Quatro Ases escrita por Carcata


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Heey!! o/ Fiquei escrevendo umas coisinhas no meu celular nos intervalos da escola e em uma semana deu nisso D:
Coloquei o título "Quatro Ases" porque (por pura coincidência) os títulos de cada parte começa com a letra "A", e a última parte é sobre um jogo de cartas, então... Pareceu que ia servir certinho né e.e'
Sempre imaginei como um grupo de alienígenas espaciais reagiriam ao presenciar nossos "sintomas humanos". Quer dizer, você já parou pra pensar o quão estranho alergia é? Nosso corpo literalmente decide não aceitar tal substância e temos que expeli-la imediatamente. (Ok, talvez eu tenha viajado um pouquinho e.e)
Pra quem não sabe "Eclector" é o nome da nave dos Saqueadores (eu não sei se Horuz existe mesmo no filme, mas em quase toda fanfic que tem os Saqueadores ele aparece, então vamos fingir que é canon :D) Tive que inventar um OC (Zheq) porque não mostram muito os nomes da tripulação ;-;



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Alergia

A primeira vez que a anatomia dos terráqueos chamou a atenção de Yondu foi depois de algumas semanas que Peter tinha passado a morar no Eclector junto com os outros. O pobre garoto foi encaminhado para fazer as tarefas simples e básicas, como organizar as roupas dos Saqueadores, servir bebidas e limpar a nave. E em "limpar a nave" Yondu quis dizer, literalmente, limpar a nave. Inteira. Com exceção do lado externo.

Peter era uma criança pequena e dedicada de 8 anos, o que o capitão usou como vantagem. Quill nunca pensou que sua vida um dia se resumiria em limpar sujeira de piratas espaciais e aguentar as reclamações do capitão quase todo dia, especialmente quando ele estava bêbado. Ele já até colocou outras substâncias suspeitas nas bebidas dos Saqueadores por diversão, mas depois de um dia inteiro com Yondu dormindo no painel de controle e Kraglin gritando no ouvido do menino, Peter decidiu que não tentaria aquilo de novo por um bom tempo.

O capitão e Kraglin conversavam sobre seus futuros planos enquanto Peter usava um pano úmido para limpar a poeira de uma das válvulas de oxigênio. Os três estavam na sala de engenharia, onde o pó tinha tomado conta do lugar e Peter sentia uma vontade bem forte de espirrar fazia mais de 15 minutos. Porém Yondu avisou o menino a ficar quieto, pois ele e Kraglin costumavam usar aquela sala para discutir assuntos sigilosos, já que ninguém ia lá.

Peter então começou a limpar os tubos de som. As vozes de todos aqueles que estavam em uma outra nave e se comunicavam com os Saqueadores saíam ecoando por aquele tubo e transferiam o som por todo o Eclector. Não havia ninguém se comunicando naquele momento e Yondu e Kraglin estavam falando tão baixo que nenhum som entrava pelo mecanismo e saía pelo Eclector.

Infelizmente Peter era o único ali pequeno o suficiente para ser capaz de limpar aquele maldito tubo, então o pó reinava no lugar. O pobre garoto não aguentou mais e deu um espirro tão forte que o som foi ouvido através da nave inteira e o eco durou por longos momentos.

Yondu e Kraglin viraram-se para o menino com expressões estupefatas. Um silêncio constrangedor pairou no ar e Peter engoliu em seco.

— Mas que merda foi essa? — Yondu falou com um tom sério e seus olhos vermelhos fitaram os do garoto. Kraglin pareceu querer dizer alguma coisa, mas não achou as palavras. Peter já sentia vontade de espirrar novamente, mas só franziu o cenho.

— O que foi o quê? — Quill perguntou, confuso. Antes que pudesse dizer mais, outro espirro saiu de suas narinas e ele usou a manga de sua blusa para limpar o nariz. O som ecoou de novo pela nave através do tubo e Yondu puxou a gola da roupa do garoto, fazendo-o com que se levantasse.

— Você tá com algum problema, garoto? — Yondu perguntou, mais confuso do que irritado. Quill somente deu de ombros.

— Não tem nada de errado. Por quê? — Yondu cerrou os olhos, como se tentasse descobrir se Quill estava escondendo algo. Peter não sabia do que ele estava falando até que se deu conta. — Você... Tá falando do espirro?

Logo em seguida outros membros dos Saqueadores apareceram na sala, provavelmente procurando a fonte do som.

— Tem algum problema aqui, capitão? — Horuz, um dos responsáveis pelas ferramentas do Eclector, perguntou. Kraglin suspirou, cansado.

— Deixa eu adivinhar -— disse ele. — foi só uma das suas coisas estranhas de Terráqueo?

Peter encarou todos por alguns segundos até tentar abafar suas risadas.

— O que é tão engraçado, pirralho? — Yondu, carrancudo, perguntou.

— Vocês alienígenas são tão estranhos — Ele respondeu. Kraglin e Yondu trocaram olhares confusos. — Foi só um espirro. Acontece quando entra poeira no meu nariz.

