Gerard Olsen estava no meu colo quando saímos do estabelecimento. A Polícia chegou em alguns minutos, assim como o carro de Phill Coulson. Ele se aproximou de mim e do senhor Olsen.

– Com licença, Frederich Olsen? Sou Phill Coulson, fui enviado para escoltar o senhor e seu filho para um abrigo seguro.

Dick se aproximou, deixando um policial falando sozinho.

– Sou o policial Grayson, o que o senhor pretende fazer?

– Fui enviado para levá-los. Sinto muito, mas não posso dar mais informações.

– Enviado por quem? O senhor não pode fazer isso.

– Fui enviado pela SHIELD, pergunte ao seu comissário.

O senhor Olsen arregalou os olhos ao ouvir o nome, Dick se calou.

– Sua esposa e sua filha já foram encaminhadas, me acompanhe, Senhor Olsen.

– Obrigado, moça! - Frederich pegou o filho do meu colo - Obrigado, policial!

Ele caminhou para o carro, seguindo Phill, que fingiu não me conhecer. Suzi, Barbara e todos os outros correram até nós.

– Vocês estão bem? - Suzi me abraçou

– Sim, está tudo bem. Já passou. - Tranquilizei-a

Stephanie pulou em Dick, abraçando-o.

– Eu estou bem. - Ele a afastou

– O que houve? - Megan perguntou

– Nós só ouvimos tiros. - Conner completou

– Um assalto. - Wally explicou

Observamos os últimos bandidos serem recolhidos. Àquela altura, todos queriam ir embora. Wally, Megan e Conner foram juntos, Barbara e Stephanie foram em outro carro e Dick levaria Suzi e eu.

– Bom, obrigada, Dick - Suzi agradeceu quando ele parou o carro em frente a casa dos Lane - Apesar de tudo, o passeio foi ótimo!

– Imagina, Sue. Vamos sair semana que vem outra vez, ok?

– Claro, combinaremos durante a semana. - Ela abriu a porta do carro e pulou para fora - Obrigada.

Ele esperou até que ela estivesse dentro de casa e voltou a dirigir.

– Sinto muito pelo que aconteceu - Ele suspirou, quebrando o silêncio

– O quê? Não foi sua culpa.

– Mas eu insisti para você vir. Você podia ter se machucado.

– Mas não me machuquei. E tinha um policial do meu lado - Eu sorri

Dick parou o carro em frente ao apartamento.

– E sobre aquilo... Tive medo de não ter outra oportunidade. - Ele deu um sorriso largo.

Percebi que ele falava daquele beijo rápido, um selinho desesperado.

– Tudo bem, já passou. - Abri a porta do carro e pulei para fora - Boa noite, Grayson

Entrei rápido no prédio para não dar a chance que o destino parecia querer. Pensei no assalto forjado e me perguntei sobre a ligação da família Olsen com a SHIELD, ou sobre a ligação com o grupo de mercenários. Dormi com dezenas de perguntas não respondidas na cabeça.

Cheguei ao prédio da SHIELD depois do almoço, passei pelas recepcionistas e, antes de chegar aos andares onde a SHIELD não era um segredo, vesti meu uniforme e máscara. Minha identidade era tudo o que eu tinha, apenas Clint e Nick sabiam tanto sobre mim quanto eu mesma.

Encontrei Maria Hill na sala do diretor.

– Black Angel.

– Hill.

– O diretor Fury ainda não chegou.

– Ele vai demorar?

– Não. Ele pediu que eu lhe mostrasse algo.

Ela caminhou até as portas do elevador e entrou.

– Me acompanhe, por favor. - Ela pediu com um pequeno sorriso e eu a segui - Você já sabe sobre o início da SHIELD, certo? - Ela digitou um andar e a porta se fechou

– Sim. Foi após a segunda guerra e a morte de Steve Rogers, o Capitão América, certo?

– Sim e não. Sim, era isso que você devia responder. Não, a verdade não é essa.

As portas se abriram numa sala de câmeras. Uma parede inteira coberta por televisões, mostrando cada canto conhecido ou desconhecido da SHIELD. Duvidei internamente que a SHIELD se resumia àquilo, em apenas uma semana, eu sabia que a SHIELD era uma organização secreta, com segredos para si mesma. A sala tinha uma mesa pequena e preta, onde havia um controle remoto e um telefone.

