Os enteados escrita por Evil Queen 42


Capítulo 15
Esclarecendo as coisas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Segunda feira, aquele dia odiado pela maioria das pessoas, onde a ressaca do domingo e a vontade de ficar na cama prevalecem. Infelizmente o maldito despertador toca para tirar as pessoas do mundo dos sonhos, dando início a uma guerra contra a preguiça, até que enfim, quando a pessoa percebe que não dá mais pra enrolar, levanta da cana com cara de figurante do The Walking Dead e vai tomar um banho -de preferência frio- pra exorcizar toda a preguiça e o cansaço que sempre insistem em possuir nosso corpo de manhã.

Infelizmente, para Saito, não foi bem assim. O garoto, mesmo sabendo que tinha matéria atrasada para colocar em dia, decidiu simplesmente desligar o despertador quando tocou, virar para o outro lado e voltar a dormir.

Aquele, definitivamente, não estava sendo um bom dia para o pequeno Uchiha; e olha que ele mal tinha começado.

Saito foi o único que não apareceu para o café da manhã. Preocupado, Sasuke foi até o quarto do filho para acordá-lo, entretanto, ao retirar o edredon azul escuro e tocar no braço do garoto para sacudi-lo na intenção de fazê-lo despertar, Sasuke estranhou o fato de que ele estava quente, então tocou em sua testa e se assustou com a temperatura elevada.

Sasuke voltou para a cozinha, onde sua esposa e filhas terminavam de comer, para falar com a rosada sobre a febre de Saito.

- Sakura - Chamou, atraindo a atenção da esposa para si - O Saito está febril.

- Minha nossa - Ela não escondeu sua preocupação - Com certeza ele teve uma recaída depois de ontem.

Bateu um arrependimento na hora ! Sakura deveria ter sido contra ter ido passar o dia na fazenda por causa de Saito. O garoto já tinha melhorado, mas sua melhora estava muito recente e nada impediria que ele tivesse uma recaída, principalmente por ter passado a tarde brincando e correndo no sol, sem contar que tomou banho no finalzinho da tarde e foi embora sem camisa.

- Recaída ? - O moreno arqueou uma sobrancelha e Sakura sorriu sem graça.

- Ele esteve febril no período em que você viajou, mas melhorou rápido e eu nem pensei nas consequências quando fomos para a fazenda.

- O Saito tá dodói de novo ? - Questionou a pequena Sarada que estava com a boca toda suja de cobertura de chocolate do bolo.

- Sim, meu amor - A rosada falou enquanto limpava a boca da filha com o guardanapo. Como toda e qualquer criança da sua idade, Sarada não sabia comer sem se sujar - Ele vai ficar em casa hoje.

- Ele vai ficar com a Guren ? - Questionou o moreno - Não é melhor levá-lo para o hospital ?

- Não, qualquer coisa a Guren me liga - Disse Sakura - Tentarei conseguir folga pela parte da tarde, então cuido dele.

Sakura saiu primeiro para o trabalho e Sasuke ainda esperou uns minutos antes de sair e levar as meninas para a escola antes de seguir para a empresa da família Uchiha.

[...]

Na escola, antes que o sinal para a primeira aula batesse, naquele momento que os alunos ficam todos soltos pela escola, Naomi foi procurar por Saya para perguntar pelo amigo.

- Oi - Ela chegou até a ruiva que estava sentada num banco enquanto ouvia música - O Saito não vem de novo ?

- O Saito ? - Ela tirou os fones de ouvido - Não. Ele piorou hoje de manhã e não virá.

- Poxa vida - A loira abaixou o olhar.

- Por que tanto interesse no meu irmãozinho ? - Saya questionou desconfiada.

- Nada não - Naomi ficou roxa de vergonha, fazendo Saya rir - Nós somos amigos e eu fiquei preocupada com ele. Só isso.

- Se quiser, pode ir lá em casa para visitá-lo - Saya deu de ombros, fazendo a amiga de seu irmão ficar com as bochechas levemente coradas.

- Posso ?

- Pode - Sorriu - Se quiser o endereço...

