Os enteados escrita por Evil Queen 42


Capítulo 25
Reunião de pais


Notas iniciais do capítulo

Perdoem o meu bloqueio criativo e não desistam da fanfic!
Boa leitura. ♡



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– Reunião de pais ! - Uma professora falou enquanto entregava um papelzinho pra cada aluno da turma. 

Saito pegou o seu após Naomi estar com o dela em mãos; Olhou para aquele recado impresso com tinta preta e soltou um longo suspiro. 

"É amanhã", pensou. 

– Saito, o que foi ? - Perguntou a menina dos cabelos loiros que se sentava ao lado de Saito. 

Ele sorriu e balançou a cabeça em sinal negativo. 

– Não é nada. 

– Tem certeza ? - Indagou desconfiada. 

Embora se conhecessem há pouco, Naomi já conhecia Saito bem o suficiente pra saber que algo o incomodava bastante. No entanto, conhecendo o jeito às vezes reservado do moreno, preferiu não invadir seu espaço. 

[...]

Chegou em casa com o papel em mãos. Pela primeira vez não entrou agoniado pra deixar sua mochila no quarto e ir voando para a mesa, pois, talvez por estar em fase de crescimento, o garoto sentia muita fome.

– Que bicho te mordeu ? - Saya, com a mão na maçaneta de seu quarto, indagou para o irmão que permanecia parado no meio do corredor com um pequeno papel nas mãos - O que é isso ?

– Nada.

– Deixa eu ver - Num movimento rápido, a ruiva simplesmente tomou o papel das mãos do garoto que sequer teve tempo de reagir - Reunião de pais ? - Uniu as sobrancelhas - Tá preocupado por quê ? Anda aprontando, Saito ? Ou as notas estão vermelhas ? 

– Nem um e nem o outro - Bufou, pegando de volta o papel que quase rasgou - É porque não tem quem vá na minha reunião. 

– E daí ? - Deu de ombros - A reunião do ensino médio vai ser na semana que vem e eu não tô preocupada se alguém vai ou não. Deixa de ser criança, Saito ! 

– É, mas você sabe como é quando os pais não vão na reunião. Os professores ficam falando...

–  Então dá essa bosta desse papel pro papai ! - Respondeu impaciente - Pronto, resolvido todo o seu problema.

– Papai vai viajar, esqueceu ? - Retrucou - Viaja hoje à noite e só volta amanhã à tarde. Minha reunião é pela manhã. 

– Entrega pra Sakura - Sugeriu.

– Não, Saya - Disse o rapazinho - Ela trabalha. Não tem obrigação alguma de largar o trabalho dela pra ir em reunião de escola. 

– Ela iria se fosse da Sarada...

– Sarada é filha dela, então é mais do que obrigação. 

– Não custa, né ?!  - Dito isso, a ruiva simplesmente tomou o papel das mãos de Saito, colocou sua mochila no chão, encostada na porta do quarto, e, para o desespero de seu irmão, foi caminhando em direção ao quarto do casal cuja porta estava fechada mesmo sem ambos estarem lá dentro no momento. 

– Saya, o que vai fazer ? - Indagou entre dentes, morrendo de raiva e arrependido de ter deixado a ruiva tomá-lo aquele bendito papel. 

– Relaxa, Saito ! - Com cautela, Saya abriu a porta e verificou se realmente o casal não estava lá. Então, tranquilamente, a adolescente deixou o papel da reunião em cima do criado mudo de Sasuke, colocando a pontinha dele sob um porta retrato para que não voasse - Pronto, irmãozinho, recado dado ! 

Saya então fechou a porta e caminhou tranquilamente até onde seu irmão estava. 

– Será que ele vai ver ? - Indagou o moreno. 

– O papai sempre tira um cochilo depois do almoço, com certeza ele vai tirar o relógio e deixar em cima do criado mudo. De qualquer forma, o papel tá bem evidente, não tem como não ver - Explicou - Mesmo que o papai não vá, pelo menos está avisado. 