— Então não é nada sério? — O capitão levantou uma sobrancelha e tentou não ficar irritado. Ele já tinha perdido as contas de quantas vezes esse moleque o tinha feito de idiota. E o pirralho só estava lá há algumas semanas.

— Não. Às vezes acontece quando eu estou doente, mas não é nada demais.

Yondu deu um tapa na cabeça dele, do qual Pater reclamou, mas não disse nada depois disso. Kraglin dispensou todos os Saqueadores curiosos da sala e Peter ficou sem limpar poeira por dois anos, até Yondu ter certeza de que um espirro, principalmente causado por alergia, era tão inofensivo quanto os soluços que o garoto passaria a ter alguns dias depois desse.

–-

Aqua C.

Era o fim de uma missão bem sucedida. Os Saqueadores aproveitaram para irem a um bar local do planeta e em menos de uma hora já estavam felizes e bêbados. Yondu e Kraglin eram os mais sóbrios, como sempre. Às vezes o capitão oferecia alguma bebida para Peter, que recusava, alegando que não gostava de álcool e ainda não tinha idade para beber. Ele só tinha oito anos, afinal.

Yondu achava tudo aquilo uma besteira, que se o garoto quisesse ser um Saqueador, deveria aprender a gostar de álcool. Kraglin só rolava os olhos e assegurava ao menino que bebida não estava nos códigos principais de um Saqueador, e que ele não era obrigado a beber.

Peter, entretanto, ficava muito curioso sobre as bebidas. Algumas eram de cores extravagantes, brilhavam no escuro e outras até pegavam fogo. Os piratas degustavam tudo e cantavam alegremente. Tudo estava indo normalmente, até um Saqueador exclamar:

— Ei, garçom, me manda uma Aqua C. aí!

O bar inteiro se silenciou, e momentos depois todos começaram a gritar, inclusive Yondu.

— Você tá louco, é?

— Tá querendo se matar?

— Eu apostei com ele. Disse que eu não conseguiria!

— Eu não vou deixar nenhum membro da minha equipe morrer por uma merda de aposta! — Yondu exclamou, mas para a surpresa de Peter, foi ignorado.

O garoto tentava entender o que estava acontecendo e o motivo de toda aquela agitação quando Kraglin se aproximou e, como se estivesse lendo a mente do garoto, explicou.

— Aqua C. é a bebida alcoólica mais forte e perigosa da galáxia — Ele deu um gole na sua bebida e sorriu ao ver Yondu mostrar sua flecha vermelha presa em seu cinto como uma forma de ameaça, causando alguns piratas a recuarem. — Poucos bares a servem porque em alguns planetas ela é ilegal, inclusive em Xandar.

— Então se ninguém compra, por que eles vendem? — Peter olhou confuso para Kraglin, que deu de ombros.

— Muitos bares a têm no cardápio só pelo status. Ter uma bebida forte como essa faz o estabelecimento ter certa fama. Eu ouvi dizer que vários já morreram ao experimentar a Aqua C. — Os dois observaram o garçom passar por entre as mesas, indo em direção aos Saqueadores segurando uma bandeja com uma taça de vidro em cima. Do lado havia uma garrafa com um rótulo vermelho. — Nunca vi alguém beber isso. Vai ser a primeira vez que vejo.

Peter tentou ver o que tinha na taça, mas só notou um líquido preto com bolhas de gás pingando para fora do copo. O garoto se aproximou, sentindo uma onda familiar atingi-lo. Kraglin colocou a mão no ombro, como se o estivesse avisando. Quill hesitou, todavia chegou ainda mais perto quando o garçom apresentou a bebida para os Saqueadores, que somente encararam, com medo de dizer alguma coisa. Até Yondu não sabia o que fazer.

O garçom deixou o grupo com a bebida e Peter observou cuidadosamente a garrafa e o rótulo. O garoto achou tudo aquilo muito estranho, pois até parecia que a bebida era-

— AH!! - Peter gritou e todos quase pularam de susto. — Coca-Cola!

Aconteceu um silêncio esmagador, até que Yondu, como sempre, tentou colocar algum senso no menino.

— Quill! O que você tá fazendo, garoto? Saia daí! — O capitão foi até Peter e o tirou perto da mesa. Quill ainda estava em estado de choque. Ele nunca iria imaginar que encontraria qualquer coisa da Terra em um planeta daqueles, muito menos Coca-Cola. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios quando surgiu em seu peito uma sensação de nostalgia ao lembrar-se dos bons momentos que passou com sua família. Ele se recordava de seu avô compartilhando com Peter uma garrafa de Coca enquanto assistiam ao jogo de futebol.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Yondu deu um tapa na sua cabeça.

— Ai!

— Do que você tá sorrindo, ai? — Peter olhou para o capitão, que não estava com uma cara muito agradável. — O que deu em você dessa vez?

— Aquilo é Coca-Cola — Peter apontou para a taça. — Não é nenhuma bebida alcoólica.

— Cola-o quê? Tá me dizendo que aquilo é da Terra? — Yondu perguntou com um pouco de sarcasmo no tom, e ficou surpreso quando o garoto assentiu.