- Talvez depois - Respondeu, pois não queria parecer abusada - Acho melhor esperar ele melhorar um pouquinho.

- Como preferir - A Uchiha colocou novamente os fones de ouvido, pondo um fim na conversa entre ela e Naomi.

De longe, Saya viu o garoto que a convidou para a festa -por acaso a festa foi na casa desse mesmo garoto- e fechou a cara, não querendo nem olhar para ele. A ruiva ainda não o tinha perdoado pelo que ele fez, e dificilmente iria perdoar.

É claro que o primeiro amor na maioria das vezes é uma ilusão e nos decepciona, uma vez que a maioria dos adolescentes se apaixona muito rápido, algumas meninas conversam duas vezes com o rapaz e já acham que vão se casar, ter três filhos e um cachorro chamado Rex. Infelizmente esse negócio de amor a primeira vista é coisa de filmes de romance colegiais -que também fazem muita gente pensar que o ensino médio é a oitava maravilha do mundo- onde a protagonista esbarra no rapaz no corredor da escola, toca uma música romântica de fundo e pronto ! Estão perdidamente apaixonados...

Com Saya, definitivamente não foi assim.

[...]

Sakura conseguiu sua folga naquela tarde para cuidar do enteado doente, e é claro que ela foi verificar como o garoto estava assim que chegou em casa. Ele estava no quarto, deitado em sua cama e enrolado nas cobertas.

- Boa tarde, Saito - Sakura falou risonha, entrando no quarto do moreno.

- Que horas são ? - Questionou com a voz sonolenta, sentando e esfregando os olhos.

- Meio dia - Ela pegou na testa de Saito para verificar sua temperatura - Você tá bem quente.

- Eu tô com frio... E eu perdi aula de novo...

- Não se preocupe, querido - Sakura sorriu docemente - Você vai pegar o conteúdo depois e se quiser ajuda pra estudar pode pedir para mim ou para o seu pai, ele é ótimo em cálculos.

- Tudo bem - Saito bocejou antes de se deitar novamente - Não quero levantar.

- Não vem almoçar ?

- Não - Ele balançou a cabeça em sinal negativo - Não tô com fome.

- Ok então - Sakura concordou, afinal, é melhor não forçar o garoto a comer sem ele querer - Eu vou passar a tarde aqui pra cuidar de você, então fala comigo se sentir fome.

- Você vai faltar o trabalho só pra cuidar de mim ? - Indagou.

- Sim. Você pode precisar de mim.

O garoto até sentiu um peso na consciência, afinal, Sakura estava faltando uma tarde de trabalho para cuidar dele, sendo que ele já colocou baratas na cama dela.

Saito não melhorou e nem piorou durante a tarde; Saya foi para a casa de uma amiga -Sasuke a deixou lá quando saiu para ir trabalhar- durante a tarde, então Sakura ficou sozinha com Saito e Sarada. O rapazinho continuava com febre, Sakura tinha feito uma sopa, mas ele pouco comeu.

Ela então pegou uma toalha úmida para fazer compressa no garoto. Saito, ainda sonolento, abriu os olhos ao sentir o pano molhado em sua testa, então viu sua madrasta ali ao seu lado, o que lhe trouxe memórias de Karin. Lembrou-se das vezes em que esteve doente e que sua mãe estava sempre ali ao seu lado, cuidando dele com todo o amor e carinho, como Sakura estava fazendo naquele momento.

Não podia ser... Como uma pessoa tão boa, que o fazia inclusive lembrar de sua falecida mãe, poderia ser um lobo na pele de cordeiro ? Como Sakura poderia ser a vilã da história, visto que tudo apontava para que ela fosse a mocinha, ou até mesmo a fada madrinha dos contos de fadas, daquelas que estão ali para ajudar nos momentos necessários ?

Aquela história não poderia ser verdade.

- Sakura - Chamou com a voz sonolenta.

- O que foi ? Está sentindo alguma coisa ? - Questionou preocupada, porém, com doçura na voz; o que fazia Saito se lembrar mais ainda de Karin.