– Tudo bem, tudo bem... - Assentiu - Agora vamos comer, porque eu tô morrendo de fome !

– Saito sendo Saito... - A ruiva não conteve um riso. 

[...] 

O rapazinho não tocou no assunto da reunião, nem com seu pai e tampouco com sua madrasta. Se Sasuke visse o papel, já estava avisado; Se não visse, o que vale é a intenção. 

A reunião iria começar no horário do intervalo e pegaria a primeira aula depois dele. 

Saito olhava o tempo todo para o portão, por onde pais e mães entravam o tempo todo, mas nada de Sasuke aparecer por ali. 

"Como se ele viesse mesmo...", pensou antes de soltar um riso anasalado, uma vez que seu pai com certeza já não estava nem na cidade. 

– O que foi ? - Naomi questionou, chamando a atenção do garoto que estava sentado ao seu lado num banco de madeira. 

– Nada - Respondeu simplesmente - É só que meu pai não vem. Ele tá viajando. E acho que mesmo se não estivesse, ele não curte muito essas coisas de escola - Riu sem graça. 

– Pais... - Naomi esboçou um sorriso de canto - O meu também é assim. Relacionado a escola, minha mãe é quem toma a frente de tudo.

Saito suspirou. Por um momento lembrou de Karin, que era quem ia em suas reuniões e sempre tomava a frente no que dizia respeito a alguma apresentação ou festinha da escola. Sempre era ela quem resolvia, enquanto Sasuke no máximo dava dinheiro pra alguma coisa ou ia assistir. Mas quem sempre resolvia tudo era Karin. 

Mas agora Saito já não tinha mais sua mãe, e seu pai sempre foi meio desligado de assuntos escolares e afins. 

Uma das professoras de Saito, que iria participar da reunião de pais, passava com um papel e uma caneta para conferir quais pais já tinham chegado, visto que estava em cima da hora. Então, a mulher se aproximou de Saito e Naomi sem mal tirar os olhos do papel em sua mão. 

– Saito Uchiha... - Comentou sugestivamente, passando os olhos sobre os nomes dos alunos e procurando o do garoto que era um dos últimos da lista de chamada devido a ordem alfabética - Sua mãe ainda não chegou. 

– Ah, minha mãe... - Um sorriso amarelo tomou conta do rosto ainda bastante infantil do Uchiha - Bem...

– Ela não vem, Saito ? - Indagou, agora olhando para o garoto - A sua mãe, ela não vem ? 

– Já estou aqui - Uma voz feminina e familiar até demais chamou a atenção de Saito e fez seu coração quase ir parar na garganta. 

– Sakura...? - Falou em tom inaudível, mas a surpresa era nítida em seu rosto. 

A rosada estava ali, usando as mesmas roupas que vestia antes de deixar as crianças na escola e seguir para o trabalho. Não estava de folga, mas conseguiu dar uma escapada. 

– A senhora é a mãe do Saito ? - A professora questionou. 

– Sim... Eu sou a mãe dele - Com um singelo sorriso no rosto, Sakura olhou para o enteado e piscou um olho para ele, fazendo suas bochechas ficarem levemente coradas. 

– Claro... - A mulher assentiu - A reunião será por aqui. Queira me acompanhar. 

Logo Sakura acenou para Saito e Naomi, acompanhando a professora até a sala de aula onde seria a reunião de pais. 

– Saito... - Naomi chamou a atenção do garoto - Você não me disse que ela é sua madrasta ?

– E ela é minha madrasta - Respondeu.

– Então por que ela disse pra professora que é sua mãe ?

– Pra evitar maiores explicações, talvez - Deu de ombros - Não sei, Naomi. Isso me pegou de surpresa também. Eu nunca pensei que ela fosse se apresentar como minha mãe. 

– Ela gosta bastante de você, né ?!

– É... Pelo visto... 

Se a situação fosse com Saya, talvez a ruiva tivesse um surto, dizendo que a rosada estava querendo ocupar o lugar de Karin. Mas não era isso... Saito sentia que não era.