— Então... — Kraglin apareceu e decidiu entrar na conversa, assim como outros Saqueadores que ouviram o que tinha acontecido. — Se não é bebida alcoólica, é o quê?

Ótimo. Tudo o que Yondu menos queria agora era começar a sessão "questione o terráqueo", mas mesmo que não admitisse, ele também estava bem curioso. Seria uma simples criança de 8 anos capaz de beber uma Aqua C.? Peter rolou os olhos.

— É refrigerante — Os outros o encararam, como se também não soubessem o que era aquilo. — Um líquido doce com bastante gás. Não tem álcool, e qualquer um pode beber.

Horuz pegou a taça e a entregou para o garoto.

— Bebe aí, então.

Yondu estava prestes a protestar e tirar a bebida das mãos de Peter quando este virou a taça e bebeu toda a Coca. Os Saqueadores observaram, esperando algum tipo de reação. Yondu pensou o pior, e até Kraglin não soube como reagir, mas sabiam que, se o menino começasse a morrer naquele instante, não hesitariam em levá-lo para o hospital mais próximo.

Para a surpresa de todos, Peter somente sorriu e ergueu a taça na direção de Horuz.

— Quero mais.

A partir desse dia, todos os bares em que os Saqueadores iam serviam uma taça de Aqua C. para o garoto, que saboreava o refrigerante e adorava a atenção. Yondu notou que um grande sorriso aparecia no rosto de Peter toda vez que alguém mencionava algo sobre a bebida, e foi aí que o capitão percebeu que o menino não era tão ruim assim.

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Asma

Peter tinha feito dez anos há duas semanas e Yondu finalmente o tinha colocado em uma missão. Bem, não era bem uma missão, mas ele foi necessário. Peter serviu de refém para atrair soldados da Nova Corps até a armadilha dos Saqueadores. Os piratas exclamaram que o garoto foi uma ótima isca, mas Kraglin e principalmente Yondu não gostaram nem um pouco da ideia de Peter correndo perigo daquele jeito. Ninguém comentava em voz alta, mas todos sabiam que o capitão tinha ficado bem mais sentimental em relação a Peter, mesmo que não demonstrasse tão abertamente. Yondu mal conseguia imaginar o menino em uma situação daquelas outra vez, e prometeu a si mesmo que, se colocasse o moleque em outra missão novamente, seria em uma bem mais segura.

Quill adorou a ideia de finalmente fazer parte de uma missão com os Saqueadores no começo, mas no final ficou com tanto medo que, depois que tudo acabou, não parava de tremer. Talvez ele não estivesse tão preparado quanto pensava. O medo e o choque passaram quando a equipe entrou no Eclector. Horuz deu alguns tapinhas nas costas de Peter para parabeniza-lo pelo bom trabalho, e foi aí que uma coisa muito pior que a missão o surpreendeu.

Uma falta de ar o atingiu de repente e ele fez de tudo para não entrar em pânico. Tentou puxar o ar de novo, porém não conseguiu. Depois de mais algumas tentativas fracassadas ele entendeu: ataque de asma. Ele não tinha um desde o sete anos, mas era difícil esquecer.

Logo em seguida, ele permitiu que o pânico tomasse conta. Ele agarrou qualquer um que estivesse à sua frente, o que por sorte era Kraglin.

— Quill? — O xandariano indagou. Ele notou o olhar desesperado do garoto e começou a ficar preocupado. — Quill? O que foi?

— Krag- — O menino tentava forçar seus pulmões a funcionarem, entretanto não obedeciam. Sem mais forças para ficar em pé, Peter teria caído se Kraglin não o tivesse segurado.

— Quill? Peter?! — O medo e preocupação na voz de Kraglin chamou atenção dos Saqueadores, que viraram-se para os dois. — Peter!! O que aconteceu?!

Kraglin colocou Peter deitado no chão, que ainda estava lutando para conseguir oxigênio. Yondu, escutando o chamado de desespero, apareceu em um instante. Ele viu o estado do garoto e tentava entender o que estava acontecendo.

— Ele foi ferido? Alguém atirou nele?! — Yondu perguntava rapidamente enquanto checava o corpo do garoto por algum ferimento grave.

— Não sei o que aconteceu! De repente ele ficou desse jeito! — Kraglin dava leve batidas no rosto de Peter, para que os olhos do menino se focassem nele.

Há essa hora Quill estava tão desesperado que começou a apertar sua garganta com uma mão enquanto a outra procurava algo para segurar. Qualquer coisa. Ele só precisava de-

— A… A…!

Kraglin e Yondu trocaram olhares desesperados.

— O que foi, Peter?! — O capitão tentava manter o garoto acordado, apertando fortemente sua mão.

— Ar! - Quill juntou todas suas forças para falar e estava vendo borrões escuros em sua visão. Não faltava muito para o garoto desmaiar por falta de oxigênio e o pânico aumentava a cada segundo.

Os saqueadores ficaram em silêncio assistindo tudo até Horuz gritar:

— Ele não consegue respirar!!