- Você realmente gosta de mim e da Saya ? - Indagou meio receoso e Sakura o encarou confusa - Tipo, mesmo depois do que a gente aprontou, você não tem raiva de nós ?

- Eu fiquei magoada sim, e admito que na hora fiquei com muita raiva. Mas eu acho que devemos tentar viver em paz, Saito - Sorriu docemente - Eu tentei relevar algumas coisas, mesmo tendo ficado com vontade de matar vocês dois - Falou em tom de brincadeira, fazendo o garoto rir.

- Mas você não respondeu minha pergunta - Ele tornou a ficar sério - Você realmente gosta de nós ou preferia que a Saya e eu não tivéssemos vindo morar aqui ?

- Saito, vocês são filhos do Sasuke, é claro que eu jamais tentaria impedir que vocês morassem aqui - Explicou - A morte da Karin pegou todos de surpresa e foi uma mudança radical tanto na vida de vocês quanto na minha. Mas, falando francamente, hoje em dia eu já não vejo mais essa casa sem vocês dois, por mais que sua irmã implique pra caramba comigo.

- Então você realmente não se importa conosco aqui ?

- É claro que não me importo. Quando eu casei com o Sasuke eu já sabia sobre você e sua irmã, então estava ciente de que teríamos que conviver juntos de alguma maneira. Quando você e a Saya eram menores, ficavam uns dias com o Sasuke, consequentemente também conviviam comigo, e passavam uns dias com a mãe de vocês. Nós nos afastamos quando a Karin decidiu ir embora e vocês quiseram ir com ela, mas eu nunca me importei com a presença de vocês, até porque eu jamais tentaria impedir um pai de conviver com os filhos.

- E você não ficava com ciúmes da minha mãe ?

- Por quê ? - Perguntou curiosa.

- Ah, seu lá... Talvez porque o papai sempre mantinha contato com ela por nossa causa. Você não ficava com raiva ?

- Saito, o que o seu pai viveu com a sua mãe antes de ter um relacionamento comigo não me interessa. Mas aí entra outra coisa: Existe ex marido e ex mulher, mas não existem ex filhos. O contato que o Sasuke mantinha com a Karin era única e exclusivamente por causa de você e da sua irmã, nada mais. Filho é um vínculo pro resto da vida, então eu não poderia simplesmente proibir o Sasuke de falar com a Karin ou ficar com raiva por isso - Explicou calmamente, mesmo sem saber o que seu enteado pretendia com aquela conversa - Lembra da sua formatura, quando você era pequeno ? Você estava com seis anos, seus pais já nãos estavam mais juntos e eu já estava namorando com o Sasuke, mas, independente disso, no dia da formatura chamaram você, sua mãe e seu pai.

- Lembro vagamente... Você estava na minha formatura.

- Exato, eu estava - Assentiu - E o que eu iria fazer naquela situação ? Dizer "Não Sasuke, você não vai lá com a sua ex mulher" ? - Arqueou uma sobrancelha e Saito ficou calado - Não, eu não poderia dizer isso, pois ele é seu pai. Eu não ficava com raiva ou ciumes porque sabia que seu pai já não tinha mais nada com a sua mãe, que a relação deles não teve futuro. Então, Saito, eu não tenho raiva de você e nem da Saya por vocês serem filhos da ex mulher do Sasuke.

- Não era bem ex mulher, até porque o papai e a mamãe nunca foram casados.

- Mas eles viveram juntos por sete anos e tiveram dois filhos, então eram como marido e mulher.

- Então... - Novamente o garoto ficou receoso. Sua madrasta já tinha dito que nunca teve nada contra os enteados, mas Saito precisava colocar tudo em pratos limpos - Então você não se importa se eu e a Saya ficarmos perto da Sarada ?

- Saito - A rosada caiu na gargalhada - É claro que não ! Ora essa, vocês são irmãos. De onde você tirou essa idéia ?

- A verdade é que eu ouvi uma conversa entre você e o papai um dia antes de colocar as baratas na sua cama - Admitiu envergonhado.

- Você estava ouvindo uma conversa minha com o seu pai ?