Ele não sabia explicar o que sentiu quando Sakura simplesmente, sem mais nem menos, disse ser sua mãe. Talvez tenha dito isso apenas para que a professora não perguntasse pela mãe do garoto e assim surgisse a necessidade de explicar que Karin havia falecido, pois a rosada ainda considerava esse assunto um pouco delicado demais pra ser tratado na frente de Saito. Ele também não gostava que as pessoas ficassem dando um jeito de lhe lembrar este fato, principalmente porque, no acidente que matou Karin e Suigetsu, ele não perdeu a consciência e suas memórias de desespero continuavam bastante nítidas... Suigetsu desacordado e ensanguentado no banco da frente; A ausência de Karin e o vidro quebrado, denunciando que ela havia sido arremessada pra fora e consequentemente não estava mais viva; Saya desacordada ao seu lado e, embora a menina estivesse claramente respirando, Saito não sabia até que ponto ela estava bem; O sangue que saía do corte em sua testa e escorria pelo seu rosto, o cinto que não destravava, o desespero enquanto gritava o nome da irmã e ela simplesmente não reagia, as perguntas que não eram respondidas quando estava sendo cuidado por enfermeiros na ambulância após o resgate... Tudo continuava muito nítido...

... 

– Cadê a minha irmã ? - O rapazinho perguntava em desespero enquanto tentavam imobilizá-lo na maca. 

– Calma, você não pode se mexer desse jeito - Disse um homem vestido de branco, obviamente que da equipe do hospital. 

Mesmo com o pescoço imobilizado, Saito conseguiu ver de relance o corpo de Saya sendo tirado do carro. Talvez tenha sido o primeiro por estar consciente e gritando muito, ou simplesmente porque estava mais fácil. Enfim, ele não sabia. 

Não conseguiu ver o corpo de sua mãe. Talvez já tivessem tirado de lá, dentro de algum saco preto... Aquilo lhe apertou o coração. Sabia que sua mãe havia sido arremessada para longe e não estava mais viva. 

Não conseguiu ver muita coisa... Era muita gente em volta de si, não podia mexer o pescoço, estava imobilizado. 

Enquanto tentava acompanhar o resgate da irmã, o que entrou no campo de visão do garoto foram as paredes brancas do interior da ambulância e vários aparelhos de primeiros socorros. 

– Pra onde vocês levaram o corpo da minha mãe ? - Saito perguntou, mas sem respostas. Sentiu um nó na garganta mais uma vez - Ei. Presta atenção em mim ! 

– Shiii... Nós vamos cuidar de você. Não se preocupe - Disse uma moça aparentemente gentil e paciente. Parecia uma enfermeira ou técnica, Saito não sabia dizer a diferença. 

– Me escuta... - Implorou, já com as lágrimas descendo - A minha irmã não tá morta. Ela tava respirando... Eu vi.

Ele acabou arrancando um riso, por menor que fosse, de uma das enfermeiras. Estava tão desesperado assim a ponto de pensar que considerariam Saya como morta só pelo fato de ela estar desacordada ? Obviamente que checariam os sinais vitais dela.  

– Logo você vai estar com a sua irmã, tá bom ?! - A enfermeira respondeu, mas sem ao menos olhar para o rosto de Saito. 

Ele queria sair dali... Queria correr até sua irmã e ficar ao lado dela, mas não podia. Estava com dores, até pra respirar fundo doía. 

Levou um susto no momento em que ouviu o barulho das portas da ambulância se fechando, então logo o veículo começou a andar. Saito jamais pensou que se sentiria sufocado daquela maneira.

Viu uma tesoura enorme na mão de um enfermeiro e arregalou os olhos em desespero. Devido ao fato de seu pescoço estar imobilizado, Saito não conseguia ver tudo com clareza como queria. Sabia que alguns procedimentos médicos eram um pouco dolorosos, mas não queria sentir mais dor. 