Yondu não hesitou nem por um segundo. Sem saber o que fazer, deu um soco no peito do menino em uma tentativa de fazer seus pulmões funcionarem de uma vez. O resultado foi imediato e todos assistiram angustiados Peter inspirar uma grande golada de ar. A falsa esperança não durou muito quando o garoto ainda não conseguia puxar mais oxigênio.

— Respire, Peter!! — Yondu exclamava enquanto dava outro soco em seu peito, fazendo com que Quill inspirasse e soltasse o ar novamente, porém era tudo inútil. Os pulmões do garoto se recusavam a funcionar.

— Ele tem que ir pra enfermaria! — Kraglin exclamou e sem mais delongas Yondu levantou Peter e o carregou pelos corredores da nave, Kraglin e alguns dos Saqueadores logo atrás, todos preocupados com o pobre garoto.

Peter já estava desmaiado quando Yondu chegou à enfermaria.

Depois de uma hora esperando pelo lado de fora, Kraglin viu a porta se abrindo e de dela saiu um capitão visivelmente cansado. Eles se olharam e Yondu soltou um de seus raros sorrisos verdadeiros.

— O garoto está respirando de novo.

E foram essas palavras que Kraglin precisava ouvir. Ao abrir a porta, ele viu Peter deitado na cama com uma máscara de oxigênio tomando boa parte de seu rosto, pois Quill era somente uma criança, e ainda era bem pequeno.

Kraglin ficou tão aliviado que suas pernas ficaram fracas, e ele decidiu sentar em uma das cadeiras perto do garoto.

— Zheq conseguiu restaurar a respiração, mas ainda não sabemos o que causou isso. — Yondu explicou.

— Você já tentou pesquisar sobre a anatomia dele para saber o que aconteceu? — Kraglin levantou uma sobrancelha ao encarar seu capitão. Era incrível como o menino já vivia com eles há mais de um ano e Yondu nem se deu o trabalho de pesquisar sobre a biologia dos Terráqueos.

— Não —Yondu sentou-se em outra cadeira e fitou Peter intensamente. — Eu estava esperando que ele mesmo nos explicasse. Vamos lá, Peter, eu sei que está acordado.

Os olhos de Quill se abriram lentamente e depois encarou os dois.

— Desculpa — Ele disse simplesmente e se sentou na cama. — Eu deveria ter falado sobre isso.

Em seguida o garoto tirou a máscara de oxigênio, mas parou de repente quando Yondu e Kraglin levantaram-se assustados.

— Não tire a máscara!

— Idiota, coloque isso de volta!

Peter tentou pará-los e deixou a máscara longe do alcance de ambos.

— Pera! Tá tudo bem, viu? — O garoto tentou assegurá-los e passou-se alguns segundos até Yondu e Kraglin notarem que ele estava respirando normalmente de novo. Os dois sentaram-se de volta na cadeira, aliviados.

— Então, o que diabos aconteceu lá atrás? — O capitão quis saber. Na verdade, todos queriam saber. Aparentemente todos os Saqueadores estavam tensos e curiosos, pois nunca tinham visto uma coisa como aquela acontecer e ainda não sabiam se Peter tinha sobrevivido - Nova Corps fez alguma coisa com você?

— Não. É uma coisa que os humanos têm. Chama-se asma — Quill começou a explicar e Kraglin suspirou, cansado e irritado. Pesquisa sobre anatomia humana estava passando a ser uma prioridade. — Eu não sei muito bem como isso funciona. Os meus pulmões não funcionam direito, ou algo do tipo. Mas eu não tenho um ataque de asma há anos, e pensei que já tinha passado. Muitas pessoas têm asma, não é uma coisa incomum na Terra.

— Whoa, espera um pouco aí — Yondu interrompeu.— Então quer dizer que de vez em quando seus pulmões resolvem não funcionar e você pode morrer por falta de oxigênio em poucos minutos?!

Peter fez uma careta. Ele já sabia como eles iriam reagir, e foi por isso que o garoto tentou fazer com que não parecesse tão ruim assim.

— Quando você coloca desse jeito soa horrível — murmurou o menino, mas Yondu não queria aceitar aquela baboseira. Peter estava agindo como se aquilo não fosse uma coisa séria, e isso o deixava furioso.

— Porque é horrível! Você tem noção do quão preocupado você nos deixou?! Todos estavam lá parados como uns idiotas porque eles não sabiam que merda estava acontecendo, e eu e Kraglin ainda tivemos que te assistir morrer aos poucos porque nós não sabíamos o que fazer! — Os olhos do capitão brilhavam de raiva e preocupação, e a flecha vermelha presa em seu cinto começava a tremer. Peter foi afundando mais no colchão a cada palavra. — Foi agonizante, Peter. Agonizante. Quando você quiser morrer de qualquer jeito assim, pelo menos nos avise antes.

O garoto, sem saber o que fazer, olhou para suas mãos, que descansavam em seu colo. Ele então sentiu uma pontada de dor em seu peito e viu por baixo da camisa marcas e machucados em seu abdômen. Ele pensou em perguntar como tinha conseguido aquilo quando Kraglin chamou sua atenção.

— O que o capitão está querendo dizer, Peter — Ele explicou ao colocar a máscara de oxigênio no pequeno rosto do menino. — É que você precisa confiar mais em nós. Se você tiver algo que pensa que é importante falar, fale.