– Steve Rogers não morreu. - Ela falou de uma vez.

Depois de ter caído no mar e ter ficado desaparecido por tempos, imaginei que sua resistência era tamanha por consequência do soro, mas não imaginei que estivesse vivo.

– Um cientista desenvolveu um soro para criar super soldados. Steve Rogers foi a primeira e única cobaia, ele teve todo seu organismo alterado, sua força se tornou quatro vezes maior, assim como sua inteligência, velocidade e resistência. Steve Rogers se sacrificou para acabar com a guerra. E ele está vivo. - Ela pegou o controle sobre a mesa e mudou o canal

Todas as televisões mostravam a mesma cena. Um homem jovem e forte, deitado numa cama de hospital, com o cabelo loiro arrumado para o lado, havia com um lençol cobrindo seu corpo e aparelhos médicos ao lado que verificavam seus vitais.

Fiquei calada.

– Esse é Steve Rogers. Ele passou algum tempo congelado e está dormindo há quase setenta anos.

– Como isso é possível?

– Seu corpo está em perfeito estado e estamos esperando que ele acorde. O diretor Fury pediu que eu mostrasse, era algo que você precisava saber. Com o passar do tempo, mais coisas ficarão visíveis para você.

– Obrigada, agente Hill.

Deixei Maria sozinha e entrei no elevador.Se aquele soro era tão potente assim, devia existir cópias. Saí do elevador numa sala de "descanso" para agentes. Havia sofás e uma televisão, um frigobar e uma mesa. Hoje, também havia Clint sentado num sofá, com seu arco na mão.

– Ei, Anji! Como vai?

– Bem, e você?

– Você parece um pouco abalada.

– Acabei de descobrir o idoso com cara de adolescente que vocês mantêm aqui.

– Hm, Hill te mostrou Steve. - Ele perguntou, passando a atenção do seu arco para mim, acenei com a cabeça - Você vai se acostumar. Me sentei no sofá, encostando a cabeça no estofado de couro preto. - O que está fazendo aqui num domingo à tarde? Você não tem um namorado?

– Não.

– Então quem é Dick Grayson?

– O que você sabe sobre Dick Grayson? - Levantei a cabeça

– Ele é o único contato que você tem no celular além dos seus primos.

– Você vasculhou meu celular?

– Está no protocolo, logo depois de "Invadir Casas".

– Dick é só um amigo.

– Hm, Anji... Eu quero te falar uma coisa.

– Fale.

– Você deve ter ouvido Nick falar sobre não manter envolvimento emocional com as pessoas, porque isso pode atrapalhar, e etc. - Sim. - Pois bem, ignore tudo isso. Garota, você não pode ignorar sua vida. Eu pesquisei sobre você, você sempre foi fechada e difícil. Você não precisa ser só a Black Angel, ok? Eu te garanto que vai valer a pena.

– Por que está me dizendo tudo isso?

– Porque eu acho que você gosta do tal Dick Grayson, embora ele seja um playboy mauricinho.

– Gosto dele como um amigo, Clint.

– Certo, minta para si mesma, isso não é da minha conta.

– O que sabe sobre os Olsen? - Mudei de assunto, esperando que não voltassemos a falar de Dick.

– Eles estão morando no subsolo do prédio, assim como outros ex-agentes.

– Eles eram agentes?

– Sim. Antes da primeira filha nascer, Mariana O. era uma agente. Ela largou a SHIELD para criar uma família e existe um cara que não gosta muito de agentes como nós. Ele mata os nossos antigos agentes e sua família, para impedir que seus filhos virem agentes como nós.

– E ele usa mercenários para isso?

– Sim, é mais fácil. Conseguimos salvar os Olsen, mas já perdemos muitos. Estamos providenciando novas identidades para eles viverem no Brasil.

– Agora tudo ficou mais claro. E quem é esse cara?

– Ainda não sabemos.

– Ótimo. - Todas as gangs que existem em Gotham se resumem a esses mercenários. Eles podem trabalhar para qualquer um dos chefões dessa escória.