- Perdão, não foi a minha intenção - Sentou-se, escorando as costas na cabeceira da cama após tirar a toalha úmida de sua testa - Eu tinha levantado pra fazer xixi à noite e escutei um pedaço da conversa de vocês quando estava voltando pro meu quarto.

- O que você ouviu ?

- Você disse que não nos queria perto da sua filha, disse também que era pro papai nos mandar pra um colégio interno.

- Ai, eu não acredito nisso - Sakura bateu na própria testa e balançou a cabeça em sinal negativo, sem conseguir acreditar que Saito distorceu toda a conversa.

- Eu fiquei com raiva e triste na hora. Poxa, eu tinha acabado de perder minha mãe, como acha que eu me senti ? Pensei que você quisesse afastar o papai de mim e da Saya.

- Querido, aquilo tudo não passou de brincadeira - Disse a rosada, sem conseguir conter o riso diante da situação - Seu pai e eu estávamos apenas brincando, como iríamos imaginar que você estaria lá distorcendo toda a conversa ? Se você tivesse escutado tudo, perceberia que não estávamos falando sério, só que infelizmente você escutou apenas uma parte e entendeu tudo errado.

- Então você não vai tentar convencer o papai a nos mandar pra um colégio interno bem longe daqui ?

- Você acha mesmo que eu seria capaz de propor tal coisa pro seu pai ? Saito, eu não sou um monstro e muito menos a madrasta da branca de neve.

- Desculpa - Falou cabisbaixo, arrependido por tê-la julgado tão mal.

- Foi por isso que você colocou aquelas baratas na cama ? - Sakura questionou e Saito assentiu - Você não acha que falar comigo teria sido uma atitude muito mais madura ?

- Acho - Concordou - Mas é que eu juntei o que ouvi com as coisas que a Saya falava... Sakura, eu tinha acabado de sofrer um acidente e perder a minha mãe, eu não conseguia nem pensar na hipótese de ficar longe do meu pai também. Eu cheguei realmente a pensar que você não gostasse mesmo de nós e que não nos quisesse perto da Sarada, mas... - Ele soltou um longo suspiro - Você é sempre tão cuidadosa e carinhosa, muitas vezes lembra a minha mãe, inclusive agora - Saito sentiu um nó na garganta ao lembrar da época em que Karin era viva - Então eu pensei "Uma pessoa que se parece tanto com a minha mãe não pode ser má"... - O pequeno Uchiha abaixou o olhar - Sakura, desculpa.

Não há dúvidas de que Saito teve uma atitude infantil quando colocou as baratas na cama da madrasta, mas nem sempre podemos esperar uma atitude madura de uma criança.

– Todos somos humanos e erramos de vez em quando. Se eu disser que nunca agi por impulso, com certeza estarei mentindo - Falou tranquilamente, mas com um pouco mais de seriedade no tom de voz - Eu já tive a sua idade, Saito. Nunca pus baratas na cama de ninguém, mas já me arrependi de coisas idiotas que fiz sem pensar racionalmente, sem calcular as consequências. O que você fez foi errado, mas não é algo imperdoável. Eu só acho que você deveria ter esclarecido as coisas antes de tomar alguma atitude.

- Eu sei que agi da maneira mais infantil possível, mas ninguém pensa direito na hora da raiva.

- Eu sei disso, mas pelo menos agora já está tudo esclarecido. Eu nunca quis mandar você e a Saya pra um colégio interno, toda aquela conversa não passou de uma brincadeira entre mim e o seu pai.

- Entendo - Assentiu - Me sinto realmente péssimo agora.

- Esquece isso, Saito. Já passou.

Ele assentiu com um sorriso no rosto. No fundo, sua intuição estava correta, Sakura nunca foi a madrasta malvada e tudo não passou de um terrível engano.

Karin jamais irá voltar, o que deixava o garoto extremamente triste, mas pelo menos ele tinha encontrado uma pessoa tão carinhosa quanto ela e que com certeza o amaria como se ele fosse seu filho biológico.


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Notas finais do capítulo

Gente, demorei porque estava com um grande bloqueio criativo pra essa fanfic.
Enfim, espero que tenham gostado.
Beijinhos ♡



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