Quill aceitou a máscara, mas não conseguiu impedir as lágrimas de rolarem em seu rosto.

— Desculpa — Ele sussurrou e começou a soluçar. Aquilo fez o coração de Kraglin quebrar em pedacinhos, e decidiu abraçá-lo para reconfortá-lo. Afinal, Peter ainda era apenas uma criança, e Kraglin não era feito de ferro.

Yondu assistiu à cena ainda irritado, entretanto foi se acalmando aos poucos. Os três conversaram por mais alguns minutos até decidirem sair, e Yondu passou a mão carinhosamente pelas mechas dos cabelos de Peter antes de dizer:

— Fico feliz que está melhor, garoto.

Alguns dias depois, o capitão deu para Quill a máscara de metal que ele tem até hoje, e quando ativada, contém a substância necessária para impedir qualquer ataque de asma que decida se manifestar. Yondu não perderia um de seus melhores membros de sua equipe por uma coisa tão simples como falta de funcionamento nos pulmões.

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Apendicite

Eram seis da manhã no fuso horário humano quando Peter sentiu uma dor excruciante em baixo de seu abdômen, no lado direito. Com muito esforço ele levantou-se da cama e saiu do quarto. Confuso, pressionou sua mão onde doía para ver se melhorava. Surpreendentemente, funcionou, mas quando o garoto parou de pressionar a dor foi tão intensa que teve que segurar a maçaneta da porta para não cair. Soltou um gemido de dor e agora tentava de tudo para não chorar.

Confuso e com medo, Peter decidiu ir avisar alguém. Provavelmente Kraglin ou Yondu, eles sempre sabiam o que fazer. Infelizmente a sala de comando estava longe demais e Quill não tinha certeza se aguentaria ficar em pé por muito tempo.

Peter foi andando lentamente, ignorando o suor que não parava de escorrer em sua testa. Se tivesse sorte, alguém passaria por aquele corredor e o garoto poderia pedir ajuda. Alguns minutos depois - que mais pareciam horas - o garoto começou a sentir uma náusea muito grande, o que o fez se perguntar se aquilo tudo era outra doença alienígena que tinha contraído. Ele torcia para que não fosse grave, pois se Peter morresse por uma simples doença, Yondu o arrastaria de volta a vida só para matá-lo outra vez. Maldito centauriano. O capitão vivia de mau humor, porém parecia que nos últimos dias tudo o que ele fazia era atormentar a vida do menino.

Peter pressionou seu lado direito novamente para aliviar sua agonia, pois a dor estava quase insuportável.

— Quill? — Uma voz o chamou e o garoto parou, não precisando olhar para trás para saber que era Horuz. — Acordou cedo hoje, ninguém foi dormir ainda.

O fuso horário dos humanos era completamente diferente dos outros, o que quer dizer que quando todos dormiam, Peter acordava e vice-versa. Foi bem problemático no começo, mas depois todos se acostumaram.

Horuz percebeu que Peter não voltou a andar e não parava de tremer, o que fez com que o Saqueador se aproximasse e observasse o menino.

— Quill? O que foi? Tá doente de novo? — Ele perguntou e torceu para que não fosse asma novamente. A primeira vez já causou pânico o suficiente na nave inteira para ninguém querer presenciar aquilo de novo.

Peter balançou a cabeça em negação, pois não confiava na sua voz. O garoto então fez o terrível erro de tirar a mão onde estava pressionada e a dor o acertou em cheio. De repente Quill caiu no chão porque não conseguiu encontrar mais forças para ficar em pé. O grito agonizante do menino ecoou pelas paredes e Horuz se apressou para socorrê-lo.

— Quill! O que aconteceu? Tá machucado? É aquela tal de asma de novo? — Peter sentiu seu corpo inteiro tremer e parecia que seu lado direito estava pegando fogo.

— Não... — Ele tentou responder. — Não sei o que é... Chame o Yondu! — Peter segurava fortemente a jaqueta vermelha do outro. Seus gemidos constantes de dor causaram Horuz a murmurar alguns palavrões e, com uma promessa que voltaria, correu para avisar o capitão.

Quill pensava que teria que lutar para ficar consciente, mas pelo visto tudo o que ele queria agora era fechar os olhos e acabar com aquele sofrimento. Inconsciência naquele momento seria uma bênção, mas seu corpo inteiro estava queimando e, ironicamente, nunca tinha sentido tanto frio. Talvez estivesse com febre.

Minutos depois o garoto ouviu o som familiar das botas pesadas de Yondu batendo apressadamente sobre o chão metálico. O capitão raramente corria, e quando acontecia, era um recado a todos os Saqueadores de que havia alguma emergência no Eclector. Peter não sabia se aquilo era uma emergência, mas o passo apressado do centauriano era no mínimo preocupante.

— É bom não ter sido por nada — Quill escutou ele reclamar e tentou se levantar com um esforço que nem sabia que possuía. — Em que problema o moleque se meteu agora?