– O que vocês vão fazer comigo ? - Perguntou, mas em vão. 

Talvez tenha sido um alívio perceber que aquela monstruosa tesoura foi usada somente para cortar suas roupas. Ou talvez não... Ele não sabia. Não conseguia dizer o que mais o desesperava naquele momento. 

Foi tudo muito rápido, logo estava livre de suas roupas que iam sendo jogadas aos pedaços no chão. 

Sentiu algo pontiagudo espetar seu braço e, mesmo que não fosse a coisa mais dolorosa desse mundo, Saito chorou como se fosse. 

... 

– Psiu... Ei... Saito ? - A doce voz de Naomi fez o rapazinho voltar para a realidade. 

– Oi ? - Ele piscou repetidas vezes e olhou meio espantado para a loira, como se tivesse sido despertado de um transe - O que foi ?

– Eu que pergunto isso, Saito - Disse ela - Nossa... Você ficou em silêncio total, nem piscava, parecia em outro lugar. 

– É... - Riu sem humor - Obrigado por ter me tirado daquele lugar. 

– Hã ? - Perguntou confusa e Saito balançou a cabeça negativamente. 

– Nada... Esquece isso, vai... 

– Por que você ficou tão estranho depois que a sua madrasta apareceu ? 

– Acabei lembrando da minha mãe... - Saito decidiu contar, afinal, gostava de Naomi e confiava bastante nela - Ou melhor, acabei lembrando do acidente que matou ela. 

– Putz... - Naomi se sentiu culpada por ter, de certa forma, pressionado Saito a falar - Ai, caramba. Desculpa, eu não deveria ter perguntado. 

– De boa... - O garoto riu - Não posso deletar lembranças, então... Preciso conviver com elas. 

– Você se lembra do que aconteceu ? Tipo... Lembra de tudo ?

– De tudo, não - Respondeu - Eu estava distraído quando senti a batida. Não sei o que aconteceu na hora, também não sei por quanto tempo fiquei desacordado, mas lembro de ter aberto os olhos e me dado conta de que havíamos sofrido um acidente - Contou - O resgate não demorou pra chegar, mas, ainda assim, pareceu uma eternidade. 

– Deve ter sido um baque enorme saber que sua mãe morreu, né ? - Indagou penalizada. 

– Eu já sabia - Disse, fazendo uma expressão de surpresa se formar no rosto da menina ao seu lado - Naomi, quando eu acordei, vi que minha mãe não estava no carro. Vi também que o vidro da frente estava quebrado. Tentei achar o corpo dela do lado de fora, mas não consegui, até porque o cinto não destravava e eu sentia dores... Posso ser uma criança, mas não sou burro a ponto de achar que uma pessoa iria sobreviver depois de ser arremessada pra fora do carro como a minha mãe foi. E meu padrasto, eu vi que ele não respirava mais. Estava morto também. 

– Caramba... - Naomi não tinha palavras diante do relato de Saito. 

– É claro que eu fiquei muito abalado por causa da minha mãe, mas acho que meu desespero maior foi por causa da minha irmã. Ela estava viva, mas eu não sabia o estado dela e fiquei desesperado enquanto não me deram notícias - Contou - Na verdade, acho que só fiquei realmente aliviado depois que nós dois nos reencontramos. Ela estava em estado de choque, porque tinha acabado de ser informada que nossa mãe e nosso padrasto estavam mortos. 

– Que barra... - Suspirou - Bem, não sei se te conforta de alguma forma, mas pelo menos você e sua irmã encontraram uma madrasta que ama vocês. 

Saito sorriu. Sabia que era verdade. 

Sakura, quando disse ser mãe de Saito, em momento algum estava querendo dizer que tinha a intenção de substituir Karin. Na verdade, lendo nas entrelinhas, Sakura estava querendo dizer que estava sempre ali, que seus enteados poderiam contar com ela para o que precisassem, que ela sempre estaria ali para ambos, tal como estava para sua filha biológica. 


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Notas finais do capítulo

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