e Blanche se assustou.
— É verdade! Acredite em mim, por favor!
— Cale-se! - ele ordenou.
— Não, eu não me calarei! Por que você sempre coloca Christine em um pedestal? Por que não consegue acreditar no que eu digo? - ela se colocou frente a ele.
— No que diz? Pelo que entendi da última vez, você não se importa nem um pouco comigo. Por que deveria acreditar nas suas mentiras?
— Como pode ser tão infantil? Acha que viria aqui lhe procurar se não fosse importante? Eu estou preocupada com você! Talvez eu seja a única pessoa que esteja pensando em você agora e você é idiota o bastante para me ignorar, mesmo com sua vida em risco!
— Insolente – ele segurou seu braço, tirando-a de seu caminho, mas Blanche também o segurou, o olhar fixo no dele.
Seus olhos aflitos se encontraram com os dele, enraivecidos, mas ela não se intimidou ao encarar sua fúria. Foi então que, tão rápido quanto antes, ele a beijou. Um beijo de raiva, de desejo, de medo, de carência. Blanche sentiu seu corpo próximo ao dele e a mão que segurava seu braço soltou, subindo ao rosto em uma carícia. Ela pousou as mãos em seus braços e ele a puxou para perto de si. Blanche se entregou ao momento sublime com o qual ela tanto sonhara, sentindo o gosto de Erik e seu abraço apertado protetor, os mesmos braços que antes pareciam tão ameaçadores. De repente Erik a afastou, e ao abrir os olhos, Blanche viu seu olhar confuso e irritado.
— O que você está fazendo? Esse… Esse é o seu plano? Me seduzir?
— Eu? Foi você quem me beijou! - ela gritou, magoada.
— Saia do meu caminho. Não se atreva a me encontrar de novo, ou não terei piedade – ele saiu, deixando Blanche paralisada.
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