O garoto ficou de pé e apoiou-se na parede bem a tempo do capitão virar o corredor e avistar a figura pequena e trêmula do terráqueo. Peter já tinha doze anos e não gostava de ser tratado mais como uma criança - não que eles já o tiveram tratado como uma para começo de conversa - e tinha adquirido pelo menos um pouco de dignidade. Se fosse para parecer fraco na frente de Yondu, que seja no mínimo em pé.

— Quill, o que você tem, garoto? — Yondu falou, irritado. Ver o menino naquele estado era de um certo modo preocupante, pois ele passou a tentar não parecer frágil na frente da equipe (um feito que provavelmente tinha aprendido com Yondu), porém o capitão tentou não demonstrar. — Se não está se sentindo bem, vá a enfermaria. Tenho assuntos mais importantes a tratar.

Quil gemeu tanto de dor quanto irritação. A vontade de gritar de frustração ficava mais forte a cada dia. Quando era mais novo, Peter recebia muito mais consideração. Ou pelo menos era o que ele pensava.

— Eu procurei Zheq — Horuz disse. — E ele não está na enfermaria.

Yondu franziu o cenho e seus olhos vermelhos brilharam mais do que o normal. Os Saqueadores poderiam ser péssimos e rudes capangas, mas o que o capitão não tolerava era alguma falta no trabalho. Era um dos motivos pelo qual Yondu gostava mais de Kraglin e Peter. Os dois não o desobedeciam e sempre faziam suas funções direito. Zheq era o único médico da equipe e ele deveria estar na maldita enfermaria.

— E onde o idiota está, agora? — Quill e Horuz trocaram olhares, como se perguntassem um ao outro a mesma coisa. — Horuz, vá procurar Zheq, vou levar esse pirralho para a enfermaria.

Yondu terminou a frase observando o terráqueo com um olhar que Peter pela primeira vez não soube decifrar. O outro Saqueador virou o corredor e foi à procura do médico. No momento em que Horuz saiu, o centauriano ajudou Quill a se recompor. O garoto usou o capitão como suporte e nunca ficou tão grato por Yondu.

— Consegue andar, garoto? — O capitão perguntou com um tom mais baixo que o usual. Peter olhou nos olhos de Yondu e notou que o que a emoção que tentava decifrar era compaixão. O garoto decidiu não comentar sobre isso, pois já era estranho demais o centauriano demonstrar algum tipo de emoção a não ser irritação.

— S-Sim… — Os dois começaram a caminhar em direção à enfermaria, Quill apoiando-se em Yondu quando a dor chegava a ser intensa demais. O momento de silêncio não durou muito quando o capitão começou a reclamar como sempre.

— Eu não vou estar aqui toda vez que tiver uma dorzinha na barriga, moleque — Yondu repreendia e Peter só conseguia como resposta rolar os olhos o tempo todo. O centuriano teria batido na cabeça do garoto como fazia usualmente se este não estivesse com tanta dor e desconforto. — Da próxima vez, vê se vai logo procurar um médico, em vez de ficar enrolando e atrapalhando gente no corredor.

— Não enche, Yondu — Peter rangiu os dentes quando foi colocado na cama da enfermaria. — Merda, isso dói pra caralho.

Quill nunca foi de xingar, mas sempre houve raras ocasiões em que o momento merecia um palavrão ou dois. Essas são uma das sábias palavras de Yondu que todos os Saqueadores colocavam em prática de vez em quando, inclusive Peter.

— Vou voltar para a sala de Comando — avisou o capitão. — Kraglin sempre arranja um jeito de quebrar alguma coisa quando não estou por perto, que nem você — Ele sorriu discretamente ao mencionar a última parte e foi em direção à saída quando Peter interrompeu.

— Não! — exclamou o garoto, que corou quando Yondu virou para encará-lo. Quill ia dizer algo, mas outra onda de dor o atingiu e ele fechos os olhos fortemente, esperando e rezando para que aquilo passasse.

Yondu observou tudo com pena do menino. Verificando se não havia mais ninguém no corredor ou na enfermaria, ele fechou a porta e sentou-se em uma cadeira ao lado de Peter. O capitão passou uma mão surpreendentemente cuidadosa na testa do garoto, e tirou uma mecha de cabelo na frente de seus olhos. Quill se surpreendeu com o toque gentil, mas aceitou de bom grado, não dizendo nada.

— Que droga, Quill. Você tá fervendo — Yondu respondeu, sua voz mais rouca e baixa que o normal. Ele normalmente falava assim com o objetivo de acalmar o menino sempre que este ficava assustado, e até Kraglin nunca o tinha ouvido falar daquele jeito. O capitão não sabia muito sobre febre humana, porém qualquer um teria notado que aquela febre era mais forte que o normal. — Não se preocupe, garoto. Você vai ficar melhor.

Peter não respondeu, pois até falar doía e ele não estava a fim de mais sofrimento. E além do mais, era extremamente raro ver Yondu falando assim com ele, e o garoto realmente não sabia o que dizer.

Conforme Quill crescia, Yondu se perguntava como o menino seria quando chegasse à idade adulta. Às vezes o capitão se pegava o imaginando vestindo um longo casaco vermelho e um sorriso sarcástico estampado no rosto. Não era difícil tentar vê-lo daquele jeito, já que o garoto tinha futuro, tanto como um adulto quanto um Saqueador. Quando aconteceu o incidente de Peter com a asma, o capitão começou a se perguntar se o garoto ao menos conseguiria viver o suficiente para vestir o casaco vermelho. A imagem de Quill com os olhos arregalados e a boca aberta, tentando de tudo para respirar, invadia a mente de Yondu quando este menos esperava, e logo em seguida ele saía para procurar Peter para se certificar de que o moleque não estava sofrendo de outro ataque de asma ou morrendo em algum lugar qualquer no Eclector.

Depois de um tempo a porta da enfermaria se abriu e Horuz e Zheq entraram na sala, o médico visivelmente tenso, esperando a inevitável bronca de Yondu. O capitão somente o encarou, e ignorou a raiva que crescia dentro dele.

— Você vai ficar parado aí o dia inteiro? Mova essa bunda e conserte o moleque — Ele comandou, causando Zheq a nervosamente se dirigir em direção ao seu paciente. Ele passou a mão na testa de Peter para sentir a intensidade da febre.

— Onde dói, Quill? — O médico perguntou.

— Lado direito… — Ele tentava formar as palavras apesar da dor. — Abaixo do abdômen.

Zheq pressionou o lugar com suas mãos experientes e quando soltou o grito de agonia de Peter causou arrepios em Horuz e até em Yondu.

— O que aconteceu? — O capitão quis saber. — É grave? — Parecia grave. Peter podia ser um pré adolescente de quase 13 anos, mas não costumava demonstrar dor tão facilmente. Zheq pareceu pensativo por um momento e depois correu para buscar seus materiais medicinais.

— Sim. Parece que tem um problema com algum órgão dele — O médico respondeu e começou a preparar uma seringa. — Poderia ser sangramento interno, mas eu fiz uma pesquisa profunda sobre a anatomia dos humanos, e não há como ter certeza. Os terráqueos têm tantos problemas biológicos que-

— Eu não quero saber! — Yondu interrompeu. Toda aquela baboseira o estava dando nos nervos, e Peter não parava de gemer, o que só piorava a ansiedade do capitão - Só me diga o que vai fazer e se posso fazer algo para ajudar. Eu não vou deixar esse moleque morrer ainda.

Zheq o encarou por um segundo enquanto colocava suas luvas.

— Terei que fazer uma cirurgia, e vocês vão ter que sair — Yondu estava prestes a protestar, pois ele não deixaria Peter até ter certeza de que ele estaria melhor, porém Zheq continuou. — Se for o que estou pensando, esse menino já teria que estar aqui horas atrás.

O capitão se calou e ele e Horuz saíram da enfermaria para deixar o médico fazer seu trabalho. Yondu teria que contar a Kraglin o que tinha acontecido, e ele realmente não estava disposto a fazer aquilo agora. Mas era o trabalho de um capitão, e Kraglin se importava com o garoto tanto quanto Yondu.

Horas se passaram e Kraglin e Yondu esperavam na frente da porta da enfermaria, Kraglin pessoalmente achando aquele momento muito parecido com o incidente da asma, quando não sabia se Peter iria sobreviver ou não. Yondu não aceitaria perder o garoto desse jeito. Ele ainda tinha que vestir o vermelho, fazer sua primeira missão sozinho e pilotar sua própria nave. O capitão não deixaria Quill morrer sem se tornar um Saqueador apropriado. Era o mínimo que ele poderia fazer pelo garoto.

Ambos foram tirados de seu devaneio quando a porta se abriu e Zheq apareceu.

— Quill vai ficar bem — Yondu e Kraglin suspiraram aliviados. — Felizmente era o que eu pensava. Apendicite.

Os dois franziram o cenho, mas já sabendo que aquilo era outro problema característico do corpo humano. Em vez de perguntarem o que significava, eles entraram na sala e observaram Peter desmaiado na cama, mas com uma aparência muito mais saudável.

— Ele vai ficar dormindo por mais algumas horas. Tive que usar uma anestesia mais forte.

Kraglin observou Yondu tirar outra mecha de cabelo do rosto do menino e decidiu não comentar. Todos sabiam que simplesmente não se falava sobre a relação do capitão com Peter, mas Kraglin sabia que o menino já fazia parte dos Saqueadores, mesmo não vestindo o vermelho. Kraglin realmente não sabia o que Yondu faria se Quill morresse, mesmo o capitão agindo como se não se importasse.

— Você nos assustou, Quill — O centauriano murmurou.

— Imagino quantas vezes Quill fará isso por causa dos seus problemas biológicos de terráqueo — Kraglin comentou e Yondu não podia concordar mais. Este sorriu ao ver Peter abrindo os olhos lentamente e se focarem no rosto azul do capitão, sua expressão aliviada ao notar que a dor tinha passado.

— Mas…! — Zheq ficou de boca aberta, não sabendo o que falar. — A anestesia que eu usei deveria mantê-lo apagado por mais de cinco horas!

— Parece que finalmente os genes do pai do garoto estão ajudando em alguma coisa — Kraglin sussurrou.

–—Aquele cara é um idiota — Yondu respondeu. — Ainda bem que não deixamos Quill com ele.

Peter fez uma cara confusa, pois não sabia do que estavam falando e estava muito dopado para dizer algo ou entender qualquer coisa em geral.

— Não se preocupe, Peter. Volte a dormir.

E ele fez exatamente isso.

–-

Aposta

— Aposto 300 unidades — Kraglin anunciou e colocou uma ficha na mesa. Os outros Saqueadores se entreolharam e cada um observou suas próprias cartas, analisando a situação.

— Acho que ele tá blefando — Zheq falou e alguns concordaram, mas outros ainda estavam na dúvida. Cobriam a aposta ou saíam do jogo?

Peter estava sentado ao lado de Kraglin, apenas observando. Ele não sabia muito sobre poker espacial, mas o ideal era o mesmo: a melhor combinação de cartas vencia a partida e, como sempre, apostas com unidades estavam envolvidas.

Os Saqueadores estavam no Eclector, que estava parado devido a uma tempestade de asteróides que estava acontecendo. Yondu explicou que era inofensiva, contanto que a nave não se mexesse. Com o Eclector no meio do espaço sem ir a lugar nenhum, todos tiveram que parar seus devidos trabalhos e esperar a tempestade passar. Eles estavam quase dormindo de tédio até alguém sugerir um jogo de cartas. E agora os alienígenas mais temidos da galáxia estavam reunidos em uma mesa metálica e segurando pequenas cartas como se suas vidas dependessem disso.

Peter olhou discretamente a combinação de cartas de Kraglin e notou que este estava tentando esconder o sorriso. O garoto estava certo de que o xandariano estava perto de vencer aquela partida, então decidiu ajudá-lo. Ele fez uma cara confusa, franziu o cenho e disse alto para que todos ouvissem:

— Você tá apostando 300 unidades com isso?!

A reação foi imediata. Todos os Saqueadores colocaram sua ficha na mesa — inclusive Yondu — com sorrisos vitoriosos em seus rostos.

— Cubro a aposta.

— Eu também!

— Essa eu quero ver!

— Se ferrou, Kraglin!

Kraglin esperou todos aceitarem o desafio até deixar uma gargalhada escapar e jogar suas cartas na mesa, apresentando sua perfeita combinação e pegando todas as fichas presentes. Os piratas encararam em silêncio o que tinha acontecido e Kraglin animadamente passou sua mão na cabeça de Peter como agradecimento.

— Mandou bem, garoto! — O menino sorriu e em seguida tentou desembaraçar os nós que tinham de formado em seus cabelos.

As próximas rodadas se passaram com Peter auxiliando Kraglin a vencer, e em poucos minutos eles estavam ganhando tantas unidades que nem Yondu estava acreditando. O menino de repente tinha virado uma mina de dinheiro, e nenhum Saqueador estava feliz com aquilo (exceto Kraglin).

O final do jogo tinha chegado e era a última jogada. A maioria já tinha desistido - pois não queriam perder mais unidades - e a tensão na sala era tão grande que todos ficaram em silêncio, até que Horuz exclamou:

— Aposto 500 unidades.

Depois de alguns momentos pensando, os jogadores restantes colocaram suas cartas na mesa e saíram do jogo, não dispostos a apostar mais. Kraglin ainda estava na dúvida. Não queria perder 500 unidades, mas também não sabia se Horuz era capaz de derrotá-lo.

— Ele está blefando — Peter murmurou em seu ouvido.

— Tem certeza? — respondeu, olhando para seu oponente, que estava observando os dois.

— Sim. Ele sempre coça a barba quando blefa — E Kraglin percebeu Horuz coçando o queixo, exatamente como o garoto tinha dito, e voltando a olhar para suas cartas. Kraglin hesitou, mas decidiu confiar em Quill.

— Cubro a aposta — Ele disse ao colocar sua ficha na mesa.

Ninguém falou nada, até Horuz encarar os dois e jogar as cartas violentamente na mesa, seus olhos enchendo-se de fúria.

— Vai se foder, Quill! — Ele gritou e Peter e Kraglin começaram a rir, comemorando sua vitória. — Esse pirralho nem devia estar participando! Isso é trapaça!

Todos ficaram surpresos ao presenciar a vitória dos dois, e Yondu não pôde conter um sorriso. Peter era mais inteligente do que parecia, e aparentemente Kraglin já tinha seu novo Saqueador favorito.


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Notas finais do capítulo

A última cena foi mais ou menos parecida com a do "Dois homens e meio" (episódio 1 eu acho) quando o Charlie ensina o Jake a jogar poker. Amo aquela série kkkkkkkk Yondu ficou um pouco fora de personagem, eu sei, mas é tão difícil escrever esse cara que eu decidi optar pela personalidade "te-odeio-mas-me-importo-com-vc". Ugh. Se alguém quiser mais fanfic de Guardiões da Galáxia com o Peter pequeno veja minha outra fic "Uniforme de Astronauta" Comentem, por favor! Favoritos e comentários serão recompensados com cookies! :3